A sede tem uma temperatura média anual de 21,5 °C e na vegetação original do município predomina a Mata Atlântica. Com 47% da população vivendo na zona urbana, Ferros contava, em 2009, com nove estabelecimentos de saúde. O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,603, classificado como médio em relação ao estado.
O desbravamento da área ocorreu através de bandeiras que seguiam pela região à procura de metais preciosos entre os séculos XVIII e XIX. Com a exploração das terras, formou-se um povoamento às margens do rio Santo Antônio, cujo crescimento populacional e econômico se deve à agropecuária. Em 1832, foi criado o distrito de Santana dos Ferros, subordinado a Itabira, sendo emancipado em 23 de setembro de 1884 e passando a denominar-se simplesmente Ferros em 1923. A cidade abriga um conjunto de prédios e monumentos que preservam sua arquitetura colonial, sendo ambiente do romance Hilda Furacão (1991), do escritor ferrense Roberto Drummond, que narra o cotidiano dos habitantes entre as décadas de 1950 e 70 e inclusive as mobilizações pró e contra a construção da nova Igreja Matriz de Santa Ana.
A agricultura e a pecuária sempre representaram as principais fontes econômicas tanto da sede municipal quando de seus seis distritos e povoados rurais. O artesanato e a presença de grupos musicais e teatrais configuram-se como algumas das principais manifestações culturais, juntamente com os eventos festivos tais como o Carnaval da cidade (o Ferros Folia), a Cavalgada e as celebrações tradicionais religiosas da Semana Santa, da Festa de Santa Ana e da Festa do Rosário. O turismo rural também se faz presente em Ferros, com fazendas, trilhas, cachoeiras, corredeiras e montanhas que proporcionam desde banhos e caminhadas até a prática de escaladas, canoagem, rapel e enduro.
História
A área onde está localizado o atual município de Ferros foi desbravada pela primeira vez através de bandeiras que seguiam pela região à procura de metais preciosos, dentre elas a de Borba Gato. Pedro Fernandes Alves e José Ferreira fixaram-se no local com o objetivo de explorar as terras às margens do rio Santo Antônio, dando origem a um povoamento. No mesmo, onde hoje está situada a sede municipal, havia um depósito onde eram guardadas as ferramentas e artefatos utilizados nas escavações, surgindo então a toponímia Ferros.[6] A primeira denominação recebida pela localidade, Santana de Ferros, é uma referência ao antigo depósito e à Santa Ana, devido à influente devoção do proprietário de terras português Pedro da Silva Chaves.[2][6]
Pedro da Silva cedeu terrenos para a construção da primeira capela, nas proximidades do crescente povoado, originalmente denominada Matriz de Nossa Senhora do Pilar do Morro do Gaspar Soares.[2] Aos poucos, a agricultura e a pecuária ganham impulso na localidade, abrindo caminho para a criação do distrito de Santana dos Ferros em 14 de julho de 1832, após a elevação à categoria de freguesia, jurisdicionada à Santa Ana.[2][6] Pela lei provincial nº 3.195, de 23 de setembro de 1884, Santana dos Ferros é elevada à categoria de vila, desmembrando-se de Itabira, e a instalação ocorre a 17 de outubro de 1885, constituindo-se dos distritos de Joanésia (ex-Paraíba do Mato Dentro) e Sete Cachoeiras (também desmembrados de Itabira), além da sede. Pela lei provincial nº 3.272, de 30 de outubro de 1884, é criado o distrito de Cubas e pela lei provincial nº 3.387, de 10 de julho de 1886, a vila é elevada à categoria de cidade.[2]
Foram várias as alterações na configuração administrativa do município entre os séculos XIX e XX. Pelo decreto estadual nº 69, de 12 de maio de 1890, é criado o distrito de São Sebastião dos Ferreiros; pelo decreto estadual nº 102, de 10 de junho de 1890, é criado o distrito de Santo Antônio do Caratinga; pela lei municipal nº 210, de 22 de setembro de 1902, é criado o distrito de Santa Rita do Rio do Peixe; e pela lei estadual nº 556, de 30 de agosto de 1911, é criado o distrito de Itauninha (ex-povoado de Capelinha do Corcunda) e mediante o mesmo decreto é adquirido de Itabira o distrito de Santana do Paraíso.[2] Através da lei estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, Santana dos Ferros passa a denominar-se simplesmente Ferros e os distritos de Santo Antônio do Caratinga e Santana do Paraíso são desmembrados para constituir o município de Mesquita (sede em Santo Antônio do Caratinga, tendo Santana do Paraíso se emancipado décadas depois). Através do mesmo decreto, Esmeraldas passa a denominar-se Cubas, e pelo decreto-lei estadual nº 148, de 17 de dezembro de 1938, São Sebastião dos Ferreiros passa a denominar-se Ferreiros e Joanésia passa a pertencer a Mesquita (transformando-se mais tarde no município de Joanésia).[2]
Pelo decreto-lei estadual nº 1.058, de 31 de dezembro de 1943, Itauninha é desmembrada para constituir o município de Santa Maria de Itabira e Ferreiros passa a denominar-se Borba Gato.[2] Pela lei nº 336, de 27 de dezembro de 1948, é criado o distrito de Santo Antônio da Fortaleza, desmembrado de Sete Cachoeiras, e pela lei estadual nº 2.764, de 30 de dezembro de 1962, é criado o distrito de Esmeraldas de Ferros. Restam desde então seis distritos, além da sede: Borba Gato, Cubas, Esmeraldas de Ferros, Santa Rita do Rio do Peixe, Santo Antônio da Fortaleza e Sete Cachoeiras.[2] Os distritos e povoados rurais se desenvolveram conectados à sede através do comércio de produtos originados da agropecuária, mantendo uma espécie de intercâmbio comercial.[6] Na década de 70, a cidade atraiu os olhos de todo o Brasil e mesmo do mundo com a construção da nova Igreja Matriz de Santa Ana, que, além da arquitetura em estilo moderno e vitrais importados da Alemanha, chamou a atenção devido ao painel "Árvore da vida", pintura da artista plástica Yara Tupynambá, expor as partes íntimas de Adão e Eva nus no altar da igreja, o que gerou polêmica entre as autoridades católicas à época e se configurando desde então como um dos principais atrativos de Ferros.[6]
A cidade possui um arranjo urbano peculiar. Apresenta duas ruas principais, divididas pelo rio Santo Antônio. Segundo o historiador José Maria Quintão, cada margem do rio era uma freguesia: a do Rosário e a de Santana, pertencente esta ao Morro do Pilar e a outra a Itabira. Quintão estabelece duas razões possíveis para a separação: a difícil comunicação, por falta de uma ponte; e a rivalidade política entre os habitantes. Apesar de as casas terem surgido na mesma época, as do lado do Rosário eram em maior número e mais bem acabadas e até suntuosas do que as de Santana. Atualmente, a comunicação entre uma margem e outra do rio é feita principalmente por duas pontes — uma ponte pênsil e uma ponte de concreto.[12]
Relevo, hidrografia e meio ambiente
O relevo do município de Ferros é predominantemente montanhoso. Em aproximadamente 80% do território ferrense há o predomínio de áreas com mares de morros e terrenos montanhosos, enquanto cerca de 15% é coberto por lugares ondulados e os 5% restantes são áreas planas.[8] A altitude máxima encontra-se nas proximidades da Serra dos Cocais, que chega aos 1 260 metros, enquanto que a altitude mínima está na foz do Córrego do Lava, com 595 metros. Já o ponto central da cidade está a 423,08 m.[8] A vegetação predominante é a Mata Atlântica, cujas reservas remanescentes ocupavam 17 411 hectares em 2011, ou 16,0% da área total municipal.[13] Também há presença do reflorestamento com eucalipto, visando a alimentar as indústrias do Vale do Aço, principalmente a Cenibra.[14]
Ferros faz parte da bacia do rio Doce e o principal manancial que intercede o município é o rio Santo Antônio, porém o território municipal é banhado por vários cursos hídricos de menor porte, sendo alguns deles os córregos do Lava e de Santana e os rios Tanque e do Peixe.[2][8][15] Por vezes, na estação das chuvas, os rios que cortam o município, principalmente o Santo Antônio, sofrem com a elevação de seus níveis, provocando enchentes em suas margens, o que exige a existência de um sistema de alerta contra enchentes eficaz. A cidade foi uma das mais afetadas pelas enchentes de 1979, e em 2003 fortes chuvas provocaram novamente grandes inundações nas proximidades dos rios.[16] Em 20 de janeiro de 2016, chuvas interruptas em toda a região elevaram o nível do rio Santo Antônio, que inundou toda a parte baixa da zona urbana, deixando 600 pessoas desalojadas e a cidade em estado de calamidade pública.[17] Há uma série de estações pluviométricas e fluviométricas que são administradas pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e visam a alertar a população de uma possível enchente.[18]
Clima
Maiores acumulados de chuva em 24 horas registrados em Ferros por meses
O clima ferrense é caracterizado, segundo o IBGE, como tropical subquente semiúmido (tipo Aw segundo Köppen),[20] tendo temperatura média anual de 21,5 °C com invernos secos e amenos e verões chuvosos e com temperaturas elevadas.[21][22] O mês mais quente, fevereiro, tem temperatura média em torno dos 25 °C, sendo a média máxima de 31 °C e a mínima de 19 °C. E o mês mais frio, julho, de 19 °C, sendo 26 °C e 12 °C as médias máxima e mínima, respectivamente. Outono e primavera são estações de transição.[23]
A precipitação média anual é de 1 380 mm, concentrados nos meses de primavera e verão.[23] Nos últimos anos, entretanto, os dias quentes e secos durante o inverno têm sido cada vez mais frequentes, não raro ultrapassando a marca dos 30 °C, especialmente entre julho e setembro. Em setembro de 2004, por exemplo, a precipitação de chuva na cidade não passou dos 0 mm.[24] Durante a época das secas e em longos veranicos em pleno período chuvoso também são comuns registros de queimadas em morros e matagais, principalmente na zona rural da cidade, o que contribui com o desmatamento e com o lançamento de poluentes na atmosfera, prejudicando ainda a qualidade do ar.[25]
Segundo dados do Sistema de Monitoramento Agroclimático (Agritempo), coletados entre 2007 e 2015, a menor temperatura registrada em Ferros foi de 9,8 °C, ocorrida no dia 30 de setembro de 2012, enquanto que a maior foi de 37,5 °C em 31 de outubro do mesmo ano.[26] De acordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), desde 1941 o maior acumulado de chuva registrado em 24 horas em Ferros foi de 186 mm no dia 20 de fevereiro de 1990.[27] Outros grandes acumulados foram de 125 mm em 14 de outubro de 1950,[28] 122 mm em 24 de dezembro de 1943[29] e 120,5 mm em 30 de setembro de 2009.[30] Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o município é o 268º colocado no ranking de ocorrências de descargas elétricas no estado de Minas Gerais, com uma média anual de 5,0589 raios por quilômetro quadrado.[31]
Em 2010, a população do município foi contada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 10 837 habitantes.[33] Segundo o censo daquele ano, 5 395 habitantes eram homens e 5 442 habitantes mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, 5 091 habitantes viviam na zona urbana e 5 746 na zona rural.[33] Já segundo estatísticas divulgadas em 2018, a população municipal era de 9 949 habitantes.[1] Da população total em 2010, 2 536 habitantes (23,40%) tinham menos de 15 anos de idade, 6 916 habitantes (63,82%) tinham de 15 a 64 anos e 1 385 pessoas (12,78%) possuíam mais de 65 anos, sendo que a esperança de vida ao nascer era de 74,2 anos e a taxa de fecundidade total por mulher era de 2,0.[34]
Em 2010, a população ferrense era composta por 3 154 brancos (29,10%), 1 150 negros (10,61%), 51 amarelos (0,47%) e 6 482 pardos (59,81%).[35] Considerando-se a região de nascimento, 10 805 eram nascidos no Sudeste (99,71%), 14 no Nordeste (0,13%) e cinco no Sul (0,04%). 10 738 habitantes eram naturais do estado de Minas Gerais (99,02%) e, desse total, 9 539 eram nascidos em Ferros (88,02%).[36] Entre os 99 naturais de outras unidades da federação, São Paulo era o estado com maior presença, com 62 pessoas (0,58%), seguido pela Bahia, com nove residentes (0,08%), e pelo Rio Grande do Norte, com cinco habitantes residentes no município (0,05%).[37]
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Ferros é considerado médio pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sendo que seu valor é de 0,603 (o 4081º maior do Brasil). A cidade possui a maioria dos indicadores abaixo ou ligeiramente abaixo da média nacional segundo o PNUD. Considerando-se apenas o índice de educação o valor é de 0,428, o valor do índice de longevidade é de 0,821 e o de renda é de 0,625.[4] De 2000 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo reduziu em 44,7% e em 2010, 71,8% da população vivia acima da linha de pobreza, 16,8% encontrava-se na linha da pobreza e 11,4% estava abaixo[38] e o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, era de 0,526, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor.[39] A participação dos 20% da população mais rica da cidade no rendimento total municipal era de 54,4%, ou seja, 16,8 vezes superior à dos 20% mais pobres, que era de 3,3%.[38]
De acordo com dados do censo de 2010 realizado pelo IBGE, a população de Ferros está composta por: 9 034 católicos (83,86%), 1 532 evangélicos (14,14%), 175 pessoas sem religião (1,61%), três espíritas (0,03%) e 0,36% de outras religiosidades.[40] A Paróquia Santa Ana, subordinada à Diocese de Guanhães, abrange todo o território municipal e mantinha em Ferros um total de 20 comunidades em 2011, sendo sua sede a Igreja Matriz de Santa Ana, que também configura-se como um dos principais atrativos da cidade.[41]
Política e administração
A administração municipal se dá pelos Poderes Executivo e Legislativo. O Executivo é exercido pelo prefeito, auxiliado pelo seu gabinete de secretários. O atual prefeito é Raimundo Menezes de Carvalho Filho, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), eleito nas eleições municipais de 2016 com 55,68% dos votos válidos e empossado em 1º de janeiro de 2017, ao lado de André como vice-prefeito.[42] O Poder Legislativo, por sua vez, é constituído pela câmara municipal, composta por nove vereadores.[43] Cabe à casa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao Executivo, especialmente o orçamento participativo (Lei de Diretrizes Orçamentárias).[44]
Em complementação ao processo Legislativo e ao trabalho das secretarias, existem também conselhos municipais em atividade, entre os quais dos direitos da criança e do adolescente e tutelar, criados em 2005.[45] Ferros se rege por sua lei orgânica[46] e abriga uma comarca do Poder Judiciário estadual, de primeira entrância, tendo como termo o município de Carmésia.[47] O município possuía, em março de 2017, 8 809 eleitores, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que representa 0,056% do eleitorado mineiro.[48]
Economia
No Produto Interno Bruto (PIB) de Ferros, destacam-se a agropecuária e a área de prestação de serviços. De acordo com dados do IBGE, relativos a 2011, o PIB do município era de R$ 73 533 mil.[49] 2 818 mil eram de impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes e o PIB per capita era de R$ 6 857,48.[49] Em 2010, 56,75% da população maior de 18 anos era economicamente ativa, enquanto que a taxa de desocupação era de 5,45%.[34]
Salários juntamente com outras remunerações somavam 10 127 mil reais e o salário médio mensal de todo município era de 1,6 salários mínimos. Havia 206 unidades locais e 206 empresas atuantes.[50] Segundo o IBGE, 77,40% das residências sobreviviam com menos de salário mínimo mensal por morador (2 596 domicílios), 15,41% sobreviviam com entre um e três salários mínimos para cada pessoa (507 domicílios), 2,24% recebiam entre três e cinco salários (75 domicílios), 1,16% tinham rendimento mensal acima de cinco salários mínimos (39 domicílios) e 3,79% não tinham rendimento (127 domicílios).[51]
Setor primário
Produção de cana-de-açúcar, milho e feijão (2012)[52]
Produto
Área colhida (hectares)
Produção (tonelada)
Cana-de-açúcar
500
19 500
Milho
950
2 090
Feijão
414
810
Em 2011, a pecuária e a agricultura acrescentavam 14 805 mil reais na economia de Ferros,[49] enquanto que em 2010, 47,40% da população economicamente ativa do município estava ocupada no setor.[34] Segundo o IBGE, em 2012 o município possuía um rebanho de 32 584 bovinos, três asininos, 429 bubalinos, onze caprinos, 2 429 equinos, 802 muares, 329 ovinos, 2 876 suínos e 17 943 aves, entre estas 5 822 galinhas e 12 121 galos, frangos e pintinhos.[53] Neste mesmo ano, a cidade produziu 8 621 mil litros de leite de 6 842 vacas, 70 mil dúzias de ovos de galinha e 9 300 quilos de mel de abelha.[53]
Na lavoura temporária, são produzidos principalmente a cana-de-açúcar (19 500 toneladas produzidas e 500 hectares cultivados), o milho (2 090 toneladas e 950 hectares colhidos) e o feijão (414 toneladas e 810 hectares), além da mandioca.[52] Já na lavoura permanente, destaca-se o café (162 toneladas produzidas e 180 hectares cultivados).[54]
Setores secundário e terciário
A indústria, em 2011, era o setor menos relevante para a economia do município. 8 020 reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor secundário.[49] A produção industrial ainda é incipiente na cidade, mesmo que comece a dar sinais de aprimoramento, sendo resumida principalmente à produção de móveis artesanais e à extração de madeira para suprir à demanda das siderúrgicas da Região Metropolitana do Vale do Aço, em especial do eucalipto para a Cenibra.[8][14][55] Em 2012, de acordo com o IBGE, foram extraídos 374 507 metros cúbicos de madeira em tora destinada à produção papel e celulose e 24 toneladas de carvão vegetal.[56] O reflorestamento é mais representativo em Esmeraldas de Ferros, onde também se destaca o extrativismo mineral com garimpo de esmeralda.[57] Ferros situa-se em meio a uma região com forte presença da exploração mineral, embora faça parte de uma área ainda não explorada intensivamente.[15]
Segundo estatísticas do ano de 2010, 0,13% dos trabalhadores de Ferros estavam ocupados no setor industrial extrativo e 3,01% na indústria de transformação.[34] Neste mesmo ano, 8,09% da população ocupada estava empregada no setor de construção, 0,24% nos setores de utilidade pública, 8,80% no comércio e 30,60% no setor de serviços[34] e em 2011, 47 890 reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor terciário.[49] É muito comum a venda de produtos hortifrutigranjeiros e da indústria caseira oriundos dos distritos e povoados na sede municipal ou entre os próprios moradores da zona rural.[6]
Infraestrutura
Habitação e criminalidade
No ano de 2010, a cidade tinha 3 354 domicílios particulares permanentes. Desse total, 3 346 eram casas, três eram apartamentos, um era casa de vila ou em condomínios e quatro eram habitações em casa de cômodos ou cortiços. Do total de domicílios, 2 744 são imóveis próprios (2 727 já quitados e 17 em aquisição), 253 foram alugados, 344 foram cedidos (161 cedidos por empregador e 183 cedidos de outra forma) e 13 foram ocupados sob outra condição.[58] Parte dessas residências conta com água tratada, energia elétrica, esgoto, limpeza urbana, telefonia fixa e telefonia celular. 1 202 domicílios eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água (35,83% do total), sendo que na maior parte do município (2 034 residências, ou 60,64% do total) a água consumida é extraída de poços ou nascentes.[58]
Em 2010, 3 184 (94,93%) possuíam banheiros para uso exclusivo das residências; 1 054 (31,42% deles) eram atendidos por algum tipo de serviço de coleta de lixo, sendo a maior parte (em 1 994 domicílios, ou 59,45 do total) queimada na propriedade; e 3 175 (94,66%) possuíam abastecimento de energia elétrica.[58] A criminalidade também ainda é um problema presente em Ferros. Entre 2009 e 2011, foram registrados cinco homicídios (um em 2009, um em 2010 e dois em 2011)[59] e três óbitos por acidentes de trânsito (um em 2010 e três em 2011).[60] De 2006 a 2008, no entanto, não houve registros de suicídios.[61]
Saúde e educação
Em 2009, o município possuía nove estabelecimentos de saúde entre hospitais, pronto-socorros, postos de saúde e serviços odontológicos, sendo sete públicos municipais e dois privados e oito deles integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS), com um total de 30 leitos para internação (todos privados).[62] Em 2012, 99,3% das crianças menores de 1 ano de idade estavam com a carteira de vacinação em dia.[63] Em 2011, foram registrados 91 nascidos vivos,[64] sendo que o índice de mortalidade infantil neste ano foi de 44 óbitos de crianças menores de cinco anos de idade a cada mil nascidos vivos.[63] Em 2010, 3,61% das mulheres de 10 a 17 anos tiveram filhos, sendo 0,69% delas entre 10 e 14 anos e a taxa de atividade nesta faixa etária de 7,93%.[34] Do total de crianças menores de dois anos pesadas pelo Programa Saúde da Família em 2012, 0,3% apresentava desnutrição.[38]
Na área da educação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) médio entre as escolas públicas de Ferros era, no ano de 2011, de 4,4 (numa escala de avaliação que vai de nota 1 à 10), sendo que a nota obtida por alunos do 5º ano (antiga 4ª série) foi de 5,3 e do 9º ano (antiga 8ª série) foi de 3,6; o valor das escolas públicas de todo o Brasil era de 4,0.[65] Em 2010, 2,09% das crianças com faixa etária entre seis e quatorze anos não estavam cursando o ensino fundamental.[34] A taxa de conclusão, entre jovens de 15 a 17 anos, era de 20,0% e o percentual de alfabetização de jovens e adolescentes entre 15 e 24 anos era de 96,2%. A distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com com idade superior à recomendada, era de 9,1% para os anos iniciais e 41,5% nos anos finais e, no ensino médio, a defasagem chegava a 41,2%.[65] Dentre os habitantes de 18 anos ou mais, 22,66% tinham completado o ensino fundamental e 14,25% o ensino médio, sendo que a população tinha em média 8,79 anos esperados de estudo.[34]
Em 2010, de acordo com dados da amostra do censo demográfico, da população total, 3 223 habitantes frequentavam creches e/ou escolas. Desse total, 60 frequentavam creches, 317 estavam no ensino pré-escolar, 221 na classe de alfabetização, 133 na alfabetização de jovens e adultos, 1 714 no ensino fundamental, 423 no ensino médio, 112 na educação de jovens e adultos do ensino fundamental, 107 na educação de jovens e adultos do ensino médio, 22 na especialização de nível superior e 115 em cursos superiores de graduação. 7 614 pessoas não frequentavam unidades escolares, sendo que 1 172 nunca haviam frequentado e 6 442 haviam frequentado alguma vez.[66] O município contava, em 2012, com 2 300 matrículas nas instituições de ensino da cidade e dentre as 16 escolas que ofereciam ensino fundamental, 12 pertenciam à rede pública municipal e quatro à rede estadual. As duas instituições que forneciam o ensino médio pertenciam à rede pública estadual.[67]
O código de área (DDD) de Ferros é 31[68] e o Código de Endereçamento Postal (CEP) é 35800-000.[69] No dia 19 de janeiro de 2009, o município passou a ser servido pela portabilidade, juntamente com outros municípios com o mesmo DDD. A portabilidade é um serviço que possibilita a troca da operadora sem a necessidade de se trocar o número do aparelho.[70]
A responsável pelo serviço de abastecimento de energia elétrica no município é a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Segundo a empresa, em 2003 havia 3 222 consumidores e foram consumidos 4 812 399 KWh de energia.[8] Já o serviço de abastecimento de água e coleta de esgoto da cidade é feito pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa),[8] sendo que em 2008 havia 1 183 unidades consumidoras e eram distribuídos em média 600 m³ de água tratada por dia.[71] O esgoto da cidade sempre foi despejado diretamente no rio Santo Antônio, no entanto está em projeto a implantação de redes de captação e a construção de duas estações de tratamento.[72]
Transportes
A frota municipal no ano de 2012 era de 2 843 veículos, sendo 1 094 automóveis, 100 caminhões, cinco caminhões-trator, 200 caminhonetes, 28 caminhonetas, 13 micro-ônibus, 1 325 motocicletas, nove motonetas, 46 ônibus e 23 classificados como outros tipos de veículo.[73] Ferros possui acesso à rodovia federal BR-120, que começa em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, passa por cidades mineiras como Viçosa e Itabira e termina em Araçuaí; e à rodovia estadual MG-232, que liga Ipatinga a Dores de Guanhães, passando por Santana do Paraíso, Mesquita, Joanésia e Ferros.[8][74][75] Embora todos os distritos sejam calçados, a maior parte das estradas vicinais são pavimentadas em chão batido.[15] A Viação Lopes mantém linhas diárias regulares que ligam a cidade a Ipatinga, João Monlevade e Nova Era.[76][77]
Cultura
Artes e instituições culturais
Ferros conta com conselho municipal de cultura, de caráter consultivo, deliberativo e fiscalizador, e conselho municipal de preservação do patrimônio, de caráter deliberativo, sendo ambós paritários e tendo sido criados em 1997.[78] Também há legislações municipais de proteção aos patrimônios culturais material e imaterial, ministradas por uma secretaria municipal exclusiva, que é o órgão gestor da cultura no município.[79] Dentre os espaços culturais, destaca-se a existência de uma biblioteca mantida pelo poder público municipal, teatros ou salas de espetáculos, salas de cinema, estádios ou ginásios poliesportivos, clubes, associações recreativas e arquivo público servindo como centro de documentação, segundo o IBGE em 2005 e 2012.[80][81]
Em Ferros, há existência de equipes artísticas de teatro e música, bandas musicais, grupos de capoeira, blocos carnavalescos e grupos de desenho, pintura e artes plásticas e visuais, de acordo com o IBGE em 2012.[82] O artesanato também é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural ferrense, sendo que, segundo o IBGE, as principais atividades artesanais desenvolvidas no município são o bordado, trabalhos envolvendo argila e a manutenção da culinária local.[83] O Centro Cultural Roberto Drummond, inaugurado em junho de 2008, conta com um auditório com capacidade para 110 pessoas, biblioteca e sala de artesanato, oferecendo à população em geral aulas e oficinas de dança, música, teatro e artes plásticas.[84]
O nome do Centro Cultural é uma homenagem ao jornalista e escritor ferrense Roberto Drummond, cujo maior sucesso foi o romance Hilda Furacão (1991). A obra referencia o primeiro nome da cidade (Santana dos Ferros) e narra o cotidiano dos habitantes entre as décadas de 1950 e 1970, utilizando personagens reais e criando outros. Dentre os acontecimentos narrados, estão a derrubada da antiga Igreja Matriz de Sant'Ana e a construção da atual (em estilo moderno), que foi possível somente após a realização de um plebiscito — "vote verde" para aqueles que desejavam o novo templo e "vote vermelho" para quem era conservador e optava somente por uma reforma —, com um total de 3 590 votos a favor de uma nova matriz e 68 contra.[85][86] O painel "Árvore da Vida", da artista plástica Yara Tupynambá, que gerou polêmica entre as autoridades católicas à época por expor as partes íntimas de Adão e Eva nus no altar da nova igreja, também foi retratado.[85] A Rede Globo adaptou a obra em forma de minissérie e a exibiu em 1998, mostrando interesse em realizar as gravações em Ferros, no entanto a cidade de Tiradentes foi escolhida para ambientar Santana dos Ferros.[87][88]
Atrativos e eventos
Dentre os principais eventos realizados regularmente em Ferros, que configuram-se como importantes atrativos, destacam-se o Carnaval da cidade, o Ferros Folia, em fevereiro ou março, com desfiles dos blocos carnavalescos do município e espetáculos musicais com bandas regionais durante quatro dias de festas;[89] as celebrações da Semana Santa, em março ou abril, com missas, procissões e encenações de passagens bíblicas pelas ruas da cidade;[90] a Festa de Santa Ana, em julho;[91] as festividades do aniversário da cidade, que é comemorado em 23 de setembro mas tem programação que envolve dias seguidos de exposições, apresentações de grupos folclóricos e espetáculos musicais com bandas regionais ou nacionalmente conhecidas em ocasião da Cavalgada de Ferros;[92][93] e a Festa do Rosário, em outubro, com procissões, missas, apresentações folclóricas e espetáculos musicais em homenagem à Nossa Senhora do Rosário.[94]
O Parque de Exposições Agropecuárias Dr. Ademar Gonçalves Moreira é um dos principais palcos de eventos em Ferros.[92][95] Também se destacam como atrativos do município a Igreja Matriz de Santa Ana, conforme já citado, construída na década de 70 em estilo moderno e que contém em seu interior a pintura "Árvore da Vida";[6] a Igreja Nossa Senhora do Rosário; o chafariz comemorativo da instalação da cidade; o Cruzeiro, que é uma cruz de madeira situada no alto do chamado Mirante da Fontinha;[96] o Pedrão, que é frequentemente utilizado para trilhas e em seu topo é possível ter uma visão geral da cidade;[97] e e os diversos prédios e estabelecimentos centenários que remontam à arquitetura colonial, tais como as atuais sedes da Secretaria de Educação (que já serviu como cadeia) e Câmara Municipal Vereador Padre Lage.[96] A cidade abriga ainda o acervo escultórico dos Passos da Paixão de Cristo, com obras atribuídas a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, doadas à paróquia local pelo Colégio do Caraça no começo do século XX.[85] No distrito de Sete Cachoeiras, encontram-se as ruínas da Estrada Real, construída no período dos ciclos do ouro e dos diamantes em Minas Gerais interligando os locais de extração a Ouro Preto (antiga Vila Rica).[96] O turismo rural se faz presente através de cachoeiras, corredeiras, trilhas, fazendas e montanhas que propiciam desde banhos e caminhadas até a prática de esportes radicais como escaladas, rafting, canoagem, rapel e enduro.[96]
Feriados
Em Ferros há três feriados municipais e oito feriados nacionais, além dos pontos facultativos. Os feriados municipais são o Corpus Christi, que em 2024 é celebrado no dia 30 de maio; o dia de Santa Ana, padroeira municipal, comemorado em 26 de julho; e o aniversário de emancipação política, comemorado em 23 de setembro.[47][98] De acordo com a lei federal nº 9.093, aprovada em 12 de setembro de 1995, os municípios podem ter no máximo quatro feriados municipais com âmbito religioso, já incluída a Sexta-Feira Santa.[99][100]