Esta gare situa-se junto ao Largo Engenheiro Serra Prado,[3][4] na zona norte da cidade de Portimão, distante mais de um quilómetro do seu centro (Tribunal).[5]
A estação tem uma praça de táxis no seu exterior[6] e várias carreiras de autocarros, intra- e inter-municipais, têm paragem a uma distância de cerca de 200 m.[7]
Intermodalidade em Portimão: táxis em 2012 (esq.) e autocarros de longo curso em 2007 (d.ta).
O terminal de camionagem de médio e longo curso de Portimão situa-se a nordeste da estação — a menos de meio quilómetro em linha reta[8] mas ao triplo desta distância de caminho efetivo, dada a falta de acesso direto.[9] Esta infraestutura substituiu[quando?] a anterior gare intermodal, que congregava o transbordo de passageiros rodo-ferroviários no terreno imediatamente a norte da estação, contíguo à via férrea e entretanto abandonado.[9]
Infraestrutura
Esta interface apresenta duas vias de circulação, identificadas como I e II, ambas com 352 m de extensão e acessíveis por plataforma de 110 m de comprimento e 685 mm de altura; existe ainda uma via secundária, identificada como III, com comprimento de 85 m.[2]
Edifício da estação
O edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado direito do sentido ascendente, para Vila Real de Santo António).[10][11] Apresenta um traço simples, revestido de lambril de azulejos com decoração vegetalista.[12] O interior do edifício encontra-se revestido por um lambril de azulejos de pó-de-pedra, com meio relevo, do estilo típico da Arte Nova.[12] Estes azulejos, de padrão, são rematados por um friso próprio e placas onduladas.[12] O conjunto interior, de estilo policromático, encontra-se coberto por um vidrado, de modo a lhe conferir um brilho vistoso.[12]
Serviços
Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regionaltipicamente com dez circulações diárias em cada sentido entre Lagos e Faro.[13]
Em 1 de Julho de 1889, é inaugurada a ligação ferroviária do Barreiro a Estação Ferroviária de Faro via Beja, pela então denominada Linha do Sul.[14] Para servir a localidade de Portimão, começou-se a construir um ramal a partir de Tunes, que foi aberto em troços sucessivos, tendo a via férrea chegado a Algoz em 10 de Julho de 1889, e a Silves em 1 de Fevereiro de 1902.[15]
A construção do Ramal de Portimão foi terminada com a abertura do troço entre Silves e a estação provisória de Portimão, em 15 de Fevereiro de 1903.[16] Devido ao difícil relevo naquela zona, a linha manteve-se sempre a Sul do Rio Arade, pelo que a estação original de Portimão situava-se na margem esquerda, em Ferragudo.[15]
Construção da ligação ferroviária até Lagos
Em 20 de Março de 1900, o engenheiro António da Conceição Parreira planeou a continuação do Ramal de Portimão, a partir de Ferragudo, até Lagos, que incluía a instalação de uma nova estação de Portimão, na margem direita do Rio Arade.[15] No entanto, a construção foi sendo progressivamente adiada, devido à sua reduzida importância em relação a outros projectos de caminhos de ferro em Portugal, e aos elevados custos de construção da ponte sobre o Arade, entre outros factores.[16]
Devido a pressão popular,[17] em 30 de Julho de 1922 foi inaugurado o troço até Lagos[16], incluindo uma nova gare ferroviária junto à localidade de Portimão.[18] A antiga interface passou a denominar-se Ferragudo-Parchal.[18]
A estação nos primeiros anos
Em 1918, existiam serviços de diligências ligando a estação de Portimão às Caldas de Monchique.[19]
Em 1926, foi montada uma marquise metálica sobre a gare em frente ao edifício principal, melhoramento que tinha sido pedido pelos passageiros desde a sua inauguração.[12] Os passageiros desta estação queixaram-se da lentidão e atrasos constantes dos serviços, desde a sua abertura, pelo que em Fevereiro de 1929 passou a circular diariamente um serviço rápido.[20] Em 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou obras de rebaixamento das vias II e III desta estação.[21]
Esta estação é a última das quatro referidas por Fernando Pessoa no seu poema “Anti-Gazetilha” (Sol 1926.11.13; mais tarde incluída como “O Comboio Descendente” em numerosas antologias e musicada nos anos 1980 por Zé Mário Branco), que descreve um sinuoso e improvável «comboio descendente» que segue de «Queluz à Cruz Quebrada», «da Cruz Quebrada a Palmela», e «de Palmela a Portimão».[22][23]
Durante o século XX, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses organizou várias excursões até à Praia da Rocha, sendo o transporte feito de comboio até Portimão; quando os excursionistas chegavam à estação, eram recebidos com vários festejos.[24] A frequência destas excursões aumentou consideravelmente após 1934.[24] Em 1945, o edifício principal da estação foi decorado, para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.[25]
Até à construção do Jardim de Sárrea Prado, em 1947, os terrenos em redor da estação constituíam um espaço alagadiço e insalubre.[25] Durante o século XX, esta estação foi utilizada para embarcar cortiça, em grandes quantidades.[26] Junto à estação existiam dois depósitos de petróleo, abastecidos pelos comboios, onde os vendedores ambulantes iam buscar este combustível para o distribuírem.[25]
Século XXI
Durante a Festa do Basquetebol Juvenil em Portimão, em Março de 2008, várias equipas desembarcaram na estação de Portimão.[27] Nesse ano, a autarquia de Portimão estava a planear a substituição da estação por uma nova gare rodo-ferroviária, que resolvesse os problemas de funcionalidade e conforto, especialmente em termos da altura das plataformas, que dificultavam o acesso a pessoas de mobilidade reduzida.[28]
Em Outubro de 2009, a empresa Comboios de Portugal disponibilizou transporte gratuito de todas as estações e apeadeiros no Algarve até Portimão, para participarem na Mamaratona, um evento desportivo de beneficência.[29]
Em 2004, esta estação tinha a tipologia D da Rede Ferroviária Nacional e duas vias de circulação[30], tendo cada uma, em 2009, 347 m de extensão; eram servidas por duas plataformas, tendo uma 132 m de extensão e 55 cm de altura, e a segunda, 103 m de extensão e 45 cm de altura.[31] Em Janeiro de 2011, as duas vias de circulação já tinham sido ambas aumentadas para 354 m de comprimento; a primeira plataforma passou a ter 154 m de extensão e 45 cm de altura, enquanto que a segunda foi alterada para 160 m de comprimento e 40 cm de altura[32] — valores mais tarde[quando?] ampliados para os atuais.[2]
↑VASQUES, José. «A Meia Praia». Centro de Estudos Marítimos e Arqueológicos de Lagos. Consultado em 26 de Fevereiro de 2010. Arquivado do original em 5 de setembro de 2014
↑«Thermas Portuguesas: As Caldas de Monchique». Revista de Turismo. Ano III (70). Lisboa. 20 de Maio de 1919. p. 173-174. Consultado em 25 de Janeiro de 2020 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Classificação de Estações e Apeadeiros de acordo com a sua utilização». Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005. Rede Ferroviária Nacional. 13 de Outubro de 2004. p. 81-83
↑«Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2010. Rede Ferroviária Nacional. 22 de Janeiro de 2009. p. 67-90
↑«Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
CAVACO, Carminda (1976). O Algarve Oriental: As Vilas, O Campo e o Mar. II. Faro: Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. 492 páginas
DUARTE, Maria (2003). Portimão: Industriais Conserveiros na Primeira Metade do Século XX. Lisboa: Edições Colibri. 232 páginas
SANTOS, Luís (1997). Faro: um Olhar sobre o Passado Recente (Segunda Metade do Século XIX). Faro: Câmara Municipal. 201 páginas
VENTURA, Maria da Graça Mateus; MARQUES, Maria da Graça Maia (1993). Portimão. Lisboa: Editorial Presença. 130 páginas. ISBN972-23-1710-5A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)