A estação ferroviária de Amoreiras-Odemira, originalmente conhecida como de São Martinho das Amoreiras e depois apenas como de Amoreiras ou das Amoreiras, é uma interface da Linha do Sul, que serve nominalmente as localidades de São Martinho das Amoreiras e Odemira, no distrito de Beja, em Portugal.
Descrição
Localização e acessos
Esta interface situa-se na localidade ferroviária de Amoreiras-Gare, distando, para noroeste, cerca de cinco quilómetros da aldeia homónima[4] e sensivemente à mesma distância da sede da freguesia local e localidade nominal histórica — São Martinho das Amoreiras.[5] A localidade nominal secundária e sede do concelho, Odemira, situa-se para oés-sudoeste, distante quase trinta quilómetros.[6]
Infraestrutura
Esta interface apresenta duas vias de circulação, numeradas I e II, ambas com comprimento de 609 m e acessíveis por plataforma de 80 m de comprimento e 685 mm de altura; existe ainda uma via secundária, identificada como III, com comprimento de 237 m; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[2] O edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Tunes).[7][8]
Serviços
Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo intercidades com uma circulação diária em cada sentido entre Faro e Lisboa-Oriente.[9]
O lanço entre Casével e Amoreiras entrou ao serviço em 3 de Junho de 1888, tendo esta estação sido o terminal provisório do Caminho de Ferro do Sul[10] até 1 de Julho de 1889, data em que abriu a secção seguinte, até Faro.[11] Originalmente denominava-se de Amoreiras, sendo o nome de Odemira atribuído à estação de Luzianes.[12][13]
Devido à presença do caminho de ferro, Luzianes-Gare e Amoreiras-Gare estiveram entre as povoações no concelho de Odemira que mais se desenvolveram em termos da instalação de moagens motorizadas, entre os finais do século XIX e a primeira metade do século XX.[14] Com efeito, de acordo com o Anuário Comercial de 1925, em Amoreiras-Gare situava-se uma destas unidades, conhecida como Empresa de Moagem do Verdelho.[15]
Devido à falta de estradas entre estas duas estações e a vila de Odemira, o caminho de ferro não pôde servir convenientemente este concelho, nos primeiros anos.[12] Em 1901, estava a ser estudada a Estrada Distrital n.º 190, de Castro Verde a Colos por Ourique, que passaria junto à estação de Amoreiras.[16] No entanto, em 1903 esta estação ainda não estava ligada à vila, por via rodoviária.[17] A estrada entre a estação e a localidade de São Martinho das Amoreiras foi construída na década de 1930,[18] tendo sido aprovada, em 1934, a execução de terraplanagens e da camada de fundação desta via.[19] Em 1939, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses fez obras de reparação no edifício da estação.[20]
Um diploma de 7 de Agosto de 1956 da Direcção Geral de Transportes Terrestres, publicado no Diário do Governo n.º 192, II Série, de 14 de Agosto, aprovou o projecto para a expansão e modificação da estação de Amoreiras, tendo neste sentido determinado a expropriação de seis parcelas de terreno, situadas entre os PKs 226+124,40 e 227+643,22.[21]
Em Janeiro de 2011, possuía duas vias de circulação, ambas com 611 m de comprimento, e contava com duas plataformas, tendo a primeira 65 a 30 cm de altura e 70 a 58 m de comprimento, e a segunda 65 cm de altura e 70 m de comprimento[22] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]
Em Julho de 2024, a autarquia de Odemira iniciou obras de reabilitação em quatro antigas casas de ferroviários em Amoreiras-Gare, na sequência de um acordo com a operadora Infraestruturas de Portugal, que passariam a ser utilizadas como habitações.[23]
↑«Parte Official»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (36). Lisboa. 16 de Abril de 1903. p. 119-130. Consultado em 19 de Janeiro de 2012 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑SOUSA, José Fernando de (16 de Março de 1903). «A Viação ordinaria e as linhas do Estado»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (368). Lisboa. p. 81-82. Consultado em 17 de Agosto de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Publicações recebidas»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1177). Lisboa. 1 de Janeiro de 1937. p. 21. Consultado em 23 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Junta Autónoma de Estradas»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1112). Lisboa. 16 de Abril de 1934. p. 212-213. Consultado em 21 de Maio de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«O que se fez em Caminhos de Ferro em 1938-39»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1266). Lisboa. 16 de Setembro de 1940. p. 639. Consultado em 8 de Dezembro de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
↑«Parte Oficial»(PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1649). Lisboa. 1 de Setembro de 1956. p. 399. Consultado em 8 de Outubro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
↑«Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
QUARESMA, António Martins (2009). Cerealicultura e Farinação no Concelho de Odemira: da Baixa Idade Média à época contemporânea. Odemira: Câmara Municipal de Odemira. 124 páginas. ISBN978-989-8263-02-5