A Viagem é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 11 de abril a 22 de outubro de 1994 em 167 capítulos.[2][nota 1] Substituiu Olho no Olho e foi substituída por Quatro por Quatro, sendo a 50ª "novela das sete" exibida pela emissora. O principal tema abordado é o Espiritismo. Escrita por Ivani Ribeiro,[3] com colaboração de Solange Castro Neves, teve direção de Ignácio Coqueiro, Maurício Farias e Wolf Maya (este também na direção geral). É um remake da telenovela homônima transmitida entre 1975 e 1976 pela Rede Tupi.[1]
Contou com as participações de Christiane Torloni, Antônio Fagundes, Guilherme Fontes, Maurício Mattar, Andréa Beltrão, Cláudio Cavalcanti, Lucinha Lins e Miguel Falabella.[1]
Enredo
Alexandre (Guilherme Fontes) é um playboy inconsequente, namorado de Lisa (Andréa Beltrão), que matou um homem em uma tentativa de roubo. Ao fugir da polícia, é delatado pelo irmão Raul (Miguel Falabella) e pelo cunhado Téo (Maurício Mattar). O famoso criminalista Otávio Jordão (Antônio Fagundes) não aceita defendê-lo nos tribunais, pois a vítima era um amigo pessoal. Para ajudá-lo, Alexandre conta apenas com a irmã mais velha, Diná (Christiane Torloni), que luta para livrá-lo da cadeia. Até mesmo a namorada Lisa o abandona. Condenado, o rapaz comete suicídio na prisão, amaldiçoando todos que o traíram.
A temperamental Diná é casada com Téo, um rapaz mais jovem e boa pinta que sofre com o ciúme doentio da esposa, o que coloca o casamento em xeque. A mãe doente, Dona Maroca (Yara Cortes), tenta se recuperar da perda do filho caçula com a amizade do médico da família, o Dr. Alberto (Cláudio Cavalcanti). Ele é um médico espiritualista que apaixona-se por Estela (Lucinha Lins), a outra filha de Maroca. Abandonada pelo marido Ismael (Jonas Bloch), um mau-caráter, Estela criou sozinha a filha Bia (Fernanda Rodrigues), que sonha em reencontrar o pai.
Raul, irmão de Alexandre, Diná e Estela, tem um casamento feliz com Andreza (Thaís de Campos) e uma boa relação com a sogra, Dona Guiomar (Laura Cardoso), que o trata como filho. Para completar a felicidade do casal, falta um bebê, que os dois lutam para conseguir. O advogado Otávio Jordão é também amigo do Dr. Alberto. Viúvo, é pai de dois filhos: Tato (Felipe Martins), que quer seguir a sua carreira, e o garoto Dudu (Daniel Ávila). Após a morte de Alexandre, a vida de todos esses personagens muda drasticamente.
O espírito de Alexandre planeja uma vingança contra os que lhe viraram as costas. Seus principais alvos são Raul, Téo e Otávio. Dona Guiomar, influenciada pelo espírito de Alexandre, transforma o casamento do genro e da filha em um inferno, até conseguir separá-los. O filho de Otávio, Tato, deixa de lado os estudos e torna-se um delinquente, tal qual Alexandre fora um dia. E Téo passa a sofrer de surtos que o deixam violento, principalmente depois que se separa de Diná e se envolve com Lisa, a antiga namorada de Alexandre.
Entretanto, Alexandre não contava que Diná, a única que lhe estendeu a mão, fosse se apaixonar por Otávio, o seu maior desafeto. O Dr. Alberto, adepto do Espiritismo, tenta, por meio de reuniões mediúnicas, conscientizar o espírito atormentado de Alexandre do mal que causa às pessoas. O clímax é a morte de Otávio, em um acidente. Diná e ele passam a viver um amor transcendental. Porém, ela adoece e também morre. Juntos em outro plano, em um lugar conhecido como Nosso Lar, os dois tentam neutralizar a má influência de Alexandre sobre seus entes queridos.
Produção
Inspirações
A Viagem é um remake da telenovela homônima escrita por Ivani Ribeiro e exibida pela Rede Tupi entre 1975 e 1976. A história aborda a vida após a morte segundo a doutrina espírita. Para escrevê-la, a autora baseou-se nos livros E a Vida Continua... (1968) e Nosso Lar (1944), psicografados pelo médium Chico Xavier.[1][4]
A telenovela seria inicialmente transmitida na faixa das 18 horas. Porém, no horário das sete, a sucessora de Olho no Olho, que seria Vira Lata, enfrentou problemas de produção e foi engavetada pela emissora para posterior execução; assim, A Viagem foi realocada para este horário. A demora desta decisão fez com que o diretor Wolf Maya iniciasse os trabalhos da novela em vinte dias até sua estreia.[5]
Quando escreveu o remake, Ivani Ribeiro estava com dificuldades para enxergar devido a complicações da diabetes. Sua colaboradora Solange Castro Neves lia o roteiro original e redigia as adaptações discutidas com ela. A Viagem foi a última novela escrita por Ivani, que faleceu em 1995, aos 73 anos, vítima de insuficiência renal.[1]
Escolha de elenco
Para interpretar a protagonista Diná, Wolf Maya convidou Regina Duarte, que estava afastada das novelas desde Rainha da Sucata. Porém Regina não pode aceitar o papel, sendo Christiane Torloni convidada logo em seguida.[6] Na época, a atriz morava em Portugal e foi convencida a fazer a novela com o argumento de que se tratava de uma história de comédia, o que não era exatamente a realidade.[6]
Cláudio Corrêa e Castro foi o único ator a participar das duas versões da novela. Em 1975, viveu Daniel, mentor do Nosso Lar, já em 1994 fez uma participação como o advogado de defesa de Alexandre.
A Viagem foi a primeira e única novela da atriz e cantora Chris Pitsch, que faleceu prematuramente em 1995, aos 24 anos, vítima de um infarto.[7]
Cenografia e locações
Para ambientar a trama, a equipe de cenografia montou cinquenta cenários e mais de 200 ambientações nos Estúdios Herbert Richers, no bairro carioca da Tijuca, além de uma cidade cenográfica em Jacarepaguá, também no Rio, para o núcleo da vila na Urca. O Petrópolis Golf Clube, na cidade fluminense de Petrópolis, era utilizado para representar o Nosso Lar, local para aonde vão Otávio e Diná depois de mortos.
Enquanto uma pedreira desativada em Niterói retratava o Vale dos Suicidas, local onde ficava Alexandre e outros espíritos atormentados. Para compor o cenário,
a equipe inspirou-se na obra "Inferno (Divina Comédia)", de Dante Alighieri, e também na Cracolândia, localizada em São Paulo.[1]
Para o apartamento onde morava Diná, foi usado como fachada o condomínio Barramares, situado na Avenida Lúcio Costa 3300, na Barra da Tijuca. Já para a Fazenda Maktub, de Dona Guiomar, a locação usada foi a Fazenda Vista Alegre, no município de Valença, no Vale do Café, sul da região fluminense. A cena final da novela, que mostrou Diná e Otávio de volta à eternidade, foi gravada na Gruta de Maquiné, em Minas Gerais.[1]
Os elementos contidos nas cenas remetiam ao mais representativo da década de 1990: os primeiros computadores pessoais (PCs), os celulares "tijolões", os discmans, o Kadett GSI conversível vinho de Diná e a videolocadora da qual Diná e Andrezza eram sócias.[1]
Modificações
Os nomes de alguns personagens da versão original foram modificados na adaptação: Dona Isaura, mãe de Diná, tornou-se Dona Maroca; Maria Lúcia, filha de Estela, passou a ser Bia; Dona Josefina, mãe de Téo, chamou-se Josefa; e Dona Cidinha, dona da pensão na história, virou Cininha. O protagonista César Jordão ganhou Otávio como primeiro nome, pois um dos personagens da antecessora da novela, Olho no Olho, também se chamava César. O sobrenome da família de Diná também foi alterado, de Veloso para Toledo.[6]
Elenco
Participações especiais
Ator/Atriz |
Personagem[1]
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Jayme Periard |
Igor Telles[8]
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Eduardo Filipe |
Dedé[8]
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Nildo Parente |
Waldomiro Marcondes[8]
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Tessy Callado |
Oneida Queiroz[8]
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Andréa Avancini |
Tainá[1]
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Henrique César |
Dr. Duarte[8]
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Léa Garcia |
Natália, espírito do Nosso Lar[8]
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Antônio Pompeo |
Paulinho, espírito do Nosso Lar[8]
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Giovanna Gold |
Adriana Pacheco (Drica)[1]
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Ana Beatriz Wiltgen
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Lili[1]
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Beto Simas |
Laerte[1]
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David Y. W. Pond |
Kazuo Tanaka[1]
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Maria Cristina Gatti
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Lindalva[1]
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Flávio Antônio |
Detetive Aristides Maia[1]
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Mário Borges |
Dr. Sérgio[1]
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Cristina Ribeiro
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Araci[1]
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Edwiges Gama
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Sônia
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Mônica Carvalho
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Gilda[1]
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Luíza Curvo |
Taís[carece de fontes]
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Lúcio Mauro Filho |
Caíto, amigo de Tato e Johnny[1]
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Miriam Freeland |
Cris, amiga de Bia[1]
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Caio Junqueira |
Pedro Bala, amigo de Bia[1]
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Thierry Figueira |
Guga, amigo de Bia[1]
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Tatianne Manzan |
Carol, amiga de Bia[1]
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Beta Madruga |
Taís, amiga de Bia[1]
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Gérson Steves |
Gordo, amigo de Zeca[1]
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Walther Verve |
Boca, amigo de Zeca[1]
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Armando Souza
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Quibe, amigo de Zeca[1]
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Antônio Entriel
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André, amigo de Tato[1]
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Marcos Oliveira |
Mãozinha, colega de cela de Alexandre[9]
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Tony Tornado |
Chefão, colega de cela de Alexandre[9]
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Paulo César Pereio |
Coringa, colega de cela de Alexandre[9]
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Ademir Zanyor |
Gavião, colega de cela de Alexandre[1]
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Marcelo Escorel |
Vicente, carcereiro de Alexandre[1]
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Giacomo Pinotti |
José, espírito do Nosso Lar[1]
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Esther Jablonski |
Marília, secretária de Otávio[1]
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Viniccius Marques
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Diogo, colega do escritório de Téo e Mauro[1]
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Fernando José |
espírito do Nosso Lar[1]
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Leina Krespi |
Sueli, cúmplice de Ismael[1]
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Carlos Kroeber |
juiz no julgamento de Alexandre[1]
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Cláudio Corrêa e Castro |
advogado de Alexandre[1]
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Isaac Bardavid |
promotor no julgamento de Alexandre[1]
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Anselmo Vasconcelos |
colega de cela de Alexandre[9]
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Guti Fraga |
colega de cela de Alexandre[9]
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Leônidas Aguiar |
Espingarda, colega de cela de Alexandre[9]
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Ivan Cândido |
dirigente espírita[1]
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Ada Chaseliov |
fonoaudióloga de Adonay[1]
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Joana Limaverde |
namorada de Tato[1]
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Bruno Fagundes |
amigo de Dudu[1]
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Ronaldo Ciambroni |
cúmplice de Ismael[1]
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Guilherme Corrêa
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colega de trabalho de Waldomiro[1]
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Marcos Pasquim |
bandido que ataca a Dinah no capítulo 49[1]
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Isio Ghelman |
médico de Adonay[1]
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Duda Mamberti |
escrivão da delegacia[1]
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Jaime Leibovitch
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ex-patrão de Alexandre[1]
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Newton Martins
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padre na cerimônia de cremação de Alexandre[1]
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Fábio Mássimo |
vendedor de loja[1]
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Alberto Pérez
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juiz de paz[1]
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Nana Gouvêa
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vendedora da O Boticário[1]
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Shimon Nahmias
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delegado da casa de detenção[1]
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Alfredo Martins
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delegado de Itatiaia[1]
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Ludoval Campos
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tabelião[1]
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Ivan Senna |
juiz de menores[1]
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Marcello Caridade
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padre do casamento de Zeca e Sofia[1]
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Samir Murad
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policial[1]
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Paulo César
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Nori Tanaka[1]
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Edson Frederico
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ele mesmo[1]
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Exibição
Durante o período da Copa do Mundo de 1994, cujos jogos eram transmitidos pela Globo, A Viagem teve sua exibição remanejada para outros horários além do das sete, chegando a começar às 18h30 e às 20h20. A adaptação resultou no aumento da duração do tempo de arte da novela em relação ao roteiro. A história, escrita em 160 capítulos, foi editada e exibida em 167, sendo que sete destes foram divididos em dois.[1]
Reprises
Foi reprisada pela primeira vez no Vale a Pena Ver de Novo, entre 28 de abril e 12 de setembro de 1997, sucedendo Mulheres de Areia e antecedendo Fera Ferida.
Foi reprisada pela segunda vez no Vale a Pena Ver de Novo entre 13 de fevereiro e 21 de julho de 2006, substituindo Força de um Desejo e sendo substituída por Chocolate com Pimenta.[1] Por ocasião dessa reprise, o CD internacional da novela foi relançado pela Som Livre, e, hoje, é um dos mais procurados por colecionadores.
O programa Vídeo Show exibiu um resumo da trama em cinco capítulos no quadro Novelão, de 25 a 29 de junho de 2012, substitundo Renascer e sendo substituída por História de Amor.
Foi reprisada pela primeira vez pelo Canal de TV por assinatura Viva, entre 14 de julho de 2014 a 24 de janeiro de 2015, substituindo A Próxima Vítima e sendo substituída por Pedra sobre Pedra na faixa das 14h15, com reprises às 0h30.[10]
Foi reprisada pela segunda vez no Viva entre 21 de dezembro de 2020 a 2 de julho de 2021, substituindo Chocolate com Pimenta e sendo substituída por Paraíso Tropical na faixa das 15 horas, com reprises às 23h45 e maratona aos domingos de 14h ás 19h.[11]
Foi reprisada pela terceira vez no Viva, de 22 de abril a 1 de novembro de 2024, substituindo História de Amor e sendo substituída por Roque Santeiro às 12h15, com reprises às 2h, tornando-se a primeira novela a ganhar três exibições pelo canal. Essa reapresentação foi escalada em comemoração aos 30 anos do lançamento da trama, e coincidentemente, aos 10 anos de sua estreia no canal.[12] Com essa reprise, a trama empata com Escrava Isaura (apesar dessa ser mais reprisada na TV aberta) no ranking de novelas mais reprisadas na Globo.[13]
Até o momento, é a novela com mais capítulos A, sendo 7 no total: 38 A, 46 A, 61 A, 67 A, 70 A, 74 A e 78 A. Desse modo, foram escritos 160 capítulos e exibidos 167.[14]
Repercussão
A trama despertou o interesse do público no espiritismo. Houve em 1994 uma grande procura por centros espíritas, se comparado a anos anteriores, e um aumento na venda de livros sobre a doutrina.[15][16]
Audiência
A novela teve uma audiência média de 52 pontos, tornando-se um dos maiores sucessos do horário das sete da Globo.[17]
Outras mídias
Em agosto de 2017, a Globo Marcas lançou A Viagem um box com 14 DVDs. Foi a última novela da Globo distribuída em disco pela marca.[18]
Logo após ter sua segunda exibição finalizada no canal Viva, a novela foi disponibilizado na íntegra na plataforma de streaming Globoplay no dia 2 de agosto de 2021.[19]
Música
A Viagem
A Viagem - Internacional
Notas e referências
Notas
- ↑ Foram 160 capítulos escritos, sendo alguns reeditados para exibição nos dias em que a emissora transmitiu os jogos da Copa do Mundo de 1994. Os desmembramentos dos capítulos foram remanejados para outros horários, devido às mudanças na grade de programação impostas pelos jogos. Assim, foram exibidos os chamados "capítulos A", que eram desmembramentos feitos na edição de um único capítulo escrito pelo autor, e exibidos em dias diferentes. Desta forma, foram exibidos sete "capítulos" adicionais: 37A, 46A, 61A, 67A, 70A, 74A e 78A.[1] (seção Bastidores)
Referências
Ligações externas
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Década de 1990 | |
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Década de 2000 | |
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Década de 2010 | |
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Década de 2020 | |
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