Foi planeada nos finais do Século XIX, para servir como ponto de bifurcação entre as duas linhas e como ponto de gestão e manutenção de material circulante, tendo entrado ao serviço na década de 1910 apenas com funções técnicas, devido ao atraso na construção da linha para Leixões, que só abriu à exploração em 18 de Setembro de 1938.[4]
Descrição
Localização e acessos
Esta estação está situada no concelho do Porto, sendo considerada como localizada na Rua da Estação de Contumil[5], embora o acesso pedonal (subterrâneo) apenas possa ser realizado na Rua Avelino Ribeiro ou na Rua do Ameixial.[6] Na área existe pouca sinalização para indicar esta entrada.[carece de fontes?]
Infraestrutura
Em dados de 2004 pela Rede Ferroviária Nacional, a estação de Contumil contava com onze vias de circulação.[7] Em dados de 2010, ainda existia o mesmo número de vias de circulação, cuja extensão variava entre os 63 e os 481 m; as plataformas tinham 210 e 180 m de comprimento, e uma altura de 90 cm.[8] O edifício de passageiros situa-se do lado noroeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Monção e Leixões).[9][10]
As plataformas da estação estão parcialmente forrada com painéis de azulejos de padrão, da autoria de Eduardo Nery, e produzidos pela empresa da Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego. Os painéis formam 65 desenhos diferentes, testemunhando as várias combinações de formas e cores que podem ser feitas com os azulejos de padrão.[11]
Esta estação situa-se no troço da Linha do Minho entre Campanhã e Nine, que entrou ao serviço, junto com o Ramal de Braga, em 21 de Maio de 1875.[12][13]
Em finais do século XIX, esteve em discussão a forma como deveria ser efectuada a ligação ferroviária entre o planeado Porto de Leixões e a rede ferroviária nacional.[14] Inicialmente, esteve prevista a continuação do Ramal da Alfândega, que unia a Alfândega do Porto à estação de Campanhã, até Leixões, mas devido aos elevados custos que seriam necessários para a construção, e o problemas criados pela crise financeira de 1891, o Conselho Superior de Obras Públicas sugeriu um traçado alternativo, já proposto pelo engenheiro Pereira Dias.[4] Segundo este novo plano, o ramal para o Porto de Leixões deveria sair de um local próximo do PK 2,5 da Linha do Minho,[4] entre as estações de Campanhã e Rio Tinto, na zona de Contumil,[15] onde deveria ser construída uma gare própria para a bifurcação entre as duas vias férreas.[14] Em 1898, foi formada uma comissão para estudar os vários planos que existiam para linhas férreas, tendo sido aconselhada a construção da linha até ao Porto de Leixões com o seu início na estação de Contumil, e a duplicação da Linha do Minho até Campanhã.[16] Desta forma, no Plano da Rêde Complementar ao Norte do Mondego, decretado em 15 de Janeiro de 1900, foi oficialmente classificado o traçado para a Linha de Circunvalação do Porto, com início em Contumil, e para a duplicação parcial da Linha do Minho.[4] A nova linha deveria ser construída pela administração dos Caminhos de Ferro do Estado, um órgão criado em 14 de Julho de 1899 para construir e explorar as redes férreas na posse do governo.[4] Logo após a aprovação da linha, José Fernando de Sousa, que fazia parte do conselho de administração dos Caminhos de Ferro do Estado, propôs que fossem feitos os estudos para a linha, com especial interesse para a estação de Contumil.[4]
Em 1902, foi enviado ao Conselho Superior de Obras Públicas e Minas o plano e o orçamento correspondente para a construção de uma estação ao quilómetro 2,5 da Linha do Minho, e para a duplicação da Linha do Minho.[17] Além de servir de entroncamento da então futura Linha de Leixões, a nova interface também deveria servir como subsidiária de Campanhã, auxiliando esta estação na triagem das composições de mercadorias e a manutenção de vagões.[17] Este local foi escolhido por ser o único que permitia a instalação das infra-estruturas necessárias às funções a serem exercidas na futura interface, como o edifício da estação, uma cocheira para material motor e outra para carruagens, cais cobertos e para carvão, e um reservatório.[16] O complexo deveria incluir onze vias, cuja extensão total compreendia cerca de 1630 m; cinco dessas vias foram designadas para o estacionamento e resguardo do material circulante, enquanto que as outras seis estavam destinadas à sua triagem e classificação, estando ligadas a uma via especial, com uma lomba para realizar as manobras por gravidade.[16] O custo total desta obra, incluindo todos os edifícios e vias, e os trabalhos necessários à duplicação da Linha até Campanhã, estava previsto em 165:500$000 Réis.[16] Em 10 de Setembro desse ano, foi decretada a construção da Estação de Contomil.[18] O plano e o respectivo orçamento foram aprovados pelo governo em 16 de Maio de 1903, baseado no parecer do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, datado de 30 de Abril do mesmo ano.[19]
No entanto, a partir desse ponto o planeamento da linha de Leixões entrou numa fase de sucessivos atrasos, gerados em parte pela instabilidade política, mas também devido à interferência da Associação Comercial do Porto, que por várias vezes tentou interromper as obras na linha de Leixões.[4] Aquela sociedade criticava o traçado da linha de Leixões, principalmente o seu início em Contumil, defendendo que em vez disso deveria ser prolongado o Ramal da Alfândega, fazendo assim a linha até Leixões passar pelo centro da cidade do Porto.[4] O projecto para a linha de Circunvalação foi aprovado em 4 de Julho de 1905, mas foi bloqueado pelo governo por intermédio de José Luciano de Castro.[4]
Apesar dos problemas em construir a linha para Leixões propriamente dita, continuou o interesse em construir a estação de Contumil, devido à sua outra função como posto de manutenção para material circulante, e após a aprovação do projecto começaram as obras da estação e para a duplicação da Linha do Minho.[4] Em 31 de Dezembro de 1910, já tinham sido gastos cerca de 100 contos em ambos os projectos, estando nessa altura a estação de Contumil já a ser utilizada para classificar e estacionar material circulante.[4]
Ligação à Linha de Leixões
Uma Portaria de 25 de Maio de 1911 ordenou que a linha para Leixões tivesse início em Ermesinde, contrariando o que tinha sido determinado pelo Plano da Rede de 1900.[4] Quando o projecto foi apresentado em 1912, o Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Estado voltou a fixar o início da linha em Contumil, mantendo a ligação a Ermesinde como um ramal a sair de São Gemil.[4]
O concurso público para construção da Linha de Leixões, a partir das Estações de Contumil e Ermesinde, foi realizado pela Direcção-Geral de Caminhos de Ferro, em 27 de Janeiro de 1931, tendo o contrato sido assinado no dia 22 de Maio do mesmo ano, e as obras arrancado em 29 de Junho.[20] O relatório de 1931-1932 da Direcção Geral de Caminhos de Ferro revela que, naquele período, a companhia dos Caminhos de Ferro do Estado despendeu cerca de 1.100 contos nesta estação.[21] Nos inícios de 1935, uma portaria do Ministério das Obras Públicas e Comunicações autorizou o projecto para as expropriações e terraplanagens necessárias para a primeira fase da ampliação desta estação.[22] Em 8 de Maio de 1936, o Ministério aprovou o projecto para o edifício de passageiros e o correspondente orçamento, no valor de 111.933$11.[23] Em 9 de Setembro desse ano, o Ministério aprovou o plano para a segunda fase da ampliação da estação de Contumil, e o seu correspondente orçamento rectificado, no valor de 197:951$.[24] Um diploma publicado no Diário do Governo n.º 183, II Série, de 9 de Agosto, aprovou o auto de recepção definitiva para a empreitada n.º 9 da Linha de Cintura do Porto, referente à instalação dos equipamentos para iluminação eléctrica em Contumil e noutras estações da linha, que foi executada pela firma José Maria dos Santos & Santos.[25]
Em 18 de Setembro de 1938, entrou ao serviço a linha entre as estações de Contumil e Leixões.[12]
Década de 1960
Em Junho de 1966, a estação de Contumil encontrava-se em obras de expansão, com a construção de uma nova casa redonda para a reparação de locomotivas a gasóleo e a vapor.[26] As oficinas estavam igualmente a ser modificadas, de forma a se poder realizar a manutenção de material circulante a tracção eléctrica, e já se encontravam prontos três dos dez diques de moliana.[26] Estas obras pretendiam fazer de Contumil um centro de manutenção ferroviária, de forma a libertar espaço na estação de Campanhã, que se iria tornar no centro dos serviços ferroviários urbanos na cidade do Porto.[26] Em redor da estação, estava planeada a construção de várias habitações, para alojar os funcionários que iam ser transferidos das oficinas de Campanhã, formando uma localidade própria, com cerca de 800 habitantes.[26]
No dia 1 de Novembro de 2009, a passagem de peões da estação ficou inundada na sequência de condições atmosféricas desfavoráveis, tendo os bombeiros sapadores demorado várias horas para bombear a água.[28] Segundo os bombeiros, aquela situação ocorria com grande frequência, sendo causada por níveis de precipitação mais intensos.[28]
↑«Linha de circumvallação do Porto»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (424). 16 de Agosto de 1905. p. 243. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑ abcd«Estação de Contomil»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 177-178. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑ ab«Linhas Portuguezas»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (358). 16 de Novembro de 1902. p. 346-347. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Parte Official»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (381). 1 de Novembro de 1903. p. 362-364. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Parte Official»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 178-190. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Parte Oficial»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). 1 de Março de 1935. p. 109-110. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Parte Oficial»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1164). 16 de Junho de 1936. p. 339-341. Consultado em 22 de Outubro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Parte Oficial»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1171). 1 de Outubro de 1936. p. 469-472. Consultado em 20 de Fevereiro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Parte Oficial»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 50 (1216). 16 de Agosto de 1938. p. 391-393. Consultado em 20 de Fevereiro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X
SAPORITI, Teresa (1998). Azulejos Portugueses: Padrões do Século XX. Lisboa: Edição da autora. 372 páginas. ISBN972-97653-1-6
Leitura recomendada
Centros de Comando Operacional - Contumil. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional, E. P. 2008
Linha do Minho. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional E. P. 2004. 43 páginas
Linha do Minho / Ramal de Braga (Catálogo de Obra). Lisboa: Rede Ferroviária Nacional E. P. 2004