Para entender o resultado desta eleição é preciso recuar até 1962 quando Virgílio Távora engendrou uma coligação denominada "União pelo Ceará" ao unir UDN e PSD e isto serviu como embrião da ARENA tão logo o Regime Militar de 1964forçou o bipartidarismo e dividiu o poder estadual também com César Cals e Adauto Bezerra que formavam um triunvirato de coronéis cujo poder vinha do clientelismo e das patentes militares ostentadas pelo trio.[5][6] Tamanho era o domínio exercido que, exceto pela vitória de Mauro Benevides para senador em 1974,[4] o grupo não sofreu qualquer revés eleitoral. Entretanto com a proximidade das eleições de 1982 as tensões no PDS, o novo partido governista, levaram à escolha do professor e economista Gonzaga Mota, único nome capaz de aglutinar os grupos divergentes. Escolhido o cabeça de chapa, os coronéis acertaram que Adauto Bezerra seria o vice-governador e Virgílio Távora o senador com César Cals tendo o direito de indicar seu filho, César Cals Neto, à prefeitura de Fortaleza num tratado confirmado pela vitória de Gonzaga Mota.
A eleição de Tancredo Neves e o subsequente governo de José Sarney, todavia, mudaram o quadro político no estado a ponto de Gonzaga Mota romper com seus padrinhos e ingressar no PMDB[nota 2] abrindo o caminho à vitória do empresário Tasso Jereissati ao governo.[7] Natural de Fortaleza, filho de Carlos Jereissati e genro de Edson Queiroz, o novo governador do Ceará é formado em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas e desenvolve a atividade política desde 1976, quando ingressou no Centro Industrial do Ceará, uma espécie de fórum para debates políticos e econômicos. Sua gestão à frente do executivo estadual deu força política ao tassismo, responsável pela vitória de Ciro Gomes para prefeito de Fortaleza em 1988 e com o ingresso deles no PSDB em 16 de janeiro de 1990[8] foi erigida formalmente uma aliança política responsável pela chegada de Ciro Gomes ao Palácio Iracema naquele ano numa união que durou até às vésperas do pleito de 2006 quando a união foi rompida visto que Ciro Gomes e seu irmão, o então governador Cid Gomes, davam suporte ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Consumada a defecção de Gonzaga Mota, os coronéis da política cearense reeditaram a extinta ARENA ao anunciar a chamada "Coligação Democrática" formada pelo PFL de Adauto Bezerra e o PDS de César Cals e Virgílio Távora com o apoio do PTB.[9]
Resultado da eleição para governador
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará houve 293.271 (10,90%) votos em branco e 106.687 (3,97%) votos nulos calculados sobre um total de 2.690.314 eleitores com os 2.290.356 votos nominais assim distribuídos:[4][10]
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará houve 1.163.694 (21,63%) votos em branco e 210.989 (3,92%) votos nulos calculados sobre um total de 5.380.628 eleitores com os 4.005.945 votos nominais assim distribuídos:[4][11]
↑O Distrito Federal elegeu três senadores e oito deputados federais de acordo com a Emenda Constitucional 25 de 15/05/1985 enquanto os territórios federais elegeram quatro deputados federais cada de acordo com a Emenda Constitucional nº 22 de 29/06/1982, sendo que em Fernando de Noronha não houve escolha de representantes.
↑ abcSe a convenção partidária lançar três candidatos a senador por sublegenda e um deles for eleito, os demais serão realocados como suplentes, por ordem de votação.
↑ abMauro Benevides concorreu numa sublegenda e os demais postulantes do PMDB concorreram em outra, somando 1.132.372 votos (28,27%), conquistando a segunda vaga.
↑Sua eleição à prefeitura de Granja em 1988, o fez renunciar à suplência.
↑ abSe a convenção partidária lançar dois nomes para senador, cada sublegenda indicará um suplente por candidato.
↑"Coronéis" cearenses se unem para eleição (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 24/03/1986. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 11 de agosto de 2020.
↑Tasso x Coronéis (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 06/09/1986. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 11 de maio de 2016.
↑Tasso, 37 anos, milionário. É o nome do PMDB no Ceará (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 29/04/1986. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 4 de junho de 2016.
↑Tasso Jereissati se filia ao PSDB e diz que sua opção é "definitiva" (online). Folha de S.Paulo, 17/01/1990. Página visitada em 24 de setembro de 2013.
↑Três partidos selam acordo com coronéis (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 28/07/1986. Primeiro caderno, p. 02. Página visitada em 4 de junho de 2016.
↑Ceará tem quatro candidatos (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 04/08/1986. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 4 de maio de 2016.
↑PDT pode apoiar PT no Ceará e PMDB faz festa para homologar Tasso (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 02/08/1986. Primeiro caderno, p. 02. Página visitada em 4 de maio de 2016.
↑BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 17 de maio de 2024