Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.
Inicialmente compreendido na freguesia do Cabo da Praia, encontra-se hoje na de Porto Martins por divisão administrativa da primeira. Dista 1.200 metros a leste do Forte de São Fernando, cruzando fogos com ele e com o Forte de São Filipe.
"Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas." [1]
"18º - Forte de Nossa Senhora da Nazareth. Foi feito de novo, tem cinco canhoneiras e peças nenhuma; precisa de cinco com os seus reparos, e para se guarnecer cinco artilheiros e vinte auxiliares."[2]
Encontra-se referido como "Forte de N. Sa. da Nazaré" no relatório "Revista dos fortes e redutos da ilha Terceira", do capitão de Infantaria Francisco Xavier Machado (1772), representado com cinco canhoneiras e dependência de serviço pelo lado de terra.[3]
Encontra-se referido como "19. Forte de N. S. da Nazareth tambem feito no mesma ocaziao [no tempo da campanha passada]" no relatório "Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira", do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: "Tambem perciza portáo, e conserto em hua janella."[4]
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) voltou a revestir-se de importância estratégica, constando o seu alçado e planta na "Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo d'Almeida em 1830", atualmente no Gabinete de Estudos de Arquitetura e Engenharia Militar, em Lisboa.
A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que "Tem algumas ruinas a cuja reparação se está procedendo."[5]
Quando da realização do Tombo de 1881, foi encontrado abandonado e em ruínas.[6]
Desde 2005 os seus restos encontram-se transformados em miradouro, sob a responsabilidade da Junta de Freguesia.
Características
Do tipo abaluartado, com pequenas dimensões, apresentava planta no formato pentagonal, ocupando uma área de 142,2 metros quadrados. Em suas muralhas, de cantaria de pedra, rasgavam-se, conforme as diferentes representações ao longo dos séculos, cinco, quatro e três canhoneiras. Pelo lado de terra, na gola, erguia-se uma pequena casa da guarda.
Anónimo. "Colecção de todos os fortes da jurisdição da Villa da Praia e da jurisdição da cidade na Ilha Terceira, com a indicação da importância da despesa das obras necessárias em cada um deles (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
Anónimo. "Revista aos Fortes que Defendem a Costa da Ilha Terceira – 1776 (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVI, 1998.
BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que devem ser conservados para defeza permanente." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 272-274.
DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira (fac-simil. da ed. de 1859). Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981.
JÚDICE, João António. "Revista dos Fortes da Terceira". in Arquivo dos Açores, vol. V (ed. fac-similada de 1883). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 359-363.
MACHADO, Francisco Xavier. Revista dos fortes e redutos da Ilha Terceira - 1772. Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Assuntos Sociais; Gabinete da Zona Classificada de Angra do Heroísmo, 1983. il.
MARTINS, José Salgado, "Património Edificado da Ilha Terceira: o Passado e o Presente". Separata da revista Atlântida, vol. LII, 2007. p. 41.
MOTA, Valdemar. "Fortificação da Ilha Terceira". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Arthur Teodoro de (coord.). "Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.