A serra do Caraça é um trecho da serra do Espinhaço localizado nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, sendo o Santuário do Caraça patrimônio de Catas Altas, no estado de Minas Gerais, Brasil. Também dá nome ao antigo Colégio Caraça, onde importantes personalidades da história brasileira estudaram. Hoje, o ainda conhecido por Parque Natural do Caraça ou Complexo Santuário do Caraça é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que abrange toda a região.[1][2][3][4][5]
O nome oficial do complexo é o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, mas o Caraça tem esse apelido devido à forma que tem parte da serra, que lembra o rosto de um gigante deitado. A serra forma imenso anfiteatro alongado, com os três picos do morro da Trindade, o da Conceição; ao sul, as serras da Olaria e da Canjerana, a Serra do Inficionado, o morro do Sol, a serra do Carapuça. Anfiteatro de quatro quilômetros de largura, terreno em leves ondulações florestadas. As águas da bacia descem em belas cascatas das montanhas, como Cascatinha, Cascatona e Bocaina. Tais cascatas se abastecem dos ribeirão do Caraça, águas intensamente ferruginosas. No Caraça há dois lagos, o Tanque Grande, rodeado de bosques, e o Tanque São Luís.
Na segunda metade do século XVIII, um misterioso personagem, conhecido como Irmão Lourenço de Nossa Senhora, instalou-se na serra, tendo como objetivo a fundação de um eremitério, visando o fortalecimento da vida religiosa no interior da capitania.
No seu testamento, Irmão Lourenço se declara natural de onde os Távora tinha um morgadio São João da Pesqueira e seu simbolismo é evidente: Caraça, segundo dicionários antigos português, significa uma sacada onde pessoas foram queimadas e o nome Lourenço é de um santo que morreu na fogueira.[6]
O certo é que em pouco tempo, Irmão Lourenço conseguiu, não sem a ajuda do governo colonial, edificar um monastério e uma igreja em estilo barroco, concluída em 1779, bem como reunir em torno de si uma comunidade religiosa que chegou a contar com 12 eremitas. Desde então o Caraça tornou-se lugar de peregrinação. Irmão Lourenço morre em 1819, deixando sua fundação em herança ao rei Dom João VI.[6]
D. João VI entregou as terras e o eremitério à Congregação da Missão (padres lazaristas), cujos primeiros membros - Padres Leandro Rebelo Peixoto e Castro e Antônio Ferreira Viçoso - chegaram ao Brasil em 1820. De imediato, os padres transformam o eremitério em Colégio.
Aqui começa a época de glória da serra do Caraça. O colégio se caracterizou por sua seriedade e disciplina. Com períodos de pleno desenvolvimento, mas igualmente com fases de decadência, tornou-se referência do ensino para a elite de todo o Brasil. Dois futuros presidentes da república aí fazem seus estudos - Afonso Pena e Artur Bernardes - e outros tantos ex-alunos se tornaram governadores de estado, senadores e deputados, altas autoridades eclesiásticas.[6]
No século XIX, o colégio foi visitado pelos Imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II, cujas impressões ainda podem ser vistas no Museu do Colégio ou ainda na Biblioteca.[6]
Na segunda metade do século XIX, a velha Igreja do Irmão Lourenço, que se tornara demasiado pequena para o número de alunos do Colégio é substituída por outra, mais ampla, em estilo neogótico. Nela se pode contemplar a gigantesca e magnífica tela com o tema da "Última Ceia" do pintor mineiro Mestre Manuel da Costa Ataíde. Aí se encontram igualmente o corpo embalsamado de São Pio Mártir, um soldado romano martirizado, belos vitrais de procedência francesa e o órgão de tubos instalado pelo padre Luís Boavida, marceneiro e músico.
O colégio funcionou até 1968, quando um incêndio destruiu parte das instalações destinadas aos alunos. Tal sinistro destruiu igualmente parte do precioso acervo da biblioteca.
Por volta de 1978, a Congregação da Missão assinou um convênio com a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza e, em 1982, com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Florestas (atual Ibama), quando o território pertencente ao antigo colégio recebeu a designação de Parque natural. Esse acordo, entretanto, durou apenas cerca de cinco anos, retornando à responsabilidade de seus proprietários.
Este território foi transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural através do Decreto 98.914, de 31 de janeiro de 1990, e atrai pesquisadores de todo país dada a surpreendente variedade de vida animal e vegetal da região.[7][5]
O atual parque compreende uma área de 11.233 hectares onde convivem os ecossistemas da Mata Atlântica e do Cerrado, caracterizando-se como uma área de transição. 57% (5.845 hectares) da RPPN está localizada no município de Catas Altas e 43% (4.343 hectares) em Santa Bárbara.
A sua altitude varia entre os 720 e os 2.070 metros acima do nível do mar, com destaque para o chamado pico do Sol, considerado como ponto mais alto da região e da serra do Espinhaço. Segundo alguns geólogos, a serra do Caraça apresenta a mais antiga superfície de aplainamento não fossilizado do país.
Entre as atrações do Parque destacam-se ainda quedas d'água, rios, lagos e grutas, acedidas por trilhas. As dependências mais antigas do Santuário do Caraça comportam atualmente agradável hospedaria.
Atrações
Pico do Inficionado:
Essa caminhada exige um pouco de condicionamento físico, pois são 9,5 km de caminhada entre pedregulhos e subidas fortes. O cume fica a 2.068 m de altitude e oferece uma linda vista da região.
Essa trilha também exige bom preparo físico. São 10 km só de ida até o ponto mais alto do Pico do Sol. A altitude alcança 2.072 m. Do alto pode se ver boa parte da Serra do Espinhaço. Nesse passeio pode-se observar a junção da Mata Atlântica e do Cerrado.
Cascatona:
São 6 km de caminhada até a Cascatona. Essa cachoeira tem 70 m de altura e termina numa piscina natural ideal para banho.
Cascatinha:
A Cascatinha fica a , aproximadamente, 2 km da Igreja do Parque e é um dos lugares prediletos dos visitantes para banho. São várias quedas formando piscinas naturais de extrema beleza.
Gruta do Centenário:
A Gruta do Centenário, inserida no pico do Inficionado, é a maior gruta do mundo de quartzito. As galerias formam uma rede labiríntica quadrática, que atinge uma profundidade de 481 metros de desnível e 3.790 metros de projeção horizontal (4.700 metros de desenvolvimento linear). O acesso às galerias por visitantes deve ser acompanhado por um guia experiente em exploração da gruta.[8]