Geografia do Paraná é um domínio de estudos e conhecimentos sobre os aspectos geográficos desse estadobrasileiro. Localiza-se a 51° 00′ 00″ de longitude oeste do Meridiano de Greenwich e a 24° 00′ 00″ de latitude sul da linha do equador e com fuso horário -3 horas em relação à hora mundial GMT.[2] A área do estado é de 199 307,922 km²[3] (algumas fontes indicam 199 709,1 km²), equivalente a 2,34% do território brasileiro, onde 1 603,770 km² estão em perímetro urbano.[4]
O estado do Paraná está localizado na mesma latitude que o litoral sul da Namíbia, a uma distância de 6 035 km entre Matinhos (Brasil) e Lüderitz (Namíbia), por via marítima.[nota 1]
O território paranaense é cortado ao norte por um círculo imaginário: o Trópico de Capricórnio, que passa ao sul da cidade de Londrina, sendo o estado inteiramente situado no hemisfério ocidental e no hemisfério sul.[nota 2] Situa-se entre os paralelos 22° 30′ 58″ de latitudenorte e 26° 43′ 00″ de sul e entre os meridianos 48° 05′ 37″ de longitudeleste e 54° 37′ 08″ de oeste.[9] O Paraná é mais extenso no sentido leste-oeste do que no norte-sul.[nota 3] Entretanto, como essas distâncias são quase duas vezes diferentes, costuma-se dizer que o Paraná é um estado desigualmente distante: a distância leste-oeste em linha reta alcança 647 km e norte-sul 468 km.[9]
As divisões políticas têm como objetivo o controle administrativo do território estadual e foram configuradas, cronologicamente, com a implementação das vilas e, finalmente, os municípios e suas atuais subdivisões em distritos/administrações regionais e os bairros oficiais.[12][13][14][15][16] A divisão em 6 regiões geográficas intermediárias e 29 imediatas foi elaborada em 2017,[17] no mesmo momento em que a disposição da área dos municípios do território paranaense se encontrava praticamente definida; em 1995, 28 municipalidades foram criadas por leis aprovadas na Assembleia Legislativa do Paraná.[16] Atualmente, o Paraná se encontra dividido em 399 municípios.[nota 4]
Mais de 52% do território do Paraná localiza-se além de 600 m e 89% para além de 300 m; apenas 3% localiza-se aquém de 200 metros. Dominam o relevo do estado as áreas aplainadas dispostas a enorme altitude, formando planaltos montanhosos que compõem as serras do Mar e Geral. Cinco unidades geomorfológicas ocorrem do litoral ao interior, nessa ordem: baixada litorânea, serra do Mar, planalto cristalino, planalto paleozoico e planalto basáltico.[20][21]
A serra do Mar bordeja o planalto cristalino a leste e ocupa com suas fortes montanhas a planície litorânea. No estado do Paraná, ao invés do que aparece em São Paulo, a serra encontra-se subdividida em maciços isolados, entre os quais se introduz a altitude média do planalto cristalino (900 m) até atingir o rebordo leste. Geralmente, os maciços excedem essa cota em cem metros. Isso faz com que no Paraná a serra do Mar, além da escarpa voltada a leste com um desnivelamento de mil metros, também possua uma interna, virada a oeste. Entretanto, esta apresenta um desnivelamento de somente 100 metros.[21] Escrevendo um imenso arco desde São Paulo até Santa Catarina, a serra recebe várias denominações locais, como Capivari Grande, Virgem Maria, Ibitiraquire, Morena, Graciosa (onde se encontra a Estrada da Graciosa), Marumbi (onde se localiza o Parque Estadual Pico Marumbi), da Prata, entre outras.[24] Na serra do Mar, se encontram as mais elevadas altitudes do estado.[25] O ponto mais alto do estado é o pico Paraná, com 1 877 m, na serra do Mar.[1]
Planalto cristalino
O planalto cristalino, também denominado primeiro planalto paranaense ou de Curitiba, possui um cinturão de terrenos cristalinos, que vai de norte a sul, a oeste da serra do Mar, com um comprimento regular de cem metros e mais de 900 metros de altitude. A topografia oscila de escarpada, na porção setentrional, a levemente ondulada, na parte sul. Um lago antigo, atualmente muito sedimentado, compõe a bacia sedimentar de Curitiba.[21]
Planalto paleozoico
O planalto paleozoico, também denominado segundo planalto paranaense ou dos Campos Gerais (ou de Ponta Grossa), se propaga em solos paleozoicos. Limita-se, a leste, com uma escarpa, a Serrinha, desce para o planalto cristalino e, a oeste, com a cuesta da serra da Esperança, eleva-se para o basáltico. O planalto paleozoico é topograficamente leve e ligeiramente inclinado para oeste: em seu extremo leste atinge 1 200 metros de altitude e, na encosta da serra Geral, ao ocidente, marca apenas 500 metros. Compõe um cinturão de terras de mais de 100 km de comprimento e desenha uma imensa meia-lua, cuja concavidade está voltada a leste.[21]
Da mesma forma que o planalto paleozoico, o basáltico desce suavemente para oeste: diminui de 1 250 metros, a leste, para 300 metros nas orlas do rio Paraná (a montante de Sete Quedas). Constituído por uma série de derramesbasálticos, postos em pilha uns em cima dos outros, esse planalto compreende a metade oeste do território estadual. Seus solos, que se desenvolvem com base nos produtos de deterioração do basalto, formam a “terra roxa”, conhecida por ser um solo fértil para a agricultura, mais precisamente a cafeicultura.[21]
No ponto de encontro dos limites de Mato Grosso do Sul-departamento paraguaio de Canindeyú, Paraná-Mato Grosso do Sul e Paraná-departamento de Canindeyú situavam-se os saltos de Sete Quedas, constituídos pelo rio Paraná quando o curso de água desce do planalto basáltico ao desfiladeiro que o levava à planícieplatina. Em 1982 o lago da represa de Itaipu submergiu os dois saltos,[27] diante de manifestação dos ecologistas.[28] Mais ao sul, o rio Iguaçu também corre do planalto basáltico diretamente para a garganta. Compõe então os saltos do Iguaçu, que não foram atingidos pelo erguimento da barragem, por estar situada Itaipu a montante do encontro dos dois rios.[26]
Segundo o Instituto das Águas do Paraná, existem onze unidades aquíferas no estado. São elas: costeira, no litoral; pré-Cambriana, no sudeste; a Guabirotuba, na região de Curitiba; Karst, na bacia do rio Ribeira do Iguape; Paleozóica Inferior, Média-Superior e Superior, nos Campos Gerais; Guarani, no limite entre o segundo e o terceiro planalto. Por fim, Serra Geral sul, no sudoeste; S. G. norte, no oeste, no centro, no setentrião e em parte do nordeste; e Caiuá, no noroeste.[29]
O clima Cfb, subtropical com chuvas bem divididas no decorrer do ano e verões suaves, aparece na porção mais alta e abrange o planalto cristalino, o paleozoico e a leste do basáltico. As temperaturas médias anuais variam em 17 °C e o índice chuvoso atinge mais de 1 200 mm anuais.[30]
O clima Cwa, subtropical com invernos secos e verões cálidos, aparece na parte norte-ocidental do território estadual. Constitui o denominado clima tropical de altitude, pois, em contraposição aos dois descritos acima, que marcam chuvas bem divididas ao longo do ano, este possui índice chuvoso característico dos regimes tropicais, com verões chuvosos e invernos secos. A média térmica anuais varia por volta de 20 °C e o índice chuvoso atinge 1 300 mm anuais. Quase todo o território estadual está vulnerável a mais de cinco dias de geada anuais, porém, na parte sul e nas porções mais altas dos planaltos são registrados cerca de dez dias. A neve é um fenômeno raramente visto na região de Curitiba.[30]
A floresta subtropical constitui uma floresta mista integrada por latifoliadas e coníferas. Estas últimas são constituídas pelo pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), que não ocorre em agrupamentos puros. A floresta mista ou mata dos pinheiros revestia as partes mais altas do estado, ou seja, boa parte do planalto cristalino, o extremo leste do basáltico e uma pequena porção do paleozoico. Essa formação compreendia 44% do território do Paraná e ainda a porção dos estados paulista, catarinense e gaúcho. Na atualidade, constitui a floresta mais economicamente explorada do Brasil, por ser a única que possui abundância de indivíduos da mesma espécie (pinheiros) em agrupamentos bastante densos (embora não puros) para permitir fácil exploração.[32]
Os campos limpos existem sob o formato de manchas espalhadas pelos planaltos paranaenses. A maior extensão dessas manchas é a dos denominados campos gerais, recobrindo a toda parte leste do planalto paleozoico e descrevendo uma gigantesca meia-lua no mapa estadual de biomas. Demais manchas de campo limpo são as de Curitiba e Castro, no planalto cristalino, as de Guarapuava, Palmas e demais, pequenas, no basáltico. Os campos limpos compreendem por volta de nove por cento do território do Paraná. Os campos cerrados são pouco expressivos no Paraná, onde abrangem área muito pequena — inferior a um por cento da superfície do estado. Compõem pequenas manchas no paleozoico e no basáltico.[32]