A eleição presidencial de 1998 no Brasil foi realizada em um domingo, 4 de outubro de 1998. Foi a terceira eleição presidencial do país após a promulgação Constituição Federal de 1988. Pouco antes desse pleito foi aprovado um projeto de emenda constitucional permitindo a reeleição aos ocupantes de cargos no Poder Executivo. Muito se discutiu sobre a constitucionalidade deste projeto[1] e, posteriormente, dois parlamentares da base aliada do governo, ambos do Acre, admitiram ter vendido seus votos pela aprovação da emenda.[2][3]
A disputa pela presidência em 1998 contou com doze candidatos, o maior número da história do país desde a eleição de 1989, quando mais do que o dobro de candidaturas foram lançadas. O número de concorrentes poderia subir para quinze, caso a candidatura do ex-presidente cassado Fernando Collor de Mello (PRN, atual Agir)[4] não fosse revogada pela Justiça Eleitoral e se Oswaldo Souza Oliveira (PRP)[5] e João Olivar Farias (PAN)[carece de fontes?] não tivessem desistido. Com a desistência deste último, o PAN decidiu apoiar Ciro Gomes. Esta eleição também ficou marcada por trazer a segunda mulher candidata ao cargo máximo da República que não teve sua candidatura interferida: Thereza Ruiz, do Partido Trabalhista Nacional (PTN, atual Podemos), que substituiu Dorival Masci de Abreu.[6]
Até a última eleição presidencial, em 2022, o feito de ganhar uma eleição presidencial em primeiro turno não foi repetido.[7]
Antecedentes
Fernando Henrique Cardoso havia assumido a presidência da República em 1 de janeiro de 1995, após derrotar Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal concorrente, no primeiro turno com mais de 30 milhões de votos.[8] FHC havia fundamentado sua primeira campanha presidencial no então recém-lançado Plano Real e na promessa de estabilizar a economia do país. De fato, o plano surtiu efeito, conseguindo debelar os exorbitantes índices de inflação, estabilizando o câmbio e aumentando o poder aquisitivo da população, sem choques nem congelamento de preços.[8]
Resultados do 1º Turno das Eleições Presidenciais Brasileiras - 1998
No primeiro dia de seu governo entrou em vigor o Tratado de Assunção, assinado ainda no governo Collor, que visava à implementação do Mercosul, uma área de livre comércio entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.[8] Além disso, o primeiro governo FHC foi marcado por reformas políticas e econômicas, como a quebra dos monopólios estatais do petróleo e das telecomunicações, a reforma da Previdência Social e a alteração no conceito de empresa nacional.[8] Embora aprovadas, as reformas governistas encontraram grande resistência por parte da oposição, que criticou ferozmente a privatização de empresas como a Vale do Rio Doce e a emenda constitucional que possibilitou a reeleição dos ocupantes de cargos no Poder Executivo.[8]
Apesar das vitórias políticas, o governo precisou impor medidas para desaquecer a demanda interna e equilibrar a balança comercial, o que acabou por fazer o desemprego crescer e a economia dar sinais de recessão.[8] As áreas da saúde, educação e reforma agrária também sofreram grandes crises.[8] Com isso, a campanha de reeleição de FHC baseou-se na ideia de que a continuidade do governo era fundamental para que a estabilização atingisse outros setores, estabelecendo metas para as áreas de saúde, agricultura, emprego, educação e segurança.[8]
FHC recusou-se a participar dos debates televisionados com os demais candidatos, alegando que sua atenção estava voltada para a crise internacional.[10] A eleição acabou não tendo nenhum debate entre os candidatos.[11]
Em azul são os estados vencidos por Fernando Henrique Cardoso, em vermelho são os estados vencidos por Luiz Inácio Lula da Silva e em amarelo são os estados vencidos por Ciro Gomes.
Estados onde a margem de vitória foi por menos de 5%:
Rio de Janeiro 0,05%
Ceará 2,57%
Amapá 3,65%
Estados vencidos com maior diferença
Estados onde a margem de vitória foi por mais de 30%: