A Tunísia (em árabe: تونس; romaniz.: Tūnis, pronunciado: [ˈtuːnɪs]; em francês: Tunisie, pronunciado: [tynizi]; em berbere: ⵜⵓⵏⴻⵙ; romaniz.: Tunest), oficialmente República Tunisina (em árabe: الجمهورية التونسية; romaniz.: al-Jumhūriyyah at-Tūnisiyyah; em francês: nome; em berbere: ⵜⴰⴳⴷⵓⴷⴰ ⵏ ⵜⵓⵏⴻⵙ), é um país da África do Norte que pertence à região do Magrebe. É limitada ao norte e o leste pelo mar Mediterrâneo, através do qual faz fronteira com a Itália, ficando especialmente próxima da ilha de Pantelária e das ilhas Pelágias. Possui fronteira ocidental com a Argélia (965 km) e a leste e sul com a Líbia (459 km). A sua capital e maior cidade é Túnis, que está situada no nordeste do país.
Quase 40% da superfície do território é ocupada pelo deserto do Saara. O restante é constituído de terras férteis, que foram berço da civilização cartaginesa, a qual atingiu o seu apogeu no século III a.C., antes de sucumbir ao Império Romano.
Muito tempo foi chamada Regência de Tunes, um beilhique (estado satélite) do Império Otomano. A Tunísia passou a ser um protetorado francês em 1881 e adquiriu a independência em 20 de Março de 1956. O país toma a denominação oficial de Reino da Tunísia com o final do mandato de Lamine Bei, que, no entanto, jamais usou o título de rei, tendo sido proclamada uma república em 25 de Julho de 1957. Integrada nas principais comunidades internacionais, a Tunísia faz igualmente parte da Liga Árabe, da União Africana e da Comunidade dos Estados do Sahel-Sahara, entre outras.
Juntamente com Seychelles, Mauricia, Argélia, Botsuana, Líbia e Gabão, o país é um dos mais desenvolvidos da África, com um IDH considerado alto e sua renda per capita é uma das maiores do continente, que é relativamente alta comparada a outros países africanos.[6]
Etimologia
A palavra Tunísia é derivada de Túnis, capital da Tunísia moderna. A forma atual do nome, com seu sufixo -ia, evoluiu do francêsTunisie.[7]
Exitem várias possíveis origens do nome Túnis. É geralmente associado com à raiz berbereⵜⵏⵙ, transcrita como tns, o que significa "deitar-se" ou "acampamento".[8] Por vezes, é também associada à deusa púnicaTanit,[7][9] a antiga cidade de Tynes.[10]
Métodos agrícolas atingiram o Vale do Nilo, na região do Crescente Fértil, cerca de 5 000 a.C. e se espalharam para o Magrebe em cerca de 4 000 a.C.. As primeiras comunidades agrícolas nas planícies costeiras úmidas da Tunísia central são ancestrais das tribos berberes de hoje.[11]
Acreditava-se que nos tempos antigos a África era originalmente povoada por getulos e líbios, ambos povos nômades. De acordo com o historiador romano Salústio, o semideus Hércules morreu na Espanha e seu exército oriental poliglota foi deixado para ocupar a terra a região, com alguma migração para a África. Os persas foram para o Ocidente, misturaram-se com os getulos e se tornaram os númidas. Os númidas e os mouros pertenciam à etnia a partir da qual os berberes são descendentes. O significado traduzido de "númida" é nômade" e, de fato, as pessoas esses povos eram seminômades.[12][13][14][15][16]
No início da história registrada, a Tunísia era habitada por tribosberberes. Sua costa foi colonizada por fenícios começando tão cedo quanto já no século XII a.C. A cidade de Cartago foi fundada no século IX a.C. por colonos fenícios e cipriotas. A lenda diz que Dido de Tiro, no atual Líbano, fundou a cidade em 814 a.C., como recontado pelo escritor grego Timeu de Tauromênio. Os colonos de Cartago inspiraram sua cultura e religião nos fenícios.[17]
Após uma série de guerras com cidades-Estadosgregas (pólis) localizadas na Sicília no século V a.C., Cartago subiu ao poder e, eventualmente, tornou-se a civilização dominante no Mediterrâneo Ocidental. A população de Cartago adorava um panteão de deuses do Oriente Médio que incluía Baal e Tanite. O símbolo de Tanite, uma figura feminina simples com os braços estendidos e de vestido longo, é um ícone popular encontrado em locais antigos. Os fundadores de Cartago também estabeleceram um tofete, que foi alterado no tempo dos romanos.
A invasão cartaginesa da península Itálica conduzida por Aníbal durante a Segunda Guerra Púnica, um de uma série de guerras com a Roma Antiga, quase impossibilitou o surgimento do poder romano. Depois da conclusão do conflito, em 202 a.C., Cartago passou a funcionar como um Estado fantoche da República Romana por mais 50 anos. Depois da batalha de Cartago, em 149 a.C., a cidade foi conquistada por Roma. Depois da conquista romana, a região tornou-se um dos principais celeiros dos romanos e foi totalmente latinizado.
Durante o período romano a área da Tunísia atual teve um enorme desenvolvimento. A economia, principalmente durante o Império Romano, prosperou por conta da agricultura. Chamada de "celeiro do Império", a área da Tunísia e da Tripolitânia, de acordo com uma estimativa, produzia um milhão de toneladas de cereais por ano, um quarto do que era exportado pelo Império. Cultivos adicionais incluíam feijão, figos, uvas e outras frutas.
Os governadores árabes de Tunis fundou a dinastiaAglábida, que governou a Tunísia, a Tripolitânia e o leste da Argélia do ano 800 a 909. A Tunísia floresceu sob o domínio árabe quando sistemas extensivos foram construídos para abastecer as cidades com água para uso doméstico e irrigação, o que promoveu a agricultura, principalmente a produção de azeitona.[21][22] Esta prosperidade permitia uma vida de luxo para a corte e foi marcada pela construção de novas cidades-palácio, como al-Abassiya (809) e Raqadda (877).[21]
Depois de conquistar o Cairo, os fatímidas abandonaram a Tunísia e partes do leste da Argélia aos zíridas locais (972–1148).[23] A Tunísia zírida floresceu em muitas áreas como agricultura, comércio e ensino religiosos e secular.[24] No entanto, a gestão dos líderes zíridas posteriores foi negligente, o que levou à instabilidade política.[21][25][26]
A invasão da Tunísia pela Banu Hilal, uma confederação de tribos de guerreiros árabes beduínos que eram encorajados pelos fatímidas do Egito para tomar o Norte de África, fez com que a vida urbana e econômica da região entrasse em um declínio adicional.[23] O historiador árabe ibne Caldune escreveu que as terras devastadas pela invasores da Banu Hilal haviam se tornado completamente áridas.[25][27]
O litoral foi brevemente mantido pelos normandos da Sicília no século XII, mas após a conquista da Tunísia em 1159–1160 pelos almóadas, os últimos cristãos na Tunísia desapareceram, seja através da conversão ou da emigração forçada. Os almóadas governaram inicialmente sobre a Tunísia através de um governador, geralmente um parente próximo do califa. Apesar do prestígio dos novos senhores, o país ainda era indisciplinado, com tumultos e combates contínuos entre os habitantes da cidade e árabes e turcos.
A maior ameaça ao governo almóada na Tunísia era a dinastia Banu Gania, descendente dos almorávidas, que a partir de sua base em Maiorca tentou restaurar o domínio almorávida sobre o Magrebe. Por volta de 1200, eles conseguiram estender seu domínio sobre toda a Tunísia, até serem esmagados pelas tropas almóadas em 1207. Após este sucesso, os almóadas instalaram Ualide Abu Hafes como o governador da Tunísia, que permaneceu como parte do Califado Almóada até 1230, quando o filho de Abu Hafes declarou-se independente. Durante o Reino Haféssida, relações comerciais frutíferas foram estabelecidas com vários países mediterrânicos cristãos.[28] No final do século XVI a costa tunisiana tornou-se um reduto de piratas (veja: Berbéria).
Nos últimos anos dos haféssidas, a Espanha tomou muitas das cidades litorâneas, mas estas foram recuperadas pelo Império Otomano. A primeira conquista otomana de Túnis aconteceu em 1534, sob o comando de Barba Ruiva, o irmão mais novo de Uluje Ali, que foi o capitão paxá da Frota Otomana durante o reinado de Solimão, o Magnífico. No entanto, foi apenas na reconquista otomana final de Túnis da Espanha em 1574, sob o comando de Uluje Ali, que os otomanos anexaram permanentemente a antiga Ifríquia haféssida, mantendo-a até à conquista francesa da região em 1881. Foi sob o domínio otomano que se estabeleceu a Constituição Tunisiana de 1861, primeira constituição escrita do país.
Inicialmente sob domínio turco a partir de Argel, a Sublime Porta nomeou diretamente um paxá para governar Túnis que era apoiado por forças janízaras. Em pouco tempo, no entanto, a Tunísia tornou-se de fato uma província autônoma, sob o comando do bei local, o que deixou a região com uma independência virtual. Os husseinitas, dinastia criada em 1705, durou até 1957.[29]
Em 1869, a Tunísia declarou-se falida e uma comissão financeira internacional assumiu o controle de sua economia. Em 1881, usando o pretexto de uma incursão para a Argélia, os franceses invadiram o país com um exército de cerca de 36 000 homens e forçou o bei a concordar com os termos do Tratado de Bardo, em 1881.[30] Com este tratado, a Tunísia tornou-se oficialmente um protetorado francês, apesar das objeções da Itália. Sob colonização francesa, assentamentos europeus no país foram ativamente incentivados; o número de colonos franceses cresceu de 34 000 em 1906 para 144 000 em 1945. Em 1910, havia 105 000 italianos vivendo na Tunísia.[31]
Em 1942–1943, durante a Segunda Guerra Mundial, o país foi o palco da Campanha da Tunísia, uma série de batalhas entre as forças do Eixo e dos Aliados. A batalha começou com o sucesso inicial das forças alemãs e italianas, mas a superioridade numérica dos Aliados levou à rendição do Eixo em 13 de maio de 1943.[32][33]
Independência
A Tunísia conquistou a independência da França em 1956, liderada por Habib Bourguiba, que mais tarde tornou-se o primeiro presidente da Tunísia.[34] A secular Assembleia Constitucional Democrática (RCD), anteriormente conhecida como Neo Destour, controlou o país através de um dos regimes mais repressivos do mundo árabe, de sua independência em 1956 até a revolução da Tunísia em 2011.[35]
Em novembro de 1987, os médicos declararam Bourguiba incapaz de governar e, em um golpe de Estado sem derramamento de sangue, o primeiro-ministro Zine El Abidine Ben Ali assumiu a presidência.[34] O presidente Ben Ali, anteriormente ministro de Bourguiba e uma figura militar, manteve-se no poder de 1987 a 2011, depois que uma equipe de médicos especialistas julgou Bourguiba inapto para exercer as funções do cargo, em conformidade com o artigo 57 da Constituição da Tunísia.[36] O aniversário da sucessão de Ben Ali, 7 de novembro, era celebrado como um feriado nacional. Ele foi sistematicamente reeleito com maiorias significativas a cada eleição, sendo a última em 25 outubro de 2009, até ele fugir do país em meio a agitação popular de janeiro de 2011.[37]
Ben Ali e sua família foram acusados de corrupção política e de saquear o dinheiro do país. Os membros corruptos da família Trabelsi, principalmente nos casos de Imed Trabelsi e Belhassen Trabelsi, controlavam grande parte do setor empresarial do país.[38] A primeira-dama Leila Ben Ali era descrita como uma compradora compulsiva que usava o avião do governo para fazer viagens não oficiais frequentes para capitais da moda da Europa.[39] A Tunísia recusou um pedido da França para a extradição de dois sobrinhos do presidente, do lado de Leila, que foram acusados pelo Ministério Público do Estado Francês de ter roubado dois mega-iates de uma marina francesa.[40]
Grupos independentes de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Freedom House, documentaram que os direitos humanos e políticos básicos não eram respeitados no país.[41][42] O regime obstruía de qualquer maneira possível o trabalho das organizações de direitos humanos locais.[43] Em 2008, em termos de liberdade de imprensa, a Tunísia foi classificada na 143ª posição entre os 173 países avaliados.[44]
O catalisador para as manifestações em massa foi a morte de Mohamed Bouazizi, um vendedor ambulante de 26 anos de idade que colocou fogo no próprio corpo em 17 de dezembro de 2010, em protesto contra o confisco de suas mercadorias e a humilhação infligida a ele por um funcionário municipal. A raiva e a violência se intensificaram após a morte de Bouazizi, em 4 de janeiro de 2011, levando o presidente Zine El Abidine Ben Ali a renunciar em 14 de janeiro de 2011, após 23 anos no poder. Os protestos continuaram até a proibição do partido no poder e a expulsão de todos os membros do governo de transição formado por Mohamed Ghannouchi. Eventualmente, o novo governo cedeu às demandas. Um tribunal de Túnis proibiu a atuação do antigo partido governante e confiscou todos os seus recursos. Um decreto do Ministro do Interior proibiu também a "polícia política", que eram forças especiais que eram usadas para intimidar e perseguir ativistas políticos durante o regime de Ben Ali.[48]
Em 3 de março de 2011, o presidente anunciou que as eleições para uma Assembleia Constituinte seria realizada em 23 de outubro de 2011. Observadores internos e internacionais declararam o processo eleitoral livre e justo. O Movimento Ennahda, anteriormente proibido pelo regime de Ben Ali, conquistou 90 assentos do parlamento, de um total de 217.[49] Em 12 de dezembro de 2011, o ex-ativista dos direitos humanos e dissidente veterano Moncef Marzouki foi eleito presidente do país.[50] Em março de 2012, o Ennahda declarou que não iria apoiar que a xaria passasse a ser a principal fonte da legislação nacional na nova constituição, mantendo a natureza secular do Estado tunisiano. A postura de Ennahda sobre a questão foi criticada por islamitas radicais, que queriam que a xaria fosse completamente aplicada.[51]
Embora seja relativamente pequeno em tamanho, o país conta com uma grande diversidade ambiental, devido à sua extensão norte-sul. A sua extensão leste-oeste é limitada. As diferenças da Tunísia como o resto do Magrebe são em grande parte diferenças ambientais definidas na direção norte-sul, como a diminuição acentuada das chuvas na região sul.
A Dorsal, a extensão leste das Cordilheira do Atlas, atravessa a Tunísia, em direção nordeste, a partir da fronteira argelina, a oeste da península do Cabo Bon, no leste. A norte da Dorsal está Tell, uma região caracterizada por colinas baixas e planícies, novamente uma extensão de montanhas a oeste da Argélia. No Khroumerie, na região noroeste da Tunísia, as elevações atingem 1 050 m e neve ocorre no inverno.
O clima da Tunísia encontra-se sujeito a influências mediterrânicas e saarianas. O clima mediterrâneo predomina no norte e caracteriza-se por invernos amenos e verões quentes e secos. As temperaturas variam em função da latitude, altitude ou proximidade em relação ao Mar Mediterrâneo. As temperaturas médias são de 12 °C em Dezembro e 30 °C em Julho.
Demografia
A população tunisiana, do ponto de vista sociológico, histórico e genealógico, é composta por árabes e berberes.[52] Em 1870, a distinção entre a massa árabe e a eliteturca se desfez[53] e hoje a esmagadora maioria da população, cerca de 98%,[54] simplesmente identifica-se como árabe.[55] Há também uma pequena população puramente berbere (1%, no máximo) localizada nas montanhas Dahar e na ilha de Djerba no sudeste e na região montanhosa de Khroumire no noroeste.[56]
Do final do século XIX até depois da Segunda Guerra Mundial, a Tunísia foi o lar de grandes populações de franceses e italianos (255 000 europeus moravam no país em 1956),[57] embora quase todos eles, juntamente com a população judaica, tenham deixado a Tunísia após a independência do país. A história dos judeus na Tunísia remonta há cerca de 2 000 anos. Em 1948, a população judaica foi estimada em 105 000 pessoas, mas em 2013 apenas cerca de 900 permaneceram no país.[58]
Além disso, após a Reconquista e a expulsão dos não cristãos e mouriscos da Espanha, muitos muçulmanos e judeus espanhóis também chegaram. O governo tem apoiado um programa de planejamento familiar notavelmente bem-sucedido, que reduziu a taxa de crescimento da população de pouco mais de 1% ao ano, contribuindo para a estabilidade econômica e social da Tunísia.[59]
Existe uma pequena comunidade muçulmana indígena sufi, no entanto não existem estatísticas relativas ao seu tamanho. Informações fidedignas referem que muitos sufis deixaram o país logo após a independência quando os seus terrenos e edifícios religiosos foram revertidos para o governo (o mesmo que as fundações ortodoxas islâmicas). Ainda que a comunidade sufi seja pequena, a sua tradição de misticismo permeia a prática de Islão por todo o país. Existe uma pequena comunidade muçulmana indígena "marabutica" que pertence à irmandade espiritual conhecida como "Turuq".[carece de fontes?][necessário esclarecer]
A comunidade cristã, composta por residentes estrangeiros e um pequeno grupo de nativos-nascidos cidadãos de ascendência árabe ou europeia, números 25 000 e se dispersa ao longo de todo o país.[60] Existem 20 000 católicos.
O francês também desempenha um papel importante na sociedade tunisina, apesar de não ter um estatuto oficial. É amplamente utilizado na educação (por exemplo, como a língua de ensino nas ciências no ensino secundário), na imprensa e nos negócios. Em 2010, havia 6 639 000 francófonos na Tunísia, ou cerca de 64% da população.[63] O italiano é compreendido e falado por uma pequena parte da população local.[64] Placas e sinais de trânsito na Tunísia são geralmente escritos em árabe e francês.[65]
O número de partidos políticos legalizados na Tunísia tem crescido consideravelmente desde a revolução de 2011. Existem hoje mais de 100 partidos legais, incluindo vários que existiam durante o antigo regime. Durante o governo de Ben Ali, apenas três partidos da oposição funcionavam como independentes: o PDP, FDTL e o Tajdid. Embora alguns partidos sejam mais antigos e bem estabelecidos, visto que podem recorrer a estruturas partidárias anteriores, muitos dos mais de 100 partidos existentes no país em 2012 ainda eram pequenos.[59]
As mulheres detinham mais de 20% dos assentos no parlamento bicameral pré-revolução do país, o que é raro no mundo árabe.[68] Na Assembleia Constituinte de 2011, as mulheres ocuparam entre 24% e 31% de todos os lugares.[69][70] A Tunísia está incluída na Política Europeia de Vizinhança da União Europeia, que visa aproximar a UE de seus vizinhos mais próximos. Em 23 de novembro de 2014 a Tunísia realizou sua primeira eleição presidencial após a Primavera Árabe, em 2011.[71]
Forças armadas
Em 2008, a Tunísia tinha um exército composto por 27 000 pessoas, equipado com 84 tanques de batalha principais e 48 tanques leves. A Marinha tinha 4 800 homens, operava 25 barcos de patrulha e 6 outras embarcações. A Força Aérea mantinha 154 aeronaves e quatro UAVs. As forças paramilitares consistiam em uma guarda nacional de 12 000 membros.[72]
Os militares têm desempenhado historicamente um papel profissional e apolítico na defesa do país contra ameaças externas. Desde janeiro de 2011 e sob a direção do poder executivo, as forças armadas têm assumido crescente responsabilidade pela segurança interna e pela resposta à crise humanitária.[59]
Direitos humanos
Depois da revolução, uma série de grupos salafistas surgiram e, em algumas ocasiões, reprimiram violentamente expressões artísticas que eles consideram como "hostis" ao islão.[73]
Desde a revolução de 2011, algumas organizações não governamentais têm se reconstituído e centenas de outras novas surgiram. Por exemplo, a Liga Tunisiana dos Direitos Humanos, a primeira organização de direitos humanos da África e do mundo árabe, operou sob restrições e intromissão do Estado por mais da metade de sua existência, mas agora está completamente livre para atuar. Algumas organizações independentes, como a Associação Tunisiana de Mulheres Democráticas, a Associação de Mulheres Tunisinas para a Pesquisa e Desenvolvimento e a Ordem dos Advogados também permanecem ativas.[59]
Em 2017, a Tunísia tornou-se o primeiro país árabe a proibir a violência doméstica contra as mulheres, o que anteriormente não era um crime. Além disso, a lei que permitia que os violadores escapassem da punição casando-se com a vítima foi abolida.[74]
A Tunísia está dividida em 24 províncias (em árabe: muhafazah) que estão subdivididas em 264 delegações ou distritos (mutamadiyat) que, por sua vez, subdividem-se em 2 073 sectores. As delegações são, ainda, subdivididas em municípios (shaykhats). As 24 províncias da Tunísia são:
Tunísia é um país orientado para a exportação e está em um processo de liberalização e privatização de uma economia que, apesar de uma média de crescimento do PIB de 5% desde o início da década de 1990, tem sofrido com a corrupção política que beneficia elites com conexões políticas.[75] A Tunísia tem uma economia diversificada, que abrange agricultura, mineração, manufatura, produtos petrolíferos e turismo. Em 2008, teve um PIB de 45 bilhões* bilhões de dólares (taxas de câmbio oficiais) ou 115 bilhões de dólares em paridade de poder de compra (PPC).[4]
O setor agrícola representa 11,6% do PIB, a indústria 25,7% e os serviços 62,8%. Na agricultura, o país foi, em 2019, o 7º maior produtor mundial de azeitona, o 10º maior produtor mundial de tâmara, o 7º maior produtor mundial de tomate, além de ter uma boa produção de trigo, cevada e melancia, entre outros. [76] Na pecuária, em 2019, a Tunísia produziu 1,4 bilhão de litros de leite de vaca, entre outra produtos. [77] As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: azeite de oliva e tâmaras, e com valor mais baixo: açúcar, comida industrializada, cigarro, macarrão, tomate, massa, margarina, bebidas de modo geral, produtos feitos com chocolate, entre outros.[78] O país foi o 3º maior produtor mundial de azeite de oliva em 2018.[79] Na mineração, em 2019, o país era o 10º maior produtor mundial de fosfato.[80]
O setor industrial é composto principalmente pela fabricação de vestuário e calçados, peças de automóveis e máquinas elétricas. Embora a Tunísia tenha conseguido uma taxa de crescimento econômico relativamente alta desde os anos 1990, o país continua a sofrer de uma elevada taxa de desemprego, especialmente entre os jovens.
Em 2009, a Tunísia foi classificada como a economia mais competitiva da África e o 40º do mundo pelo Fórum Econômico Mundial.[81] O país conseguiu atrair muitas empresas internacionais, como a Airbus[82] e a Hewlett-Packard.[83] O turismo representava 7% do PIB e 370 000 postos de trabalho em 2009.[84]
A União Europeia (UE) continua a ser o primeiro parceiro comercial, atualmente respondendo por 72,5% das importações e 75% das exportações tunisinas. A Tunísia é um dos parceiros comerciais mais consagrados da UE na região do Mediterrâneo e é o 30º maior parceiro comercial do bloco europeu. O país foi o primeiro do Mediterrâneo a assinar um Acordo de Associação com a União Europeia, em julho de 1995, embora, mesmo antes da data de entrada entrar em vigor, a Tunísia já tivesse começado a desmantelar as tarifas sobre o comércio bilateral. O país acabou com as tarifas para os produtos industriais em 2008 e, portanto, foi o primeiro da região a entrar em uma zona de livre comércio com a UE.[85]
A "Tunis Sports City" é uma cidade inteira de esportes sendo construída em Túnis. A cidade que será composta por edifícios de apartamentos, bem como instalações de vários esportes construídas pelo Grupo Bukhatir a um custo de 5 bilhões* de dólares.[86] O Porto Financeiro de Túnis vai criar o primeiro centro financeirooffshore do Norte da África na baía da cidade, em um projeto com um valor de desenvolvimento final de 3 bilhões de dólares.[87] A "Tunis Telecom City" é um outro projeto de 3 bilhões de dólares para criar um centro de TI em Túnis.[88]
Infraestrutura
Transportes
O país mantém uma rede de 19 232 km de estradas, com três autoestradas: A1 Túnis-Sfax (obras em curso para Sfax-Líbia), A3 Túnis-Beja e A4 Túnis-Bizerte. Há 29 aeroportos no país, sendo que o Aeroporto Internacional de Túnis-Cartago e o Aeroporto Internacional de Djerba-Zarzis são os mais importantes. Um novo aeroporto, o Aeroporto Internacional Enfidha-Hammamet, foi concluído no final de outubro de 2009, mas foi inaugurado em 2011. O aeroporto está localizado ao norte de Sousse em Enfidha e atende principalmente os resorts de Hamammet e Port El Kantaoui, juntamente com cidades do interior, como Cairuão. Quatro companhias aéreas estão com sede na Tunísia: Tunisair, Karthago Airlines, Nouvelair e Tunisair Express. A rede ferroviária é operada pela "Société Nationale des Chemins de Fer Tunisiens" (SNCFT) e equivale a 2 135 km no total. A área de Túnis é servida por uma rede de VLT chamada Metro Leger que é gerida pela Transtu.[89]
Educação
A taxa de alfabetização de adultos em 2008 foi de 78%.[90] A educação é considerada prioridade e é responsável por 6% do PIB. A educação básica para crianças entre as idades de 6 e 16 anos é obrigatória desde 1991. A Tunísia foi classificada no 17º lugar na categoria "qualidade do sistema educativo" e em 21º na categoria de "qualidade do ensino primário" no Global Competitiveness Report de 2008–9, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial.[91]
Os quatro anos de ensino secundário estão abertos a todos os que concluem o ensino básico e é onde os alunos se concentram para entrar no nível universitário ou para se juntar a força de trabalho após a conclusão dos estudos. O ensino secundário é dividido em duas fases: "acadêmico geral" e "especializadas". O sistema de ensino superior na Tunísia passou por uma rápida expansão e o número de alunos mais do que triplicou em 10 anos, ao sair de 102 000 em 1995 para 365 000 em 2005.[91]
Saúde
Em 2010, os gastos com saúde representaram 3,37% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 2009, havia 12,02 médicos e 33,12 enfermeiros por 10 000 habitantes.[92] A expectativa de vida ao nascimento era de 75,73 anos em 2016, ou 73,72 anos para homens e 77,78 anos para mulheres.[93] A mortalidade infantil em 2016 foi de 11,7 por 1 000.[94]
Mídia
A mídia televisiva por muito tempo permaneceu sob o domínio da Autoridade de Radiodifusão Tunísia (ERTT) e de sua antecessora, a Rádio e Televisão Tunisiana, fundada em 1957. Em 7 de novembro de 2006, o ex-presidente Zine el-Abidine Ben Ali anunciou a cisão do negócio, que entrou em vigor em 31 de agosto de 2007. Até então, a ERTT geria todas as estações de televisão pública (Télévision Tunisienne 1, bem como Télévision Tunisienne 2, que tinha substituído a extinta RTT 2) e quatro estações de rádio nacionais (Radio Tunis, Tunisia Radio Culture, Youth e Radio RTCI) e cinco regionais em Sfax, Monastir, Gafsa, Le Kef e Tataouine. A maioria dos programas são em árabe, mas alguns são em francês. O crescimento na radiodifusão e da televisão privada tem criado várias estações, como Radio Mosaique FM, Jawhara FM, Zaytuna FM, Hannibal TV, Ettounsiya TV e Nessma TV.[95][96] Em 2007, cerca de 245 jornais e revistas (em comparação com apenas 91 em 1987) eram 90% de propriedade de grupos privados e independentes.[97]
Cultura
A cultura da Tunísia começa com os berberes, um povo nômade do Norte de África que se estabeleceram primeiro no leste do Egito, em seguida, transferiram-se para as terras da atual República da Tunísia.[carece de fontes?] Foram os primeiros povoadores da Tunísia. Com o passar dos séculos, vários fluxos migratórios se estabeleceram na Tunísia, trazendo suas tradições e uma excelente cozinha, criando assim uma intensa mistura étnica.[carece de fontes?]
A Seleção Tunisiana de Handebol Masculino tem participado em vários campeonatos mundiais. O campeonato nacional é composto por cerca de 12 equipes, cujos principais times são o ES. Sahel e o Esperance S.Tunis. O mais famoso jogador de handebol da Tunísia é Wissem Hmam. No Campeonato Mundial de Handebol Masculino de 2005, realizado em Túnis, Hmam foi classificado como o melhor marcador do torneio. A equipa de handebol nacional tunisina venceu o Campeonato Africano oito vezes, sendo a equipe que domina esta competição, bem como o Campeonato Africano de 2010, no Egito ao derrotar o país anfitrião.[100]
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