Indicado no tratamento da ansiedade e patologias associadas quando se trata de perturbações graves ou incapacitantes. É usado como adjuvante nas perturbações psiquiátricas, como alterações do humor e esquizofrenia. O tratamento não deve exceder 8-12 semanas.
Quando administrado em doses baixas reduz a tensão e a ansiedade. Administrado em doses altas é responsável pela sedação e miorelaxamento.
Não é indicado como primeira linha de terapêutica na doença psicótica.
Farmacodinâmica
As benzodiazepinas atuam como moduladoras alostéricas positivas do GABA-A, induzindo mudança conformacional fazendo com que o ácido gama-aminobutírico (GABA) se ligue aos recetores. Este, por sua vez, vai induzir uma mudança conformacional no canal de cloreto do recetor, responsável por hiperpolarizar a célula e pelo efeito inibitório do GABA no sistema nervoso central.[2][3]
Farmacocinética
O bromazepam é uma benzodiazepina lipofílica, com absorção máxima de 2 horas após administração oral e biodisponibilidade de 60%. Circula ligado a proteínas plasmáticas (70%), acumulando-se no tecido adiposo e no sistema nervoso central.[2][3]
É metabolizado pelo citocromo P450, no fígado, originando os metabolitos: 3-hidroxi-bromazepam e o 2-(2-amino5-bromo3-hidroxibenzoil)piridina.[4][5][6]
O seu tempo de semivida equivale a 20 horas e é excretado pela forma dos seus metabolitos, na urina.[2]
Toxicidade
Não existem evidências de potencial carcinogénico e estudos in vivo e in vitro também não revelaram genotoxicidade.
Quanto à toxicidade crónica, observou-se um aumento do peso do fígado, com hipertrofia hepatocelular centrolobular. Relativamente à toxicidade aguda, foram relatados efeitos de sedação, ataxia, crises convulsivas e elevação ocasional da fosfatase alcalina sérica.
Estudos em animais grávidos expostos ao bromazepam levaram ao aumento de nados mortos, aumento da mortalidade dos fetos, diminuição da sobrevivência das crias e diminuição do peso dos fetos e da progenitora, durante a gravidez.
Doses até 125mg/kg/dia não demonstraram potencial teratogénico nos ratos.[2]
Os jovens adultos ocupam a maior percentagem no índice de abuso de benzodiazepinas. Benzodiazepinas com tempo de semivida menor apresentam um maior potencial de dependência.
Nos casos de dependência física, a suspensão abrupta do tratamento provoca sintomas de privação (síndrome de privação).
Aquando da suspensão do tratamento com benzodiazepinas pode ocorrer ansiedade (síndrome transitório), alterações de humor, distúrbios do sono e inquietação.
O uso indevido destes fármacos está fortemente relacionado com transtornos psiquiátricos, bem como historial familiar de transtornos por uso de substâncias.
A dependência é maior em doentes com precedentes de alcoolismo e/ou toxicodependência.[7][8][9]
Intoxicação
Quando utilizado em monoterapia, a sobredosagem do bromazepam não apresenta risco de vida, mas pode ocorrer arreflexia, apneia, hipotensão, depressão cardiorrespiratória e coma.
O tratamento da intoxicação consiste na administração de carvão ativado, mantendo as vias aéreas abertas em doentes que apresentem sonolência.
Se ocorrer sobredosagem com ingestão simultânea de outras substâncias deve ser feita uma lavagem gástrica. Caso o doente apresente depressão do sistema nervoso central grave deve ser administrado flumazenilo, fármaco antagonista das benzodiazepinas.[2][10]
↑Kang, Michael; Galuska, Michael A.; Ghassemzadeh, Sassan (2022). «Benzodiazepine Toxicity». Treasure Island (FL): StatPearls Publishing. PMID29489152. Consultado em 23 de abril de 2022