Durante as décadas de 1930 e 1940, o cinema estadunidense viveu sua chamada "Era de Ouro". O país se recuperava da Grande Depressão, ocasionada pela primeira grande crise do capitalismo, e o cinema era uma forma de incentivo para a reconstituição moral da população.[1]
O cinema de animação também se aproveitou desse artifício para atrair a atenção do público para as obras animadas. Em 1928, Walt Disney lançava "Steamboat Willie", curta-metragem animado com a melhor sincronização entre o som e a imagem da época. E é exatamente a partir do ano de 1928 que se iniciou a chamada "Era de Ouro da Animação". Foi nela, compreendida num período de doze anos (1928 a 1940), que o cinema de animação ganhou o reconhecimento que almejava devido ao seu desenvolvimento técnico e artístico, e que se estabeleceu como arte cinematográfica.[3]
Ocorre a fundação da International Academy of Motion Picture Arts and Sciences, que viria a se transformar na moderna Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que realiza anualmente a premiação do Oscar; contava originalmente com 36 membros fundadores e teve nesta décadas seus dois primeiros presidentes: Douglas Fairbanks e William C. deMille.
Nesse período surge a empresa Technicolor, lançando um tipo de película que filmava em 3 cores, juntamente com uma câmera de 3 elementos, dando maior realismo às produções nas telas. "Branca de Neve e os Sete Anões" foi o primeiro desenho colorido produzido neste sistema. O primeiro filme em Technicolor lançado comercialmente foi "Becky Sharp" (1935), de Rouben Mamoulian.[4]
Após a Depressão, a indústria começou a se recuperar. Hollywood vive os seus anos de ouro em 1938 e 1939. Surgem superproduções como "Camille", "Gone with the Wind", "The Wizard of Oz" e "Wuthering Heights". Novos recursos técnicos possibilitam o desenvolvimento pleno de todos os gêneros, desafiando o esquema dos grandes estúdios hollywoodianos.[5][6]
Em 1940, cada estúdio tinha a sua própria abordagem e fórmula para criar os seus musicais. Para alguns, Busby Berkeley (1895-1976) foi o que mais expandiu as possibilidades estéticas do cinema com suas coreografias exuberantes, caleidoscópicas, em que a precisão geométrica convivia com a sensualidade.[7]
Nesse período, o governo do presidente Franklin Delano Roosevelt desenvolveram um projeto que, propositadamente chamado de "Política de boa vizinhança", buscava aproximar o país das demais nações do continente. Através de incentivos financeiros e da aproximação cultural, tais regiões foram sendo progressivamente anexadas à área de influência norte-americana, passando a integrar, consequentemente, o bloco dos "Aliados". Financiado pelo governo estadunidense, Walt Disney foi o criador do personagem Zé Carioca, uma clara homenagem feita pelo produtor ao Brasil.[8] Ao mesmo tempo, a cantora Carmen Miranda, então a artista mais popular do país, iniciou sua carreira artística na América do Norte, estrelando diversos filmes da 20th Century Fox, Miranda tonou-se em 1944 a mulher mais bem paga dos Estados Unidos. Com a guerra em curso, as comédias musicais procuravam uma forma escapista de entreter.[9]
Destaque para Orson Welles, que escreveu, dirigiu e interpretou o clássico "Citizen Kane", filme que provocou uma revolução técnica e narrativa na linguagem cinematográfica. Baseado na história do magnata da imprensa William Randolph Hearst, os filmes de Welles quase sempre davam muito aborrecimento e grandes prejuízos aos estúdios, mas tornaram-se clássicos desse período.[10]
Foi na década de 1950 que os musicais hollywoodianos chegaram a seu ápice, com o lançamento de um dos filmes mais lembrados e comentados de todo o período clássico do cinema, "Singin' in the Rain" (1952), onde Stanley Donen e Gene Kelly conseguiram a proeza de reunir todas as características do cinema musical das décadas anteriores e realizar uma espécie de síntese de toda a essência do gênero. Tornou-se, anos depois, o filme mais popular desse gênero, considerado por muitos como a maior obra-prima do estilo.[11]
Audrey Hepburn foi também uma das atrizes mais marcantes dos anos 50. Em sua carreira de sucesso, foi ainda indicada ao Oscar de melhor atriz por suas atuações em "Sabrina", "The Nun's Story", "Breakfast at Tiffany's" e "Wait Until Dark". Brigitte Bardot, outra estrela dos anos 50, teve sua primeira aparição nas telas em 1952, como Javotte Lemoine no filme "Le Trou Normand". Ela chegou a ser considerada a versão francesa de Marilyn Monroe.
Ao final da década, os grandes estúdios de Hollywood dispensaram a maioria de seus empregados, dentre as estrelas, os escritores e os diretores. Equipes de produção eram contratadas somente numa base de projeto a projeto. Sem talentos próprios da casa, os estúdios pararam de gerir seus próprios projetos e tornaram-se pouco mais do que empresas de distribuição.
O cinema da década de 1960 se caracteriza pelos grandes musicais, como "West Side Story", vencedor de dez Oscars; por dramas que celebravam a rebeldia da juventude estadunidense; e com Anne Bancroft e Dustin Hoffman quebrando a inocência do "estilo de vida estadunidense", em "The Graduate".
Em 1960, Alfred Hitchcock lançou um dos filmes mais aclamados da década de 1960 e, discutivelmente, o melhor de sua carreira: "Psycho".
Outro clássico desse período é "Cleópatra" (1963), estrelado por Elizabeth Taylor. O filme quase levou a 20th Century Fox à falência. Ganhador de quatro Oscars – direção de arte, fotografia, figurino e efeitos especiais – e indicado a outros cinco – ator (Rex Harrison), montagem, trilha sonora original, som e melhor filme – o filme contou com um orçamento de US$ 44 milhões, equivalentes a cerca de US$ 330 milhões na atualidade. No final, a arrecadação na bilheteria mundial foi de US$ 71 milhões. Pelo contrato com Elizabeth Taylor, a Fox se tornou o primeiro estúdio a assinar um contrato de US$ 1 milhão com uma estrela de Hollywood.[15]