Durante a primeira metade do século XX, o maior clássico de Minas Gerais era disputado entre Atlético e América. O "Galo" venceu a Taça Bueno Brandão em 1914 e o primeiro campeonato estadual em 1915, enquanto o América conquistou as dez edições seguintes, de 1916 a 1925. Foi apenas a partir dos anos 50 que a rivalidade entre Atlético e Cruzeiro começou a se firmar como a mais forte do estado. O fato de terem dividido a taça do estadual de 1956 fez crescer essa rivalidade, que explodiu anos depois, com a inauguração do Mineirão.[4]
Até a inauguração do Mineirão, em 1965, a vantagem do Atlético no clássico era bastante ampla. Dos 57 confrontos no Independência – inaugurado em 1950 – até então, haviam acontecido 29 vitórias atleticanas contra 17 cruzeirenses.[5]
Era Independência e Era Mineirão
Jogando no Estádio Independência, os alvinegros têm um retrospecto bastante favorável no Clássico. Desde o primeiro confronto no Horto, na vitória do Atlético por 1 a 0 em 25 de julho de 1954 até 2023, ocorreram 79 jogos, com 40 triunfos do "Galo", 21 da "Raposa" e 18 empates. Os atleticanos marcaram 110 gols, e os cruzeirenses, 75.[6]
O surgimento do Mineirão marcou a virada e o domínio da equipe celeste, que passou a contar com atletas talentosos como Raul, Piazza, Dirceu Lopes, Natal e Tostão. A Raposa conquistou cinco títulos mineiros consecutivos de 1965 a 1969. Anos depois, o Atlético reagiu superando a série cruzeirense, com um hexacampeonato de 1978 a 1983, com um time de craques como Luizinho, Nelinho, Cerezo, Reinaldo, Paulo Isidoro e Éder, não dando chances ao rival.[4] O primeiro confronto entre as duas equipes realizado no Mineirão aconteceu em 24 de outubro de 1965, e o Cruzeiro venceu o Atlético por 1 a 0.[7] Durante 59 anos (entre 1965 e 2024), foram 250 confrontos no "Gigante da Pampulha", com vantagem celeste: 90 vitórias, contra 80 do Atlético e 80 empates. Jogando no Mineirão, o Cruzeiro marcou 292 gols no clássico, contra 271 do Atlético.[8]
Torcida única e "Novo Mineirão"
Em 2010, o estádio Mineirão foi fechado para as reformas necessárias para a Copa do Mundo. Durante este período, as equipes mandaram seus jogos em estádios no interior do estado (Arena do Jacaré e Parque do Sabiá) e os clássicos passaram a contar com torcida única.[9] As duas torcidas só voltaram a se encontrar em 3 de fevereiro de 2013, no jogo de reinauguração do estádio. A partida entre as duas equipes, válida pela primeira rodada do Campeonato Mineiro, terminou com a vitória do Cruzeiro por 2 a 1.[10] O público presente na partida foi de 59.968 e o público pagante, de aproximadamente 53 mil pessoas.[11]
No dia 5 de novembro de 2014, as equipes mineiras se classificaram para a final da Copa do Brasil. Nas semifinais, os atleticanos impuseram uma virada sobre o Flamengo por 4 a 1 no Mineirão, após perderem por 2 a 0 no primeiro jogo. Já o Cruzeiro, que tinha acabado de ser tetracampeão brasileiro, empatou com o Santos na Vila Belmiro em 3 a 3, após ter vencido por 1 a 0 em casa.[12] Pela primeira vez na história, as duas equipes mineiras decidiram um título nacional.[13]
Na primeira partida, realizada no Independência, vitória do Atlético por 2 a 0.[14] No jogo de volta, no Mineirão, outra vitória do Atlético, dessa vez por 1 a 0, o que lhe garantiu o título inédito da Copa do Brasil de 2014.
A "Capital do Futebol"
Após a reforma e reinauguração do Mineirão, em 2013, as equipes mineiras voltaram a destacar-se nacional e internacionalmente. Ainda em 2013 o Atlético conquistou o título inédito da Taça Libertadores, enquanto o Cruzeiro ganhou pela terceira vez o Campeonato Brasileiro.[13] Em 2014, além de decidirem o título da Copa do Brasil 2014, vencido pelo Atlético, as duas equipes foram protagonistas em outros campeonatos. O Atlético conquistou também o título de campeão da Recopa Sul-Americana,[15][16] enquanto o Cruzeiro conquistou o Campeonato Brasileiro de 2014,[12] o tetracampeonato de sua história e bicampeonato seguido. Estas conquistas e destaques fizeram com que o New York Times dedicasse uma reportagem à dupla mineira, dando a Belo Horizonte o título de "Capital do Futebol".[17][18]
Estatísticas
Confronto direto
Muitos clássicos pelo Brasil adotam um sistema único de contagem para seus jogos, em que se trabalha com uma harmonia numérica nas estatísticas. No Clássico Mineiro, porém, a realidade é diferente. O principal motivo que faz com que as duas equipes contem as partidas de maneiras diferentes está no período do início dos clássicos, de 1921 até meados da década de 1940, quando não havia prática de se registrar em súmula oficial os dados e resultados dos jogos. Por isso, há muitos placares que são questionados e que podem até ser revistos. O Atlético Mineiro afirma que contabiliza todas as vezes que as equipes foram ao campo de jogo e se enfrentaram. Entretanto, há algumas partidas que entraram nas contas da "Raposa" que não constam nos registros do "Galo". Em 2007, os dois clubes tentaram dialogar para unificar os números e, assim, poder fazer uma divulgação mais sólida e precisa a respeito dos números. Entretanto, não houve acordo entre as partes e ambos continuaram a seguir caminhos opostos.[19]
Versão do Atlético
Número de partidas
525
Vitórias do Atlético
212 (40,38%)
Vitórias do Cruzeiro
173 (32,95%)
Empates
140 (26,67%)
Gols do Atlético
742 (53,04%)
Gols do Cruzeiro
657 (46,96%)
Versão do Cruzeiro
Número de partidas
507
Vitórias do Cruzeiro
172 (33,93%)
Vitórias do Atlético
200 (39,45%)
Empates
135 (26,63%)
Gols do Cruzeiro
646 (47,61%)
Gols do Atlético
711 (52,39%)
Confrontos eliminatórios
Listagem de confrontos oficiais em jogos de mata-mata a nível nacional e internacional entre Atlético e Cruzeiro.[20][21][22]
Atlético e Cruzeiro fizeram a final do Campeonato Mineiro 26 vezes.[24]
O Cruzeiro venceu o Atlético na final do estadual em 14 oportunidades: em 1940, 1967, 1972, 1977, 1987, 1990, 1998, 2004, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019.
O Atlético superou o Cruzeiro na decisão 11 vezes: em 1931, 1954, 1962, 1976, 1985, 2000, 2007, 2013, 2017, 2022 e 2024.
No Campeonato Mineiro de 1956, o título acabou sendo dividido entre os dois clubes.
Taça Minas Gerais
Considerando-se as edições da Taça Minas Gerais nas quais o torneio era independente do Campeonato Mineiro, a final deste foi decidida pelos dois em três ocasiões. O Atlético venceu as decisões de 1975 e 1976, enquanto o Cruzeiro venceu a final de 1973.[25]
O Cruzeiro venceu a Copa dos Campeões Mineiros de 1999, derrotando o Atlético na decisão. Foi a segunda e última edição do torneio, sendo que nessa ocasião, a final também era válida pelas semifinais da Copa Centro-Oeste.
O maior placar da história do Clássico foi de 9 a 2, favorável ao Atlético, pelo Campeonato Mineiro de 1927.[27][28] A maior vitória do Cruzeiro sobre o Atlético foi por 6 a 1, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 2011.[29]
O recorde de público presente da história do Clássico foi registrado em 4 de maio de 1969, com 123.351 presentes, em partida realizada no Mineirão, válida pelo Campeonato Mineiro.[35]
Listagem dos maiores públicos da história do confronto:
* Inclui a Copa dos Campeões de 1937, unificada ao Campeonato Brasileiro pela CBF em 25 de agosto de 2023.
** Inclui a Taça Brasil de 1966, unificada ao Campeonato Brasileiro pela CBF em dezembro de 2010.[36]
*** O título do Cruzeiro do Campeonato de 1926 organizado pela Associação Mineira de Esportes Terrestres (AMET) não é reconhecido pela Federação Mineira.
**** O Supercampeonato Mineiro de 2002 foi administrado pelos próprios times participantes, e por isso não é reconhecido como uma edição do Campeonato Mineiro pela FMF.
****** A Federação Mineira de Futebol não reconhece as competições da AMET nos anos de 1926 e 1927, tornando os dois títulos do Cruzeiro do Torneio Início da AMET não oficiais.