Campeã mundial de construtores nos Países Baixos, a Lotus fez de seu sétimo título na categoria, o salvo-conduto necessário para decidir o mundial de pilotos a seu modo, sobretudo pela vantagem de 12 pontos de Mario Andretti sobre Ronnie Peterson e a proibição contratual do sueco de ultrapassar seu companheiro de equipe.[5] Nos treinos, o norte-americano conseguiu a pole position dividindo fila com Gilles Villeneuve, para a alegria da Ferrari, enquanto Jean-Pierre Jabouille fez valer a força de sua Renault e ficou em terceiro, adiante da Brabham de Niki Lauda, cabendo a Ronnie Peterson a vizinhança da Williams de Alan Jones. Dentre os italianos inscritos para a contenda, o melhor colocado foi Riccardo Patrese, décimo segundo lugar com a Arrows, e dentre os não classificados estavam o milionário mexicano Héctor Rebaque e o italiano Carlo Franchi. O primeiro dirigia um Lotus 78 pertencente à sua própria equipe, a Rebaque, enquanto Carlo Franchi (mais conhecido como "Gimax") estava a bordo de uma Surtees.[6][7]
Vítima de uma falha no freio traseiro, Ronnie Peterson bateu seu Lotus 79/3 na chicane Della Roggia durante o warmup na manhã de domingo, obrigando-o a utilizar o Lotus 78 reserva para a corrida, o que acabou sendo parte dos dramáticos eventos posteriores.[8]
Acidente de Ronnie Peterson
A corrida começou às 10:30 pelo Horário de Brasília. Na volta de aquecimento, Patrick Tambay foi aos boxes para examinar sua caixa de câmbio. O diretor da prova, Gianni Restelli, acionou o sinal verde quando parte dos carros estavam alinhados do grid e outros em movimento. Logo as máquinas afunilaram-se na altura da chicane, com pouco espaço para manobrar. James Hunt foi ultrapassado pelo lado direito por Riccardo Patrese e o britânico instintivamente virou para a esquerda e bateu na roda traseira direita do carro de Peterson, com Vittorio Brambilla, Hans-Joachim Stuck, Patrick Depailler, Didier Pironi, Derek Daly, Clay Regazzoni e Brett Lunger atingidos em meio ao caos. O Lotus de Peterson bateu forte na mureta e explodiu. Preso nas ferragens, ele foi resgatado por Hunt, Regazzoni e Depailler. Arrastado e colocado no meio da pista, o sueco estava consciente e havia sofrido queimaduras leves, mas com graves lesões nas pernas. Vinte minutos passaram até que os médicos chegassem ao local, e nesse ínterim os bombeiros retiraram Brambilla de seu carro, constatando que o piloto da Surtees foi atingido por uma roda solta, sofreu uma fratura craniana e ficou inconsciente. Tanto o italiano quanto Peterson foram levados de ambulância ao Niguarda, hospital nas cercanias de Milão.[9]
Outras informações
Mario Andretti e Gilles Villeneuve acabaram a prova respectivamente em primeiro e segundo lugar, mas receberam, cada um, um minuto de penalidade no tempo final de corrida, por queimarem a largada.
Devido ao grande tempo necessário após o grave acidente ocorrido a primeira volta para limpar a pista, a prova teve apenas 40 voltas, em vez das 52 previstas.
O início da prova sofreu longo atraso pois, na formação do grid para o reinício da corrida, o piloto Jody Scheckter perdeu a roda do carro e bateu forte. Por sorte, o piloto saíu sem maiores complicações do local do acidente, mas as barreiras de pneus onde ele se chocou ficaram completamente destruídas. Um outro grande atraso decorreu da reorganização destas barreiras, e a corrida somente reiniciou por volta das 6 horas da tarde (18 horas), horário local.
Foi exatamente nesta corrida que estreou na F-1 o semáforo, em substituição ao antigo método de largada em que se baixava uma bandeira com as cores do país-sede do GP.
No entanto, o diretor da prova, Gianni Restelli, atrapalhou-se com a novidade: antes que os carros das últimas filas do grid houvessem parado, foi acionada a luz verde. Os pilotos que vinham de trás, portanto, arrancaram em maior velocidade, o que fez com que todos os carros chegassem juntos ao ponto em que a reta se estreitava antes da Chicane Goodyear. Alguns carros se tocaram, e o Lotus de Ronnie Peterson foi jogado para fora da pista, de encontro ao guard-rail. O choque danificou seriamente a parte dianteira do Lotus e rompeu os tanques de combustível, causando um grande incêndio. Peterson foi tirado do carro com graves ferimentos nas pernas, por bombeiros e outros pilotos, e foi internado. Os primeiros procedimentos médicos no atendimento incluíram a amputação do pé esquerdo do piloto. No dia seguinte, ele faleceu, vítima de embolia causada pelas fraturas.
Nas entrevistas dos pilotos após a prova, o inglês James Hunt declarou que, pelo som que emitia no momento da largada, o antigo Lotus reserva que Peterson estava usando parecia ter problemas e não acelerar devidamente, o que teria contribuído para o desastre. No mesmo acidente foi seriamente ferido o piloto italiano Vittorio Brambilla, atingido na cabeça por uma roda solta de um dos carros envolvidos (provavelmente de Schekter), e alguns meses depois outro piloto italiano, Riccardo Patrese, foi colocado em sursis pela FIA, sob a acusação de ter sido elemento culposo do acidente. Por conta da confusão ocorrida com o uso do semáforo no GP da Itália, determinou-se que a largada só poderia ser dada depois que um fiscal atravessasse o grid com uma bandeira na mão, sinalizando que todos os carros haviam parado.
Nota: Somente as primeiras cinco posições estão listadas e os campeões da temporada surgem grafados em negrito. As dezesseis etapas de 1978 foram divididas em dois blocos de oito e neles cada piloto podia computar sete resultados válidos. Dentre os construtores era atribuída apenas a melhor pontuação de cada equipe por prova.
Notas
↑Em 1950 seria realizado o vigésimo "Grande Prêmio da Itália", mas o mesmo foi erroneamente creditado como o vigésimo primeiro e por esta razão a numeração oficial do evento contém uma prova a mais que as efetivamente realizadas.