O território tem 18,5 km² de área[1] e segundo dados de janeiro de 2011, tinha 82 376 habitantes (densidade: 4 452,8 hab./km²). A população é composta sobretudo de cristãos e muçulmanos, havendo também uma comunidade judaica e uma pequena comunidade hindu. As zonas urbanizadas situam-se no istmo e em parte no chamado Campo Exterior, na parte mais continental, a oeste do istmo. O centro urbano e os bairros mais antigos situam-se perto do porto e na encosta do Monte Hacho, que domina a cidade.
Graças à sua situação estratégica, o porto de Ceuta tem um importante papel na passagem do Estreito, assim como nas comunicações entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. Devido ao relevo acidentado e à escassez de água, energia e matérias primas, tanto o setor primário, à exceção das pescas, como o secundário, têm pouco peso na economia local e até mesmo o setor da construção está muito restringido devido à escassez de solo. O estatuto de zona franca e uma série de vantagens fiscais favorecem um intenso comércio. Em 2010 o Produto Interno Bruto de Ceuta foi 1 521,624 milhões de euros.[2]
A origem do nome remonta à designação dada pelos romanos aos sete montes da região (em latim: Septem Fratres; "sete irmãos"). Septem foi deformado sucessivamente para Sept, Cepta[3] e Seuta.
Os geógrafos e historiadores da Antiguidade não citam o topónimo da localidade, mas um deles, Pompónio Mela, relatava as peculiaridades orográficas do ocidente de Almina, com os seus sete pequenos montes simétricos a que chamou de "Sete Irmãos". Pela sua semelhança fonética pensa-se que Ceuta derivou de Septem, arabizado como Sebta.
História
Pré-história e Antiguidade
Os primeiros vestígios de ocupação humana remontam a 250 000 a.C.[4] No século VII a.C. os fenícios fundam a cidade de Abila no promontório onde atualmente se situa a catedral. Abyla é posteriormente ocupada por gregos da Fócida, que a rebatizaram de Hepta Adelfos.
Após quatro séculos de domínio romano, Ceuta é tomada em 429 pelos vândalos comandados pelo seu rei Genserico. Em 534 o general do Império BizantinoBelisário reconquista Septem, durante as campanhas norte-africanas da Recuperatio Imperii empreendidas pelo imperador Justiniano. A cidade serve de base para a organização da conquista das costas de Malaca (Málaga) e do que veio a ser a província bizantina da Espânia. A domínio bizantino seria breve, caindo a cidade em mãos dos Visigodos após a retirada dos bizantinos.
Em 709 a cidade é conquistada pelo califadoomíada, devido a conflitos internos entre os visigodos. Segundo algumas lendas, a queda da cidade deveu-se à sublevação do Conde Julião, uma figura de origem obscura que era governador da cidade quando a cidade foi conquistada pelos omíadas comandados por Muça ibne Noçáir e Tárique, com os quais teria chegado a acordo para se render.
Em 1232 Ceuta é conquistada pela Taifa de Múrcia, mas logo no ano seguinte a cidade tornou-se independente. A independência terminou em 1236, com a ocupação dos Merínidas. Em 1242 foi tomada pelos Haféssidas. Em 1249 Ceuta passa a ser governada pelos azáfidas.
Segundo o Tratado de Monteagudo, assinado em 1291 entre os reinos de Castela e Aragão, a cidade ficou na zona de influência de Castela. Em 1305, fazendo então parte do Reino Nacérida de Granada, Ceuta entra no jogo da política mediterrânica de Castela.
No entanto, em 1309 é conquistada novamente pelos Merínidas com apoio de Aragão. Nos anos seguintes, os Merínidas enfrentam vários ataques à cidade lançados pelo reino de Granada. Em 1310, os azáfidas voltam a tomar o controlo, que perderiam novamente em 1314 para os Merínidas. Os azáfidas voltam a recapturá-la em 1315. Em 1327 ocorre nova reconquista por parte dos Merínidas. Cerca de 1384 o reino de Granada volta a tomar a cidade, que é cercada pelos Merínidas, que logram retomá-la em 1386.[5]
Apesar de todas as peripécias militares a que esteve sujeita ao longo da Idade Média, Ceuta era uma das cidades mais importantes do Ocidente muçulmano, estimando-se que tivesse chegado a ter cerca de 30 000 habitantes, superando assim cidades como Valência, Málaga, Jerez, Saragoça, Maiorca, Almeria ou inclusivamente Granada antes do período nacérida, o que é de certa forma notável devido à escassez de água. Essa escassez não parece ter condicionado o desenvolvimento da cidade, devido aos ceutenses se terem tornado mestres no seu aproveitamento. O autor muçulmano Alançari relatava no início do século XV que existiram 25 fontes públicas em Ceuta e se bem que algumas fossem naturais, os historiadores acreditam que a maior parte tivessem que ser artificiais. O geógrafo andalusino do século XIAlbacri menciona a existência de um aqueduto, que segundo a tradição local teria sido construído pelo Conde Julião no século VIII.[6]
A 21 de agosto de 1415 tropas portuguesas comandadas pelo rei D. João I acompanhado pelos seus filhos Duarte, Pedro e Henrique desembarcaram no que são atualmente as praias de Santo Amaro e conquistam a cidade para Portugal. Diante das disputas de vários capitães para ficarem com o governo da cidade depois da conquista, Pedro de Meneses apresentou-se ao rei com um pau chamado "aleo", usado num jogo popular na época, e quando D. João lhe perguntou se era suficientemente forte para tomar a seu cargo a responsabilidade do governo de Ceuta terá respondido: «Senhor, este pau basta-me para defender Ceuta de todos os seus inimigos». Pedro de Meneses foi então nomeado primeiro governador e capitão-geral de Ceuta. O pau (Aleo) ainda hoje se encontra no santuário de Nossa Senhora de África e passou de mão em mão por todos os governadores que estiveram no comando da praça jurando defender a cidade tal como o fez Pedro de Meneses.
Num tratado assinado com o rei de Fez, este reconheceu Ceuta como portuguesa. No mundo cristão, a cidade foi reconhecida como possessão portuguesa nos tratados das Alcáçovas (1479) e de Tordesilhas (1494).
“
Ceuta, cidade no estreito Hercúleo, em frente de Gibraltar, foi uma das principais cidades no tempo dos mouros, tanto em edifícios como em riqueza de mercadorias, que daqui partiam para toda a terra do Sertão. E estava em tanta prosperidade que quantos navios passassem pelo dito estreito, quer do Levante quer do Poente, tinham que amainar as velas, porque toda a nau que isto não fizesse, as galés dos mouros as seguiam e as tomavam.
”
— Descrição de Ceuta no início do século XVI por Valentim Fernandes, 1507.
Ceuta tornou-se diocese em 1417 por bula do Papa Martinho V. A partir de 1645 a diocese de Ceuta deixou de pertencer a Portugal, e passou a ser espanhola.
No contexto da Dinastia Filipina, que se seguiu à morte de D. Sebastião em 1580, Ceuta manteve a administração portuguesa, tal como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa em 1640 não aclamou o Duque de Bragança como rei de Portugal, ficando sob domínio espanhol. A situação foi oficializada em 1668 com o Tratado de Lisboa, assinado entre os dois países e que pôs fim à guerra da Restauração, no entanto, a cidade decidiu manter a sua bandeira que é composta por gomos brancos e pretos, à semelhança da bandeira da cidade de Lisboa, ostentando ao centro o escudo português.[7]
A cidade é cercada entre 1694 e 1724 pelo sultãoalauitaMulei Ismail. Em 1704, apesar de cercada por terra, resiste aos ataques da armada inglesa que tomou Gibraltar. Os marroquinos atacaram por terra, ao mesmo tempo que uma frota anglo-holandesa bombardeia a cidade e tenta um desembarque. Em 1721, Mulei Ismail aproveitou o caos que se vivia em Espanha para desalojar os espanhóis da costa marroquina, tomando, an Miguel de Ultramar (Mamora), Larache, mas não logrou apoderar-se de Ceuta. Após a morte de Mulei Ismail ainda houve cercos marroquinos à cidade entre 1725 e 1728, em 1732, 1757 e 1790-1791.[8]
Em 1812 a Junta da Cidade é convertida num ayuntamiento constitucional. Em 1859–1860 assiste-se à chamada Guerra de África, durante a qual os limites da cidade são expandidos.
A Guerra Civil Espanhola chegou a Ceuta logo no seu primeiro dia. A sublevação foi levada a cabo na cidade na madrugada de 17 para 18 de julho de 1936 por tropas do tenente-coronel Juan Yagüe e não encontrou grande resistência. Militares leais ao governo e personalidades da Frente Popular, como Antonio López Sánchez-Prado, foram posteriormente fuzilados depois de terem sido submetidos a simulacros de julgamentos. Ceuta teve grande importância durante os primeiros meses do conflito como ponto de passagem do Exército do Norte de África na ocupação da Espanha peninsular.
Em 1956 dá-se a independência de Marrocos e, consequentemente, o fim do protetorado. Ceuta serve de base para a retirada das tropas dos territórios emancipados.
Em 1978 a nova constituição espanhola, como outras anteriores, reconhece Ceuta como território integrante da nação espanhola, integrando-a no novo modelo de organização territorial, com a previsão da possibilidade de constituir-se em comunidade autónoma. Em 1995 é promulgado o Estatuto de Autonomia da cidade, que juntamente com Melilla passa a ter o estatuto de cidade autónoma.
Depois de 80 anos sem ser visitada por qualquer monarca espanhol, os reis espanhóis Juan Carlos e Sofia fizeram uma visita oficial a Ceuta a 5 de novembro de 2007.
Geografia
O território tem 18,5 km² de área e 28 km de perímetro (20 km de costa e 8 km de fronteira terrestre).[1]
A morfologia do terreno de Ceuta deve-se à orogenia alpina, que fracionou esta terra até à grande plataforma do Saara. O seu principal acidente orográfico da cidade é o Monte Hacho, formado por um anticlinal e com 204 m de altura, embora no interior o ponto mais alto se situe a 345 m.[1] O resto do território é constituído por um istmo que une aquele monte com o continente africano e com a ilhota de Santa Catarina (Santa Catalina).
O istmo é constituído por terreno metamórfico de composição geológica complexa, com cinco áreas distintas, cujo elemento principal é a serra de Anyera, que corre paralela à costa e que nos arredores da cidade é chamada de "Mulher Morta" (Mujer Muerta) ou, em árabe, Jbel Musa (ou Djebel Moussa) e em berbereAdrar Musa(851 m).[9]
Tradicionalmente considerada a divisória entre as águas do Mediterrâneo e do Atlântico, Ceuta está rodeada por mar, que forma duas baías, uma a norte, virada para a Península Ibérica, e outra a sul, virada para Marrocos.
Os xistos e ardósias impermeáveis que constituem o terreno da península ceutense dificultam a formação de bolsas de água no subsolo. Apesar disso, constata-se que ao longo da história existiram fontes, embora todas elas situadas no Campo Exterior, como a da Teja, o ribeiro das Bombas, a fonte do Raio, etc.[6]
Clima
O clima é do tipo mediterrânico, caracterizado por temperaturas amenas e precipitação irregular e matizado principalmente por dois fatores: o relevo e o mar que a rodeiam. O relevo, representado pelo Jbel Musa, atua como uma cortina ante os ventos atlânticos carregados de humidade, e a influência marítima faz com que as temperaturas sejam amenas, tanto no verão como no inverno. A média anual não ultrapassa os 16,6°C. As temperaturas máximas absolutas registam-se em julho, enquanto as mínimas ocorrem em janeiro ou fevereiro, sendo comum que desçam a 3 °C.
A diferença de temperatura entre as águas que separam o Estreito e os ventos carregados de humidade procedentes do Atlântico fazem com que a chuva seja abundante, ultrapassando os 800 mm anuais. O regime de precipitações é muito irregular, com um máximo no inverno e grande aridez entre os meses de maio e setembro. A humidade relativa também é elevada, sendo a média anual 84%.
A vegetação sofreu impactos negativos derivados das necessidades defensivas da povoação, que obrigava a manter o Campo Exterior despojado. Durante muitas épocas da história, foram levados a cabo desmatamentos sistemáticos nas vizinhanças do recinto muralhado. A necessidade de solo urbanizável também provocou a perda de espaços vegetais.
A espécie arbórea característica da região era o sobreiro, ainda visível em Benzú. Contudo, o processo de degradação devido à ação humana fez com que os bosques secundários sejam constituídos por pinheiros e eucaliptos, fruto de sucessivas reflorestações. A primeira reflorestação com pinheiros foi feita nas proximidades da ermida de Santo António. O choupo foi a árvore mais corrente nos séculos XVIII e XIX, sendo substituído no presente pela acácia, dracena, dragoeiro e algumas espécies americanas e asiáticas plantadas no primeiro quartel do século XX, como a figueira-benjamim (Ficus benjamina).
Outras espécies características da paisagem da região são o palmito (Chamaerops humilis), a figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica) e outras próprias do matagal mediterrânico.
Fauna
As fontes clássicas mencionam a existência de elefantes e grandes felinos que, juntamente como as gazelas, chacais e o macaco-de-gibraltar (ou da Berbéria) — estes dois últimos ainda presentes nas proximidades — constituíam as espécies de mamíferos mais característicos da área. Atualmente essa fauna desapareceu por completo, mas ainda estão presentes outras espécies, como o porco-espinho (Hystrix cristata), a tartaruga-grega (Testudo graeca; em espanhol: tartaruga moura), a raposa ou o javali.
Os céus são frequentados por muitos milhares de aves, que os cruzam nas suas migrações periódicas. O meio marinho, ainda que também afetado pela ação do homem, exibe ainda uma grande riqueza de espécies, a qual é comprovada tanto cientificamente como percorrendo a lota e os mercados.
Demografia e línguas
Segundo dados oficiais de janeiro de 2011, o território de Ceuta tinha 82 376 habitantes. A maioria da população é composta sobretudo de cristãos de origem ibérica, havendo também habitantes de origem magrebina que são muçulmanos, uma comunidade judaica e uma pequena minoria de hindus.
O idioma oficial e mais usado é o castelhano, mas a população muçulmana também fala árabe, numa variante exclusivamente oral denominada dariŷa (árabe marroquino), a qual não é reconhecida oficialmente.
Gráfico da evolução da população de Ceuta entre 1877 e 2011
As cidades de Ceuta e Melilla poderão constituir-se em Comunidades autónomas se assim decidirem os seus respetivos ayuntamientos mediante acordo adotado pela maioria absoluta dos seus membros e assim o autorizam as Cortes Generales, mediante uma lei orgânica, no termos previstos no artigo 144.
”
A denominação oficial do território é Cidade Autónoma de Ceuta, desde a aprovação do Estatuto de Autonomia, a lei orgânica publicada oficialmente em 14 de março de 1995, e que entrou em vigor no dia seguinte. Este estatuto possibilita que não se dupliquem os cargos políticos na cidade, pois os cargos municipais passaram a ser simultaneamente autonómicos (regionais). Desta forma, os vereadores são também deputados autonómicos e o Presidente de Ceuta é simultaneamente o alcaide (chefe do executivo municipal). O plenário municipal é simultaneamente o parlamento autonómico, denominado Asamblea de Ceuta.
Desde finais de 2005 está em projeto a reforma do Estatuto de Autonomia que, além de assumir mais competências, a cidade passaria a denominar-se Comunidade Autónoma, equiparando-se completamente ao resto das comunidades espanholas.
Desde os anos 1970 que o governo marroquino reivindica a inclusão de Melilla e de Ceuta no seu território, bem como das possessões espanholas menores limítrofes com Marrocos, as chamadas plazas de soberanía.[17] O governo espanhol nunca estabeleceu negociações de nenhum tipo, pois considera esses territórios como parte do seu território nacional.[18][19] A acreditar numa sondagem levada a cabo em 2007, 88% dos espanhóis considera igualmente que Ceuta e Melilla são cidades espanholas.[20]
O estatuto de Ceuta e Melilla tem suscitado por parte de meios britânicos e marroquinos comparações com as reclamações territoriais de Espanha sobre Gibraltar, um enclave sob administração britânica na margem norte do estreito homónimo.[21] Essas comparações são rejeitadas pelo governo espanhol e pelos habitantes de Melilla e Ceuta baseando-se no argumento de que aquelas cidades já eram parte integrante de Espanha antes da existência do reino marroquino, sucessor do Sultanato de Marrocos do século XVII, enquanto Gibraltar é um território ultramarino (colónia) cujo estatuto foi definido no Tratado de Utrecht de 1713-1714, que colocou Gibraltar sob a tutela do Reino Unido sem nunca ter feito parte integrante daquele país. A contrário das possessões espanholas no Norte de África, Gibraltar encontra-se na lista de territórios a descolonizar da ONU.[22][23] Contudo Marrocos rejeita esses argumentos, e a posse de Ceuta, Melilla e das plazas de soberanía é uma das teses da ideologia nacionalista do "Grande Marrocos".[24][17][25]
A norma ISO 3166-1 reserva o código EA como código de país para Ceuta e Melilha.
Património edificado e lugares de interesse turístico
Centro da cidade
Catedral — Consagrada à Assunção de Maria, foi construída sobre uma mesquita do período muçulmano. Durante o cerco de 30 anos na viragem do século XVII para o século XVIII serviu de hospital de campanha. A última remodelação data de 1949. Destacam-se a Capela do Santíssimo, com um retábulobarroco, os frescos de Miguel Bernardini, três grandes telas e a imagem da Virgem Capitã, de origem portuguesa (século XV). Tem um portalneoclássico de mármore negro. O interior tem três naves e um grande coro na parte dianteira.
Santuário e Igreja de Santa Maria de África — Construído no século XV, sofreu várias remodelações posteriores, a mais importante das quais no século XVIII. A imagem da Virgem parece ser bizantina e foi doada pelo Infante D. Henrique. Artisticamente não tem grande relevância, mas reveste-se de grande importância espiritual.
Outros edifícios religiosos — Igrejas de São Francisco, Nossa Senhora dos Remédios, Espírito Santo, Santo António e Nossa Senhora do Vale (primeira igreja construída pelos portugueses); antigo convento de Nossa Senhora do Socorro; sinagoga de Bet-El.
Muralhas Reais — As partes mais antigas, mais interiores, datam do século X e as mais recentes do século XVIII. A parte mais importante foi construída pelos portugueses e reconstruída pelos espanhóis em 1674 e 1705. Atualmente acolhem o Museu da Cidade, instalado no Revelim de Santo Inácio. Há também galerias subterrâneas escavadas para a defesa da cidade.
Muralhas do Passeio das Palmeiras — Troço norte das antiga muralhas da cidade.
Basílica romana tardia — Datada de meados do século IV, tem um museu anexo.
Banhos árabes — Na Praça da Paz encontra-se os restos de um balneário árabe (hamam) atípico, de planta em ziguezague, com quatro divisões, paralelas duas a duas. Foi construído entre os séculos XII e XIII.
Palácio Municipal (ou Assembleia) — Construído em 1926, nele se conserva o Pendão Real. O Salão do Trono e o Salão de Sessões têm um cuidado artesoado e frescos de Mariano Bertuchi. O pendão é de seda de damasco vermelho e roxo, bordado por D. Filipa para "maior brilho da coroa lusitana". Ostenta o escudo de Portugal como símbolo da cidade; desfila com as autoridades nos dias da festa do Corpo de Deus e tem honras de Capitão-General.
Parque Marítimo do Mediterrâneo e Povoado Marinheiro — Foi desenhado pelo arquiteto e artista espanhol César Manrique(1919–1992); construído em terrenos reclamados ao mar, parte da sua área é preenchida com água do mar. Nele se encontra o Grande Casino de Ceuta.
Monumento aos Caídos na Guerra de África — Situado na Praça de África, foi erigido em homenagem aos caídos da guerra de 1859-1860. Tem 13,5 m de altura e na parte inferior apresenta baixos-relevos em bronze da autoria do escultor Antonio Susillo(1857–1896). Tem uma cripta que não está aberta ao público.
Estátuas do antigo Jardim de São Sebastião — Situadas no coração da cidade, representam o trabalho, as artes gráficas, a indústria, o comércio, a navegação e África.
Monumento a Hércules — Par de esculturas que flanqueiam a entrada do porto.
Outros lugares e edifícios — Edifício Trujillo, Casa dos Dragões, porto desportivo, Parque de Santo Amaro (com a azenhaFuente de Lomas), Fonte do Sarchal, Forte e antiga Ermida de Santo Amaro, Monumento ao tenente-coronel González Tablas, praias da Ribera, Chorrillo, Sarchal e Santo Amaro.
Zona exterior
Muralhas Merínidas — Conjunto de e torreões do século XIII construídas durante a ocupação dos Merínidas. O amplo recinto foi uma cidadela e albergue, refúgio de guarnições, forasteiros e tropas que se viam obrigadas a passar a noite fora do centro urbano da cidade medieval. As muralhas constituem um dos restos monumentais mais importantes do passado histórico de Ceuta, Dos quase 1 500 metros originais só resta o flanco ocidental, com cerca de 500 metros, vários baluartes e duas torres gémeas que demarcam da chamada Porta de Fez.
Fortaleza do Monte Hacho — Situada no monte homónimo, crê-se que é de origem bizantina e foi consolidada na época dos Omíadas. Os portugueses conservaram-na, mas a construção atual foi levada a cabo pelos espanhóis nos séculos XVIII e XIX. No lado ocidental a fortificação era complementada pelos chamados fortes neomedievais.
Fortes neomedievais — Situados na zona montanhosa que fecha a península, na zona fronteiriça com Marrocos, foram construídos em meados do século XIX, quando após o fim da guerra com Marrocos e a assinatura do tratado de paz de Wad-Ras (1860), se decidiu dotar a fronteira com uma série de torres de vigia para prevenir possíveis agressões exteriores. Foram assim erigidos os fortins de Piniés, Francisco de Assis (o rei consorte), Isabel II (abaixo do qual se encontra um miradouro com esplêndidas vistas sobre o Estreito e a Península Ibérica), Príncipe Afonso, Benzú (este já inexistente), Aranguren, Mendizábal, Renegado, Anyera e Serralho. Este último deve o seu nome ao facto de ter sido usado pelo sultão Moulay Ismail durante o cerco que manteve entre 1694 e 1727.
Castelo do Desnarigado — Construído no século XIX, embora tenha antecedentes dos séculos X e XVI. De estilo neomedieval, desde a década de 1980 que alberga um museu militar que mostra coleções de objetos relacionados com a história militar de Ceuta.
Cristo de Medinaceli — Imagem guardada na Igreja de Santo Ildefonso, em Barriada del Príncipe.
Monumento do Llano Amarillo — Obelisco comemorativo do Juramento del Llano Amarillo, um episódio que antecedeu a Guerra Civil Espanhola, no qual os generais amotinados liderados por Juan Yagüe acertaram os últimos detalhes do levantamento contra a República. Originalmente erigido em Ketama em 1940, foi transladado para o sopé do Monte Hacho pedra por pedra em 1962. A sua conservação ou demolição é tema de controvérsia, pois juntamente com monólitoPaso del Estrecho, os Pies de Franco e o mastro do Cañonero Dato, é um dos únicos monumentos ainda existentes em Ceuta evocativos do franquismo. Todos esses símbolos do franquismo se encontram e mau estado de conservação.
Outros lugares e edifícios — Antiga estação ferroviária, ermida de Santo António do Tojal (com um miradouro na sua parte anterior), mesquita de Muley el-Mehdi (construída em 1937), farol de Punta Almina, Barriada e praias de Benzú (na costa do Estreito, com típicas casas de chá) e Calamocarro. Graças à prosperidade económica vivida na cidade desde o princípio do século XX, há uma série de edifícios que se enquadram num estilo modernista muito próprio, cujo expoente foi José Blein. Entre as obras deste arquiteto, destacam-se o edifício da antiga Junta del Puerto, atualmente a sede da Autoridade Portuária de Ceuta, e a antiga central de autocarros, hoje transformada na esquadra central da polícia.
Infraestruturas e serviços públicos
Saúde e educação
A cidade conta com um hospital de construção recente, o Hospital Universitário de Ceuta e de vários centros de saúde, tanto públicos (pelo menos quatro) como privados.[26]
Há pelo menos 16 escolas (colegios) públicos[27] e 5 privadas e 6 institutos de ensino. A Universidade de Granada tem um campus em Ceuta, onde funcionam uma faculdade de educação e ciências humanas e um escola universitária de enfermagem. A Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED) tem igualmente uma sede na cidade.[26] Existem pelo menos quatro bibliotecas: a Pública Municipal, a da Obra social Caja Madrid, a Histórico Militar e a Pública do Estado.
Transportes e comunicações
Ceuta está ligada com o resto de Espanha apenas através do porto e Heliporto de Algeciras e do Aeroporto de Málaga-Costa del Sol. Entre o primeiro e Ceuta operam ferryboats de quatro companhias. O trajeto tem uma duração aproximada de 45 minutos e efetuam-se entre 15 a 20 travessias diariamente entre as 06:00 e as 23:00.[28]
Os transportes aéreos são assegurados por helicópteros, que operam entre o Heliporto de Ceuta, Algeciras e Málaga. Na linha Ceuta-Málaga há quatro ligações diárias em ambos os sentidos entre as 07:15 e as 20:15; a viagem dura 35 minutos. A viagens entre Algeciras e Ceuta duram 7 minutos.
O único meio de transporte de passageiros autorizado a passar a fronteira entre Ceuta e Marrocos é o automóvel privado, embora também se possa cruzar a fronteira a pé. As cidades importantes marroquinas mais próximas são Tetuão (40 km a sul) e Tânger (cerca de 70 km a oeste).
O serviço de autocarros urbanos tem nove linhas.
Meios de comunicação social
Além da imprensa periódica espanhola com circulação nacional, existem dois jornais em Ceuta: o El Faro e El Pueblo de Ceuta. Além das cadeias de televisão espanholas com cobertura nacional, a cidade conta com dois canais locais: a Ceuta televisión e a Radio Televisión Ceuta. Esta última tem também um canal de rádio.
Cultura
Museus
Museu Municipal de Ceuta — Instalado num edifício construído em 1900 no centro urbano, alberga o Instituto de Estudios Ceutíes, duas salas de exposições temporárias e cinco de exposições permanentes.
Museu do Revelim de Santo Inácio'' — Instalado numa fortificação do século XVIII, na Praça de Armas do Conjunto Monumental das Muralhas Reais.
Museu Militar do Castelo do Desnarigado — Instalado num forte com origens nos séculos X e XVI, o edifício atual data do século XIX e é de estilo neomedieval. Contém coleções de objetos relacionados com a história militar de Ceuta.
Museu Militar de Regulares — Contém uma coleção de objetos do Corpo de Regulares, uma força militar criada em 1911 com pessoal nativo.
Museu Militar de Cavalaria — Contém uma coleção de objetos do Corpo de Cavalaria
Museu da Autoridade Portuária — Contém uma coleção de objetos relacionados com a história do porto de Ceuta.
Museo Catedralicio — A catedral tem um pequeno museu com peças como casulas e capas pluviais dos séculos XVI a XIX, incunábulos, livros de canto, bulas e esculturas.
Museu da Basílica Tardorromana — Museu moderno construído junto aos restos da basílicaromana datada do século IV. Entre as peças expostas encontra-se um sarcófago romano descoberto na década de 1970 na Praça da Constituição, diversos tipos de enterramentos, peças da Madraça al-Yadida e cerâmicas de várias épocas. A antiga basílica faz parte do museu, bem como um algibe (cisterna) medieval perfeitamente conservado.
Gastronomia
Na gastronomia ceutense destacam-se principalmente os pratos de peixes, especialmente os tunídeos, sobretudo secos — atum, sarda (em espanhol: bonito), o volaó (peixe-voador), etc. O peixe frito e os mariscos são também populares. Outro clássico da cidade é o pincho moruno (lit: "espetada mulata"), espetadas de carne adobada (marinada) picante com várias especiarias. Apesar de popular em toda a Espanha, onde tem sido adulterado e industrializado, para alguns apreciadores o verdadeiro pincho moruno só se encontra em Ceuta, onde teve a sua origem.[29] Também dignos de destaque são os caracóis e os típicos corazones de pollo (corações de galinha), que tanto são consumidos em sanduíches como em espetadas ou no prato e são temperados de forma semelhante aos pinchos morunos.[30] Um fruto popular que não é comum encontrar noutros locais de Espanha é o figo-da-índia (em espanhol: chumbo).
Desporto
Futebol
Ao longo da sua história Ceuta teve várias equipas representativas. A primeira que se destacou foi o Ceuta Sport, fundado em 1932 e que em 1941 mudou o seu nome para Sociedad Deportiva Ceuta. Foi o clube mais mais premiado do Campeonato Hispanomarroquí, bem como a primeira equipa ceutense a participar numa Copa do Rei e a chegar à Segunda Divisão Espanhola, tendo chegado a disputar numa ocasião a subida à Primeira Divisão.
Em 1956 o SD Ceuta fundiu-se com o Atlético Tetuán para formarem o Club Atlético de Ceuta, que também jogou várias temporadas na Segunda Divisão, disputando uma vez a subida à Primeira Divisão. A equipa desceu para as categorias regionais nos finais dos anos 1960.
Em 1970 foi fundada a Agrupación Deportiva Ceuta que chegou a competir uma vez na Segunda Divisão antes de ter sido extinta em 1992 devido a problemas económicos. Atualmente (2011), a equipa local mais bem colocada é a Asociación Deportiva Ceuta, fundada em 1996, que nunca foi além da Segunda Divisão B.
Festas e comemorações
Carnaval — Geralmente comemorado em fevereiro, começa com o Concurso de Agrupamentos Carnavalescos nas modalidades Cuarteto, Chirigota e Comparsa. Decorre também um festival gastronómico, "La mejilloná", onde se podem desgustar pratos de mexilhão por preços módicos e assistir às atuações dos agrupamentos carnavalescos. Há um desfile de mascarados, a Gran Cabalgata de disfraces e a festa termina com El entierro de La Caballa, que finaliza a festa do Deus Momo.
Semana Santa — Durante a qual são feitas procissões onde participam as irmandades e confrarias da cidade.
1 de novembro — Dia de Todos-os-Santos e Dia da Mochila. Dia festivo em que é tradição visitar o cemitério para depor flores nos túmulos dos defuntos, a que se junta a tradição de ir para o campo (com mochilas) levando fruta da época e frutos secos.
Eid al Adha — Uma das festas mais importantes do calendário muçulmano, também conhecida com Festa do Sacrifício e Festa do Cordeiro, comemora-se em Ceuta desde 2010. Dado reger-se pelo calendário lunar, a sua data no calendário gregoriano varia de ano para ano.[31]
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Ceuta», especificamente desta versão.
↑«Historia de Ceuta por épocas». www.ceuta.es (em espanhol). Portal do Governo Autonómico de Ceuta. 2005. Consultado em 27 de julho de 2012. Arquivado do original em 14 de maio de 2011
↑O Jbel Musa propriamente dito, isto é a montanha mais alta da serra de Anyera encontra-se em território marroquino, 3 km a oeste da fronteira próxima de Benzú.
↑Cabaleiro, Jesús; Andrés Gallego, Juan (12 de agosto de 2009). «Algeciras lleva 13 años sin hacer ningún hermanamiento». andaluciainformacion.es (em espanhol). Consultado em 27 de julho de 2012A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)
↑Declarações do vice-presidente do governo espanhol Manuel Chaves — «não há nenhuma dúvida que Ceuta e Melilla são espanholas [...] não há nem haverá negociação com Marrocos a esse respeito».
↑A propósito do conflito diplomático entre Espanha e Marrocos sobre a posse das plazas de soberanía, ver por exemplo o artigo Incidente da ilha de Perejil, sobre um incidente ocorrido em 2002.
↑«Colegios Públicos en Ceuta». www.colegiospublicos.org (em espanhol). Guía de Colegios Publicos por Provincias. Consultado em 27 de julho de 2012
↑«Cómo llegar y cómo moverse». www.ceuta.es (em espanhol). Ceuta digital. Consultado em 27 de julho de 2012. Arquivado do original em 24 de março de 2010
Ceuta de la Prehistoria al fin del Mundo Clásico (em espanhol). [S.l.]: Instituto de Estudios Ceutíes. 2005. 202 páginas. ISBN9788493454623
Carmona Portillo, Antonio (2007). Historia de Ceuta (em espanhol). [S.l.]: Editorial Sarriá. 128 páginas. ISBN9788496799073
Elbl, Martin Malcolm, ed. (2019). Encounters in Borderlands: Portugal, Ceuta, and the 'Other Shore'. Toronto & Peterborough: Baywolf Press. 374 páginas. ISBN9780921437567
García Flórez, Dionisio (1999). Ceuta y Melilla: Cuestión de estado (em espanhol). Melilla: Ciudad Autónoma de Melilla. 401 páginas. ISBN9788487291609
Grau Monserrat, Manuel. Historia de los sexenios (em espanhol). [S.l.: s.n.]
Papet-Périn, François (2012). La mer d'Alboran ou Le contentieux territorial hispano-marocain sur les deux bornes européennes de Ceuta et Melilla. Tese de doutoramento defendida na Universidade de Paris 1 sob a direção de Pierre Vermeren. (em francês). [S.l.: s.n.]
Sánchez Montoya, Francisco (1993). Más de un siglo de carnaval: Ceuta, 1886-1993 (em espanhol). [S.l.]: Dirección Provincial del Ministerio de Cultura. NIPO 301930266
Sánchez Montoya, Francisco (2004). Ceuta y el norte de África: república, guerra y represión, 1931-1944 (em espanhol). Granada: Natívola. 553 páginas. ISBN9788493298630
Sánchez Montoya, Francisco (2007). 150 Años de fotografía en Ceuta (em espanhol). Granada: Natívola. 337 páginas. ISBN9788493298692
Villada Paredes, Fernando; Alarcón Caballero, José Antonio (2009). Historia de Ceuta: De Los Orígenes Al Año 2000 (em espanhol). 1. [S.l.]: Instituto de Estudios Ceutíes. 401 páginas. ISBN9788492627080A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
Ligações externas
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Ceuta
Estes dois arquipélagos, localizados no Atlântico Norte, foram colonizados pelos portugueses no início do século XV e fizeram parte do Império Português até 1832, quando se tornaram províncias de Portugal. A partir de então passaram a ser consideradas como um prolongamento da metrópole europeia (as chamadas Ilhas Adjacentes) e não como colónias. Hoje são regiões autónomas de Portugal.