Espéciem de Victoria em flor no Hortus Botanicus de Amsterdam.Página inferior da folha com nervuras de suporte de Victoria cruziana.Um híbrido de Victoria amazonica × Victoria cruziana.Uma mulher de pé sobre uma folha de Victoria cruziana no lago de nenúfares em frente à Linnaean House do Jardim Botânico do Missouri. Uma prancha de madeira e uma toalha são colocadas sobre uma almofada para distribuir o peso pela superfície da folha.Anne Paxton (filha de Joseph Paxton) demostrando a capacidade de uma folha de V. amazonica suportar o seu peso.
Os membros do género Victoria apresentam folhas verdes muito grandes que ficam planas na superfície da água. Victoria boliviana tem uma folha que pode atingir 3 m de largura, num caule que pode atingir 8 m de comprimento. O nome do género foi dado em honra da Rainha Vitória do Reino Unido. À medida que se espalha, empurra outras plantas aquáticas para o lado, até que só restem as da sua espécie. Quando isto acontece, a luz do sol deixa de chegar às plantas que se encontram debaixo de água. [6]
Todas as três espécies têm tipicamente quatro sépalas cada uma medindo 12 cm de comprimento por 8 cm de largura. Existem tipicamente 50 a 70 pétalas e 150 a 200 estames.[7]
A folha é capaz de suportar um peso de até 60 [8], adequadamente distribuído, embora a superfície da folha seja delicada, de tal forma que «uma palha segurada a 15 centímetros de altura e deixada cair perpendicularmente sobre ela passaria facilmente através dela».[9] A folha apresenta um pequeno corte no bordo pelo qual a água retida no seu inteiors é libertada.
Morfologia
As grandes folhas circulares flutuam na água. Apresentam poros finos (estomatódios) e dois entalhes opostos na extremidade alta e curva, para que a água da chuva possa escorrer rapidamente.[10] Devem a sua estabilidade e capacidade de flutuação a um tecido de suporte em forma de nervura na parte inferior da folha, que segue a rede de venação. As cristas de suporte contêm grandes lacunas intercelulares cheias de ar e são cobertas por espinhos. Os espinhos maiores também podem ter cavidades cheias de ar, mas os menores são sólidos.[10] Todas as partes submersas da planta (parte inferior das folhas, caules e as tépalas externas do perianto)[11] são cobertas com espinhos duros e pontiagudos, presumivelmente para protegê-los de herbívoros.[10]
No seu habitat natural, estas plantas podem florescer durante todo o ano.[12][13] Todas as espécies do género florescem exclusivamente à noite[11][14] e são capazes de termogénese.[13][14]
A antese demora apenas cerca de dois dias.[13] A polinização é feita por escaravelhos, que rastejam para as flores abertas na primeira noite, permanecem presos na flor fechada no dia seguinte e só são libertados na segunda noite.[12][13] Enquanto as flores estão fechadas durante o dia, mudam de cor, passando de branco na primeira noite para um vermelho-púrpura escuro na segunda noite, devido à formação de antocianinas.[12]
Para além dos caracteres gerais da família Nymphaeaceae, o géneros apresenta as seguintes características morfológicas:[15]
Folhas flutuantes, peltadas, orbiculares, com 1,5-2,0 m de diâmetro, com a margem elevada formando uma crista contínua;
Flores com 30-50 cm de diâmetro, epígeas, nocturnas, brancas a rosa-púrpura; sépalas 4; pétalas 50-70; estaminódios extrastaminais cerca de 20; estames 150-200; estaminódios intrastaminais cerca de 25, introrsos deiscentes; carpelos 30-40, sincarpados; cálice estigmático rodeado por apêndices carpelares termogénicos;
O género está distribuído na zona tropical da América do Sul. Como necessita de enraízar no substrato, ocorre nas águas pouco profundas das bacias hidrográficas, nos lagos de braços abandonados sem curso e nos baixios. As flores, que são brancas quando se abrem na primeira noite, tornam-se cor-de-rosa na segunda noite. São polinizadas por escaravelhos (cantaridofilia), principalmente do género Cyclocephala.
As espécies deste género são de grande interesse em jardinagem como ornamentação de superfícies de água. As espécies podem ser cruzadas, o que acontece em jardins botânicos.
Taxonomia
O primeiro botânico a encontrar um nenúfar-gigante foi Thaddäus Haenke, na Bolívia, em 1801. Mais tarde, outros botânicos encontraram-no no Paraguai, no Brasil e na Guiana Britânica. As primeiras sementes chegaram a Londres em agosto de 1846, tendo sido obtidas apenas duas plantas no Royal Botanic Gardens, Kew, que rapidamente pereceram. Em fevereiro de 1849, um novo carregamento de sementes foi bem sucedido e cerca de 50 plantas foram distribuídas por coleccionadores importantes, incluindo o 6.º duque de Devonshire, em Chatsworth, e o duque de Northumberland, em Syon House.
A obtenção das primeiras flores da então chamada victoria-régia tornou-se uma questão de rivalidade entre a nobreza de Inglaterra. Finalmente, o jardineiro do Duque de Devonshire, Joseph Paxton, em novembro de 1849, foi o primeiro a conseguir, tendo feito uma réplica do habitat quente e pantanoso do nenúfar-gigante (um esforço gigantesco para combater o inverno inglês apenas com a ajuda de fogões a carvão), seguido pelo jardineiro do Duque de Northumberland, John Ivison, mais afortunado, com uma série contínua de cultivos na Syon House (atualmente parte do Royal Botanic Gardens, Kew). O Duque de Devonshire presenteou a rainha Victoria, através de Paxton, com a primera destas flores produzidas no Reino Unido, que havia sido originalmente assim nomeada em sua honra.
Águas pouco profundas da bacia do rio Amazonas, tais como lagos, lagoas e pântanos inundados
As flores são brancas na primeira noite em que estão abertas e tornam-se cor-de-rosa na segunda noite. Apresentam até 40 cm de diâmetro e são polinizadas por coleópteros da família Scarabaeidae. De acordo com Parodi, tanto a V. amazonica quanto a V. cruziana podem ocasionalmente produzir flores de até 50 cm de largura. A flor está representada no brasão de armas da Guiana.[22]
Ligeiramente mais pequena que a V. amazonica, com a parte inferior das folhas púrpura em vez do vermelho da V. amazonica, e coberta por uma penugem semelhante ao pêssego que não existe na V. amazonica. A V. cruziana abre suas flores ao entardecer.
↑ abcWalter Erhardt, Erich Götz, Nils Bödeker, Siegmund Seybold: Der große Zander. Enzyklopädie der Pflanzennamen. Band 2. Arten und Sorten. Eugen Ulmer, Stuttgart (Hohenheim) 2008, ISBN 978-3-8001-5406-7.
↑«The Floral Anatomy of Victoria (Schumb)-Nymphaceae». Botanical Journal of the Linnean Society of Londob. 72 (2): 118. Fevereiro 1976
↑
Ripley, George; Dana, Charles Anderson (1861). «Leaf». The New American cyclopaedia: a popular dictionary of general knowledge. 10. New York: Appleton. p. 992
↑Ripley, George; Dana, Charles Anderson (1861). «Leaf». The New American cyclopaedia: a popular dictionary of general knowledge. 10. New York: Appleton. p. 992
↑ abc
R. B. Kaul: Anatomical Observations on Floating Leaves. In: Aquatic Botany, Band 2, 1976, S. 215–234, (Digitalisat).
↑ ab
K. A. Warner, P. J. Rudall & M. W. Frohlich: Differentiation of perianth organs in Nymphaeales. In: Taxon, Band 57, Nummer 4, 2008, S. 1096–1109, (Digitalisat)
↑ abc
G. T. Prance & J. R. Arias: A study of the Floral Biology of Viciaria amazonica (Poepp.) Sowerby (Nymphaeaceae). In: Acta Amazonica, Band 5, Nummer 2, 1975, S. 109–139, (Digitalisat).
↑ abcd
I. Lamprecht, E. Schmolz, L. Blanco & C. M. Romero: Energy metabolism of the thermogenic tropical water lily, Victoria cruziana. In: Thermochimica Acta, Band 394, 2002, S. 191–204, (Digitalisat).
↑ abcLuca T. Smith, Carlos Magdalena, Alexandre K. Monro et al.: Revised Species Delimitation in the Giant Water Lily Genus Victoria (Nymphaeaceae) Confirms a New Species and Has Implications for Its Conservation. In: Front. Plant Sci., Band 13, Nr. 883151, 4. Juli 2022; doi:10.3389/fpls.2022.883151. Ver:
↑Schneider, E.L. & Williamson, P.S. 1993. Nymphaeaceae. En: Kubitzki, K., Rohwer, J.G. & Bittrich, V. (Editores). The Families and Genera of Vascular Plants. II. Flowering Plants - Dicotyledons. Springer-Verlag.
↑Luca T. Smith, Carlos Magdalena, Alexandre K. Monro et al.: Revised Species Delimitation in the Giant Water Lily Genus Victoria (Nymphaeaceae) Confirms a New Species and Has Implications for Its Conservation. In: Front. Plant Sci., Band 13, Nr. 883151, 4. Julho 2022; doi:10.3389/fpls.2022.883151. Entre os quais: