Em 1535, os colonizadores portugueses chegaram na Capitania do Espírito Santo e desembarcaram na região da Prainha. Naquela época, teve início a construção do primeiro povoado que recebeu o nome de Vila do Espírito Santo. Por causa dos índios terem atacado a Vila do Espírito Santo, o líder Vasco Fernandes Coutinho fundou outra vila, naquela vez em uma das ilhas. Esta vila passou a ser chamada de Vila Nova do Espírito Santo, atual Vitória. Enquanto isso, a antiga recebeu o nome de Vila Velha. Houve um tempo, que poucas pessoas conhecem, em que houve a anexação do Espírito Santo à Bahia. Isso ocorreu no ano de 1715. Então, a capital da extinta Capitania do Espírito Santo passou a ser Salvador.[8] A Capitania do Espírito Santo somente recuperou sua autonomia da Capitania da Bahia em 1809. Com a proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, o seu status foi alterado para província, permanecendo assim até a Proclamação da República Brasileira, em 15 de novembro de 1889, quando se transformou no atual estado do Espírito Santo.
O nome do estado é uma denominação dada pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho que ali desembarcou em 1535, num domingo dedicado ao Espírito Santo.[9] Como curiosidade dessa etimologia, merece destaque o Convento de Nossa Senhora da Penha, símbolo da religiosidade capixaba que abriga em seu acervo a tela mais antiga da América Latina, a imagem de Nossa Senhora das Alegrias.[10]
Os habitantes naturais do estado do Espírito Santo são denominados capixabas ou espírito-santenses. O gentílico capixaba tem origem no tupi antigo e foi dado aos futuros cidadãos do Espírito Santo devido às roças de milho que ficavam na ilha de Vitória (em tupi, kopisaba, de kopir, roçar, e o sufixo -saba, que significa "lugar de", significando, portanto, roçado, lavoura).[13] As roças pertenciam aos índios, os primeiros habitantes da região quando os portugueses aí chegaram. Tudo leva a crer que a referida assertiva intelectual ajuda a evitar a confusão do nome da unidade federativabrasileira com o nome da terceira pessoa da Santíssima Trindade.[14]
Inicialmente, a região era habitada por diversas tribos indígenas,[15] todas pertencentes ao tronco Tupi; as tribos do interior eram chamadas de Botocudos,[15] sendo-lhes atribuído comportamento hostil e belicoso, além da prática de antropofagia.[16] No litoral, as tribos também eram hostis, porém de hábitos um pouco diferentes.[15]
Na região Sul do atual estado e na região da serra do Caparaó, as tribos não eram hostis,[15] e o seu nome deriva de seu hábito de levar os visitantes para "ouvir o silêncio" da Serra do Castelo.[15] As demais tribos eram os aimorés e os goitacás.[15]
Durante o seu governo, Vasco Fernandes Coutinho convidou o grupo nativo dos temiminós, que foram expulsos de suas terras em 1556, na ilha de Paranapuã (atual Ilha do Governador). Dentre eles, estava Arariboia,[21] líder do grupo e figura fundamental na guerra entre portugueses e franceses pelo controle da baía de Guanabara. Os temiminós então, a convite de governador Coutinho, seguiram para a Capitania do Espírito Santo, aonde reorganizaram sua aldeia e foram catequizados pelos jesuítas.[22]
A fixação da vila foi uma história de lutas, pois os índios não entregaram aos portugueses, sem resistência, suas roças e malocas. Recuaram até a floresta, onde se concentraram para iniciar uma luta de guerrilhas que se prolongou, com pequenas tréguas, até meados do século XVII.[19] Foi assim das mais duras a empresa cometida a Vasco Fernandes Coutinho. Para o patriarca do Espírito Santo a capitania foi um prêmio que se transformou em castigo; teve de empenhar todos os haveres para conservar sua vila; acabou por morrer pobre e desvalido.[19]
Além da insubmissão dos indígenas, o donatário teve de enfrentar as dissensões entre os portugueses. A seus companheiros Jorge de Meneses e Duarte Lemos concedera extensas sesmarias, usando os poderes que recebera juntamente com a carta de doação. Com isso, criou dois rivais implacáveis.[19]
Duarte de Lemos fundou Vitória — chamada de Vila Nova — na ilha de Santo Antônio, em posição estratégica, mais vantajosa que Vila Velha para a defesa contra os constantes ataques dos silvícolas. Para lá se transferiu a sede da capitania. À mesma época, chegaram os missionários jesuítas, empenhados na catequese, o que provocou choques com os colonos, que preferiam a dominação do gentio pela escravidão. A presença do padre José de Anchieta deu um sentido muito especial à ação dos padres da Companhia de Jesus em terras do Espírito Santo. Desde 1561, Anchieta elegera para seu refúgio a aldeia de Reritiba, de onde teve de se afastar constantemente, em virtude de seus encargos, ora em São Paulo, no Rio de Janeiro ou na Bahia. Dois poemas escreveu ele em Reritiba: "De Beata Virgine dei Marte Maria" ("Da Santa Virgem Maria Mãe de Deus") e "De gestis Mendi de Saa" ("Dos feitos de Mem de Sá"). Neste último, está descrita a epopeia de uma esquadra enviada da Bahia por Mem de Sá, governador-geral do Brasil, em socorro a Vasco Fernandes Coutinho e sua gente, que estavam sob cerco dos tamoios na ilha de Vitória. A maior força dos gentios estava concentrada numa aldeia fortificada junto ao rio Cricaré. Ali ocorreu a batalha decisiva, em 22 de maio de 1558. Os portugueses, embora vitoriosos, sofreram pesadas baixas. Entre os mortos estavam o próprio filho de Mem de Sá, Fernão de Sá, que comandava a esquadra; e dois filhos de Caramuru (Diogo Álvares Correia) com a índia Paraguaçu.[23]
A posição estratégica da capitania, dada a proximidade com o Rio de Janeiro, ocasionou algumas tentativas estrangeiras de invasão. Em 1592, os capixabas rechaçaram uma investida dos ingleses, sob o comando de Thomas Cavendish. Em 1625, o donatário Francisco de Aguiar Coutinho enfrentou a primeira investida dos holandeses, comandados por Pieter Pieterszoon Heyn,[23] luta em que se destacou a heroína capixaba Maria Ortiz.[24] Em 1640, com sete navios, os holandeses atacaram novamente o Espírito Santo, sob o comando do coronel Koin. Conseguiram desembarcar 400 homens, mas foram repelidos pelo capitão-mor João Dias Guedes e não se firmaram em Vitória. Atacaram então Vila Velha, de onde foram também rechaçados. O governo colonial, diante de tão repetidos ataques, resolveu destacar para Vitória quarenta infantes da tropa regular.[23] Nessa oportunidade a capitania progride e Koin captura duas naus carregadas de açúcar que, atingidas pelo fogo de terra, ficam com a carga quase toda avariada.[23]
O esgotamento da população, que nos primeiros tempos, por diversas vezes, ameaçara desertar a capitania, bem como a incapacidade de dar seguimento a sua incipiente agricultura, denunciavam a fraqueza dos alicerces em que se baseava a colonização local. Também aí os recursos particulares revelaram-se insuficientes para manter empresa tão árdua e onerosa.[23]
Em 1627, morreu o donatário Francisco de Aguiar Coutinho, cujo sucessor, Ambrósio de Aguiar Coutinho, não se interessou pelo senhorio e continuou como governador nos Açores. Sucederam-se os capitães-mores, com frequentes e sérias divergências entre eles e os oficiais da câmara. Ao atingir a maioridade, em 1667, Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, último descendente do primeiro donatário, conseguiu a nomeação para capitão-mor de Antônio Mendes de Figueiredo, governante operoso e estimado. Em 1674 efetuou-se a compra do território ao último donatário da família Câmara Coutinho pelo fidalgobaianoFrancisco Gil de Araújo, por quarenta mil cruzados, transação confirmada por carta régia de 18 de março de 1675.[23]
Esmeraldas
No governo do novo donatário, o comércio e a lavoura se desenvolveram, mas foi totalmente frustrado o motivo principal da compra da capitania: o descobrimento das "pedras verdes" — as esmeraldas. Essa busca começara por iniciativa do governo-geral. As expedições iniciais, denominadas por alguns historiadores "ciclo espírito-santense", incluem-se na categoria das entradas.[25] Na verdade, o ciclo limitou-se a poucas expedições relevantes, cuja importância está menos nos resultados obtidos, do que na dinamização do interesse pela área e em um maior conhecimento do interior. Entre as mais destacadas, contam-se as de Diogo Martins Cão (1596), Marcos de Azeredo (1611) e Agostinho Barbalho de Bezerra (1664), que vasculharam as imediações do rio Doce. Francisco Gil de Araújo fundou a vila de Nossa Senhora de Guarapari e construiu os fortes do Monte do Carmo e de São Francisco Xavier; o de São João, encontrado em ruínas, foi reconstruído.[25]
Gil de Araújo promoveu 14 entradas através do rio Doce, dirigidas à serra das Esmeraldas, as quais podem ter travado contato com os paulistas de Fernão Dias Pais. Da grande atividade e do vultoso emprego de capital realizados por Francisco Gil não resultou qualquer descoberta metalífera, embora se tenham produzido alguns frutos na valorização das terras, pelo estabelecimento de povoadores e criação de novos engenhos.[25] Os lucros, de qualquer modo, não compensaram o investimento feito. Seu filho e herdeiro, talvez por esse motivo, preferiu conservar-se ausente do senhorio e, por morte deste, a capitania tornou-se devoluta, sendo vendida à coroa por Cosme Rolim de Moura, primo do último donatário. Em consequência, ficou o Espírito Santo submetido à jurisdição da Bahia, e seu governo sempre a cargo de displicentes capitães-mores.[25]
Durante o século XVIII ainda perdurou o interesse pela mineração, reanimado pela descoberta de Antônio Rodrigues Arzão de pequena quantidade de ouro no rio Doce, em 1692. Seguiram-se numerosas entradas, dando início à abertura do caminho para as Minas Gerais, enquanto as jazidas do Castelo e outras atraíam moradores de capitanias vizinhas.[25] Assistiu-se a um novo impulso de conquista e ocupação do interior, e as concessões de sesmarias favoreceram a fixação dos colonos mais empreendedores. O movimento despertou a atenção das autoridades baianas, e acabou prejudicado pelos cuidados do monopólio real e receio de invasão estrangeira às Minas Gerais a partir do Espírito Santo. Tomaram-se então medidas para fortificar melhor a capitania, enquanto por ordem do rei ficou proibido o prosseguimento das explorações. Impediu-se a abertura de entradas para as minas. A capitania defendia-se de surpresas marítimas e ficava isolada pelas defesas naturais: florestas cerradas e selvagens inimigos.[25] A colonização, portanto, continuou sem maiores progressos, embora em 1741 fosse criada a comarca de Vitória, que abrangia São Salvador de Campos e São João da Barra. Em 1747 o ouvidor Manuel Nunes Macedo assim descrevia a situação de Vitória:[25]
“
Aqui não há cadeia nem Casa de Câmara, por terem caído de todo e não cuidarem os meus antecessores na sua reedificação (...) pois a Câmara não tem rendimento algum.
”
— Manuel Nunes Macedo.
É certo que a obstinação dos mineradores e as melhorias efetuadas no sistema de defesa acabaram por diminuir o rigor das proibições e, em 1758, de acordo com ordem régia, abriu-se um caminho para as minas e estabeleceu-se um posto de quitação na vila de Campos.[25]
Sendo-me devido em particular o reanimar a quase extinta capitania do Espírito Santo, confiada até agora a ignorantes e pouco zelosos capitães-mores, fui servido nomear para a mesma governador particular, que ora vos fica subalterno, e escolher um nome de conhecidas luzes e préstimo na pessoa do capitão de fragata Antônio Pires da Silva Pontes.[26]
”
— Dom João VI.
O novo governador assumiu o cargo em 29 de março de 1800. A obra de recuperação teve como objetivo principal melhores comunicações com a de Minas Gerais. Em 8 de outubro do mesmo ano, Silva Pontes assinou o auto, conjuntamente com o representante do governo de Minas, que regulou a cobrança de impostos entre as duas capitanias. Interessou-se também pela navegação do rio Doce, por abertura de estradas, pela ampliação dos cultivos e pelo povoamento da terra.[25] Em 1810 a capitania tornou-se autônoma em relação à Bahia, e passou a depender diretamente do governo-geral. Governou na época Manuel Vieira de Albuquerque Tovar, que não se afastou do programa de Silva Pontes. Deu o nome de Linhares às antigas ruínas da aldeia de Coutins.[25]
O período colonial encerrou-se sob melhores auspícios, sobretudo em função da diligência de Francisco Alberto Rubim, nomeado governador em 1812. Rubim foi o autor da "Memória estatística da capitania do Espírito Santo", realizada em 1817, na qual afirmou haver na época na capitania 24.587 habitantes, seis vilas, oito povoados e oito freguesias. Consolidara-se a ocupação do território e ampliara-se a base demográfica. Em face das dificuldades enfrentadas, esses dados revelam um progresso nada desprezível.[27]
Em 20 de março de 1820 foi empossado como governador Baltazar de Sousa Botelho de Vasconcelos, a quem coube enfrentar os dias agitados da independência e passar a administração à junta do governo provisório. Antes mesmo de promulgada a constituição do império, foi nomeado presidente da província o ouvidor Inácio Acióli de Vasconcelos.[27]
Durante o movimento de independência, em março e abril de 1821, ocorreram várias comoções políticas no Espírito Santo, enquanto se procedia à escolha de seus representantes às cortes de Lisboa. Após a proclamação da autonomia brasileira, foi dado total apoio à nova realidade política, e em 1 de outubro de 1822, reconhecido imediatamente D. Pedro na condição de imperador do Brasil.[27]
O governo provincial enfrentou séria crise econômica nos primeiros anos da década de 1820, ocasionada pelo estrangulamento da produção agrícola em razão da prolongada estiagem. Mesmo assim, iniciou a cultura cafeeira. Para tanto, incentivou o aproveitamento de terras por colonos estrangeiros, o que se deu simultaneamente à chegada de fazendeiros fluminenses, mineiros e paulistas.[27] A exemplo das demais províncias do sul, no Espírito Santo essa experiência colonizadora baseou-se na pequena propriedade agrícola, que logo se estendeu ao longo da zona serrana central, em contraste com as áreas do sul daquela região, onde predominava a grande propriedade.[27]
Em 1846 fundou-se a colônia de Santa Isabel (Campinho) com imigrantes alemães de Hunsrück e em 1855 uma sociedade particular — depois encampada pelo governo — criou a colônia do Rio Novo com famíliassuíças, alemãs, holandesas e portuguesas. Entre 1856 e 1862 houve considerável afluência de imigrantes alemães para a colônia de Santa Leopoldina, que tinha por sede o porto de Cachoeiro de Itapemirim, no rio Itapemirim, a cinquenta quilômetros da foz, no sul do estado.[27] Rapidamente as antigas áreas de pastoreio pontilharam-se de pequenos estabelecimentos agrícolas, que demonstraram grande força expansiva. As colônias de Santa Isabel e Santa Leopoldina,por exemplo, criaram desdobramenros através de todo o planalto, entre os rios Jucu e Santa Maria, e mais tarde atravessaram o rio Doce.[27]
No processo de colonização enfrentaram os imigrantes, a par de outras dificuldades, o sério problema indígena na região do rio Doce. Malgrado os esforços de aldeamento e as tentativas de utilização de sua mão de obra, sucediam-se os choques com os colonos,[27] e chegou mesmo a verificar-se grave contenda entre índios e moradores de Cachoeiro de Itapemirim,[27] como elevado número de mortos e feridos, em 1825. Duas décadas depois, o comendador e futuro barão de Itapemirim, Joaquim Marcelino da Silva Lima, ainda tentou organizar um grande aldeamento à base de terras devolutas.[27]
Os canaviais haviam sido substituídos pelos cafeeiros. Ainda não tinha sido fundada nenhuma usina. Os engenhos centrais pouco a pouco desapareciam. Além de fazendeiros capixabas, que passam a cultivar o café, vieram também, com o mesmo propósito, fluminenses, mineiros e até paulistas, como o barão de Itapemirim.[27]
Graças ao trabalho profícuo desses colonos, quando se aboliu a escravidão dos negros — o que derrocou as grandes fazendas, de imediato ou não — a economia do Espírito Santo resistiu e proporcionou aos seus presidentes, depois de proclamada a república, os meios necessários para empreendimentos como a construção de estradas de ferro, expansão do ensino e organização de planos urbanos, com Muniz Freire; instalação de água, luz, esgoto, bondes elétricos, de um parque industrial, de uma usina elétrica e de uma usina de açúcar em Cachoeiro de Itapemirim e na vila de Itapemirim, de uma fazenda-modelo em Cariacica, além de reforma da instrução pública e construção de grupos escolares e de pontes entre Vitória e o litoral e Colatina e o norte do rio Doce. Essas e outras obras foram realizadas com recursos provenientes sobretudo do café produzido pelas colônias de imigrantes europeus organizadas desde a monarquia.[27]
Com a irradiação ferroviária que o café suscitou em meados do século XIX, o Espírito Santo beneficiou-se da rede de leitos, cujo centro estava em Campos dos Goitacases e que estabelecia comunicações entre duas importantes áreas cafeeiras: a Zona da Mata, em Minas, e o sul capixaba. Apesar de situada fora da região de cultivo, a cidade de Vitória foi a que mais progrediu sob o surto daquela lavoura, e já em 1879 processaram-se os primeiros estudos destinados à construção do porto, que deveria escoar toda a produção da província. Atendendo às novas exigências, em meados do século começou a funcionar a imprensa capixaba,[27][28] com a circulação do jornal O Correio da Vitória,[28] de propriedade de Pedro Antônio de Azeredo,[28] a partir de 1849.[28]
No final do século XIX, os capixabas, sobretudo a intelectualidade, aderiram ao movimento abolicionista. A exemplo do que aconteceu nas demais províncias, surgiram associações ligadas à emancipação, como a Sociedade Abolicionista do Espírito Santo (1869) ao lado de acirrada campanha jornalística e parlamentar. No próprio edifício da Câmara Municipal de Vitória fundou-se uma sociedade libertadora (1883). Durante a propaganda, evocava-se a crueldade dos castigos infligidos aos escravos, como sucedera após a insurreição de cerca de 200 negros no distrito de Queimados, em 1849.[28]
A abolição da escravatura, no entanto, conduziu os grandes proprietários à ruína, em virtude da privação da tradicional mão de obra. Assim, com o advento da república, o primeiro governador do estado não encontrou condições materiais para levar a efeito os planos preconizados pela propaganda republicana. As finanças da antiga província encontravam-se exauridas.[28]
Ainda no final do século XIX, coincidindo com a fixação da constituiçãoestadual (1891 e 1892), o governador eleito recorreu a reformas e incentivos econômicos que deram novo impulso ao estado. A fim de assegurar uma receita mais sólida, levantou empréstimos externos, que favoreceram a lavoura cafeeira e permitiram maiores investimentos agrícolas. O Espírito Santo obteve assim uma arrecadação cinco vezes mais alta que a da antiga província. Efetuou-se o saneamento de Vitória e em 1895 foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, entre Porto de Argolas e Jabaeté.[28]
Séculos XX e XXI
A ocupação do norte do Espírito Santo só começou nas primeiras décadas do século XX, e ganhou novo impulso depois da construção da ponte de Colatina sobre o rio Doce, inaugurada em 1928. A economia capixaba contou com a migração de contingentes do sul e do centro do país para aquela área, e assim firmou-se o cultivo do café, que respondeu por 95% da receita em 1903. Durante a primeira guerra mundial, o porto de Vitória figurava como o segundo grande exportador nacional.[28]
Com a instalação de Tubarão a região foi dotada de uma infraestrutura que propiciou o surgimento de um novo complexo industrial, do qual faz parte uma usina de pelotização de minério de ferro, com capacidade de produção de dois milhões de toneladas anuais.[28] Inaugurada em 1976, entrou em atividade em 29 de novembro de 1983, dez anos depois de iniciadas as obras, a Usina Siderúrgica de Tubarão, que representou um investimento total de três bilhões de dólares. A fase foi marcada por um intenso esforço de industrialização provomido pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo (Codes), mais tarde transformada no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). No início da década de 70 foi criado o FUNDAP (Fundo de Desenvolvimento para Atividades Portuárias) que consistia de um incentivo financeiro para a instalação de empresas importadoras, incentivando as atividades portuárias. Instalaram-se fábricas de café solúvel, massas alimentícias, chocolates, azulejos e conservas de frutas, e aprovaram-se projetos para a implantação de fábricas de laticínios, calçados, material elétrico, óleos comestíveis e sucos cítricos.[28]
A partir de 2006, a precariedade dos presídios passou a ser noticiada, pois provocou rebeliões, assassinatos e até esquartejamentos (na Casa de Custódia de Viana); em 2009, presos são mantidos em contêineres de aço, sem ventilação adequada, por falta de celas.[39] Em março de 2010, essa situação é discutida em um painel na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.[40] Cumprindo parcialmente compromissos assumidos, o governo desativa as celas metálicas e demole a Casa de Custódia de Viana, em maio de 2010.[41] Em outubro, sete penitenciárias foram vistoriadas por uma comissão liderada pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e da Ordem dos Advogados do Brasil.[30] O relatório, a ser entregue à Procuradoria Geral da República, sugere providências urgentes e intervenção federal no sistema penitenciário do estado.[30]
O estado do Espírito Santo ocupa uma área de 46 095,583 km² no litoral do Brasil, localiza-se a oeste do Meridiano de Greenwich e a sul da Linha do Equador e com fuso horário de menos três horas em relação à hora mundial GMT. No Brasil, o estado faz parte da região Sudeste, fazendo divisa com os estados de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. O estado é banhado pelo oceano Atlântico.[42]
Cerca de 40% do território do estado encontra-se em uma faixa de planície,[43] porém a variação das altitudes é bem grande. O relevo apresenta-se dividido em duas regiões distintas: A Baixada Espírito-santense e a Serra do Castelo, na qual fica o Pico da Bandeira com 2 892 m, na serra de Caparaó.[44] Seu clima predominante é o tropical de Altitude do tipo Cwb.[45] O bioma (dominío morfoclimático) do estado são os chamados "Mares de Morros" caracterizados pela vegetação tropical, em climas mais amenos, formados por serras fortemente erodidas.[46] Os principais rios capixabas são o Doce, o São Mateus, o Itaúnas, o Itapemirim e o Jucu. Os cinco integram as Bacias Costeiras do Sudeste.[42]
A maior parte do estado caracteriza-se como um planalto, parte do maciço Atlântico.[47] A altitude média é de seiscentos a setecentos metros, com topografia bastante acidentada e terrenos arqueozoicos, onde são comuns os picos isolados, denominados pontões e os pães-de-açúcar. Na região fronteiriça com Minas Gerais, transforma-se em área serrana, com altitudes superiores a 1 000 metros, na região onde se eleva a Serra do Caparaó[47] ou da Chibata. Aí, se ergue um dos pontos culminantes do Brasil, o Pico da Bandeira, com 2 890 m.[44]
De forma mais esquemática, pode-se compor um quadro morfológico do relevo em cinco unidades:
os tabuleiros areníticos, faixa de terras planas com cerca de cinquenta metros de altura, que se ergue ao longo da baixada e a domina com uma escarpa abrupta, voltada para leste;[48]
Ao contrário do que ocorre nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde constitui um escarpamento quase contínuo, no Espírito Santo o rebordo do planalto apresenta-se como zona montanhosa muito recortada pelo trabalho dos rios, que, nela, abriram profundos vales. A partir do centro do estado para norte, esses terrenos perdem altura e a transição entre as terras baixas do litoral e as terras altas do interior vai se fazendo mais lenta, até alcançar o topo do planalto no estado de Minas Gerais. Dessa forma, ao norte do Rio Doce, a serra é substituída por uma faixa de terrenos acidentados, mas de altura reduzida, em meio aos quais despontam picos que formam alinhamentos impropriamente denominados serras.[50]
O Espírito Santo está incluído em sua totalidade no bioma da Mata Atlântica, apresentando desde fitofisionomias florestais em áreas com altitude menor, até fitofisionomias abertas, em áreas com maior altitude.[52][53] Entre as fitosionomias florestais destacam-se a floresta ombrófila densa, que ocupava quase 70% do estado, e a floresta estacional semidecidual, que ocupava cerca de 23%.[54] A floresta ombrófila aberta, mais rara, ocupava cerca de 3% do estado, sendo encontrada no sudeste e noroeste.[54] Do ponto de vista geológico, o Espírito Santo é dividido em zona de tabuleiros, zona serrana e planície costeira, com extrema influência na vegetação encontrada nessas zonas.[54]
As florestas úmidas da zona de tabuleiros (abaixo de 300 m de altitude) do norte do Espírito Santo e sul da Bahia frequentemente são chamadas de "mata de tabuleiro", e apresentam pouca vegetação rasteira, muitas epífitas e lianas.[55] As árvores podem ter até 30 m de altura e a primeira vista, essa floresta apresenta semelhanças com a Floresta Amazônica.[54] Hoje em dia, a mata de tabuleiro só é encontrada em bom estado de conservação na Reserva Biológica de Sooretama e na Reserva Natural Vale.[55] No litoral, também observa-se a presença de restingas e mangues, principalmente ao norte do rio Doce.[52] Muitas vezes, as restingas limitam-se apenas às praias, mas podem avançar para o interior, unindo-se com as matas de tabuleiros.[54]
A zona serrana, localizada em terras altas e vales do interior ao sul do rio Doce principalmente, possui desde florestas com muita vegetação rasteira (entre 300 e 2 000 m de altitude), até campos de altitude, acima dos 2 000 m.[54] Alguns autores denominam essa vegetação de "floresta pluvial atlântica".[54] Principalmente na Serra do Caparaó, encontra-se uma vegetação aberta denominada campo rupestre, ainda muito pouco estudada pela ciência e que vem se mostrando ser um ecossistema único.[56]
Atualmente, a vegetação nativa do Espírito Santo está reduzida a menos de 15% da cobertura original: em 2011, calculava-se que havia apenas 5 107,53 km² de florestas, o que totalizava cerca de 11,07%.[53] Por conta de sua semelhança, principalmente na parte norte do estado, com o sul da Bahia, a Mata Atlântica capixaba está incluída em um projeto de corredor ecológico que visa integrar as unidades de conservação desse estado com os do sul baiano, o chamado "Corredor Central da Mata Atlântica".[57]
O litoral capixaba é rochoso ao sul, com falésias de arenito, e também na parte central, com grandes morros e afloramentos graníticos a beira mar, o litoral sul-central é muito recortado com muitas enseadas e baias protegidas por rochas e afloramentos rochosos a beira mar, é arenoso ao norte, com praias cobertas por uma vegetação rasteira e extensas dunas, principalmente em Itaúnas e Conceição da Barra.[58]
A 1 140 quilômetros da costa, em pleno Oceano Atlântico, encontram-se a Ilha da Trindade (12,5 km²) e as Ilha de Martim Vaz, situadas a 30 quilômetros de Trindade. Essas ilhas estão sob a administração do Espírito Santo.[58]
O estado possui um litoral mais recortado no centro-sul, e mais mar aberto no norte, o que faz a maior parte das ilhas se concentrarem na parte central do estado, porém o estado possui várias ilhas. Ao todo, são 73 ilhas localizadas na costa do estado, sendo 50 localizadas na capital Vitória.[58]
O estado também é conhecido por possuir diversos locais que servem para armazenamento dos ovos de Tartarugas-marinhas (Cheloniidae). No estado, o TAMAR, um projeto conservacionista brasileiro dedicado à preservação de espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas de extinção, mantém sete bases do projeto no estado: Itaúnas, Guriri, Pontal do Ipiranga, Povoação, Vila de Regência, Ilha da Trindade e Anchieta. Os trabalhos de monitoramento das praias realizados pelas equipes do TAMAR normalmente são realizados entre os meses de setembro e março, no fim do período reprodutivo. As tartarugas marinhas demoram até 20 anos para chegar à idade reprodutiva e de cada mil filhotes que nascem apenas um chega à fase adulta. Ou seja, das 100 mil tartarugas nascidas no último ano, daqui a vinte anos, provavelmente, estima-se que apenas 100 retornem para desovar.[60]
Segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE, em 2010, o estado do Espírito Santo possuía 3 512 672 habitantes, sendo o décimo quarto estado mais populoso do Brasil, representando 1,8% da população brasileira.[63][64] Segundo o mesmo censo, 1 729 670 habitantes eram homens e 1 783 002 habitantes eram mulheres.[63] Ainda segundo o mesmo censo, 2 928 993 habitantes viviam na zona urbana e 583 679 na zona rural.[63] Em dez anos, o estado registrou uma taxa de crescimento populacional de 13,59%.[65]
Em relação ao ano de 1991, quando a população era de 2 598 231,[66] esses números mostram uma taxa de crescimento anual de 2% ao ano, inferior a do Brasil como um todo (1,6%) para o mesmo período (1991-2000).[67] Ainda segundo o censo demográfico de 2000, o Espírito Santo é o décimo quarto estado mais populoso do Brasil e concentra 1,82% da população brasileira.[67] Do total da população do estado em 2000, 1 562 426 habitantes são mulheres e 1 534 806 habitantes são homens.[68] Para 2006, a estimativa é de 3 464 285 habitantes.[67]
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado, considerado como "elevado" pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é de 0,740, segundo dados do ano de 2010, sendo naquele período, o sétimo mais alto entre as unidades federativas do Brasil.[78][79] Naquele ano, considerando apenas a educação, o índice era de 0,653, considerado "médio"; o índice de longevidade era de 0,835, considerado "muito alto" e o índice de renda era de 0,743, considerado como "alto".[78] A renda per capita é de 20 231 reais.[80] Entre 1991 e 2000, o estado registrou uma forte evolução tanto no seu IDH geral quanto na educação, longevidade e renda, critérios utilizados para calcular o índice.[81] A educação foi o critério que mais evoluiu em nove anos, de 0,304 em 1991 para 0,491 em 2000, e em 2010 o valor passou a ser 0,653.[78] Depois da educação, vem a longevidade, que em 1991 tinha um valor de 0,686, passando para 0,777 em 2000 e 0,835 em 2010.[78] E, por último, vem a renda, o critério que menos evoluiu entre 1991, quando era de 0,619, e 2000, ano em que foi calculado como sendo de 0,687,[78] avançando para o valor de 0,743 em 2010.[78] Quanto ao IDH, que é uma média aritmética dos três subíndices, a evolução também foi significativa, passando de 0,505 em 1991 (considerado como "baixo" pela ONU) para 0,64 em 2000 (considerado "médio" pela ONU), e para 0,74 em 2010 (considerado "elevado" pela ONU).[78]
Em 2010, o município com o maior IDH era a capital, Vitória, com um valor de 0,845, considerado como "muito elevado" pelo PNUD no período, posicionado na primeira posição entre os municípios capixabas naquele ano e na quarta posição entre todos os municípios do país, empatado com Balneário Camboriú (SC), e ficando atrás somente de São Caetano do Sul (SP), Águas de São Pedro (SP) e Florianópolis (SC).[79] Já dentre as capitais estaduais do país, Vitória foi posicionada naquele período em segundo lugar, perdendo apenas para Florianópolis, Santa Catarina. Concomitantemente, o município com menor IDH foi Ibitirama,[79] situado na Mesorregião do Sul Espírito-Santense, possuindo o índice no valor de 0,622, que possuindo todos os indicadores sociais abaixo da média estadual no período, estava posicionado na 78° e último lugar entre os municípios do estado e no 3 653° lugar entre todos os municípios brasileiros, com um IDHM considerado "médio" pelo PNUD.[82] No ano 2000, o município capixaba mais bem avaliado de acordo com o IDH era mais uma vez a capital, Vitória, com o índice no valor de 0,759,[79] considerado como "elevado" no período, estando ranqueado na sétima posição na época entre todos os municípios do Brasil, ficando atrás apenas de São Caetano do Sul (SP), Águas de São Pedro (SP), Santos (SP), Balneário Camboriú (SC), Niterói (RJ) e Florianópolis (SC). No mesmo período, o município com menor valor de IDH era Santa Leopoldina, situado na Mesorregião Central Espírito-Santense, com um índice de 0,468 no período, considerado como "baixo" à época. Já no ano de 1991, o município com melhor IDH do estado era igualmente a capital, Vitória, com um índice de 0,644, considerado como "médio" pela ONU e sendo posicionado na sexta posição entre todos os municípios do Brasil, ficando atrás somente de São Caetano do Sul (SP), Santos (SP), Florianópolis (SC), Niterói (RJ) e Porto Alegre (RS).
O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, é de 0,50, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor.[83] A incidência da pobreza, medida pelo IBGE, é de 30,88%, o limite inferior da incidência de pobreza é de 29,04%, o superior é 32,73% e a subjetiva é 28,51%.[83]
Ainda segundo o Censo IBGE 2010, as Igrejas evangélicas são seguidas por 33,1% dos capixabas, o que faz do Espírito Santo o estado mais evangélico do Brasil. São muitas as igrejas evangélicas, sendo a maior a Assembleia de Deus em suas várias ramificações, seguida da Igreja Cristã Maranata, fundada no estado há 43 anos e da multifacetada Igreja Batista e da Igreja Universal do Reino de Deus. É possível encontrar também praticantes de religiões de origem africana, além de espíritas e outros.[88] O luteranismo também está presente em todo o estado, mas é nas regiões serranas, onde há maior quantidade de descendentes de alemães e pomeranos, que sua presença é mais forte.[89]
O censo do IBGE de 2010 revelou os seguintes números: 1,7 milhão brancos (48,6%), 1,5 milhão Pardos (42,2%), 293 mil Negros (8,4%) e 0,8% amarelos (21,9 mil) ou Indígenas (9 mil).[93]
A população do estado, assim como no resto do Brasil, foi formada por elementos indígenas, africanos e europeus. O Espírito Santo, no século XIX, contava com uma grande população de origem indígena e africana. Depois da colonização portuguesa, a partir do século XIX o estado recebeu levas consideráveis de imigrantes, na maioria italianos, mas também alemães, portugueses e espanhóis.[94]
O estado do Espírito Santo é governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo e outros tribunais e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.[99]
A atual constituição do estado do Espírito Santo foi promulgada em 1989,[100] acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais.[100]
O Poder Executivo capixaba está centralizado no governador do estado,[100] que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto,[100] pela população para mandatos de até quatro anos de duração,[100] e podem ser reeleitos para mais um mandato.[100] Sua sede é o Palácio Anchieta, que desde o século XVIII é a sede do governo capixaba.[101] A residência oficial do governador fica na Praia da Costa,[102] localizada no município de Vila Velha.
O Poder Legislativo do Espírito Santo é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, localizado na Enseada do Suá. Ela é constituída por 30 deputados, que são eleitos a cada 4 anos. No Congresso Nacional, a representação capixaba é de 3 senadores e 10 deputados federais.[100] A maior corte do Poder Judiciário capixaba é o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, localizado na Enseada do Suá. Compõem o poder judiciário os desembargadores e os juízes de direito.[100]
O Espírito Santo está dividido politicamente em 78 municípios.[103] O mais populoso deles é Serra, com 536 765 habitantes, segundo dados de 2021 do IBGE. Sua região metropolitana possui aproximadamente 1,7 milhão de habitantes.[104]
Durante a década de 2000, por sucessivas leis estaduais, foram criadas e alteradas regiões de gestão e planejamento, estabelecidas com o objetivo de centralizar a atividades das secretarias estaduais. Seus limites nem sempre coincidem com os das mesorregiões e microrregiões do Espírito Santo.[109] As onze regiões administrativas do estado são: Metropolitana (Grande Vitória), Polo Linhares, Litoral Sul, Polo Afonso Cláudio (Sudoeste Serrana), Litoral Norte, Extremo Norte, Polo Colatina, Noroeste 1, Noroeste 2, Polo Cachoeiro de Itapemirim, Caparaó (Microrregião de Alegre).[109]
Na economia do Espírito Santo, têm destaque a agricultura, a pecuária e a mineração.[111] Na produção agrícola, destacam-se a cana-de-açúcar (2,5 milhões de toneladas), a laranja (175 milhões de frutos), o coco-da-baía (148 milhões de frutos) e o café (1 milhão de toneladas). O total de galináceos no estado é de aproximadamente 9,2 milhões de aves, e o de gado bovino ultrapassa 1,8 milhão de cabeças. Há reservas importantes de granito e uma incipiente extração de gás natural e petróleo. Areias e mármores também são importantes produtos do extrativismo capixaba. Embora relativamente pequeno, o parque industrial do Espírito Santo abriga indústrias químicas, metalúrgicas, alimentícias e de papel e celulose.[111] Em 2012, a pauta de exportação do Espírito Santo se baseou em minério de ferro (52,49%), petróleo cru (10,87%), pastas químicas de madeira à soda ou sulfato (10,01%), pedras de cantaria ou construção (5,58%) e café (4,42%).[110]
O produto agrícola tradicional do estado é o café,[113] cultura que orientou a ocupação de praticamente todo o território capixaba.[114] Após uma fase de decadência no estado, o café recuperou uma posição de relativo destaque nacional,[114] ocupando a segunda colocação na produção de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com um volume de produção que varia entre 11,58 e 13,33 milhões de sacas em 2017.[115] Seguem-se a ele, em ordem de importância, as culturas de milho,[116]banana, mandioca, feijão, arroz e cacau.[113][116]
O Espírito Santo tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 37,6 bilhões, equivalente a 2,9% da indústria nacional. Emprega 175 104 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Extração de petróleo e gás natural (24,5%), Extração de minerais metálicos (13,9%), Construção (11,4%), Metalurgia (10,8%) e Serviços industriais de utilidade pública, como Energia elétrica e água (7,5%). Estes 5 setores concentram 68,1% da indústria do estado.[117]
O setor terciário é pouco desenvolvido em todo o Estado.[120] No entanto, a atividade comercial adquire certa importância com as exportações de minério de ferro proveniente de Minas Gerais, através da Estrada de Ferro Vitória a Minas e é embarcado nos portos de Atalaia e ponta do Tubarão. Por outro lado, a ligação de Cachoeiro de Itapemirim à cidade do Rio de Janeiro, por rodovia pavimentada, permitiu a incorporação da região à bacia leiteira fluminense e facilitou a exportação de produtos agrícolas, como café, milho, mandioca, arroz e hortigranjeiros.[120]
Petróleo
Nos últimos anos, o Espírito Santo vem se destacando na produção de petróleo e gás natural. Com várias descobertas realizadas, principalmente pela Petrobras, o Estado saiu da quinta posição no ranking brasileiro de reservas, em 2002, para se tornar a segunda maior província petrolífera do País, com reservas totais de 2,5 bilhões de barris. São cerca de 140 mil barris diários. Os campos petrolíferos se localizam tanto em terra quanto em mar, em águas rasas, profundas e ultraprofundas, contendo óleo leve e pesado e gás não associado.[121]
Dentre os destaques da produção está o campo de Golfinho, localizado a norte do estado, com reserva de 450 milhões de barris de óleo leve, considerado o mais nobre. O primeiro módulo de produção do local já está em operação, com o FPSO Capixaba, e o segundo deve iniciar a operação até o final deste ano, com o FPSO Cidade de Vitória.[121]
Há ainda os campos de Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Azul, Baleia Anã, Caxaréu, Mangangá e Pirambu, que fazem parte do denominado Parque das Baleias, no Sul, que somam uma reserva de 1,5 bilhão de barris. O Espírito Santo é atualmente responsável por 40% das notificações de petróleo e gás natural brasileiras, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) desde sua criação, em janeiro de 1998.[121]
A indústria de petróleo no Espírito Santo possibilita o pagamento de royalties relacionados à exploração de petróleo e gás natural aos municípios nos quais estão localizados os campos produtores e as instalações das empresas. Para beneficiar os 68 municípios capixabas que não recebem royalties petrolíferos, o Governo do Estado criou o Fundo para Redução das Desigualdades Regionais, o primeiro projeto desta natureza aprovado no país. Os recursos são provenientes do repasse de 30% dos royalties creditados no cofre público estadual. Em vigor desde junho de 2006, a distribuição do dinheiro do fundo leva em consideração a população, o percentual de repasses do ICMS e a condição de não ser grande recebedor de royalties. As cidades que têm participação acima de 10% no ICMS e mais de 2% dos royalties não têm acesso aos recursos do Fundo.[121]
Infraestrutura
Educação
O Estado dispunha em 2008 de uma rede de de 2 733 escolas de ensino fundamental, das quais 482 estaduais, 1 986 municipais, 1 157 particulares e 6 federais. O corpo docente era constituído de 29 282 professores, sendo que 6 777 trabalhavam nas escolas públicas estaduais, 18 146 nas escolas públicas municipais e 4 359 nas escolas particulares. Estudavam nestas escolas 553 396 alunos, dos quais 491 342 nas escolas públicas e 62 054 nas escolas particulares. O ensino médio foi ministrado em 438 estabelecimentos, com a matrícula de 139.984 alunos. Dos 139 984 discentes, 119 478 estavam nas escolas públicas e 20 506 nas particulares. Quanto ao ensino superior, em 2008, o estado possuía 91 estabelecimentos, com 6 490 professores e 89 610 discentes.[122]
Atualmente a situação energética do Estado do Espírito Santo é de confiabilidade, por se conectar ao Sistema Interligado Sul/Sudeste/Centro-oeste através de um anel de transmissão. O estado produz 33% de suas necessidades, importando, consequentemente, 67% da energia requerida de FURNAS Centrais Elétricas S.A. As concessionárias de distribuição de energia elétrica operando no Espírito Santo são a Espírito Santo Centrais Elétricas S/A (Escelsa), atualmente uma empresa do grupo EDP, e Empresa Luz e Força Santa Maria (ELFSM).[129]
Com seu franco desenvolvimento, expansão e a crescente demanda por fontes energéticas que sustentem de maneira consistente este processo, o Espírito Santo vem utilizando como principal energia alternativa a energia eólica. O processo consiste na conversão do vento em energia elétrica através de aerogeradores - gigantes turbinas em forma de cata-vento colocadas em pontos estratégicos onde a ação do vento é intensa.[130]
A Polícia Civil do Estado do Espírito Santo é uma das polícias do Espírito Santo, Brasil, órgão do sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º, da Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar.[143] As principais instituições penitenciárias do estado são o Instituto de Readaptação Social (em Vila Velha) e Colônia Penal (em Viana).[144]
O teatro mais relevante da capital é o Theatro Carlos Gomes, inaugurado em 1927 e inovado em 1970, sob a responsabilidade da Fundação Cultural do Espírito Santo, com 311 poltronas e 40 camarotes.[149]
O congo capixaba é o ritmo musical típico do estado, com origem indígena também teve a participação dos negros. Realizado nas regiões litorâneas do Espírito Santo. As bandas de congo cantam e tocam em festas religiosas como as de São Benedito, São Pedro, São Sebastião e Nossa Senhora da Penha (padroeira do Estado). Os instrumentos utilizados são com pau oco, barricas, taquaras, peles de animais, folha-de-flandres e ferro torcido, assim como tambores, caixas, cuícas, chocalhos, casacas, ferrinhos ou triângulos e pandeiros. Principalmente pelos tambores e casaca que é um instrumento musical espécie de reco-reco com cabeça esculpida.[182]
Festivais
A cultura do estado sofre forte influência de alemães, italianos e afro-descendentes, o que gera diversas manifestações culturais e festas singulares. Os principais eventos no estado, são de entretenimento, culturais e musicais, o maior evento do estado é a Vitória Stone Fair, maior exposição de Rochas Ornamentais do mundo, porém existem vários outros de importância quase igual, voltados ao setor agropecuário e ao setor alimentício.[183] A maioria dos eventos, de pequeno, médio e grande porte, ocorre no Pavilhão de Carapina, espaço construído pelo governo do estado, para sediar eventos, no município de Serra.[183]
Existe em Itapemirim a Tradicional Festa do Atum e do Dourado, sendo uma das principais festas da cultura pesqueira do Brasil, onde há anexado a festa o Festival de Frutos do Mar Capixaba, no distrito de Itaipava. Reúne mais de 50 mil pessoas por dia, onde tem a oportunidade de experimentar tradicionais pratos em frente ao mar, além da tradicional volta dos barcos, em que percorrem a ilha dos Franceses e o preparo do Peixe no Rolete.[184] Há também a tradicional festa de Corpus Christi, realizada por volta dos meses de maio e junho, onde em Castelo são confeccionados tapetes artesanais em um perímetro aproximado de um quilômetro pelo entorno do centro da cidade. Esse tapetes com vários quadro e passadeiras de desenho e muito colorido são de inspiração religiosa e feitos basicamente de flores, serragem colorida e grãos. Outro importante evento é a Festa do Cafona, em Colatina, evento que reúne pessoas de todo o Brasil, que se vestem de forma inusitada e propositalmente ridícula para ouvir músicas com letras provocativas e também ridículas e fazerem coisas bizarras e obscenas. Também há o Festival de Alegre, na cidade de Alegre, importante evento do cenário musical nacional, reúne as maiores e mais populares bandas brasileiras e as vezes, até bandas estrangeiras. Há também a tradicional e italiana Festa da Polenta realizada em Venda Nova do Imigrante. O maior rodeio do estado é o de Ibiraçu, onde a um encontro de música sertaneja. O Festival de Inverno de Domingos Martins e a Festa do Vinho, são os maiores eventos da região serrana do estado.[184]
Há também várias manifestações culturais importantes, como a festa de Exposição Municipal Afonso-Claudense e a festa do Afonso-Claudense Ausente e Presente, que comemora o aniversário do município de Afonso Cláudio;[185] o Boi Pintadinho, em Muqui;[186] a Sömmerfest em Domingos Martins;[187] a Festa do Imigrante em Santa Teresa;[188] a Festa do Morango em Domingos Martins;[189] a Festa de São Benedito, na cidade de Serra;[190] e a Festa da Penha, maior festa religiosa do estado que reúne cerca de 900 mil fiéis durante a Semana Santa, no Convento da Penha em Vila Velha, durante o período são celebradas muitas missas e romarias.[191]
Outros esportes também têm popularidade no estado. No vôlei, o órgão responsável pela atuação no esporte é a Federação Espírito-Santense de Voleibol, que possui diversos clubes filiados e organiza todos os torneios oficiais que envolvam as equipes do estado.[201] No basquete, a federação responsável é a Federação Capixaba de Basquetebol.[202] No skate, existe a Associação Capixaba de Skate (ACSK) responsável pela organização de eventos e afins relacionados ao esporte.[203] Todos os anos, o estado realiza os "Jogos Escolares do Espírito Santo", evento da secretaria de esportes do governo estadual, que reúne diversas modalidades esportivas.[204]
No Espírito Santo, é considerado feriado estadual o dia dedicado à Padroeira do Estado, Nossa Senhora da Penha, que acontece no oitavo dia posterior ao domingo de Páscoa. O dia da Colonização do solo espírito-santense, no dia 23 de maio, é considerado ponto facultativo em alguns municípios.[210][211]
↑ALMEIDA, Maria Regina Celestino de (2019). «Araribóia - Ilustríssimo chefe indígena». APLOP. ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NA REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL (BRASIL). Consultado em 23 de outubro de 2023
↑ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.
↑ abcdef«Espírito Santo: História». Nova Enciclopédia Barsa volume 6 ed. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 1998. 39 páginas
↑ abcdefghij«Espírito Santo: História». Nova Enciclopédia Barsa volume 6 ed. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 1998. p. 40
↑OLIVEIRA, José Teixeira de (2008). «História do Espírito Santo»(PDF). Site Oficial do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. 231 páginas. Consultado em 19 de setembro de 2010. Arquivado do original(PDF) em 3 de setembro de 2013
↑ abcdefghijklm«Espírito Santo: História». Nova Enciclopédia Barsa volume 6 ed. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 1998. 41 páginas
↑ abcdefghijklmn«Espírito Santo: História». Nova Enciclopédia Barsa. 6. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 1998. 42 páginas
↑Saletto, Nara (2000), «Sobre a composição étnica da população capixaba»(PDF), Vitória, ES: UFES, Dimensões – Revista de História, 11, p. 11-364, consultado em 20 de julho de 2011, arquivado do original(PDF) em 21 de janeiro de 2012
↑ abANDRADE, Fernando Moretzsohn de; GUIMARÃES, André Passos. Espírito santo. In: Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil, 1993. v. 8, p. 4176.
Espírito Santo. Pequeno artigo educativo a respeito do ES, no portal de ensino Só Geografia. Visitado em 30 de outubro de 2014.
Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Website oficial do IJSN, uma entidade pública estadual que elabora, implementa e disponibiliza estudos, pesquisas, planos, programas de ação etc. voltados ao desenvolvimento socioeconômico do ES. Visitado em 30 de outubro de 2014.
Espírito Santo. Página do Espírito Santo no website do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Visitado em 30 de outubro de 2014.