A Avenida Rebouças é uma movimentada via pública do município de São Paulo, responsável pela ligação da Avenida Paulista com a Marginal Pinheiros e desta com o Centro, por meio da Rua da Consolação. A Avenida Rebouças caracteriza-se como um dos principais eixos rodoviários e de transporte público da cidade e é classificada como via arterial.[2] Devido à grande importância de centro financeiro e comercial, a avenida apresenta tráfego intenso de veículos durante quase todo o dia.
Originalmente chamada Rua Doutor Rebouças, a via homenageia Antônio Rebouças,[4] Contratado em 1873 pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro Jundiahy a Campinas para ser o Engenheiro em Chefe do prolongamento da Estrada de Ferro até São João do Río Claro, porém vitimado por febre tifóide veio a óbito na Cidade de São Paulo em 1874. Ela foi aberta em 1916[1], e seu traçado remonta a trecho do antigo Caminho do Peabiru.[5] Nos anos 1930, passou a ser uma das principais ligações listadas no "Plano de Avenidas" do então prefeito Francisco Prestes Maia.[6]
A avenida tem seu início na Rua da Consolação, na altura do número 2 608, no Complexo Viário Rebouças, e estende-se até a Marginal Pinheiros. Seu trecho principal é duplicado e tem extensão de 3,3 quilômetros, terminando na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no cruzamento onde se localiza o Túnel Jornalista Fernando Vieira de Mello, inaugurado em 2004. O outro trecho, menos conhecido, é uma rua de mão dupla, paralela à Avenida Eusébio Matoso, que termina na Avenida Nações Unidas (Marginal Pinheiros), em frente ao Shopping Eldorado.
Trânsito
Em 2006, o cruzamento da avenida Rebouças com a avenida Brigadeiro Faria Lima foi classificado pelo Jornal da Tarde como "o pior endereço de São Paulo para quem anda de ônibus", devido à fila de ônibus diária no corredor exclusivo, que chegava a ser de quarenta veículos.[7] Segundo o jornal, a situação "caótica" em setembro já se arrastava havia um ano, e, diariamente, a SPTrans tinha de mandar um grupo de fiscais ao local para tentar organizar o trânsito.[7] Com isso, o corredor, que fora construído em 2004 para agilizar a ligação por meio de transporte público entre o centro e a zona sul, estava tendo o efeito contrário ao originalmente pensado, afastando usuários dos ônibus.[7]
Em julho daquele ano, a Prefeitura tinha tentado implantar a "Faixa Cidadã" na avenida, dando prioridade a motos em uma das duas faixas fora do corredor de ônibus.[8] O projeto era experimental e previa que a faixa seria colocada, com um losango verde-limão de bordas brancas pintado a cada duzentos metros, nas avenidas Rebouças e Eusébio Matoso, além de na Rua da Consolação.[8] "Tenho convicção de que essa medida, em um dos trechos mais importantes de São Paulo, servirá de referência para que possamos, o mais breve possível, implantar o projeto nos demais corredores", disse Gilberto Kassab, prefeito da cidade à época.[8] A Faixa Cidadã era apenas preferencial, ou seja, automóveis não seriam punidos por trafegar nela.[8] A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) acreditava que a medida ajudaria a disciplinar a relação entre motoristas e motociclistas, reduzindo o número de acidentes.[9]
Na estreia, em 24 de julho, uma segunda-feira, houve dois acidentes na faixa, incluindo o atropelamento de uma funcionária da CET que divulgava o projeto, mas a CET classificou a experiência como "um sucesso".[9] Um motoboy ouvido pelo JT criticou a faixa, porque aos carros era permitido trafegar nela: "Se a gente ficar atrás deles, nosso serviço fica comprometido; as entregas vão atrasar sempre".[9] Motoristas também duvidavam que a experiência fosse dar certo.[9] Dois dias depois de aberta, a Faixa Cidadã foi chamada pelo JT de "faixa do perigo", pois nela "tudo [trafegava], menos motos", apesar da determinação da CET para que elas usassem a faixa e não trafegassem entre os carros.[10]
Apesar da má experiência, em setembro a CET criou uma nova faixa para motocicletas na Avenida Sumaré, desta vez exclusiva para esses veículos.[11] Segundo o presidente da CET, Roberto Scaringella, era impossível tornar a faixa da Avenida Rebouças exclusiva por causa do alto movimento e das faixas estreitas.[12] Técnicos ouvidos pela Folha de S.Paulo classificavam a faixa "preferencial" da Rebouças como um erro: "Os motoristas simplesmente ignoraram, porque, caso ficassem na [única] faixa que lhes foi destinada, a velocidade cairia muito."[12] Em editorial publicado dois meses após a abertura, a Folha chamou a faixa da Rebouças de "completa inutilidade".[13]
↑Prefeitura municipal de São Paulo. «Dicionário de Ruas de São Paulo». Dicionário de Ruas de São Paulo. Consultado em 20 de agosto de 2023
↑BUENO, Eduardo (novembro de 2003). Onde Nasceu o Brasil?. Aventuras na História. São Paulo: Editora Abril. 58 páginas
↑Gilberto Amendola (25 de janeiro de 2007). «O início da metrópole». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. Jornal da Tarde (13 303): 2F. ISSN1516-294X
↑ abcCinthia Rodrigues (22 de setembro de 2006). «O ponto que empata a fila». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. Jornal da Tarde: 3A. ISSN1516-294X
↑ abcdFernanda Aranda (24 de julho de 2006). «Pista própria para motos». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. Jornal da Tarde (13 118): 6A. ISSN1516-294X
↑ abcdCamilla Haddad e Juliano Machado (25 de julho de 2006). «Faixa cidadã estréia com 2 acidentes». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. Jornal da Tarde (13 119): 4A. ISSN1516-294X
↑Marc Tawil (26 de julho de 2006). «Faixa Cidadã agora é 'faixa do perigo'». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. Jornal da Tarde (13 120): 5A. ISSN1516-294X
↑Vinicius Abbate (13 de setembro de 2006). «Sumaré terá faixa para motos na segunda». São Paulo: Empresa Folha da Manhã S.A. Folha de S.Paulo: C5. ISSN1414-5723
↑ abRicardo Gallo e Afra Balazina (18 de setembro de 2006). «Inédita, faixa exclusiva para motos começa sob polêmica». São Paulo: Empresa Folha da Manhã S.A. Folha de S.Paulo: C1. ISSN1414-5723
↑«Só para motos». São Paulo: Empresa Folha da Manhã S.A. Folha de S.Paulo: A2 20 de setembro de 2006. ISSN1414-5723