As eleições estaduais no Rio Grande do Sul em 1945 foram realizadas em 2 de dezembro de acordo com as regras fixadas no decreto-lei 7.586[1] e numa resolução do Tribunal Superior Eleitoral publicada em 8 de setembro como parte das eleições gerais em 20 estados, no Distrito Federal e no território federal do Acre.[nota 1] Os gaúchos elegeram dois senadores e vinte e dois deputados federais[2] enviados à Assembleia Nacional Constituinte para elaborar a Constituição de 1946 e restaurar o regime democrático após o Estado Novo.[3]
Elevado ao cargo de presidente da República após um golpe de estado por meio da Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o comando do governo provisório onde governou através de decretos assumindo até mesmo as atribuições do Poder Legislativo até a eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte,[4] promessa cumprida após a conflagração da Revolução Constitucionalista de 1932 que legou ao país a Constituição de 1934.[5] Graças às disposições transitórias da mesma, foi eleito presidente da República pelos constituintes por via indireta ao derrotar Borges de Medeiros, candidato apoiado pelos paulistas. Com o tempo, a radicalização ideológica entre integralistas e aliancistas fomentou a Intentona Comunista e forneceu a desculpa, alimentada pelo fraudulento Plano Cohen, para o fechamento do regime através do Estado Novo em 1937.
Fase mais repressiva da Era Vargas, o Estado Novo foi guarnecido pela Constituição de 1937 e acabou após a Segunda Guerra Mundial.[6] A essa altura o país já tomara conhecimento do Manifesto dos Mineiros e com o fim do nazi-fascismo, a ditadura varguista foi obrigada a abrir o regime e marcar eleições gerais para 1945. Em 29 de outubro a deposição de Getúlio Vargas levou ao poder o ministro José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Mesmo fora do poder o ex-ditador não foi importunado e regressou a São Borja. Durante a estadia em sua cidade natal foi agraciado com nove mandatos eletivos. Graças ao ardil das candidaturas múltiplas e a inexistência de regas quanto ao domicílio eleitoral, foi eleito deputado federal pela Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, além de senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo.[7] Em meio a tantas opções integrou a bancada gaúcha no Senado Federal pelo PTB, mas renunciou em favor de Camilo Mércio tão logo foi promulgada a Constituição de 1946.
Também eleito senador, o coronel Ernesto Dorneles ingressou no Colégio Militar de Porto Alegre e a seguir na Escola Militar do Realengo. Nascido em São Borja, foi adjunto da Polícia Militar de Minas Gerais durante a interventoria de seu cunhado, Benedito Valadares e a seguir trabalhou com o ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra. Nomeado interventor federal no Rio Grande do Sul em 1943 como sucessor de Osvaldo Cordeiro de Farias, ingressou na vida política após dois anos e filiou-se ao PSD sendo eleito senador beneficiando-se ainda por ser primo de Getúlio Vargas.[8]
Resultado da eleição para senador
Com informações do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.[2][9]
Eleito
Deputados federais eleitos
São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[10][11]
Representação eleita
Fonteː[7]
Notas
- ↑ Este elegeria dois deputados federais sendo que em 1947 Amapá, Rondônia e Roraima elegeriam apenas um deputado federal cada.
- ↑ a b Graças ao ardil das candidaturas múltiplas, Getúlio Vargas obteve nove mandatos em 1945: deputado federal pela Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo e senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo, optando por representar seu estado no Senado Federal levando à efetivação de seu suplente de deputado federal gaúcho. Consta aqui sua inscrição como concorrente pelo PTB embora o acervo do Tribunal Superior Eleitoral assegure que Getúlio Vargas foi eleito senador pelo PSD.
- ↑ Efetivado quando Getúlio Vargas renunciou após a promulgação da nova constituição.
- ↑ a b Segundo o Art. 11, § 2º, inciso I, alínea "b" das Disposições Transitórias, os suplentes dos senadores eleitos em 1945 seriam escolhidos por voto direto em 1947.
- ↑ a b A eleição de Ernesto Dorneles para o governo do Rio Grande do Sul em 1950 levou à efetivação de seu suplente.
- ↑ Luís Carlos Prestes foi eleito senador pelo Distrito Federal e deputado federal pelo Distrito Federal, Pernambuco e Rio Grande do Sul optando pela vaga senatorial.
- ↑ Não foi possível determinar o município de seu nascimento.
- ↑ Beneficiado pela decisão de Luís Carlos Prestes de exercer o mandato de senador pelo Distrito Federal, foi efetivado e exerceu o mandato até que o Congresso Nacional declarou extintos os mandatos da bancada comunista em 10 de janeiro de 1948 após decisão do Tribunal Superior Eleitoral proferida em 7 de maio de 1947.
Referências
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Estão em itálico as ocasiões em que não houve eleição direta para governador. |
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