Nascida na Louisiana, Lamour possuía o sonho de ser cantora. Foi Miss Nova Orleans no ano de 1931. Chegou a trabalhar como ascensorista até que veio a se tornar vocalista na banda de Herbie Kay, seu primeiro marido (1935). Logo se separa, dando vazão ao sonho de conquistar Hollywood: aos 22 anos consegue seu primeiro papel num filme - uma "ponta" em The Stars Can't Be Wrong, de 1936.
Ainda neste mesmo ano participa de outra película - justamente o papel que veio a construir sua imagem - como uma "garota das selvas", num filme ao estilo de Tarzan, célebre personagem de Edgar Rice Burroughs, como a selvagem Ulah, vestida em trajes mínimos e sensuais. Este papel alavancou lhe a carreira, tornando-a por muitos anos uma das actrizes mais cobiçadas, sex-symbol do cinema norte-americano.
Cinema
A partir de 36 seu nome passa a figurar dentre as divas das telas. A figura sensual, minimamente vestida para os padrões da época, despertaram a fantasia dos adolescentes de todo o mundo.
Mas não apenas nas selvas atuou Lamour: realizou sete comédiasglobe-trotters com a dupla Bing Crosby e Bob Hope, entre os anos de 1940 e 1962.
Sua extensa filmografia apresenta mais de sessenta filmes no cinema e, na fase final da carreira, com a idade, inúmeras aparições na televisão. Atuou até 1987, ano de seu último trabalho no cinema.
A escritora brasileiraRachel de Queiroz, no conto "Tangerine Girl", traz o ideal de beleza latina, no imaginário americano da primeira metade do século XX, personificado por Dorothy Lamour. No excerto abaixo, a percuciente análise do efeito quase genérico, então provocado pelo cinema, entre os jovens marinheiros que, durante a II Guerra Mundial, aportavam na costa do Nordeste do país:
"No posto de dirigíveis criava-se aquela tradição da menina do laranjal. Os marinheiros puseram-lhe o apelido de "Tangerine-Girl". Talvez por causa do filme de Dorothy Lamour, pois Dorothy Lamour é, para todas as forças armadas norte-americanas, o modelo do que devem ser as moças morenas da América do Sul e das ilhas do Pacífico. Talvez porque ela os esperava sempre entre as laranjeiras. E talvez porque o cabelo ruivo da pequena, quando brilhava á luz da manhã, tinha um brilho acobreadao de tangerina madura. Um a um, sucessivamente, como um bem de todos, partilhavam eles o namoro com a garota Tangerine. O piloto da aeronave dava voltas, obediente, voando o mais baixo que lhe permitiam os regulamentos, enquanto 0 outro, da janelinha, olhava e dava adeus."[1]
(in: "O Melhor da Crônica Brasileira", José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1997, pág. 47 - coletânea).
Também a música traz referência à sua figura sensual. O choro "Dorothy Lamour", de Fausto Nilo e Petrúcio Maia deixa claro que não apenas nos jovens americanos a bela actriz despertava emoções, mas por todo o mundo: