O Campeonato Brasileiro de Futebol de 1959, originalmente denominado Taça Brasil pela CBD, foi a segunda edição do Campeonato Brasileiro. O Bahia, após vencer o terceiro jogo da final contra o Santos, sagrou-se campeão brasileiro[1] pela primeira vez e, também, conquistou a vaga para ser o representante brasileiro na primeira competição continental sul-americana realizada pela CONMEBOL, a Copa dos Campeões da América (atual Copa Libertadores da América) de 1960.
Esta edição contou com a participação de dezesseis campeões estaduais, sendo que os campeões do estado de São Paulo e do Distrito Federal (na época, a cidade do Rio de Janeiro) já entravam na fase final. O campeão Bahia disputou catorze partidas, com nove triunfos, dois empates e três derrotas, 25 gols a favor e 18 contra, tendo seus atacantes Léo Briglia com 8 gols sido o artilheiro da competição e Alencar o terceiro, com 6 gols. Efigênio Bahiense, o Geninho, foi o treinador durante toda a competição, mas quem dirigiu o time na final foi o argentinoCarlos Volante.[2] O primeiro gol deste Brasileirão foi de Alencar, do Bahia contra o CSA. A competição teve uma média de público de 10.360 pagantes.[3]
Apesar de sua importância, e de seu vencedor ser considerado o campeão brasileiro já na época de sua disputa por alguns órgãos de imprensa,[4][1][5] somente em 2010 que o torneio foi reconhecido oficialmente pela CBF como o Campeonato Brasileiro de Futebol de 1959.[6] Dessa forma, esta edição passou a ser considerada a primeira edição do Campeonato Brasileiro. Porém, em agosto de 2023, a CBF reconheceu o Torneio dos Campeões de 1937 como a primeira edição do Brasileirão.[7][8]
Assim como em 1937, o campeão amargou a maior goleada da competição; naquele campeonato, o Atlético-MG foi goleado pelo Fluminense por 6 a 0. Sofrendo este mesmo placar (6 a 0), o Bahia perdeu para o Sport, em 30 de outubro de 1959. No entanto, pelo regulamento, a diferença de gols era irrelevante, e o Bahia avançou de fase, vencendo o mesmo adversário em dois outros desafios (por 3 a 2 e por 2 a 0). Ainda, se a diferença de gols ao final de duas partidas fosse considerada, o Santos teria sido o campeão, pois venceu o Bahia por 2 a 0, e perdeu por 3 a 2. Todavia, o regulamento previa o jogo-desempate, vencido pelo Bahia. Se houvesse o critério do gol fora de casa, o Bahia teria sido eliminado na final do grupo Nordeste pelo Ceará e na semifinal pelo Vasco.
História
A Taça Brasil foi a segunda competição nacional de clubes de futebol do Brasil a dar ao seu vencedor o título de campeão brasileiro (já na época de sua disputa, o vencedor da Taça Brasil era considerado o campeão brasileiro).[4][5][9][10][11] Apesar do certame ter sido instituído em 1954 pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF) com a finalidade de apontar o clube campeão brasileiro da temporada, e ter seu regulamento definido no ano seguinte, a primeira edição da competição não pôde ser disputada em 1955, como o planejado, devido ao fato do calendário trienal do futebol brasileiro de 1955 a 1958 já estar aprovado e não podendo sofrer alterações por causa da Copa do Mundo de 1958. Sendo assim, ficou definido naquela época que a Taça Brasil começaria somente em 1959.[carece de fontes?] Porém, como ainda havia limitação de data, restrições econômicas e dificuldades para viagens interestaduais devido a precariedade da infraestrutura do país na época, a competição foi montada de modo mais econômico possível. Sendo assim, participavam os campeões estaduais que se enfrentavam em um grande sistema eliminatório.[4][12][11]
A segunda edição do Campeonato Brasileiro de Futebol foi realizada em 1959 e contou com a participação de dezesseis campeões estaduais do ano anterior.[carece de fontes?] Com os clubes divididos regionalmente, paulistas e cariocas entraram apenas nas semifinais. Na decisão, em uma finalíssima histórica, o Bahia venceu o poderoso Santos de Pelé, considerado por muitos o melhor time de futebol de todos os tempos,[13] em uma série de três partidas. Consagrava-se o Bahia como o primeiro vencedor da Taça Brasil.[14][15][16] A conquista também credenciou a equipe como o primeiro representante brasileiro na Copa Libertadores da América.[carece de fontes?] Para a equipe, a conquista é tão importante que é lembrada pela presença de uma estrela, do mesmo peso da utilizada pela conquista do Campeonato Brasileiro de 1988, em seu uniforme. Lesionado, Pelé não atuou no último jogo, realizado já em 1960, no dia 29 de março, em função de uma excursão do time ao exterior.[9]
Com a conquista da Taça Brasil de 1959, o Bahia já naquela época foi considerado campeão brasileiro de clubes.[9][11][10][5] Como está confirmado em uma matéria do jornal O Globo, que em sua edição seguinte ao fim da competição destacou a conquista do Bahia da seguinte forma: "Primeiro campeão brasileiro de todos os tempos, um título único e inédito de uma importância sem igual. Uma odisseia fantástica do Esporte Clube Bahia, quase desacreditado depois da derrota em Salvador, vitorioso e inconstante no Rio de Janeiro, no templo do futebol, o Maracanã, contra o maior time do mundo."[13] Na época, o jornal Folha de S. Paulo que, também, destacou o título do Bahia, em sua edição de 30 de março de 1960, da seguinte maneira: "O EC Bahia, depois de uma campanha das mais brilhantes, sagrou-se na noite de ontem, no Maracanã, o primeiro campeão brasileiro de futebol, ao derrotar o Santos pela contagem de 3 a 1, em um resultado dos mais merecidos".[1] Além da A Gazeta Esportiva, que, assim como muitos jornais, também, tratou o Bahia como campeão brasileiro, publicando o seguinte em sua edição do dia 30 de março de 1960: "O Bahia conseguiu esta noite, no Maracanã, o título inédito no futebol brasileiro, qual seja o de campeão brasileiro por equipes, garantindo sua participação no próximo Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões. A rigor, só tivemos de bom o primeiro tempo, quando as equipes visaram a prática do futebol. No segundo período, entretanto, o juiz Frederico Lopes colocou tudo a perder, permitindo o jogo violento."[9]
As críticas à arbitragem não diminuíram a felicidade dos soteropolitanos. Foi realizada uma grande festa em Salvador, encampada politicamente pelo prefeito da cidade, Heitor Dias, que afirmava de forma entusiasmada: "Salvador hoje completa 411 anos de fundação e o melhor presente foi a grande conquista do Esporte Clube Bahia". Como uma volta ao passado, mais uma vez a Bahia rompia a hegemonia de cariocas e paulistas no cenário nacional, uma vez que o estado já havia ganho o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, em 1934.[13]
Na conquista do primeiro Campeonato Brasileiro realizado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), entidade máxima do futebol na época, o clube baiano disputou catorze partidas, venceu nove, empatou dois e perdeu três, marcou vinte e cinco gols e sofreu dezoito. Ademais, a equipe também fez ainda o artilheiro da competição – Léo, com oito gols.[14]
A Taça Brasil de 1959 foi dividida em três fases, todas em sistema eliminatório ("mata-mata"). Na primeira fase, os clubes foram divididos em quatro grupos, Grupo Nordeste, Grupo Norte, Grupo Leste e Grupo Sul. Na segunda fase, os vencedores dos grupos Nordeste e Norte disputaram o título de campeão da Zona Norte e os dos grupos Leste e Sul o da Zona Sul. A fase final foi disputada entre os campeões das Zonas Sul e Norte e os representantes do Estado de São Paulo e Distrito Federal(na época, a cidade do Rio de Janeiro), inscritos diretamente nesta fase.
Critérios de desempate
Todos os jogos da Taça Brasil de 1959 foram disputados em modo eliminatório (mata-mata) em dois jogos de ida e volta. A equipe que somar mais pontos passava para a fase seguinte. Caso nos dois jogos as equipes tivessem o mesmo número de pontos (dois empates ou uma vitória para cada lado independente do número de gols entre os jogos) era disputado um jogo extra. Nesta partida, caso persistisse o empate, o time que tivesse o maior "goal-average" (média dos gols marcados dividido pelos gols sofridos) nas três partidas da fase era o vencedor. Se mesmo assim o empate persistisse, a vaga seria decidida no cara ou coroa.
Atlético Paranaense: William; Lindomar e Borracha; Belfare, Tocafundo e Sano; Péricles, Gaivota, Orlei (Isabelino), Jerônimo e Tião. Técnico: Motorzinho.
Hercílio Luz: Pipa; Adir e Rato; Ernesto, Parafuso e Ernani; Galego, Camanga, Luizinho, Vitoldo e Gonzaga.