Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro e do antigo canal de acesso ao Paul, contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Erguia-se a nor-nordeste, aproximamente a 550 metros do Forte de Santo Antão, cruzando fogos com ele e com o Forte das Chagas.
Não de conhecem, entretanto, referências a esta fortificação anteriores à ação de Araújo e Azevedo,[3] o que leva a acreditar que tenha sido efetivamente erguido entre 1818 e 1819, por determinação daquele Capitão-general, sob a orientação do Engenheiro MilitarJosé Rodrigo de Almeida,[4] à época coronel de Milícias da Vila da Praia.[5]
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), teve parte ativa na Batalha da Praia (11 de agosto de 1829) contra as forças de Miguel I de Portugal. Na ocasião encontrava-se sob o comando do artilheiro voluntário José Paulo Machado, natural da vila da Praia, que dispunha de apenas uma peça montada e de uma guarnição de quatro artilheiros de costa, um artilheiro de linha, três caçadores do Batalhão nº 5 e seis soldados de infantaria, tendo causado extensos danos aos atacantes.[6]
A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que se encontrava em bom estado.[7]
Foi severamente danificado por uma grande intempérie no ano de 1870, que solapando a escarpa em que se assentava, causou-lhe a derrocada parcial dos muros.
Quando do tombo de 1881, foi encontrado em mau estado, aos cuidados de um sargento reformado o qual, como forma de pagamento, ficava com o usufruto do terreno. Parte da sua muralha voltada para o mar já havia desaparecido, vítima da erosão marinha a partir dos grandes temporais de 1870. Por não mais apresentar utilidade militar, foi proposto para arrendamento juntamente com outros fortes da ilha numa relação enviada ao inspector de engenharia da 5ª Divisão Militar, no dia 20 de Agosto de 1881.[8]
Em alvenaria de pedra, estava assente sobre uma escarpa rochosa e apresentava planta poligonal irregular, com uma área total de 308,60 metros quadrados (forte e dependências). Em seus muros rasgavam-se quatro canhoneiras, guarnecidas por quatro peças de artilharia, duas montadas sobre carretas pelo lado do mar, e duas jogando à barbeta, nos vértices.
De acordo com o Tombo dos Fortes da Ilha Terceira, em 1881 possuía uma casa destinada à guarda e um paiol, ambas adossadas pelo exterior, e que apresentavam telhado, tarimbas e portas. O seu recinto era lajeado em cantaria de pedra.
Possuía anexo um terreno de cultivo, para a subsistência da guarnição. Era acedido por um caminho em terras de particulares. Registra-se que, pelo fato do terreno do forte nunca ter sido murado, sempre houve confusão entre as mesmas e as dos particulares, seus vizinhos.
↑Damião Pego. "Tombos dos Fortes da Ilha Terceira".
Bibliografia
BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que devem ser conservados para defeza permanente." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 272-274.
DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira (fac-simil. da ed. de 1859). Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981.
FARIA, Manuel Augusto. "Ilha Terceira – Fortaleza do Atlântico: Forte de São João". in Diário Insular, s/d.
FARIA, Manuel Augusto. "Plantas dos Fortes da Ilha Terceira". Atlântida, vol. LXV, 2000. p. 154-171.
MOTA, Valdemar. "Fortificação da Ilha Terceira". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Arthur Teodoro de (coord.). "Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.