No início de seu casamento, ele sentia-se restringido em sua posição de consorte, que não lhe dava nenhum poder ou função oficial. Com o passar do tempo o príncipe adotou várias causas, como uma reforma educacional e a abolição mundial da escravatura, também assumindo as responsabilidades administrativas da criadagem, propriedades e escritório da rainha. Alberto envolveu-se ativamente na organização da Grande Exposição de 1851 e ajudou no desenvolvimento da monarquia constitucional britânica ao persuadir sua esposa a mostrar menos partidarismo nos assuntos do parlamento — mesmo discordando ativamente da política internacional intervencionista promovida por Henry Temple, 3.º Visconde Palmerston, o secretário de assuntos estrangeiros.
Alberto e o seu irmão mais velho, Ernesto, passaram a sua criação em uma relação muito próxima marcada pelo turbulento casamento de seus pais e posterior separação e divórcio.[6] Sua mãe se casou com Alexandre de Hanstein, Conde de Pölzig e Beiersdorf, depois de ser exilada da corte em 1824. Ela provavelmente nunca mais viu os filhos e morreu de câncer aos trinta anos de idade em 1831.[7] Um ano depois seu pai se casou com a própria sobrinha, Maria de Württemberg, porém ela quase não teve impacto nas vidas de seus enteados.[8]
Os irmãos foram educados particularmente por Christoph Florschütz e depois estudaram na cidade de Bruxelas na Bélgica, com Adolphe Quételet sendo um dos tutores.[9] Como muitos outros príncipes germânicos, Alberto estudou na Universidade de Bonn. Estudou direito, economia política, filosofia e história da arte. Ele tocava música e era bom ginasta, especialmente em esgrima e equitação.[10]
Por volta de 1836, a ideia de casar Alberto com sua prima a princesa Vitória de Kent cresceu na mente de seu tio, o rei Leopoldo I da Bélgica.[11] Na época, Vitória era a herdeira presuntiva do trono britânico. Seu pai, o príncipe Eduardo, Duque de Kent e Strathearn, o quarto filho do rei Jorge III do Reino Unido e da rainha Carlota de Mecklemburgo-Strelitz, morreu quando ela era apenas um bebê e seu tio, o rei Guilherme IV, não tinha nenhum herdeiro legítimo. Sua mãe, a princesa Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld, era irmã do pai de Alberto e do rei Leopoldo. O rei belga fez a duquesa convidar o Duque de Saxe-Coburgo-Gota e seus dois filhos para visitá-la em maio de 1836, com a intenção deles conhecerem a princesa. Guilherme IV, porém, desaprovava quaisquer casamentos com os Coburgo e insistiu em favor do príncipe Alexandre dos Países Baixos, o segundo filho de Guilherme, Príncipe de Orange. Vitória estava ciente dos vários planos para seu matrimônio e analisou criticamente todos os possíveis candidatos.[12] Ela escreveu em seu diário, "Alberto é extremamente bonito, seu cabelo é da mesma cor do meu, os seus olhos são grandes e azuis e tem um lindo nariz e uma boca muito doce com bons dentes. Mas o charme do seu rosto é a sua expressão, que é muito agradável". Alexandre, por outro lado, era "muito simples".[13]
Vitória escreveu ao tio Leopoldo para lhe agradecer pela "expectativa de grande felicidade para a qual contribuiu na pessoa do querido Alberto ... Ele tem todas as qualidades que seriam desejáveis para me deixar perfeitamente feliz."[14] Apesar de nenhum dos lados terem assumido um compromisso formal, as duas famílias presumiram que a união com o tempo aconteceria.[15]
Vitória ascendeu ao trono em 20 de junho de 1837 com apenas dezoito anos. Suas cartas da época mostram interesse na educação de Alberto para o papel que ele desempenharia, mesmo resistindo às tentativas de apressar um noivado.[16] No inverno de 1838–39, o príncipe visitou a Itália acompanhado pelo barão Christian Friedrich von Stockmar, o conselheiro da família Coburgo.[17]
Alberto voltou a Inglaterra com Ernesto em outubro de 1839 para visitar a rainha e resolver a questão do casamento.[18] Ele tinham uma afeição mútua e a rainha o pediu em casamento no dia 15 de outubro de 1839.[19] A intenção de Vitória de se casar foi formalmente declarada em 23 de novembro para o Conselho Privado,[20] e eles se casaram em 10 de fevereiro de 1840 na Capela Real do Palácio de St. James.[21] Alberto foi naturalizado britânico por decreto parlamentar[22] e recebeu o tratamento de "Sua Alteza Real".[23]
No início, ele não era popular com o povo britânico. Alberto era visto como alguém de um Estado menor pobre e medíocre, não muito maior que um condado britânico.[24] Lorde William Lamb, 2.º Visconde Melbourne e primeiro-ministro, aconselhou a rainha contra conferir ao marido o título de "rei consorte". O parlamento chegou a recusar transformar Alberto em pariato — parcialmente pelo sentimento anti-germânico e o desejo de excluir o príncipe de qualquer papel político.[25] Melbourne liderava um governo minoritário e a oposição aproveitou o casamento para enfraquecer ainda mais sua posição. Eles se opuseram ao enobrecimento de Alberto e lhe deram uma pensão menor que a de consortes anteriores,[26] trinta mil libras contra as normais cinquenta mil.[27] Alberto afirmou que não precisava de um pariato britânico; escreveu, "Seria quase uma regressão, pois como Duque da Saxônia, me sinto muito mais alto que um Duque de Kent ou Iorque".[28] Nos anos seguintes, ele foi formalmente chamado de "Sua Alteza Real, o príncipe Alberto" até que, em 25 de junho de 1857, Vitória lhe conferiu o título de "Príncipe Consorte".[29]
Consorte da Rainha
A posição que o casamento colocou Alberto, apesar de distinta, também oferecia consideráveis dificuldades; nas palavras do próprio príncipe, "Estou muito feliz e satisfeito, porém a dificuldade de ocupar meu lugar com a dignidade adequada é que sou apenas o marido, não o senhor da casa".[30] A criadagem da rainha era administrada por sua antiga governanta, a baronesa Louise Lehzen. Alberto a chamava de o "Dragão da Casa" e tomou atitudes para tirar a baronesa de sua posição.[31]
Dois meses depois do casamento, Vitória estava grávida. Alberto começou a assumir funções públicas; ele se tornou presidente da Sociedade pela Extinção da Escravatura (a escravatura já havia sido abolida no Império Britânico, mas a prática ainda era legal em lugares como os Estados Unidos e as colônias da França) e ajudou a rainha privadamente com a papelada do governo.[32] Em junho de 1840, enquanto andavam de carruagem, Alberto e Vitória foram alvejados por Edward Oxford, que mais tarde foi julgado insano. Ninguém se feriu e o príncipe foi elogiado nos jornais por sua coragem e frieza durante o ataque.[33] Alberto estava ganhando apoio público e influência política, que se manifestou de forma prática quando o parlamento aprovou a Lei de Regência de 1840 em agosto, o designando como regente caso Vitória morresse antes de seu herdeiro atingir a maioridade.[34] A primeira filha do casal, Vitória, nomeada em homenagem a mãe, nasceu em novembro. Seguiram-se outros oito filhos nos dezessete anos seguintes. Todos os nove viveram até a idade adulta, um fato que a biógrafa Hermione Hobhouse credita a "influência esclarecida" de Alberto na saudável gestão do berçário.[35] No início de 1841, ele conseguiu remover o controle universal que Lehzen exercia no berçário; em setembro do ano seguinte, ela deixou a Inglaterra permanentemente — para o alívio do príncipe.[36]
Melborne foi substituído por sir Robert Peel como primeiro-ministro depois das eleições gerais de 1841. Ele nomeou Alberto como presidente da Comissão Real encarregado da redecoração do novo Palácio de Westminster. O prédio havia pegado fogo sete anos antes e estava sendo reconstruído. Como patrona e compradora de pinturas e esculturas, a comissão queria promover as belas-artes britânicas. O trabalho da comissão era lento e o arquiteto, sir Charles Barry, acabou tomando muitas das decisões que seriam da comissão ao decorar salas com mobílias ornamentadas que foram tratadas como parte da arquitetura.[37] Alberto tinha mais sucesso como patrono e colecionador particular. Entre suas compras notáveis estavam algumas antigas pinturas germânicas e italianas — como Apollo e Diana, de Lucas Cranach, o Velho, e Velho e S. Pedro Martir, de Fra Angelico — como também contemporâneas de Franz Xaver Winterhalter e Edwin Landseer.[38] Ludwig Gruner, de Dresden, ajudou o príncipe a comprar pinturas com uma maior qualidade.[39]
Alberto e Vitória foram alvejados novamente nos dias 29 e 30 de maio de 1842, porém não se machucaram. John Francis, o culpado, foi preso e condenado a morte, porém acabou solto.[40] A falta de popularidade do casal no início do reinado se deu por sua rigidez e adesão ao protocolo em público, mesmo sendo mais relaxados em particular.[41] A rainha e o príncipe ficaram separados pela primeira vez depois do casamento no início de 1844, quando Alberto voltou para Coburgo depois da morte de seu pai.[42]
Em 1844, Alberto já havia conseguido modernizar as finanças reais e, através de várias economias, tinha dinheiro suficiente para comprar a Casa Orborne na Ilha de Wight como residência para a família.[43] Nos anos seguintes, uma casa modelada no estilo de uma vila italiana foi construída a partir de um projeto de Alberto e Thomas Cubitt.[44] O príncipe estabeleceu as fundações e melhorou a propriedade e a fazenda.[45] Ele também conseguiu melhorar outras propriedades reais; sua fazenda em Windsor foi admirada por seus biógrafos,[46] e com sua administração as receitas do Ducado da Cornualha — propriedade do Príncipe de Gales — aumentaram.[47]
Ao contrário de muitos donos de terras que aprovavam o trabalho infantil e eram contra as Leis dos Grãos de Peel, Alberto apoiava movimentos para aumentar a idade mínima de trabalho e a liberdade comercial.[48] Foi repreendido em 1846 por George Bentinck enquanto apoiava Peel em debate na Câmara dos Comuns sobre as Leis dos Grãos.[49] Sua autoridade atrás ou do lado do trono ficou mais aparente durante o período de Peel como primeiro-ministro. Alberto tinha acesso a todos os documentos da rainha, rascunhava sua correspondência[50] e estava presente quando ela se encontrava com ministros, até mesmo conversava com eles em particular.[51] Charles Greville, secretário do Conselho Privado, afirmou: "Para todos os efeitos, ele é o rei".[52]
Reformador e inovador
Alberto foi eleito Chanceler da Universidade de Cambridge em 1847 depois de uma disputa contra o Conde de Powis,[53] que foi morto acidentalmente por seu filho no ano seguinte enquanto caçava.[54] O príncipe usou seu cargo para fazer campanha a favor de um programa de estudos universitários reformado e mais moderno, expandindo as matérias ensinadas para além da matemática tradicional e os clássicos a fim de incluir história moderna e ciências naturais.[55]
Naquele verão, Vitória e Alberto passaram suas férias sob chuva em Loch Laggan, oeste da Escócia, porém souberam de seu médico, sir James Clark, que o filho deste teve dias secos e quentes no Castelo de Balmoral, mais ao leste. Sir Robert Gordon, o inquilino de Balmoral, havia morrido em outubro e o príncipe começou a negociar com o Conde de Fife, o dono do castelo, para assumir o arrendamento.[56] Em maio de 1848, Alberto arrendou Balmoral, que ele nunca tinha visitado, e em setembro, ele, a rainha e seus filhos mais velhos foram para lá pela primeira vez. Eles gostaram da privacidade do lugar.[57]
Revoluções espalharam-se pela Europa em 1848, resultado de uma grande crise econômica. Durante o ano, Vitória e Alberto reclamaram sobre o secretário lorde Henry Temple, 3.º Visconde Palmerston, e sua política internacional, que acreditavam desestabilizar ainda mais outras potências europeias.[58] O príncipe estava preocupado com muitos de seus parentes nobres, vários dos quais foram depostos. Ele e a rainha tiveram sua filha Luísa naquele ano, passando algum tempo longe de Londres em Osborne. Apesar de esporádicos protestos na Inglaterra, não houve nenhuma ação revolucionária e Alberto ganhou aclamação pública ao mostrar visões paternalistas, bem intencionadas e filantrópicas.[59] Em um discurso para a Sociedade pela Melhora das Condições das Classes Trabalhadoras, no qual era presidente, ele expressou sua profunda "simpatia e interesse pela classe de nossa comunidade que tem a maior parte do trabalho árduo e o menor número dos prazeres deste mundo". Para ele, também era "dever daqueles que, sob a Divina Providência, desfrutam de posição, riqueza e educação" ajudar os menos afortunados que eles.[60]
Alberto, um homem de ideias progressivas e relativamente liberais, além de liderar reformas no bem estar, nas finanças reais, escravidão e na educação universitária, tinha um interesse especial em aplicar ciência e arte na indústria manufatureira.[61] A Grande Exposição de 1851 veio das exibições anuais da Real Sociedade das Artes, que ele presidia desde 1843, e seu sucesso muito se deu devido aos seus esforços para promovê-la.[47][62] O príncipe foi presidente da Comissão Real para a Exposição de 1851 e teve de lutar por todos os estágios do projeto.[63] Na Câmara dos Lordes, Henry Brougham foi veementemente contra realizar a exposição no Hyde Park.[64] Os oponentes afirmaram que malandros e revolucionários estrangeiros iriam invadir a Inglaterra, subverter a moral do povo e destruir sua fé.[65] Alberto achava tudo um absurdo e silenciosamente perseverou, sempre confiando que as manufaturas britânicas se beneficiariam da exposição aos melhores produtos estrangeiros.[47]
A rainha abriu a exposição em 1 de maio de 1851 dentro do Palácio de Cristal, um prédio especialmente projetado e construído todo de vidro. O evento foi um enorme sucesso.[66] O lucro de £180.000 foi empregado para comprar terras em South Kensington e estabelecer instituições educacionais e culturais — incluindo aquilo que viria a ser o Victoria and Albert Museum.[67] Os céticos chamaram a área de "Albertopolis".[68]
Vida pública e familiar
Em 1852, Alberto conseguiu comprar Balmoral através de uma oportuna herança de John Camden Neild, e como de costume começou grandes programas de melhoramentos.[69] No mesmo ano, o príncipe foi nomeado para vários cargos que ficaram vacantes após a morte do Duque de Wellington, incluindo a mestria da Casa Trinity e o posto de coronel dos Grenadier Guards.[70] Sem o duque, Alberto conseguiu propor e fazer campanha pela modernização do exército, que estava muito ultrapassado.[71] Ele aconselhou uma solução diplomática para um conflito entre o Império Russo e o Império Otomano por acreditar que os militares não estavam prontos para a guerra, e que um governo cristão era melhor que um islâmico. Palmerston era mais belicoso, sendo a favor de uma política que impediria uma expansão russa.[72] Palmerston saiu do cargo em dezembro de 1853, porém na mesma época uma frota russa atacou uma otomana ancorada em Sinop. A imprensa de Londres chamou o ataque de um massacre, e a popularidade de Palmerston cresceu enquanto a de Alberto diminuiu.[73] Em duas semanas ele foi renomeado ministro. Rumores absurdos começaram a circular enquanto a indignação pública crescia, incluindo um que falava que o príncipe havia sido preso por traição. Em março de 1854, o Reino Unido e a Rússia envolveram-se na Guerra da Crimeia. Alberto elaborou um plano para vencer a guerra, cercando Sebastopol a fim de fragilizar a Rússia economicamente, que se tornou a estratégia aliada quando o czar decidiu lutar puramente de forma defensiva.[74] O inicial otimismo britânico logo esvaneceu quando foi relatado que as tropas estavam mal equipadas e foram mal organizadas por generais velhos e com táticas antigas. O conflito se estendeu já que os russos estavam tão mal equipados quanto seus oponentes. George Hamilton-Gordon, 4.º Conde de Aberdeen, o primeiro-ministro, renunciou e Palmerston assumiu o cargo.[75] Um acordo posteriormente encerrou o conflito no Tratado de Paris. Durante a guerra, Alberto arranjou o casamento de sua filha Vitória, então com quatorze anos, com o príncipe Frederico Guilherme da Prússia, apesar de adiar o matrimônio até que a Princesa Real completasse dezessete. Ele esperava que a filha e o genro fossem uma influência liberal na expansão do Estado prussiano.[76]
Alberto promovia várias instituições educacionais públicas. Ele falava da necessidade de uma melhor educação principalmente em reuniões associadas.[77] Uma coleção de seus discursos foi publicada em 1857. Ele era reconhecido por ser um apoiador da educação e do progresso tecnológico; era chamado para falar em encontros científicos, como seu memorável discurso na posição de presidente da Associação Britânica para o Avanço da Ciência em Aberdeen no ano de 1859.[78] O apoio que dava à ciência gerou oposição na Igreja. Sua proposta para transformar Charles Darwin em cavaleiro após a publicação de A Origem das Espécies foi negada.[79]
Alberto continuou a se dedicar à educação da família e administração da criadagem.[80] Lady Lyttelton, governanta das crianças, o achava gentil e paciente e falou que ele se juntava com entusiasmo aos jogos da família.[81] Ele sentiu a partida da filha mais velha para a Prússia quando ela se casou no início de 1858,[82] e ficou desapontado quando o Príncipe de Gales não respondeu bem ao intenso programa educacional que Alberto tinha criado para ele. Aos sete anos, esperava-se que o Príncipe de Gales estudasse por seis horas, incluindo uma hora de alemão e uma hora de francês diariamente.[83] O príncipe consorte o açoitou quando ele falhou nas aulas.[84] Punições corporais eram comuns na época e não eram consideradas muito severas.[85] Roger Fulford, biógrafo de Alberto, escreveu que as relações dentro da família eram "amistosas, afetuosas e normais... não há evidências nos arquivos reais ou em outras autoridades escritas que justificam a crença que a relação do príncipe e seu filho mais velho não era profundamente carinhosa".[86] Philip Magnus escreveu que Alberto "tentou tratar seus filhos como iguais; e eles foram capazes de penetrar na sua rigidez e reserva pois perceberam instintivamente que ele os amava, gostava e precisava de suas companhias".[87]
Doença e morte
Alberto teve sérias dores de estômago em agosto de 1859.[88] Durante uma viagem a Coburgo em 1860, ele estava andando de carruagem sozinho quando seus quatro cavalos se assustaram. Eles galoparam em direção de uma carroça parada em frente a trilhos de trem e o príncipe saltou para se salvar. Um dos cavalos morreu na colisão e Alberto ficou muito abalado, apesar de seus machucados terem sido apenas cortes e arranhões. Ele contou ao seu irmão e a sua filha mais velha que sentia que seu fim estava próximo.[89]
A Duquesa de Kent, mãe de Vitória e tia de Alberto, morreu em 1861 e a rainha ficou muito aflita; o príncipe assumiu várias funções da esposa, apesar dele mesmo estar doente com problemas crônicos no estômago.[90] O último evento público que ele presidiu foi a abertura dos Reais Jardins Horticulturais em 5 de junho de 1861.[91] Em agosto, Vitória e Alberto visitaram o Curragh Camp, Irlanda, onde o Príncipe de Gales servia o exército. Lá, o Príncipe de Gales foi apresentado por outros oficiais a Nellie Clifden, uma atriz irlandesa.[92]
Em novembro, Vitória e Alberto voltaram para Windsor e o Príncipe de Gales foi para Cambridge, onde estudava. Dois primos de Alberto, o rei Pedro V e o príncipe Fernando de Portugal, morreram de febre tifoide.[93] Além disso, Alberto tomou conhecimento de rumores sobre um caso do Príncipe de Gales com Nellie Clifden.[94] O príncipe e a rainha ficaram horrorizados pela indiscrição do filho e passaram a temer chantagens, um escândalo ou uma gravidez.[95] Ele viajou para Cambridge em 25 de novembro para falar com o Príncipe de Gales e discutir o caso, mesmo estando doente e fraco.[47][96] Alberto sofreu de dores nas costas e pernas durante suas últimas semanas.[97]
Quando a Questão Trent — a remoção forçada de enviados confederados de um navio britânico por forças da União durante a Guerra de Secessão — ameaçou uma guerra entre o Reino Unido e os Estados Unidos, Alberto estava muito doente, mas mesmo assim interveio para suavizar a resposta diplomática britânica.[98] Em 9 de dezembro, William Jenner, um dos médicos do príncipe, o diagnosticou com febre tifoide. Alberto morreu às 22h50min do dia 14 de dezembro de 1861 aos 42 anos de idade no Quarto Azul do Castelo de Windsor; ao seu lado estavam a rainha e cinco de seus nove filhos (Alberto Eduardo, Artur, Alice, Helena e Luísa). Sua filha mais velha e preferida Vitória estava na Prússia, seu filho Alfredo estava cumprindo o seu serviço na marinha britânica, seu filho mais novo Leopoldo estava se tratando da sua hemofilia na França e a sua filha mais nova Beatriz que na época tinha quatro anos de idade foi proibida de entrar no quarto pela rainha.[99] O diagnóstico na época foi febre tifoide, porém escritores modernos salientam que Alberto já estava doente dois anos antes de morrer, o que pode indicar uma doença crônica como Doença de Crohn,[100]insuficiência renal ou câncer como a causa da morte.[101]
Legado
A dor de Vitória foi enorme e os sentimentos tépidos que o público anteriormente havia sentido por Alberto foram substituídos por simpatia.[102] A rainha usou preto em luto pelo resto de sua vida, e os quartos de Alberto em todas as suas casas foram mantidos do jeito que estavam, até mesmo com água quente sendo trazida de manhã e toalhas de linho sendo substituídas diariamente.[103] Tais práticas não eram incomuns nas casas dos ricos.[104] Vitória retirou-se da vida pública e sua reclusão corroeu alguns dos trabalhos do príncipe na sua tentativa de remodelar a monarquia como uma instituição nacional que estabelece exemplos morais e políticos.[105] Alberto é creditado por apresentar o princípio de que a família real britânica deve permanecer acima da política.[106] Vitória apoiava os whigs antes de se casar; por exemplo, no início de seu reinado ela conseguiu frustrar a formação de um governo tory por sir Robert Peel ao se recusar a aceitar as substituições que Peel queria fazer em suas damas-de-companhia.[107]
O corpo de Alberto foi temporariamente enterrado na Capela de São Jorge, Castelo de Windsor,[108] até um ano depois da sua morte, quando foi transferido para o Mausoléu Real em Frogmore, que foi completado apenas em 1871.[109]
O sarcófago em que ele e posteriormente a rainha foram enterrados foi esculpido em um grande bloco de granito.[110] Apesar dele ter pedido que nenhuma efígie sua fosse erguida, vários monumentos públicos foram construídos por todo o país e no Império Britânico.[111] Os mais famosos são o Royal Albert Hall e o Albert Memorial em Londres. A abundância de memoriais a Alberto foi tão grande que Charles Dickens uma vez disse que procurava uma "caverna inacessível" para fugir deles.[112]
Todos os tipos de objetos foram nomeados em homenagem ao príncipe, como o lago Alberto na África, a cidade de Prince Albert no Canadá e a Medalha Alberto entregue pela Real Sociedade de Artes. Quatro regimentos do exército britânico foram nomeados em sua homenagem: os 11º Hussars do Príncipe Aberto, a Infantaria da Luz do Príncipe Alberto, o Próprio Regimento de Cavalaria Camponesa do Príncipe Alberto e a Brigada de Rifles do Príncipe Consorte. Ele e Vitória mostraram grande interesse na década de 1850 em estabelecer e desenvolver Aldershot, Hampshire, como uma cidade de guarnição. Eles construíram um pavilhão real de madeira onde frequentemente ficavam para inspecionar o exército.[113] Alberto estabeleceu e dotou a Biblioteca do Príncipe Consorte em Aldershot.[114]
Biografias publicadas após sua morte tipicamente eram ricos em elogios. O magnum opus de cinco volumes escrito por Theodore Martin foi autorizado e supervisionado pela rainha, e sua influência aparece em suas páginas. Mesmo assim, é um relato preciso e extenso.[115]Queen Victoria de Lytton Strachey foi mais crítico, porém foi desacreditado em parte por biografias da metade do século XX por Hector Bolitho e Roger Fulford, que (ao contrário de Strachey) tinham acesso às cartas e diários de Vitória.[116] Vários mitos sobre Alberto — como a afirmação que ele trouxe as árvores de natal para o Reino Unido — foram desmentidas por historiadores.[117] Biógrafos recentes, como Stanley Weintraub, mostram Alberto como uma figura em um romance trágico, que morreu jovem e foi chorado por sua amada durante uma vida inteira.[47] O filme The Young Victoria de 2009, em que Alberto é interpretado por Rupert Friend, o transforma num personagem heroico; na representação do ataque de 1840, ele é atingido por uma bala — algo que não aconteceu.[118][119]
Títulos, estilos, honras e brasão
Títulos e estilos
26 de agosto de 1819 – 12 de novembro de 1826: Sua Alteza Sereníssima, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Saalfeld, Duque da Saxônia
12 de novembro de 1826 – 6 de fevereiro de 1840: Sua Alteza Sereníssima, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, Duque da Saxônia
6 de fevereiro de 1840 – 25 de junho de 1857: Sua Alteza Real, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, Duque da Saxônia[23]
25 de junho de 1857 – 14 de dezembro de 1861: Sua Alteza Real, o Príncipe Consorte[29]
Ao se casar com a rainha Vitória em 1840, o príncipe Alberto recebeu seu próprio brasão, que era o brasão real de armas do Reino Unidodiferenciado por um lambel de três pés com uma cruz vermelha no centro, em quartel com o brasão da saxônia.[23][122] O brasonamento é: esquartelado, 1º e 4º, as armas reais, com uma lambel argente de três pés com uma cruz central goles; 2º e 3º, barry de dez em or e sable, uma coroa de lamento vert em banda.[123] O peculiar brasão do príncipe foi um "exemplo singular do esquartelamento diferenciado de brasões, [que] não está de acordo com as regras da heráldica, e é em si uma contradição heráldica".[124] Antes do casamento, ele usava o brasão do pai sem diferenciação.
Em sua placa de posto de Cavaleiro da Jarreteira, seu brasão recebe uma coroa real e mostra os seis timbres da Casa de Saxe-Coburgo-Gota; da esquerda para a direita, 1: "Uma cabeça de touro goles armada e anelada em argente, coroada em or, o anel chequy goles e argente" por Mark. 2: "Saindo de uma coroa or, dos chifres de búfalo argentes, cinco ramos com três folhas vert cada presos na borda externa" por Turíngia. 3: "Saindo de uma coroa or, um chapéu piramidal com as armas da saxônia com plumas de pavão, saindo de uma coroa também or" pela Saxônia. 4: "Um homem de barba em perfil com vestes em pala argente e goles, a ponta do chapéu similarmente em pala terminando com três plumas de pavão" por Meißen. 5: "um grifo or, asas sable, com colarinho e bico goles" por Jülich. 6: "Saindo de uma coroa or, um penacho de plumas de pavão" por Berg.[123]
Os suportes eram o leão coroado da Inglaterra e o unicórnio da Escócia (como nas armas reais), com os lambels do brasão apoiados nos ombros. O lema pessoal de Alberto é o alemão Treu und Fest ("Leal e Firme").[123]
Todos os seus filhos e os descendentes na linhagem masculina tinham o direito de portar o escudo interior das armas da Saxônia no centro de seus respectivos brasões. Isso foi colocado como um item de pretensão [que] não parece estar de acordo com o espírito e os usos práticos da verdadeira heráldica histórica".[125]
Brasão de armas de Alberto
Descendência
Nome
Nascimento
Morte
Consorte (datas de nascimento e morte) filhos[126]
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^Príncipe de Saxe-Coburgo-Saalfeld até 1826 *também príncipe britânico #também príncipe da Bélgica ¶também membro da Família real portuguesa †também membro da família real búlgara