O futebol do Distrito Federal surgiu inicialmente através de peladas. Funcionários das construtoras responsáveis pela construção de Brasília jogavam futebol para descontrair nos períodos de recreação. Foi construído um campo temporário na Vila Planalto, aonde ficava o acampamento da maioria das construtoras devido a sua proximidade com as obras. Esse campo mais tarde se tornaria o Estádio Ciro Machado do Espírito Santo.
Entre os clubes que surgiram através de construtoras estavam também o Central Clube Nacional de Brasília, ligado a Companhia Construtora Nacional. O Esporte Clube Planalto, ligado a Construtora Planalto Ltda., responsável pela construção da Barragem do Paranoá, teve seu primeiro estádio próprio, no Acampamento Tamboril, que tinha capacidade para 700 pessoas.
Outros clubes que surgiram de construtoras foram Pederneiras Esporte Clube, da Companhia Construtora Pederneiras S.A., o Coenge Futebol Clube, da Coenge S.A. Construções e Engenharia, o Sociedade Esportiva Serveng Civilsan, da Civilsan Engenharia Civil e Sanitária S.A., o ECRA Futebol Clube, da Construtora ECRA Limitada, o Cavalcante Junqueira Futebol Clube, da Cavalcante Junqueira S.A., o Consispa, da Construtora de Imóveis de São Paulo, a Associação Atlética Kosmos, da Kosmos Engenharia S.A., o Esporte Clube Ribeiro, da Construtora Ribeiro Ltda e a Pacheco Fernandes Dantas Futebol Clube, da Pacheco Fernandes Dantas, além da EBE, da Empresa Brasiliense de Engenharia.
Também surgiram clubes de empresas, associações e departamentos, como a equipe composta pelo Departamento de Força e Luz, chamada Defelê por uma abreviação do nome do departamento.[2]
Ao mesmo tempo em que o futebol surgia em Brasília, surgiram clubes de outras localidades, como na Cidade Livre, Guará e Gama. Nesse sentido surgiu o Clube de Regatas Guará e o Grêmio Esportivo Brasiliense.
1959-1969 - Início amador, rivalidade entre Defelê e Rabello e tentativa de profissionalização
No início do futebol de Brasília, os primeiros clubes e as primeiras competições realizadas no Distrito Federal não eram profissionais, porém análogas ao profissionalismo. Jogadores não recebiam pelo fato de jogarem futebol, mas pelo fato de serem funcionários das empresas e construtoras donas do time. A primeira competição oficial de futebol no DF foi o Torneio Início Bernardo Sayão, em maio de 1959. Participaram da competição 19 equipes, e os jogos foram realizados no Estádio Israel Pinheiro, que era de propriedade do CR Guará. O Próprio Guará foi o vencedor da competição.
Em junho foi realizado o Troféu Israel Pinheiro, com jogos no recém inaugurado Estádio Duílio Costa, de propriedade do Esporte Clube Planalto, que não participou da competição. Na decisão, vitória do Central Clube Nacional de Brasília por 2x1 em cima do ECRA Futebol Clube.
No mês seguinte realizou-se o Troféu Danton Jobim, tendo o Esporte Clube Ribeiro como campeão. Com o sucesso das duas competições a federação resolveu criar um Campeonato Estadual nos moldes do que era realizado em outros estados. Como essas duas competições anteriores, as equipes eram muito concentradas em Brasília (apesar de um ou outro time serem de fora), a ideia era chamar equipes de outras localidades, como Taguatinga, Gama, Guará e Cidade Livre.
A primeira edição oficial do Campeonato Metropolitano de Futebol realizou-se em 1959, foi muito tumultuada. Diversos clubes, sem estrutura necessária, desistiram da competição no meio e jamais voltaram a disputar uma competição oficial novamente. O nome de Campeonato Metropolitano de Futebol, remete a como também era chamado o Campeonato Carioca na época em a Cidade do Rio de Janeiro era a Capital e o Distrito Federal. A ideia é que a competição era voltada a Capital e região metropolitana. O título acabou ficando com o Grêmio Esportivo Brasiliense, da Cidade Livre.
Após a inauguração de Brasília, no dia 3 de maio de 1960, o CR Guará enfrentou o Esporte Clube Ribeiro, na partida que é considerada a primeira após a inauguração de Brasília. O Guará venceu a partida por 3x2.[3]
Entre 1960 e 1964, o campeonato começa a se estabilizar. Muitos clubes com estrutura amadora, não resistiram e desapareceram. Nesse período, clubes tradicionais começam a se destacar. o Defelê surge no Campeonato Brasiliense de 1960 e é campeão em seu primeiro ano. O Rabello nesse mesmo ano foi campeão da Taça Governador Roberto Silveira. E a imprensa começou a apontar os dois clubes como os mais fortes no Distrito Federal. Surgiu assim a primeira rivalidade entre clubes da Capital, o Clássico Vovô da Capital Federal.[4]
Entre 1964 e 1966, houve a primeira tentativa de profissionalização do Campeonato Brasiliense. Nesse período, dois campeonatos foram realizados, um amador e um profissional. Muitos times perderam espaço por causa disso, e acabaram criando uma segunda competição, o Departamento Autônomo da Federação Desportiva de Brasília, com clubes independentes, porém com boa estrutura, como foi o Associação Esportiva Carioca, o Unidos de Sobradinho e o Coenge.
O Defelê foi extinto em 1970 após ficar na última colocação, o Grêmio Esportivo Brasiliense também teve seu último campeonato em 1970. O Rabello aguentou mais um ano, mas foi extinto em 1971.
Brasília começa a ganhar destaque nacional no futebol
Durante a primeira década de Brasília, houve muitas partidas interestaduais entre times do Distrito Federal e outros estados. Em 1960 o CR Guará enfrentou o Araguari Atlético Clube, um mês antes da inauguração de Brasília, no Estádio Israel Pinheiro.
Em 19 de maio de 1960 acontece o primeiro amistoso com equipes de fora depois da inauguração. O Esporte Clube Ribeiro foi até Goiânia enfrentar o Goiânia Esporte Clube no Estádio Pedro Ludovico. Foi goleado por 8 a 2.
Em 17 de setembro de 1961, o CR Guará enfrentou o Botafogo de Futebol e Regatas em seu estádio e foi goleado por 6x0. Nilton Santos estava na equipe.
Com o fim do Defelê em 1970 e o Rabello em 1971, no começo da década de 1970, nenhuma equipe ganhou protagonismo, tanto que nos cinco primeiros anos da década houve cinco campeões diferentes (Colombo, Serviço Gráfico, CEUB, Pioneira e Campineira).
Em 1976, o futebol candango se profissionalizou de vez.[6] A partir daí, começaram a surgir as equipes que atualmente disputam o campeonato atualmente. Brasília, Gama e Taguatinga disputam o campeonato pela primeira vez em 1976. Nesse ano o CEUB foi extinto.
É o início do surgimento de clubes sem afiliações a empresas ou construtoras. O Grêmio Esportivo Brasiliense disputa sua última edição em 1977. O Taguatinga por exemplo, que era ligado a Viação Pioneira e tinha o nome de Pioneira Futebol Clube, passa a adotar o nome e as cores utilizadas atualmente.
Em 1979, o time amador Dom Bosco Esporte Clube se profissionaliza e passa a se chamar Ceilândia Esporte Clube.
O Sobradinho foi campeão duas vezes seguidas, nos anos de 1985 e 1986. Em ambas as oportunidades, o Taguatinga ficou em segundo e o Brasília ficou em terceiro.
1987-1997 - Auge e declínio de duas equipes tradicionais
Nesse período, duas equipes chegaram ao seu ápice, e pouco tempo depois, desapareceram.
O Grêmio Esportivo Tiradentes conquista o título de 1988, chegando a participar da Copa do Brasil de 1989 e da Série B do Campeonato Brasileiro de 1994. Porém entra em crise logo depois, mudando de nome para Flamengo Tiradentes e desaparecendo em 1996. Volta em 2000, mas desaparece novamente no ano seguinte.
O Taguatinga, que já tinha sido campeão em 1981 e voltou a ganhar o título em 1989, conquista o tricampeonato de 1991 a 1993. Foi o auge de um dos mais tradicionais times do Distrito Federal. Porém após esse auge, o clube é rebaixado em 1996 e desaparece em 1999.
O Guará, atualmente sem atividades no futebol profissional do Distrito Federal, conquistou seu primeiro título no Campeonato Brasiliense de 1996. Eles sempre bateram na trave ficando 8 vezes em segundo e 11 vezes em terceiro.
O Gama ganhou o Bicampeonato em 1994 e 1995 e foi vice-campeão em 1996.
1997-2009 - Surgimento do Brasiliense e rivalidade com o Gama
Com o desaparecimento de Taguatinga e Tiradentes e a crise no Brasília, Gama se tornou absoluto na competição. O clube conquistou todos os títulos entre os anos de 1997 a 2001, se tornado assim o maior ganhador do Campeonato Brasiliense.
Porém, a principal equipe que surge nesse período foi o Brasiliense Futebol Clube, e teve um início que surpreendeu a todos. Formado após Luiz Estevão adquirir o Atlântida Esporte Clube, o clube logo despontou no cenário nacional, sendo Vice-Campeão da Copa do Brasil, Campeão das séries B e C do Campeonato Brasileiro, hexacampeão Brasiliense e chegando a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro.
Brasiliense e Gama passaram a disputar o principal clássico atualmente no Distrito Federal, o Clássico Verde-Amarelo.
Em 2010 o Ceilândia quebra a hegemonia do Brasiliense. Ele voltaria a ser campeão em 2012. O Brasiliense ganha o título em 2011 e 2013.
Em 2014 o Luziânia ganha o título e se torna a primeira equipe do entorno a ganhar o título. Em 2015, após um jejum de doze anos, o Gama consegue o título após bater o Brasília duas vezes na final. Com isso o Brasília fica com uma sequencia de três vices campeonatos seguidos, perdendo o título para o Brasiliense, Luziânia e o próprio Gama. Em 2016, novamente o Luziânia é campeão em cima do Ceilândia na final.
2013-2020 - Proibição da Filiação de Novos Clubes e Rebaixamento do Brasília
A Copa Verde é criada em 2014, e logo no primeiro ano da competição, o Brasília foi a primeira equipe do Distrito Federal a conquistar a Copa Verde.
Em 2015 há uma discussão para o retorno de algumas equipes que estavam inativas e a recriação da terceira divisão estadual, porém essa discussão é judicializada. Na decisão final, foram suspensos por cinco anos, porém prorrogáveis, a inscrição de novos clubes na FFDF, e consequentemente, a entrada de novos times no Campeonato Candango. Também foi extinta a terceira divisão.[7]
Essa suspensão impediu a inscrição de equipes que planejavam se filiar. Guará Esporte Clube, nova equipe do Guará, tenta a filiação na justiça, sem sucesso. Havia também a possibilidade do retorno do Grêmio Esportivo Valparaíso.[12]
Em 2016, o político Luis Felipe Belmonte, que foi líder no Aliança pelo Brasil e marido de Paula Belmonte, vende o Brasília Futebol Clube e resolve comprar o Esporte Clube Dom Pedro Bandeirante, mudando o nome da equipe para Real Futebol Clube. Em 2017, o Brasília acabou sendo rebaixado após uma péssima campanha na Elite com apenas 7 pontos em 11 jogos, obtendo 2 vitórias, 1 empate e 8 derrotas, além da pior defesa do campeonato: 26 gols sofridos. O clube permanece na Segunda Divisão do Campeonato Candango desde então.
Em 2019, o Clube de Regatas Guará, atolado em dívidas, é desfiliado após três anos de inatividade.[13] O Gama é campeão invicto ao derrotar o rival Brasiliense por 5 a 3 no agregado (3x1 e 2x2), com 14 vitórias e 3 empates em 17 jogos. O Bolamense é acusado[14] não dar a mínima estrutura para seus atletas e com campanha pífia é rebaixado à Segunda Divisão de 2020
Em 2020 o Real passa a se chamar Real Brasília Futebol Clube. O clube arrenda o Estádio do Defelê. O ano também marca o retorno do ARUC, que não disputava competições profissionais desde 2005. O clube estava há cinco anos negociando o seu retorno ao campeonato. Em 2015 a FFDF suspendeu as novas filiações de clubes por cinco anos, prazo terminado nesse ano de 2020.[15][16] O clube disputaria a Segunda Divisão de 2020, porém desistiu.
2021-2024 - Título inédito do Real Brasília
Após a desistência da segunda divisão no ano anterior, em 2021 o Real Brasília consegue retornar à elite do campeonato, porém foi rebaixado. Em 2022, disputou a segunda divisão, na qual ficou com o vice-campeonato. Agora em 2023, retorna a divisão novamente fazendo uma boa campanha e conquistou o título inédito ao derrotar o Brasiliense nos pênaltis, garantindo uma vaga inédita na Copa do Brasil de 2024, além da Série D do ano seguinte.[17]
No ano de 2022 o Brasília retorna a primeira divisão do campeonato mas em 2023 amargou mais um rebaixamento terminando a competição com apenas 7 pontos ganhos.[18][19]
Para medir as torcidas do Distrito Federal, a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) realizou uma pesquisa no mês de dezembro de 2014 no âmbito da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios do Distrito Federal.[20] A pesquisa contou com uma amostra de 24.892 domicílios em todas as 31 regiões administrativas do Distrito Federal. De acordo com o levantamento, apenas 5,9% da população do Distrito Federal torce para uma equipe local[21] Dois clubes, Brasiliense e Gama, mobilizam nada menos que 73,2% da torcida dos clubes locais, aparecendo o Gama em primeiro lugar, com 45,0% das preferências e o Brasiliense com 28,2%.
As torcidas locais, no entanto, são pequenas se comparadas às torcidas de times de fora. O Gama, maior torcida local, é apenas a 6ª torcida no cômputo geral, abaixo de Flamengo, Vasco, Corinthians, São Paulo e Palmeiras. O Flamengo é a maior torcida com mais da metade dos torcedores.
↑Com a profissionalização do futebol no Distrito Federal, o Pioneira Futebol Clube adotou o nome de Taguatinga Esporte Clube
↑ abCom a profissionalização do futebol no Distrito Federal, o Campineira Futebol Clube adotou o nome de Sobradinho Esporte Clube
↑O atual Taguatinga Esporte Clube é resultado da fusão entre a equipe homônima, que foi fundada como Pioneira Futebol Clube e disputou o campeonato até 1999, e o Clube Atlético Taguatinga, que foi fundado como Clube Atlético Colombo e disputou a competição com diferentes nomenclaturas ao longo de sua história
↑No momento da sua fundação, o nome do clube era Esporte Clube Dom Pedro II, também se chamando Esporte Clube Dom Pedro Bandeirante e Real Futebol Clube antes de adotar o nome atual
↑O Botafogo-DF anteriormente chamava-se Clube Esportivo Guará, e mesmo após a mudança para o nome de Botafogo-DF, em 2009, foi um clube de Guará até o término de 2012, quando mudou-se para Santo Antônio do Descoberto e posteriormente transferiu-se para o Novo Gama
↑Inclui os dois vice-campeonatos do Bandeirante, que se transferiu para Taguatinga em 2015