O Campeonato Brasileiro de Futebol de 2002, ou Troféu Visa Electron por motivos de patrocínio, foi a 47.ª edição do Campeonato Brasileiro e, também, a última disputada antes da adoção do sistema de pontos corridos, ou seja, a última com o conceito de partida final. O campeão foi o Santos, que conquistou seu sétimo título de campeão brasileiro, após vitórias por 2 a 0 e 3 a 2 sobre um de seus rivais, o Corinthians.[1]
O time de jovens jogadores do Santos classificou-se em oitavo lugar na primeira fase (bastavam vitórias de Grêmio, Fluminense e Coritiba contra Atlético Mineiro, Ponte Preta e o já rebaixado Gama, respectivamente, na última rodada, para que o Santos ficasse de fora, mas o clube do Distrito Federal surpreendeu, vencendo o Coritiba por 4 a 0) e acabou como campeão, após grandes vitórias contra o São Paulo, o melhor da primeira fase, o Grêmio e o Corinthians.[1]
Um dos jogadores santistas de destaque foi o atacante Robinho, autor da jogada apelidada de "pedalada" (conduziu a bola passando os pés sobre ela alternadamente, antes de sofrer o pênalti que abriu o placar, convertido pelo próprio Robinho), realizada no segundo jogo da final sobre o lateral-direito Rogério, do Corinthians, e que marcou para sempre aquela partida.[1]
As quatro equipes rebaixadas à segunda divisão de 2003 foram definidas nas últimas rodadas da fase de classificação. A primeira foi o Gama, que caiu na penúltima rodada após ser derrotada pelo Atlético Mineiro por 6 a 4 em Belo Horizonte. Em seguida, a Portuguesa foi rebaixada, na 25ª rodada, ao ser derrotada em pleno Estádio Vail Chaves pelo Bahia por 4 a 2. O mesmo aconteceu com o Palmeiras, um dos clubes mais vitoriosos e tradicionais do futebol brasileiro, que sofreu o rebaixamento inédito em sua história, ao ser derrotado pelo Vitória, por 4 a 3, fora de casa. O lanterna e também rebaixado para a Série B foi outro clube de grande tradição e história rica em títulos: o Botafogo, ao ser derrotado em casa pelo São Paulo por 1 a 0.[1]
Primeira fase: 26 clubes jogando todos contra todos em turno único. Classificam-se para a próxima fase os 8 primeiros colocados.[1]
Fase final (com quartas de final, semifinais e final): sistema eliminatório, com confrontos em ida e volta, tendo o mando de campo do segundo jogo e a vantagem do duplo empate o clube com melhor campanha.[1]
Wendell foi um meio-campista que supostamente atuou de forma irregular pelo Flamengo em 2 partidas - ele entrou em campo no empate contra o Bahia (1 a 1), em 02/10/2002 e na derrota para o São Paulo (2 a 3), em 05/10/2002[2].
A suposta irregularidade se deu pois Wendell jogou no Ceará no primeiro semestre de 2002, rescindiu o contrato e assinou com o Uniclinic, que o emprestou ao Flamengo. A suspeita era de uma suposta falsificação de assinatura no documento da rescisão, o que invalidaria a negociação e, consequentemente, a posterior transferência para o Flamengo.
Emerson Damasceno, advogado do Ceará e primo de João Paulo, garante não ter havido irregularidade: “A assinatura da rescisão é de João Paulo Damasceno e não houve falsificação. Ele tinha uma procuração concedida pelo jogador que lhe dava poderes especiais para, inclusive, assinar rescisão de contrato”[3].
Damasceno explicou que foi feita uma consulta ao chefe do departamento jurídico da Federação Cearense, Mauro Carmélio, que autorizou o procedimento com base em uma Resolução de Diretoria (RDI) da CBF[3].
“Não há irregularidade alguma. A RDI diz que o advogado poderia atuar como procurador e a procuração dada pelo atleta dá condição a ele de assinar a rescisão”, disse Carmélio em entrevista ao jornal O Povo[3].
Meses depois do caso vir a tona, o próprio jogador confirmou que as pessoas que assinaram o documento em seu nome não tinham autorização para tal[4], mas confessou também que quando saiu do Ceará, havia assinado uma porção de documentos e pensou que um deles era a rescisão[5].
De acordo com a Federação Cearense de Futebol, o acordo foi considerado válido porque uma portaria da CBF permite que parentes de primeiro grau e advogados registrados possam assinar no lugar dos jogadores[6]. Conforme o diretor-jurídico da CBF, Luiz Gustavo, a entidade forneceu o registro para o atleta e atestou sua negociação, não havendo, portanto, nenhuma irregularidade[7]. Além disso, esta suposta irregularidade, porém, só teria sido descoberta pelos clubes interessados findado o prazo para entrar com a denúncia[7] (a denúncia sobre o caso Wendell teria partido do Palmeiras, que só descobriu a "irregularidade" quando o campeonato terminou, 2 meses depois).
Outra questão a se observar é que, conforme o regulamento da competição, a pena prevista no artigo era "não obtenção, na partida, de ponto algum qualquer que seja o resultado [para o clube que cometeu a irregularidade], sendo que o adversário será adjudicado com o número de pontos que o regulamento da competição determina em caso de vitória [três]". Com isso, a punição para o Flamengo seria a perda de apenas um ponto (conquistado no empate com o Bahia), o que manteria o clube na Série A do ano seguinte[2].