Resultados do Grande Prêmio da França de Fórmula 1 realizado em Dijon-Prenois em 1º de julho de 1979. Oitava etapa do campeonato, esta prova marcou a primeira vitória de Jean-Pierre Jabouille e da equipe Renault na história da categoria, mas para os fãs o grande acontecimento do dia foi um duelo de pilotos considerado o mais sensacional da história da Formula 1: nas últimas voltas, o canadense Gilles Villeneuve, da Ferrari, e o francês René Arnoux, da Renault, duelaram pela segunda colocação da corrida, um ultrapassando o outro por várias vezes. No fim, Villeneuve chegou em segundo e Arnoux em terceiro.[1][2][3]
Nos dias que antecederam ao Grande Prêmio da França, Patrick Depailler sofreu um acidente a 3 de junho enquanto voava de asa-delta. Regatado próximo ao Puy de Dôme na região central do país, foi enviado ao Centro Hospitalar Universitário de Clermont-Ferrand onde diagnosticaram fraturas nas pernas, no tornozelo e em algumas costelas.[4] Contrariado, Guy Ligier lamentou que seu funcionário tenha se exposto a riscos desnecessários e no fim daquele mês anunciou a contratação de Jacky Ickx, vice-campeão de Fórmula 1 em 1969 e 1970 e multicampeão das 24 Horas de Le Mans.[5][6][7][nota 1]
Outra substituição entre os pilotos foi a contratação de Keke Rosberg para substituir James Hunt como titular da Wolf pelo resto da temporada, afinal o britânico encerrou a carreira em Mônaco e passou a comentar as corridas de Fórmula 1 ao lado de Murray Walker na BBC.[8]
Previsto para 16 de junho de 1979, o Grande Prêmio da Suécia foi cancelado por falta de patrocínio e desde então a Fórmula 1 não retornou ao país.[9][10][11] Influíram nessa decisão as mortes de Ronnie Peterson em 11 de setembro de 1978 após um acidente no Grande Prêmio da Itália[12][13] e de Gunnar Nilsson a 20 de outubro daquele ano vítima de câncer nos testículos.[14][15]
Já na sexta-feira o desempenho do modelo Renault RS10 fazia do conjunto francês o favorito para os treinos oficiais vindouros quando, de fato, Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux capturaram a primeira fila no dia seguinte à frente de Gilles Villeneuve e sua Ferrari e de Nelson Piquet, da Brabham, deixando Jody Scheckter, o líder do campeonato, em um discreto quinto lugar com o outro carro de Maranello num treino onde o tempo oscilava entre frio, vento e calor esporádico. Menos satisfeito estava Jacques Laffite com sua Ligier em oitavo lugar, contudo destino pior foi o de Didier Pironi cuja Tyrrell apresentou uma falha nas rodas traseiras pouco antes da entrada da reta e bateu na barreira de contenção. Em meio à balbúrdia, o australiano Alan Jones foi acusado de ultrapassar um adversário sob bandeira amarela e teve cassada a volta que poderia render um lugar nas primeiras filas à sua Williams, sétimo carro do grid.[16]
Não obstante a inédita primeira fila da Renault, foi Gilles Villeneuve quem saiu à frente seguido por Jabouille e Scheckter numa perseguição que durou quatorze voltas até que Arnoux (cuja má largada o fez cair para nono) tomou a terceira posição do sul-africano. Líder da prova, Villeneuve exigia tudo de seu equipamento para salvaguardar a posição que ocupava, entretanto forçava demasiadamente sua Ferrari nas curvas de modo a compensar a grande potência do turbo que impulsionava o carro de seu rival, estratégia ruinosa para os pneus do canadense. De fato Jean-Pierre Jabouille tornou-se líder na quadragésima sétima volta enquanto seu rival ferrarista estava meio minuto adiante de René Arnoux.
A partir de então a diferença pró-Villeneuve foi paulatinamente encurtada até que Arnoux subiu à segunda posição na septuagésima oitava volta, pois àquela altura o bólido do canadense apresentava sinais de desequilíbrio em seu conjunto dada a quantidade de vezes que seus pneus "fritaram" antes daquele momento. Contudo o rendimento de Arnoux também decaíra graças ao rareamento do motor e por isso Villeneuve manteve-se próximo ao rival a ponto de forçar uma ultrapassagem e retomar o segundo lugar na penúltima volta. Brioso, Arnoux partiu para o revide e tocou rodas com Villeneuve por mais de uma vez e nisso ambos trocaram momentaneamente de posições até que o ferrarista firmou-se em segundo lugar e superou René Arnoux por menos de três décimos de segundo.[3] Ao fim da prova os dois abraçaram-se calorosamente nos boxes em reconhecimento ao espetáculo proporcionado ao público.[17] Sobre este dia, Arnoux declarou: "É a melhor memória da minha carreira de piloto de corridas".[3]
Euforia à parte, Jean-Pierre Jabouille cruzou a linha de chegada quinze segundos à frente de Gilles Villeneuve e René Arnoux e com isso tornou-se o primeiro nativo a vencer o Grande Prêmio da França desde Jean-Pierre Wimille em 1948. Cansado,[18] o piloto entrou para a história não apenas por seu primeiro triunfo na carreira, mas também como autor da primeira vitória tanto da equipe Renault[19] quanto de um carro com motor turbo.[20]
Mesmo fora da zona de pontuação, Jody Scheckter manteve a liderança do campeonato com os 30 pontos de outrora tendo Gilles Villeneuve como vice-líder com 26 enquanto a Ferrari, equipe de ambos, liderava o mundial de construtores com 60 pontos.[nota 2]