O arroz é uma planta da família das gramíneas e gêneroOryza, que alimenta mais de metade da população humana do mundo. É a terceira maior cultura cerealífera do mundo, apenas ultrapassada pelas de milho e trigo. É rico em hidratos de carbono. A maior parte do arroz provém da espécieOryza sativa (por vezes chamado arroz asiático), mas o chamado arroz africano provém da espécie Oryza glaberrima.
Para poder ser cultivado com sucesso, o arroz necessita de água em abundância, para manter a temperatura ambiente dentro de intervalos adequados, e, nos sistemas tradicionais, de mão de obra intensiva. Desenvolve-se bem mesmo em terrenos muito inclinados [carece de fontes?] e é costume, nos países do sudeste asiático, encontrarem-se socalcos onde é cultivado. Em qualquer dos casos, a água mantém-se em constante movimento, embora circule a velocidade muito reduzida.
Origem
O arroz é uma das culturas mais importantes a serem domesticadas a nível mundial, sendo a Ásia (Oryza sativa L.), a África (Oryza glaberrima Steud) e a América (Oryza sp.) discutidas como os berços da domesticação.[1]
Ásia
A visão comumente aceita é que o arroz foi cultivado primeiramente na região do vale do Rio Yangtzé na China.[2][3] Estudos morfológicos de fitólitos de arroz no sítio arqueológico Diaotonghuan mostram claramente a transição da coleta de arroz selvagem para o cultivo de arroz plantado. O grande número de fitólitos de arroz silvestre no nível de Diaotonghuan que data de 12 000−11 000 AP indica que a coleta de arroz selvagem fazia parte dos meios locais de subsistência. Mudanças na morfologia de fitólitos de Diaotonghuan datados de 10 000−8 000 AP mostram que o arroz existente por este tempo era cultivado.[4] Logo depois, as duas principais variedades de arroz asiático e arroz japonês foram sendo cultivadas na China Central.[3] No final do 3,º milênio a.C., houve uma rápida expansão do cultivo de arroz no território continental do sudeste da Ásia e em direção oeste para a Índia e Nepal.[3]
Em 2003, arqueólogos coreanos afirmaram ter descoberto o mais antigo arroz do mundo cultivado. A época indicada, que remonta há 15 000 anos, desafia a visão aceita de que o cultivo do arroz se originou na China há cerca de 12 000 anos.[5] Estes resultados foram recebidos com forte ceticismo pela comunidade científica,[6] e os resultados e sua divulgação têm sido citados como sendo impulsionados por uma combinação de interesses nacionalistas e regionais.[7] Em 2011, um trabalho conjunto da Universidade de Stanford, da Universidade de Nova York, da Universidade Washington em St. Louis e da Purdue University forneceu a evidência mais forte de que existe apenas uma única origem de arroz cultivado, no Vale do Yangtzé, na China.[8][9]
No Japão, é cultivado há pelo menos 7 mil anos, o arroz é presença marcante no quotidiano do povo asiático. Em muitas culturas do continente, é comum que uma mãe dê ao recém-nascido alguns grãos de arroz já mastigados, num ritual que significa sua chegada à vida.
Pesquisadores encontraram evidências para a domesticação de arroz selvagem há cerca de 4 000 anos em Monte Castelo, em Rondônia, uma região da Amazônia que também foi provavelmente o berço da domesticação de outras culturas importantes, como mandioca (Manihot esculenta), amendoim (Arachis hypogaea) e pimenta (Capsicum sp.).[10]
No Vietnã, o cereal está tão integrado à alma dos camponeses que muitos fazem questão de ser sepultados nos arrozais. Durante os enterros há farta distribuição de arroz, como muitas festas, cantos e danças. Os Hani[desambiguação necessária] do sul do Japão[necessário esclarecer] evitam fazer barulho quando estão nos campos, pois crêem que os espíritos dos arrozais se assustam facilmente e, ao fugirem, podem provocar a infertilidade da terra. Desde a época do Japão antigo, jogar arroz em recém-casados é um ato que representa votos de abundância ao novo casal; este costume passou depois ao Ocidente, sendo hoje muito comum em Portugal.
Produção
Mundial
A produção mundial de arroz concentra-se, quase exclusivamente, na Ásia, com cerca de 90 % da produção nesta área, essencialmente na China e na Índia.
O primeiro colocado no ranking nacional é o município de Uruguaiana, com uma produção de 590 329 toneladas, equivalente a 5,1% da produção orizícola do país, superando o segundo colocado (Itaqui) em cerca de 132 mil toneladas. Uruguaiana também é apontada como maior produtora do grão na América Latina[12][13]
Em 2018, o Brasil produziu 11,7 milhões de toneladas de arroz, sendo o 9º maior produtor do mundo.[14] Os estados que mais produzem são, principalmente, Rio Grande do Sul (onde está a maior parte da produção nacional, perto de 7,3 milhões de toneladas em 2020), seguido por Santa Catarina (1,1 milhão de toneladas em 2020).[15] Tocantins é o 3º maior produtor, com safras chegando perto de 1 milhão de toneladas por ano.[16] O Maranhão é o 4° maior produtor brasileiro, mas sua produção vem caindo nos últimos anos: passou de 500 mil toneladas em 2014 para 153 mil toneladas em 2020.[17]
Produção em Portugal
A produção de arroz em Portugal começou a ser documentada nos primeiros anos do século XVIII. Embora se cultivasse muito antes nas regiões do Sul e como herança dos Muçulmanos, só a partir desta data houve registos da presença do cereal nas zonas limítrofes do estuário do Tejo.
Em Portugal, actualmente, a produção de arroz é feita apenas em 5 rios (Mira, Sado, Sorraia, Tejo e Mondego); a cultura mais a norte é impedida pelo frio. A produção de arroz ronda as 1 250 mil toneladas/ano.
Portugal é o maior consumidor de arroz da Europa com valores superiores a 15 kg/capita/ano.
A melhor variedade de arroz para fazer plov chama-se “devzira”, criada por seleção ao longo de muitos séculos no Uzbequistão. Existem registos dos séculos X e XI, na época dos samânidas, em que este arroz era usado para o plov servido na corte. Este arroz é cultivado no vale de Fergana, principalmente por agricultores individuais, uma vez que industrialmente é considerado de pouca produção. Mas os seus grãos rosados, longos e estriados, contêm menos amido e mais vitamina B2 e colina que outras variedades.[19]
Pesquisa
A sequência genética da Zostera marina revela ideias inovadoras para as perdas e os ganhos envolvidos na realização das adaptações estruturais, fisiológicas e genômicas necessárias para plantas com flores terrestres mudarem o seu estilo de vida para a vida marinha, indiscutivelmente a mudança de habitat mais severa realizada por algumas plantas com flores[20] Pesquisadores, usando tecnologia CRISPR/Cas, estão tentando transferir os genes responsáveis pela tolerância ao sal para outras plantas, em especial, o arroz.[21][22]
↑"A maioria dos estudiosos foram altamente céticos em relação ao relatório de Lee [...] A maioria dos especialistas concorda que o arroz não é originário da península coreana. A perspectiva convencional na arqueologia do Leste Asiático é que o cultivo do arroz começou ao longo das margens do rio Yangtzé, no sul da China e, posteriormente, moveu-se para o norte." Kim, Minkoo (2008). Habu, Junko; Fawcett, Clare; Matsunaga, John M., ed. Evaluating multiple narratives: Beyond nationalist, colonialist, imperialist archaeologies. New York: Springer. p. 128. ISBN978-0-387-76459-7 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de editores (link)
↑Kim, Minkoo (2008). «Multivocality, Multifaceted Voices, and Korean Archaeology». Evaluating Multiple Narratives: Beyond Nationalist, Colonialist, Imperialist Archaeologies. New York: Springer. p. 118. ISBN978-0-387-76459-7
↑Molina, J.; Sikora, M.; Garud, N.; Flowers, J.M.; Rubinstein, S.; Reynolds, A.; Huang, P.; Jackson, S.; Schaal, B.A.; Bustamante, C.D.; Boyko, A.R.; Purugganan, M.D. (2011). «Molecular evidence for a single evolutionary origin of domesticated rice». Proceedings of the National Academy of Sciences. 108 (20): 8351–8356. doi:10.1073/pnas.1104686108 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)