O Noviciado Nossa Senhora das Graças Irmãs Salesianas é um patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo construído em 1924 pelo padre e engenheiro Domingos Despiano, posteriormente tombado pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). Está localizado no bairro Ipiranga, na R. Clóvis de Azevedo,130 com a Rua Dom Luiz Lazanha,176. O edifício faz parte de um conjunto de edificações que constituem as primeiras ocupações do bairro Ipiranga, consideradas como pontos referenciais para o bairro e também para a cidade de São Paulo.[1][2] Além disso o local é, até os dias de hoje, reconhecido por seu mosaico multicor feito de ladrilho hidráulico e também por seus vitrais internos.[3]
História
Na virada do século XIX, a cidade de São Paulo sofria com problemas sociais como abandono, miséria e falta de mão de obra qualificada. Em resposta à essas questões, foram criadas instituições com o objetivo de amparar, regenerar, educar e formar crianças e jovens carentes. A construção do edifício surge como referência a essa demanda por parte do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil[4] - grupo religioso seguidor do sacerdote católico Dom Bosco, conhecido como Irmãs Salesianas. Foi inaugurado em meados de 1920.[2]
Seu projeto de edificação foi elaborado pelo artista Domingos Del Piano.[4][5][6] e doado pelo conde José Vicente de Azevedo, proprietário do território e colaborador para a expansão e desenvolvimento do bairro Ipiranga,[7] às Irmãs Salesianas.[8][9] Inicialmente, o prédio tinha o nome de Casa Maria Auxiliadora e só após três anos de sua inauguração foi denominado como Noviciado Nossa Senhora das Graças Irmãs Salesianas.[9] Décadas mais tarde, em 1970, devido à sua grande extensão, o local deixou de ser um abrigo para noviças e passou a ser utilizado por um centro de espiritualidade para as filhas de Maria Auxiliadora, seus alunos e leigos - centro João XXIII.[8] Na mesma década, parte do prédio também abrigou um pensionato para jovens, que funcionou no local até 1986[8]
O prédio também também sediou um dos campus da Faculdade São Marcos, que inicialmente alugou o local, em 1974. Após cinco anos, em 1979, a faculdade comprou 4.992 m² do terreno, que passou a ser nomeado de Prédio João XXIII.[8]
Os cursos da faculdade foram ministrados no prédio por cerca de três décadas até serem descredenciados pelo Ministério da Educação,[10] por causa de problemas relacionados à descumprimento de medida cautelar, problemas financeiros e falta de organização administrativa e acadêmica.[11][12]
Caso policial
Em 31 de maio de 2012, após uma denúncia anônima, policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), encontraram 15 partes de corpos humanos no jardim do edifício.[13] Segundo apuração da Folha de S.Paulo, as partes encontradas faziam parte do laboratório de enfermagem da Faculdade São Marcos. O procedimento correto seria encaminhá-las para um cemitério ou para cremação.[14]
Características arquitetônicas
O edifício tem 10.000 m².[9] e foi construído pela técnica de alvenaria de tijolos. Sua formação arquitetônica é do período eclético, com estilo neo-clássico.[2]
A entrada principal é constituída por um conjunto de quatro degraus, que dão acesso a uma porta metálica, arqueada por vitrais. Toda a fachada é composta por janelas e frisos com molduras em relevos, vãos retos e um portão metálico em todo o seu entorno. Já a sua área interna, é composta por colunas arquitetônicas, arcos, vitrais, portas e escadarias em madeira, e piso formado por azulejos coloridos no corredor central do edifício.[2]
Significado Histórico e Cultural
O edifício foi tombado pelo CONPRESP no dia 8 de maio de 2007,[2] sendo considerado como patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo. Sua importância é decorrente de diversos fatores: datação - representa uma das primeiras construções no bairro Ipiranga -, faz parte das edificações de propriedade do Conde José Vicente de Azevedo, constitui parte de congregações religiosas destinadas ao amparo, regeneração, educação e formação para o trabalho de crianças e jovens carentes e sua construção representa uma resposta às questões sociais da virada do século XIX.[2]
Estado Atual
A construção não está aberta para visitas. As últimas notícias do local são referentes ao descredenciamento da Faculdade São Marcos pelo Ministério da Educação (MEC).[10][11]
Galeria
Entrada principal
Detalhes arquitetônicos da fachada
Vitral interno, localizado no corredor principal
Pilastras internas
Detalhes dos azulejos que compõem corredor principal
↑ abcdefSistema Municipal de Processos da Prefeitura de São Paulo / 2007-0.005.608-0. São Paulo: [s.n.]|nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda); |acessodata= requer |url= (ajuda)