The Gang's All Here

The Gang's All Here
The Gang's All Here
Cartaz promocional do filme.
No Brasil Entre a Loura e a Morena
 Estados Unidos
1943 •  cor •  103 min 
Género comédia, musical
Direção Busby Berkeley
Roteiro História:
Nancy Winter
George Root Jr.
Tom Bridges
Filme:
Walter Bullock
Elenco Alice Faye
Carmen Miranda
Idioma inglês
Receita US$ 2,5 milhões[1]

The Gang's All Here (bra Entre a Loura e a Morena[2][3]) é um filme estadunidense de comédia romântica e musical dirigido por Busby Berkeley e protagonizado por Alice Faye e Carmen Miranda.[4]

O roteiro, escrito por Walter Bullock, se passa durante a Segunda Guerra Mundial e gira em torno da paixão de uma corista (Alice Faye) por um soldado já comprometido (James Ellison). O filme apresenta Carmen Miranda em um dos papéis mais marcantes de sua carreira.[5] Incluído entre as 10 maiores bilheteiras do ano, foi o filme mais caro da Fox até então.[6]

The Gang's All Here recebeu críticas positivas em sua estreia, exceto uma resenha do New York Times, que observou uma inclinação freudiana em relação às gigantescas bananas do filme. Ele também recebeu uma nomeação ao Oscar de Melhor Direção de Arte.[7][8] Atualmente, é considerado um dos melhores filmes de Berkeley e elogiado como uma obra-prima cinematográfica por críticos e estudiosos do cinema.[9][10]

Em dezembro de 2014, a Biblioteca do Congresso classificou o filme como "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo" e o selecionou para preservação no National Film Registry.[11]

Sinopse

Certa noite, o soldado Andy Mason Jr. (James Ellison) conhece a showgirl Edie Allen (Alice Faye) na casa noturna Club New Yorker. Porém, Andy precisa partir para uma missão no Pacífico durante a II Guerra Mundial. Quando Andy volta condecorado do combate, seu pai, Andrew Mason (Eugene Pallette), decide fazer uma comemoração especial para recebê-lo e chama o grupo do Club New Yorker para protagonizar um espetáculo na casa de seu amigo Peyton Potter (Edward Everett Horton). Assim, Edie e sua exótica amiga Dorita (Carmen Miranda) descobrem que Andy tem um compromisso com a filha de Potter, Vivian (Sheila Ryan). Ao chegar, Andy se vê obrigado a desfazer o mal entendido.

Elenco

Produção

O elenco principal do filme: Alice Faye, Phil Baker e Carmen Miranda.

O título provisório do filme foi The Girls He Left Behind. O diretor Busby Berkeley foi emprestado da Metro-Goldwyn-Mayer para dirigir o filme, embora, no momento em que as gravações começaram, no final de setembro de 1943, a MGM tivesse transferido seu contrato para a Warner Bros. Pictures. The Gang's All Here foi o primeiro filme colorido dirigido por Berkeley, e os números de produção extravagantes foram bem recebidos pela crítica, especialmente a famosa sequência "The Lady In The Tutti Frutti Hat", onde dançarinas aparecem segurando e dançando com bananas de meio metro, que, segundo críticos, evocavam a imagem de pênis em ereção, culminando com Carmen Miranda equilibrando um grande painel de bananas sobre a cabeça.[12]

O compositor Harry Warren estava inicialmente programado para trabalhar com o letrista Mack Gordon na trilha sonora do filme, mas foi substituído por Leo Robin. Segundo o Hollywood Reporter, a canção "Pickin' on Your Momma" estava entre as músicas planejadas para o filme, junto com "Sleepy Moon" e "Drums and Dreams", mas ambas foram cortadas antes do lançamento final.

Durante as gravações, Alice Faye estava grávida de seu segundo filho. Embora tenha feito uma participação especial cantando no filme Quatro Moças num Jipe (1944), The Gang's All Here marcou sua última aparição em musicais até a versão de 1962 de Feira de Ilusões. Faye se afastou do cinema, embora tenha feito mais um filme, o drama de 1945 Anjo ou Demônio.[13]

Linda Darnell foi originalmente escalada para interpretar "Vivian Potter", mas devido a problemas pessoais que afetaram o ritmo da produção e a uma torção no tornozelo durante os ensaios de dança, Darryl F. Zanuck decidiu suspendê-la.[14] A atriz Sheila Ryan acabou assumindo seu lugar. O filme também marcou a estreia no cinema das atrizes June Haver, Jeanne Crain e Jo-Carroll Dennison, que foi Miss América de 1942.

Carmen Miranda estava lidando com uma pequena falha no nariz, resultado de uma plástica, durante as filmagens, mas conseguiu escondê-la com maquiagem. Após o término das filmagens, passou por outra cirurgia, que quase lhe custou a vida devido a uma infecção no fígado. As roupas do filme foram assinadas por Yvonne Wood, que, até então assistente de figurino, conseguiu o cargo de figurinista principal com o apoio de Carmen Miranda, que insistiu com o produtor William LeBaron. Carmen continuou a trabalhar com Yvonne em seus outros quatro filmes na Fox e a utilizou como figurinista pessoal.

The Gang's All Here fez parte de um conjunto de nove longas-metragens produzidos pela Twentieth Century Fox entre 1940 e 1945, todos realizados dentro das diretrizes da Política de Boa Vizinhança.[15]

Trilha Sonora

Lançamento

The Gang's All Here foi lançado nos Estados Unidos em 24 de dezembro de 1943.[17] Embora algumas notícias da época indicassem a proibição do filme no Brasil, os arquivos do filme na biblioteca da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não continham informações sobre qualquer censura no país.[18] Segundo a Cinemateca Brasileira, o filme estreou no Brasil em 5 de novembro de 1944.

Em 25 de setembro de 2005, o filme foi exibido no Festival do Rio em uma versão restaurada, durante a sessão de Grandes Clássicos do Cinema Mundial, em homenagem aos 50 anos da morte de Carmen Miranda.[19] Também foi apresentado em 2 de abril de 2006 no Wisconsin Film Festival, na cidade de Madison.

Recepção da crítica

Os números de produção extravagantes foram amplamente elogiados pela crítica, especialmente a sequência "The Lady In The Tutti Frutti Hat".

A maioria das críticas ao filme foram positivas, exceto a do New York Times, que notou uma inclinação freudiana nas gigantescas bananas de The Gang's All Here: "O ponto principal em The Gang's All Here são os luxuosos números de produção arranjados por Busby Berkeley. (...) Berkeley esconde ideias maliciosas por trás dessas cenas; um ou dois de seus espetáculos de dança parecem vir diretamente de Freud".[20] Por sua vez, a Variety comentou que "o roteiro é um pouco fraco, sendo eclipsado pelo conjunto de números musicais melodiosos que frequentemente pontuam o filme", mas elogiou as performances, especialmente a de Carmen Miranda, como "excelente".[21]

O jornal Chicago Reader destacou que o filme é "o mais audacioso de Busby Berkeley, uma exploração das possibilidades de movimento e cor que se aventura no reino da pura abstração", concluindo: "O simbolismo sexual está em seu auge flagrante; o que se pode dizer sobre um filme que apresenta 60 meninas acenando com bananas gigantes?".[22] O The Guardian, do Reino Unido, afirmou que o filme "oferece uma fuga dos anseios da época de guerra para um mundo fantástico, extravagante e espetacular, que James Agee chamou de números de produção paroxísticos".[23] Em uma revisão sobre o lançamento em Blu-ray, o blog CineVue escreveu: "The Gang's All Here é o ápice do êxtase cinematográfico, uma obra-prima deslumbrante".[24]

Eric Spilker, da New York Post, comentou que "The Gang's All Here é um filme muito incomum; não há nada como ele. É um musical rotineiro da década de 40 com um enredo romântico da época de guerra, mas possui esses números de produção surrealistas surpreendentes de Busby Berkeley".[25] O crítico de cinema Richard Brody acrescentou: "Em uma época em que Fred Astaire insistia em ser filmado de frente, de maneira tediosamente teatral, Berkeley, um mestre do movimento e da abstração, entendeu como tornar a dança distintivamente cinematográfica. Ele prova isso aqui, com seu uso de luz, sombra e ângulo nas danças, além de transformar as performances de Benny Goodman em espetáculos visuais".[26]

O jornal Folha de S. Paulo, em sua crítica sobre o filme, escreveu: "O longa apresenta uma coreografia delirante (...) Berkeley utiliza posições de câmera arrojadas para compor com Carmen Miranda e seus balangandãs uma imagem festiva e sensual de um lugar que lembra a América do Sul, mas que parece mais radiografar o cérebro do diretor/coreógrafo".[3]

Prêmios e indicações

Oscar (EUA) (1944)

Legado

Em dezembro de 2014, a Biblioteca do Congresso reconheceu The Gang's All Here como "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo" e o selecionou para preservação no National Film Registry.[11]

Além disso, o filme foi indicado pelo American Film Institute em 2004 e 2006 para integrar as listas: 100 Anos... 100 Canções (por "The Lady in the Tutti-Frutti Hat") e Os Maiores Musicais do Cinema, respectivamente.

Em 2018, a revista Billboard elegeu o número musical "The Lady in the Tutti Frutti Hat" como uma das "100 Melhores Apresentações Musicais do Cinema", alcançando a 65ª posição.[27]

Referências

  1. Aubrey Solomon, Twentieth Century-Fox: A Corporate and Financial History Rowman & Littlefield, 2002 p 220
  2. EWALD FILHO, Rubens (1975). Os filmes de hoje na TV. São Paulo: Global. p. 71. 210 páginas 
  3. a b Inácio Araújo (7 de agosto de 2014). «Longa com Carmen Miranda mostra coreografia delirante». Folha de S.Paulo. Consultado em 15 de fevereiro de 2015 
  4. Lusa (26 de Janeiro de 2009). «Cinema: Cinemateca dedica ciclo a Carmen Miranda nos cem anos do seu nascimento». Expresso. Consultado em 7 de março de 2013 [ligação inativa] 
  5. 20th Century Fox. «Entre a Loura e a Morena» [ligação inativa] 
  6. Heloisa de Freitas Valle & Marcia Camargos. «Yes, nós temos bananas: histórias e receitas com biomassa de banana verde». Consultado em 11 de setembro de 2014 
  7. «2014 additions to National Film Registry: "The Gang's All Here" (1943)». CBS News. Consultado em 21 de janeiro de 2015 
  8. The 16th Academy Awards. Academy of Motion Picture Arts and Sciences. Consultado em 10 de outubro de 2024
  9. «Busby Berkeley» (em inglês). Encyclopaedia Britannica. Consultado em 6 de julho de 2020 
  10. Gary Giddins. «Warning Shadows: Home Alone with Classic Cinema» (em inglês). Consultado em 6 de julho de 2020 
  11. a b Tim Gray. «'Big Lebowski,' 'Willy Wonka' Among National Film Registry's 25 Selections». Variety. Consultado em 18 de dezembro de 2014 
  12. «Carmen Miranda - Filmografia: Entre a Loura e a Morena». Collector's. Consultado em 5 de março de 2013 [ligação inativa] 
  13. Jay Carr. «Fallen Angel (1945)» (em inglês). Turner Classic Movies. Consultado em 4 de julho de 2020 
  14. Ronald L. Davis. «Hollywood Beauty: Linda Darnell and the American Dream» (em inglês). Consultado em 4 de julho de 2020 
  15. «Política e identidade na performance de Carmen Miranda em "Entre a loura e a morena" (1943)». Dia a Dia Educação. Consultado em 4 de julho de 2020 
  16. «The Gang's All Here (Original Sound Track - 1943)». iTunes. Consultado em 5 de março de 2014 
  17. Jennifer Garlen (12 de Setembro de 2011). «Classic films in focus: 'The Gang's All Here' (1943)». Examiner. Consultado em 7 de março de 2013 
  18. «Detail View: The Gang's All Here (1943)». American Film Institute. Consultado em 15 de maio de 2014 
  19. «Confira os destaques do Festival do Rio - 2005». A Tarde. 22 de setembro de 2005. Consultado em 5 de março de 2013 [ligação inativa] 
  20. «The Gang s All Here (1943) At the Roxy». The New York Times. 23 de Dezembro de 1943. Consultado em 4 de julho de 2020 
  21. «Review: 'The Gang's All Here'». Variety. 31 de dezembro de 1943. Consultado em 10 de março de 2014 
  22. Don Druker. «Film Search: The Gang's All Here». Chicago Reader. Consultado em 10 de março de 2014 
  23. Philip French (21 de setembro de 2014). «The Gang's All Here review – Philip French on Busby Berkeley at his most delirious». The Guardian. Consultado em 22 de setembro de 2014 
  24. Philip French (22 de setembro de 2014). «Blu-ray Review: 'The Gang's All Here'». CineVue. Consultado em 15 de outubro de 2014 
  25. Lou Lumenick. «"CARMEN MIRANDA'S RIPE FOR FILM FORUM FUN"». New York Post. Consultado em 12 de abril de 2014 
  26. Richard Brody (31 de dezembro de 1943). «The Gang's All Here - The New Yorker». The New Yorker. Consultado em 17 de setembro de 2014 
  27. Billboard Staff (4 de outubro de 2018). «The 100 Best Acting Performances by Musicians in Movies». Billboard. Consultado em 4 de julho de 2019 
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