Nota: Este artigo é sobre a estação ferroviária em Portugal. Para transportes ferroviários na cidade homónima na Tunísia, veja Tunes § Transporte público.
Esta interface situa-se junto ao Largo 1.º de Dezembro, na localidade de Tunes,[3] na freguesia de Algoz e Tunes. O edifício de passageiros situa-se do lado sudoeste da via (lado direito do sentido descendente, para V.R.S.A.).[4][5]
Esta interface apresenta cinco vias de circulação (numeradas consecutivamente de I a V) com extensões variando entre 185 e 398 m, quatro delas acessíveis por plataformas (todas exceto a IV), uma (da via V) com apenas 80 m de comprimento e 65 cm de altura e as restantes três com 300 m de comprimento e 90 cm de altura; existem ainda três via secundárias (VI a VIII) com comprimentos entre 70 e 220 m; não estão eletrificadas as vias V e VII, e apenas o estão parcialmente as restantes vias secundárias.[2]
A informação aos passageiros, em 2005, era feita na própria estação,[8] mas em 2007 já era realizada a partir de Faro.[9]
Nesta estação a Linha do Sul entronca na Linha do Algarve no lado esquerdo do seu enfiamento descendente, bifurcando-se a via para noroeste e possibilitando percusos diretos Faro-Funcheira e Faro-Lagos, enquanto que o percurso Lagos-Funcheira tem de infletir aqui. Fruto desse entroncamento, esta estação é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
Tunes enquanto limiar de tipologia ferroviária:[2]
Em Tunes a quilometragem da Linha do Algarve atinge o seu mínimo: PK 301+889 (valor contado com o zero no Barreiro, no seguimento da quilometragem da Linha do Sul), tendo ambos os seus segmentos quilometragem crescente a partir deste valor, tanto para nascente (início do segmento 452, com término após V.R.S.A., ao PK 396+468), como para poente (início do segmento 451, com término em Lagos, ao PK 347+210) — esta situação invulgar é fruto das mudanças de designação e consistório das linhas do Sul e do Algarve ao longo das suas histórias (q.v.).[1]
Desde 1858 que se discutiu como continuar o Caminho de Ferro do Sul, que na altura terminava em Beja, até Faro.[14] No entanto, só em 21 de Abril de 1864 é que foi assinado o contrato entre o governo e a Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste, para a construção da ligação ferroviária entre Beja e o Algarve.[15] Em 25 de Janeiro de 1866, uma carta de lei estabeleceu que a linha deveria estar concluída até 1 de Janeiro de 1869, e terminar em Faro.[16] O governo abriu concurso para a construção deste caminho de ferro a 26 de Janeiro de 1876.[17]
Em 10 de Agosto de 1897, foi apresentado um projecto de lei para a construção de vários caminhos de ferro, incluindo um de Tunes a Portimão e Lagos.[21] Em 11 de Novembro do mesmo ano, o Conselho Superior de Obras Públicas e Minas aprovou o projecto para o troço até Portimão.[22]
Nos princípios de 1899, foi realizado um inquérito administrativo, para a apreciação do público sobre os projectos ferroviários dos Planos das Redes Complementares ao Norte do Mondego e Sul do Tejo; entre os projectos, estava o ramal de Tunes a Lagos, que já se encontrava em construção.[23] A primeira secção deste ramal, até Algoz, entrou ao serviço em 10 de Outubro desse ano.[24][25] O comboio inaugural, constituído pela locomotiva n.º 14, um furgão e carruagens de passageiros, saiu de Tunes às 5 horas e 15 minutos da manhã, e chegou a Algoz cerca de um quarto de hora depois.[26]
Originalmente, não existia a concordância entre o Ramal de Lagos e a Linha do Sul, pelo que os comboios com destino ou origem no sentido de Lisboa tinham de fazer inversão de marcha na estação.[26] Esta foi mais tarde construída,[quando?][27] para obviar a esta limitação — o seu desmantelamento na década de 1990[quando?][4][5] e alienação do terreno por onde passava voltaria a impossiblitar circulações diretas entre Lagos e a Linha do Sul).[10]
Século XX
Em Setembro de 1926, o Ministério do Comércio publicou uma portaria, ordenando a compra de um terreno anexo à estação, de forma a construir casas para os funcionários da Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste.[28] Em Dezembro do mesmo ano, o governo autorizou a Companhia a adquirir outro terreno, para expandir a estação e construir habitações para o pessoal.[29] Em 11 de Maio de 1927, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses passou a explorar as redes do Sul e Sueste e Minho e Douro, que até então faziam parte dos Caminhos de Ferro do Estado.[30] Em 1929, Brito Camacho fez uma viagem de comboio entre Tunes e Portimão.[31]
A estação de Tunes foi ligada à rede rodoviária nacional na primeira metade da década de 1930.[32] Em finais de 1933, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a instalação de um reservatório de 100 m³ em Tunes.[33]
Um diploma publicado no Diário do Governo n.º 106, II Série, de 8 de Maio de 1940, aprovou o projecto para a ampliação e deslocação do cais do carvão na estação de Tunes[34] Em 1 de Novembro de 1954, a Companhia iniciou os serviços de automotoras entre Lagose Vila Real de Santo António, sendo inicialmente feitas oito circulações diárias, incluindo uma em cada sentido entre Lagos e Tunes.[35]
Em 4 de Junho de 1969, o Conselho de Administração da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses aprovou a criação de comboios especiais, no regime de excursão, para tentar combater a concorrência do transporte rodoviário.[36] Em 1990, foi realizado o concurso para o projecto SISSUL - Sistemas integrados de sinalização do Sul, que previa a modernização dos sistemas de sinalização nas estações e plena via nos troços do chamado Itinerário do Carvão, de Ermidas-Sado até à Central do Pego; em 1996, previa-se que este sistema seria prolongado até Faro, incluindo Tunes.[37]
Entre os dias 27 e 30 de Maio de 2006, a Junta de Freguesia de Tunes acolheu uma exposição sobre os caminhos de ferro, tendo sido exposta uma maqueta da estação de Tunes, na época entre os anos 60 e 70.[39]
Em 2005, esta interface tinha a classificação C da Rede Ferroviária Nacional[8] (classificação que manteria em 2011).[1] Nesse ano, mantendo a configuração das décadas anteriores,[27] contava com cinco vias de circulação e encontrava-se habilitada para a realização de manobras de material circulante.[8] Em 2007, as extensões das vias, eram, correspondentemente, de 242, 272, 375, 393 e 180 m, tendo as quatro plataformas 306, 300, 300 e 90 m de comprimento.[9] Em 2011, as linhas já tinham sido alteradas, passando a apresentar 278, 292, 369, 401 e 181 m de comprimento; as plataformas tinham 300 a 90 metros de extensão, e 65 a 30 cm de altura[41] — valores mais tarde[quando?] ampliados para os atuais.[2]
Em 2022, previa-se para 2024 a conclusão da eletrificação total da Linha do Algarve,[2] projeto anunciado ainda na década anterior.[10]
↑«Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
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MENDES, António Rosa (2010). Faro. Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 95 páginas. ISBN978-989-554-726-5
OLIVEIRA, Ataíde (1987) [1905]. Monografia do Algoz. Faro: Algarve em Foco Editora. 258 páginas
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal de Faro. 213 páginas
SANTOS, Luís Filipe Rosa (1997). Faro: um Olhar sobre o Passado Recente. (Segunda Metade do Século XIX). Faro: Câmara Municipal. 201 páginas