Ambientada na cidade de São Paulo, Brega & Chique tem como personagens centrais duas mulheres, Rafaela e Rosemere. De ambientes sociais inteiramente opostos, as duas têm suas histórias cruzadas por causa de Herbert, empresário paulistano "casado" com ambas. A sua família oficial é formada por Rafaela, os filhos Ana Cláudia, Teddy e Tamyris, além do genro Maurício e da sogra Francine. Rafaela é uma mulher rica, sofisticada, desligada dos problemas do cotidiano, cheia de manias e futilidades. Mora em uma mansão em um bairro nobre de São Paulo. A segunda família de Herbert, na qual é conhecido pelo nome Mário Francis, é formada por Rosemere e Márcia, filha dos dois. Rosemere é uma mulher simplória, pobre e brega. Batalhadora, mora em um bairro da periferia de São Paulo, mantendo a casa e a família, que enfrenta dificuldades financeiras. Além de Márcia, tem outros dois filhos: Vânia e Amaury. Rosemere ainda ajuda o pai, Lourival. Rafaela e Rosemere, quando se conhecem, tornam-se amigas.
A novela começa quando Herbert, para escapar da falência, simula a própria morte e foge do país, abandonando sua família legítima. Preocupado com Rosemere, ele deixa uma boa quantia em dólares para que ela e a família possam sustentar-se. Endividada e sem nenhuma fonte de renda, Rafaela se vê obrigada a mudar-se com a família para um bairro mais simples e vai morar na mesma vila onde Rosemere vive com os filhos. As duas se conhecem e tornam-se amigas. Enquanto Rosemere ensina Rafaela a ganhar e economizar dinheiro, Rafaela dá aulas de etiqueta para a nova rica.
Além da ajuda de Rosemere, Rafaela conta com o apoio de Montenegro, secretário particular e cúmplice de Herbert. Apaixonado por Rafaela, ele está sempre por perto e faz tudo para ajudá-la a sair daquela difícil situação. Rosemere também tem um admirador: o bruto e apaixonado Baltazar, marceneiro do bairro,que é alguns anos mais novo do que ela.
A trama sofre uma reviravolta quando Herbert retorna ao país, após uma cirurgia plástica, com o nome de Cláudio Serra. Ele decide encontrar-se com suas ex-mulheres, separadamente, e as convida para jantar. Durante a conversa, ele pergunta sobre Herbert e Mário, e tanto Rosemere como Rafaela falam muito mal de seus ex-maridos, para desconforto de Cláudio. Mesmo assim, o conquistador barato decide reaproximar-se das duas, a quem ele chama de Alfa I (Rafaela) e Alfa II (Rosemere).
Em determinado momento da história, Rafaela e Rosemere, comentando sobre seus ex-companheiros, descobrem que os dois são a mesma pessoa, e ainda descobrem que existe uma terceira mulher na vida de Herbert, Zilda, ex-melhor amiga de Rafaela. Depois de muita confusão, toda a verdade sobre Cláudio Serra é revelada. Ele morre, dormindo, enquanto sonha com sua verdadeira face. Rafaela, Rosemere e Zilda reconstroem suas vidas ao lado de outros homens. Rafaela se entrega ao amor de Montenegro, Rosemere casa-se com Baltazar, e Zilda, com Pedro. Com a ajuda de Montenegro, Rafaela consegue passar para seu poder os dólares que Herbert guardava a sete chaves em uma conta na Suíça, prometendo dividir a herança com Rosemere e Zilda
Produção
A trama teve o título provisório Caviar e Goiabada.[3]
Para acompanhar o ritmo ágil da trama, a equipe de produção utilizou vários efeitos especiais, como o wipe, que faz com que a imagem seja varrida da tela, para mudar de cena, e o filó, que dividia tela ao meio, para a transmissão de duas cenas em simultâneo. Para além disto, a produção usou também animação.[2]
Brega e Chique popularizou as lentes de contato coloridas, usadas por Rafaela e Rosemere.[2]
Nos créditos de abertura, a ordem de aparição dos nomes de Marília Pêra e Glória Menezes alternava-se diariamente.
Foi reexibida também no quadro de reprises compactadas do Video Show, o Novelão da Semana, de 4 a 8 de junho de 2012, substituindo Tieta e sendo substituída por A Gata Comeu, em cinco capítulos.
Foi reapresentada novamente no Novelão, de 5 a 12 de janeiro de 2015, em cinco capítulos, substituindo Tieta, e com narração de Marília Pêra. Originalmente o último capítulo deveria ser exibido na sexta feira, dia 9. No entanto, a cobertura jornalística do atentado terrorista ao jornal Charlie Hebdo, ocorrido no dia 7 em Paris, e dos desdobramentos nos dias seguintes, fez com que o último capítulo da reprise fosse adiado para o dia 12.
Foi exibida na íntegra pelo Viva, de 19 de fevereiro a 7 de setembro de 2020, substituindo Selva de Pedra e sendo substituída por Sassaricando, que foi também sua substituta na exibição original em 1987.[5]
Está sendo reexibida na íntegra no Viva Fast, a versão gratuita do canal por assinatura, desde 12 de agosto de 2024, também substituindo Sassaricando.[6] Foi também a última telenovela do Viva 80 Fast, já que no dia 16 de dezembro de 2024, foi iniciado o processo de fusão com o Viva 70 Fast, sendo concluído no dia 26 e a trama sendo mantida na grade do canal normalmente, agora assinando como Viva Fast.[7]
Outras mídias
No dia 26 de outubro de 2020, foi disponibilizada na íntegra no Globoplay através do Projeto Resgate.[8]
Repercussão
Audiência
Em sua exibição original, alcançou média geral de 57 pontos no IBOPE pelo método eletrônico, sendo até hoje considerada uma das novelas das sete de maior audiência de todos os tempos (muito acima da meta estipulada pela Globo para o horário, que era de 40 pontos) e também um dos trabalhos mais memoráveis da carreira de Cassiano Gabus Mendes como escritor de telenovelas. A audiência e repercussão que a trama obteve junto ao público foram tantas que acabaram por superar O Outro, de Aguinaldo Silva, novela das oito exibida na época[9][10]
Controvérsias
Desde o seu início, a novela se mostrou bastante polêmica, começando pela abertura exibida. Nela, o modelo Vinícius Manne aparecia com as nádegas à mostra. Após a reclamação de telespectadores mais conservadores, o governo Federal exigiu que fosse colocada uma folha de parreira sobre o traseiro do modelo. Feito isso, novos protestos surgiram em prol da nudez, e acusação de censura. Então o Ministro da Justiça (que na época era Paulo Brossard) liberou a abertura original.[11]
Moradores do bairro Itaim Bibi protestaram contra o deboche no qual a personagem Rafaela se referia ao bairro. Em resposta, o autor Cassiano Gabus Mendes precisou rescrever as falas da personagem em relação ao bairro, em que Rafaela ironizava o bairro despejando elogios.[11]
Outro momento de polêmica foi o diálogo no qual Rafaela afirmou que se casaria com "o primeiro que aparecer, qualquer um, leiteiro, lixeiro, faxineiro, tintureiro, nem que seja japonês", que foi ao ar em 7 de julho de 1987 foi o suficiente pra deixar comunidade japonesa no Brasil possessa com a novela. Uma carta de protesto já estava pronta e ao assunto já tinha virado capa de jornal. Como resposta, o autor Cassiano Gabus Mendes justificou que a personagem era fútil, por isso falava muita besteira.[11]
Em outro momento constrangedor, Teddy (Tarcísio Filho), afirmou que "secretária de chefe é assunto particular" incomodou outra categoria profissional, a das secretárias executivas. O assunto foi destaque no Jornal do Brasil e uma carta de protesto foi enviada à Globo. Além disso, elas também se incomodavam com a personagem Silvana (Cássia Kiss), tendo seu comportamento e trajes considerados inadequados para a profissão.[11]
Trilha sonora
O nome da novela foi tirado de um sucesso do cantor Eduardo Dussek, a música "Brega Chique" de 1984 não contém no disco, conta uma história de uma doméstica atrapalhada. A canção mencionada fez parte da trilha sonora da novela "Transas e Caretas", também do horário das 19 horas, exibida em 1984 pela TV Globo, como tema da personagem "Ana", defendida por Aracy Balabanian.[12]
A faixa "Music", de F. R. David, foi, na mesma época, traduzida para português e ganhou as paradas de sucesso na voz de Marquinhos Moura, sob o título "Meu Mel".
A canção "Everything I Own", aqui na voz de Boy George, mais conhecido como vocalista da banda Culture Club, foi originalmente gravada pelo grupo Bread, na década de 1970.
"Somewhere Out There" foi tema de Fievel: um Conto Americano (Fievel: an American Tale), um desenho animado de longa-metragem, e concorreu ao Oscar na categoria Melhor Canção, em 1987.
Brega & Chique Internacional foi o primeiro lançamento do selo "Globo Discos", ligado a Sigla, que também era dona da Somlivre.