Cassiano Gabus Mendes (São Paulo, 29 de julho de 1927 — São Paulo, 18 de agosto de 1993) foi um radialista, autor e pioneiro da televisão no Brasil. Filho do radialista Otávio Gabus Mendes e pai dos atores Cássio e Tato Gabus Mendes.[1]
Escreveu novelas de grande sucesso como Anjo Mau, Locomotivas, Que Rei Sou Eu?, Ti Ti Ti, Brega & Chique, Meu Bem, Meu Mal e Elas por Elas.
Biografia
Foi um profissional extremamente versátil, tendo sido ator, roteirista, diretor, produtor, sonoplasta, contrarregra e autor de telenovelas. Antes da inauguração da televisão no Brasil, Lima Duarte fora escolhido para ser o principal diretor da futura TV Tupi, mas recusou. Cassiano foi a segunda opção e tornou-se assim o primeiro diretor artístico da televisão brasileira, comandando a TV Tupi por mais de uma década.
Na primeira década criou vários programas que entraram para a história da televisão, como TV de Vanguarda e Alô Doçura. Após uma breve passagem pela TV Excelsior em 1967, voltou à Tupi e concebeu outro marco, a telenovela Beto Rockfeller. Com a decadência da Tupi passou brevemente pela TV Cultura antes de chegar à Rede Globo, na qual só encontrou vaga como autor de telenovelas. Como não havia melhor opção, aceitou e se tornou um dos maiores autores do gênero. Cassiano dizia que a vantagem de ser um autor era a de que não precisava comparecer à emissora diariamente.
A crítica demorou a reconhecer o brilhantismo de Cassiano. Suas novelas eram vistas como exibições fúteis do conflito entre ricos e pobres, até se começar a notar que Cassiano, na verdade, era um amargo observador da mesquinharia humana, e que a futilidade dos personagens era vista com um olhar impiedoso e cruel. Cassiano não admirava nem um pouco seus personagens, eles eram um retrato amargo de uma sociedade vazia e superficial.
A novela Anjo Mau (1976) foi seu sucesso mais popular, protagonizado por Susana Vieira e que ganharia um remake 21 anos depois, desta vez protagonizado por Glória Pires e adaptado por sua fiel colaboradora Maria Adelaide Amaral. O remake também foi bem sucedido, mesmo não repetindo o estrondoso sucesso da versão original (que, segundo consta, contava até com o ex-presidente Juscelino Kubitschek como fã).
Embora tenha escrito sucessos nos anos 70, como Locomotivas (1977), Te Contei? (1978) e Marron Glacê (1979-1980), se consagrou mesmo na década seguinte, conseguindo grandes êxitos de público e crítica com inesquecíveis tramas do horário das sete da noite, como Elas por Elas (1982), Ti Ti Ti (1985-86), Brega & Chique (1987) e principalmente Que Rei Sou Eu? (1989). Essa última era uma inteligente sátira em forma de aventura capa e espada à situação política do Brasil no final do caótico Governo Sarney. Escreveu também duas novelas para o horário nobre, Champagne e Meu Bem, Meu Mal, em 1983 e 1990, mas que não tiveram o mesmo êxito de suas tramas para a faixa das sete horas.
Cassiano Gabus Mendes morreu de infarto do miocárdio em agosto de 1993, faltando menos de três semanas para o desfecho de sua última novela O Mapa da Mina. Cassiano era casado com Elenita Sánchez (irmã mais nova do também ator Luís Gustavo). O casal teve dois filhos Cássio e Tato Gabus Mendes que são importantes atores da atualidade, assim como seu cunhado Luís Gustavo, irmão de Helenita.
Sua grande característica era a de imprimir um delicioso tom irônico nos seus trabalhos, elaboradas e sofisticadas sátiras de costumes. Outro traço marcante era o de suas tramas raramente ultrapassarem o número de 30 personagens; assim, todos participavam diretamente do segmento da ação principal. Autores renomados, como Sílvio de Abreu, Maria Adelaide Amaral e Carlos Lombardi, veem-no como uma grande influência. Lombardi até prestou uma homenagem a ele, escalando-o como ator em Perigosas Peruas (1992). Cassiano a essa altura não atuava há décadas. Inicialmente ele faria apenas uma participação especial, mas acabou ficando a novela inteira, embora depois confessasse não ter gostado muito da experiência.
Em junho de 1994, quase um ano após sua morte, foi inaugurado, na Zona Leste de São Paulo, um viaduto que leva seu nome. A homenagem foi prestada pelo então secretário de obras municipal Reynaldo de Barros, representando o prefeito à ocasião, Paulo Maluf.[2]
Algumas de suas telenovelas foram reencenadas na TV chilena. O remake de Marron Glacê fez tanto sucesso que teve uma segunda parte, o que não aconteceu com o original.
Filmografia
Como autor
Telenovelas
Telenovelas póstumas
Séries
Adaptações em outros países
Como ator
Telenovelas
Como diretor
Cinema
Prêmios e indicações
Ano
|
Categoria
|
Indicação
|
Resultado
|
1961
|
Melhor Diretor de TV
|
Cassiano Gabus Mendes
|
Venceu
|
Ano
|
Categoria
|
Indicação
|
Resultado
|
1952
|
Melhor Diretor de TV
|
Cassiano Gabus Mendes
|
Venceu
|
Referências
Bibliografia
- Francfort, Elmo. "Gabus Mendes - Grandes Mestres do Rádio e Televisão" Editora In House, 2015 ISBN 8578993713
|
---|
|
| |
---|
|
| |
---|
| |
---|
| |
---|
|
| |
---|
| |
---|
|
| |
---|
Regravações realizadas pela TV Globo e outras obras |
|
Séries e filmes | |
---|
Personagens notórios | Beto Rockfeller • Nice • Kiki Blanche • Léo • Madame Clô • Mário Fofoca • Jacques Leclair • Victor Valentim • Rafaela Alvaray • Rainha Valentine • Ravengar • Divina Magda • Porfírio • Dom Lázaro Venturini • Isadora Venturini |
---|
Autores de telenovelas brasileiras |
---|
Geração 1950, 1960 e 1970 | |
---|
Geração 1980 e 1990 | |
---|
Geração 2000 e 2010 | |
---|