A cidade foi fundada com o nome de "São João Batista de Rio Claro", por Decreto Imperial, em 9 de dezembro de 1830, subordinado ao município de Piracicaba. Emancipado com a denominação de São João do Rio Claro, pela Lei Provincial n.º 44, de 30 de abril de 1857. Pela Lei Estadual n.º 975, de 20 de dezembro de 1905, sua denominação foi alterada de São João do Rio Claro para Rio Claro.[4]
História
História pré-cabralina
A região de Rio Claro era habitada pelo homem desde, no mínimo, 11 000 AP.[14][15] Os primeiros habitantes ocuparam as regiões próximas aos rios Passa-Cinco, Cabeça e Corumbataí e seus afluentes — em terraços fluviais ou em elevações.[16] Fabricavam artefatos líticos para a caça[16] e provavelmente ocuparam intensivamente a região.[14]
Em aproximadamente 1 000 AP, os antigos povos foram substituídos pelos tupis-guaranis, semi-sedentários, que os portugueses encontraram posteriormente disseminados ao longo da costa ao chegarem no Brasil no início do século XVI.[17] Na região de Rio Claro, eles habitavam as áreas próximas aos atuais centros de população (vilas e cidades), coincidindo com eles em alguns casos.[14] Os tupis-guaranis de Rio Claro estariam possivelmente associados etnologicamente aos Guaranis-Kaiowás.[18] É possível, inclusive, que eles tenham disputado territórios na região de Rio Claro com povos de outras culturas, como povos etnologicamente associados aos Jê Meredionais, possivelmente aos Kaingangs.[18]
Colonização
Após a chegada dos portugueses no Brasil, as expedições dos séculos XVI, XVII e XVIII para o interior do futuro estado de São Paulo trouxeram muitos problemas para a população indígena residente. Muitos indígenas eram mortos, escravizados para o trabalho nas lavouras, ou assimilados via cooperação com os europeus ou via catequização. Já os resistentes migravam paulatinamente para o interior, deixando as áreas anteriormente ocupadas para buscar refúgio nas regiões inexplorados pelos europeus, além daquela de Rio Claro.[17] Em princípios do século XVIII, a população europeizada da Capitania de São Vicente não ultrapassava os 50 000 e se organizava em vilas relativamente próximas ao litoral. Enquanto isso, no interior, pioneiros se arriscavam a viver nos sertões, longe da opressão do domínio colonial e das distinções e de privilégios sociais que os tinham reprimidos em sua antiga pátria. O interior era também escolhido por juízes para exilar criminosos e por escravos para suas fugas.[17]
Em 1718, a descoberta de ouro no Mato Grosso acelerou o processo de ocupação do interior da capitania de São Paulo e, particularmente, da região de Rio Claro. Moradores de várias vilas, fascinados pelo "Eldorado" de Cuiabá,[19] procuraram uma rota alternativa à do rio Tietê, evitando assim o risco das "febres dos pântanos".[17] Em 1723, a cargo de abrir um caminho oficial a Cuiabá, o governador da Capitania de São Paulo, Rodrigo César de Meneses, enviou o sargento-mor Luiz Pedroso de Barros, que concluiu com sucesso sua missão em 1724.[19]
Seria natural se imaginar que no caminho — conhecido como "Picadão de Cuiabá",[19][20] houvesse uma parada para que os condutores de mulas pudessem descansar antes das cuestas do Planalto Ocidental paulista. A parada de Ribeirão Claro provavelmente não passava inicialmente de um abrigo coberto de folhas à beira do Córrego da Servidão, mas foi o suficiente para, no decorrer dos anos, formar um núcleo de comerciantes de suprimentos para os tropeiros que se tornaria o futuro povoado.[17]
Século XIX
Em 1817, iniciaram-se as concessões de sesmarias do atual município.[21] Com a chegada de grandes fazendeiros, foram trazidos para a região razoável número de africanos e afro-brasileiros, na condição de escravos. A origem desses homens e mulheres com o tempo foi se perdendo, mas no recenseamento de 1822, 81% dos 344 africanos de Rio Claro eram originários de locais sob domínio português, como Reino do Congo, Cabinda, Benguela e Moçambique.[17]
Em 1823, foi celebrada a primeira missa da região numa capela da fazenda Costa Alves,[carece de fontes?] próxima à atual estrada entre Rio Claro e o distrito de Ajapi. Algum tempo depois, seria construída uma capela para atender à população do povoado às margens do Córrego da Servidão, no local onde hoje é o Espaço Livre do bairro Santa Cruz e que inicialmente era a parada dos tropeiros.[17]
Em 1827, o povoado é elevado à condição de Capela Curada, e a antiga capela dá lugar à Paróquia Matriz São João Batista, que seria finalizada em 1828. Em 9 de dezembro de 1830 o povoado seria elevado à categoria de Freguesia com o nome de São João Batista de Rio Claro e, em 30 de abril de 1857, seria emancipado, desmembrando-se dos municípios de Limeira e Mogi Mirim e se tornando o município de São João do Rio Claro.[21][22]
Geografia
Rio Claro se localiza na região Centro-Leste do Estado de São Paulo. Situa-se a 22º24′39” de latitude sul e 47º33′39” de longitude oeste, a 173 km da capital São Paulo. Ocupa uma área total de 498,422 km².[2]
O Horto Florestal de Rio Claro foi criado em 1909. Edmundo Navarro de Andrade teve sua residência no Horto, fazendo do local centro de diversas pesquisas sobre o eucalipto, onde foram arquivados os resultados de seus trabalhos, dando origem ao Museu do Eucalipto em 1916. A partir de 2002, pelo Decreto Estadual nº 46.819, o antigo Horto Florestal de Rio Claro foi classificado na categoria de Floresta, que visa o manejo sustentável dos recursos, a pesquisa e a visitação pública, tornando-se a Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (FEENA). É considerado como o maior ponto turístico da região. Um pool de projetos para exploração do parque, vem sendo desenvolvido pela associação denominada "Amigos do Horto". Através da restauração de museus, instalações e remodelação das áreas verdes para exploração do turismo ecológico. Seu acesso, é pavimentado e sua área verde impõe respeito e grandiosidade.[carece de fontes?]
O Lago Azul, ocupando uma área de aproximadamente 130 mil m² e o lago, que é mais um ponto de atração, ocupa uma área de 35 600 m².[carece de fontes?]
Geomorfologicamente, o município está situado na Depressão Periférica Paulista, na Zona do Médio Tietê. Em seu relevo há o predomínio de colinas baixas, formas suavizadas separadas por vales jovens, sem planícies aluviais importantes. A altitude média do município é 617 m do nível do mar, com elevações entre 602 m e 628 m, prioritariamente. As áreas de maior altitude estão localizadas na região nordeste do município e as de menor circundam os cursos d'água, em especial o Rio Corumbataí.[5]
Quanto aos solos, em Rio Claro há a presença das classes:[5]
Argissolos Vermelho-Amarelos (67,9% da área município): solos que apresentam algumas limitações agrícolas que estão condicionadas à baixa fertilidade, acidez, teores elevados de alumínio e a suscetibilidade aos processos erosivos, principalmente quando ocorrem em relevos mais movimentados.
Latossolos Vermelhos (21,3%) e Latossolos Vermelhos-Amarelos (6,9%): de alto potencial, devido às boas condições físicas do solo e ao relevo suave característico. Contudo, para uma fertilidade adequada, é necessário corrigir sua acidez e adubá-los. Normalmente, são resistentes a processos erosivos, mas o uso intensivo de mecanização pode levar à sua compactação.
O clima no município é classificado como tropical de altitude, ou Cwa, de acordo com a classificação de Köppen-Geiger.[5][6] A temperatura média é de 20,3°C e a pluviosidade média anual é 1 294 mm. O verão é quente e chuvoso, com temperaturas em janeiro ultrapassando a máxima média de 28,2°C e 239 mm de precipitações. O inverno é mais frio e mais seco, com mínimas médias em julho chegando a 9,8°C e 21 mm de precipitações. Julho é também, ao lado de agosto, o mês com maior amplitude térmica — a máxima média é do mês é de 23,1°C.[8]
Pertencente à Diocese de Piracicaba, a Região Pastoral de Rio Claro compreende 10 paróquias e uma quase-paróquia no município:[28] Bom Jesus; Espírito Santo; Imaculado Coração de Maria; Nossa Senhora Aparecida; Nossa Senhora da Saúde; Sant'Ana; Santa Cruz; São Francisco de Assis; São João Batista; São José Operário; Quase-Paróquia Santo Antônio (Ajapi).
O Produto Interno Bruto de Rio Claro é atualmente o maior dos municípios de sua microrregião e é o 105.º maior PIB dos municípios do Brasil, totalizando 9 418 391 mil reais em 2017. Naquele ano, o produto interno bruto per capita foi de 42 613,74 reais.[11] O número de empresas atuantes era de 7 226 e o pessoal ocupado total era 74 654 pessoas. O salário médio mensal era aproximadamente 3 salários mínimos.[29]
Quanto aos setores econômicos, a agropecuária é atualmente o menos relevante da economia de Rio Claro. De todo o produto interno bruto da cidade, 0,50% é sua participação no valor adicionado bruto.[11] Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2014 as produções agrícolas de maior valor foram cana-de-açúcar (46,13%) e laranja (28,93%).[30][31] Já na pecuária, os destaques eram os galináceos, com 991 345 cabeças, seguidos pelos rebanhos bovinos, com 16 668 cabeças.[32]
A indústria é o segundo setor mais relevante para a economia do município (40,48%)[11] e é fortemente influenciada pelo segmento de artigos cerâmicos — Rio Claro e as cidades de Santa Gertrudes, Limeira, Cordeirópolis, Ipeúna, Piracicaba e Araras formam o maior pólo cerâmico das Américas.[33] Há presença também dos segmentos de fibras de vidro, tubos e conexões de PVC (Tigre), eletrodomésticos da linha branca (Whirlpool), produtos químicos leves, metalúrgicas e peças de autos (Torque), cabos e componentes eletrônicos para indústrias (Brascabos), balas e caramelos (Riclan), papelão ondulado e pardo compacto, estamparias, agro avícolas, nutrição de animais, bebidas (Indústrias Reunidas Tatuzinho Três Fazendas), artefatos de borrachas especiais e instrumentos médicos e aparelhos ortopédicos.
A principal fonte econômica, considerando-se o PIB do município, está centrada na prestação de serviços, com seus diversos segmentos de prestação de serviços privados (48,66%) e públicos (10,36%).[11] O setor é diversificado, mas observa-se relativa concentração, considerando-se os estabelecimentos empregadores, no número de restaurantes, seguido do varejo de artigos de vestuário e de atenção ambulatorial.[34]. Destaque para o Shopping Center Rio Claro, um importante centro comercial que ocupa uma área de 47 666m² (com área bruta locável de 15 430,70m²), e que possui lojas dos mais variados segmentos.
O número de trabalhadores empregados em Rio Claro entre 2002 e 2014, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência Social, atingiu seu ápice em 2007 (68,8 mil), seguido por uma queda brusca em 2008 (53,6 mil). Em 2014, o número foi de 66,8 mil. Destes, 7,5% eram vendedores, 6,9% eram assistentes administrativos e 6,2% eram alimentadores de linhas de produção. A renda mensal média dos trabalhadores empregados era de, aproximadamente, 2 140,72 reais.[35]
Em relação à balança comercial, as importações superam as exportações desde 2007. Em 2016, o valor das exportações foi 25,1 milhões de dólares contra 42,4 milhões de dólares em importações. Naquele ano, os produtos que mais contribuíram para o valor das exportações no município foram fibras de vidro (19%), artigos cerâmicos vidrados e não vidrados (13,3%) e amino-resinas (12%). Já para as importações contribuíram fortemente máquinas de lavar domésticas (21%), fios com isolamento (7,5%) e aparelhos ortopédicos (7,3%).[36]
Para o incentivo à economia do município, Rio Claro possui um programa de incentivo fiscal para a instalação ou ampliação de empresas, o PRODERC, que possibilita, por exemplo, isenção total ou parcial do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); isenção total do preço público, referente à obtenção da licença para construção de obras particulares; isenção total ou parcial do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN); isenção da Taxa de Alvará de Utilização, bem como de todos os impostos e taxas para legalização da inscrição junto ao cadastro municipal; isenção total do Imposto sobre Transmissão de Bem Imóvel adquirido para fins exclusivos de acomodações e instalações operacionais da empresa. Além disso, a prefeitura pode fornecer equipamentos e mão-de-obra para serviços iniciais de terraplanagem da obra necessária à instalação ou ampliação de empresas participantes do programa.[carece de fontes?]
O Distrito Industrial de Rio Claro, criado na década de 1970, localiza-se na zona norte da cidade e é regulamentado por Legislação Municipal. Ocupa uma área total de 11 milhões m². O Distrito Industrial tem uma configuração que possibilita a instalação de grandes estruturas (lotes de aproximadamente 25 000 m²), bem como estruturas menores, em lotes que variam de 1 200 m² a 5 000 m².[carece de fontes?]
Infraestrutura
Comunicações
A cidade era atendida pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB), que construiu em 1970 a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1973[37] passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que em 1998 foi privatizada e vendida para a Telefônica,[38] sendo que em 2012 a empresa adotou a marca Vivo.[39] para suas operações de telefonia fixa.
Em 2009, Rio Claro possuía uma frota estimada em 115 mil veículos, divididos em 40 mil motocicletas, mais de 60 mil automóveis, além de caminhões. as bicicletas somam 150 mil. Em função de seu relevo propício, Rio Claro é uma cidade com condições ideais para a prática do ciclismo, além do uso do transporte através de bicicletas. Rio Claro possui ciclovias e ciclofaixas com pouco mais de 20 km conectando bairros ao Distrito Industrial, localizado na Avenida Brasil. Além dessa faixa, a principal avenida que dá acesso à cidade, Avenida Presidente Kennedy, também tem parte de sua via, protegida e reservada aos adeptos desse transporte. Por sua topografia privilegiada, possui uma das maiores frotas de bicicletas por habitante do país. É a segunda, depois de Joinville.[carece de fontes?]
O sistema de transporte por trólebus foi inaugurado na cidade de Rio Claro - SP, em 1986. Os veículos, num total de 10, foram adquiridos de segunda mão, vindos do sistema de São Paulo. Possuíam carroceria construída pela CMTC, chassi GMC-ODC e equipamento elétrico Siemens. Até 1992, cinco destes trólebus foram reconstruídos, com a recuperação das carrocerias e dos motores Siemens, além da adaptação de equipamentos Villares, do tipo eletropneumático. A construção e manutenção da rede elétrica e subestações ficou a cargo da CESP - Companhia Energética de São Paulo, totalizando 17,5 km de rede. Sua desativação ocorreu em 1993, após a privatização do sistema de transportes da cidade.
O Município é atendido pela linha tronco da América Latina Logística (ALL), que interliga Rio Claro a São Paulo (Estação da Luz); os entroncamentos a partir de Itirapina seguem a Oeste do Estado (Panorama) e Noroeste (São Carlos e São José do Rio Preto). O tradicional "Aeroclube de Rio Claro", fundado em 14 de Abril de 1939, tendo sua primeira turma de pilotos brevetados nesse mesmo ano. Destaca-se pelas belas festas aviatórias promovidas próximas ao aniversário de fundação da cidade.
Rodovias
SP-127 - Rodovia Fausto Santomauro (interliga Rio Claro a Piracicaba, pista dupla. Na sequência estão Tietê, Tatuí, Itapetininga e região sul do Estado);
SP-191 - Rodovia Wilson Finardi (interliga Rio Claro a Araras com entroncamento para Via Anhanguera a 23 km, dando acesso à região de Ribeirão Preto. A sudoeste Ipeúna, Charqueada e São Pedro);
Possui também escolas e centros de educação infantil mantidos pela prefeitura, escolas estaduais e particulares, escolas profissionalizantes e unidades do SESI, SENAI, SENAC, SEST/SENAT, ETEC - Centro Paula Souza, com cursos extensivos e profissionalizantes. Além da Guarda Mirim de Rio Claro - desde 1961 - que encaminha jovens e adolescentes ao mercado de trabalho, após participarem do curso pré-profissionalizante (CPP).[43]
Entre as escolas particulares, destacam-se o Colégio Puríssimo Coração de Maria, o Colégio Koelle, o Colégio Claretiano, Colégio Objetivo, o Colégio COC, Centro Educacional SESI e o Colégio Além. Entre as escolas públicas, destaque para a Escola Municipal Agrícola "Engenheiro Rubens Foot Guimarães", única escola na zona rural da cidade, que atende crianças da 1.ª a 8.ª série.
Rio Claro possui a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), com amplo campus universitário e diversos laboratórios de pesquisas. A instituição oferece vários cursos em dois institutos, a saber: o Instituto de Biociências e o de Geociências. Entre as faculdades particulares, estão: Claretianas, Anhanguera e ASSER. A cidade conta também com o polo da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).
↑ abcdefghiARAUJO, A. G. M. (2001). «A Arqueologia da Região de Rio Claro: Uma Síntese». São Paulo, São Paulo, Brasil: Universidade de São Paulo. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. 11: 125–140. ISSN0103-9709
↑ abcMARTINS, I. A. O. «História Que o Povo Conta». História de Ipeúna por Idajar Martins (site desenvolvido por Alex de Camargo). Consultado em 14 de janeiro de 2016
↑ abSILVA, A. E. (18 de agosto de 2004). «Sítios Arqueológicos». Guia Rio Claro. Consultado em 14 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2016