Em 1971, foi inaugurada a Eldorado FM, no Rio de Janeiro, ocupando a frequência 98.1 MHz. Comandada pelo disc-jockey Nilton Alvarenga Duarte, o "Big Boy", o mesmo que dirigia a Rádio Mundial, notabilizava-se pela divulgação de música eletroacústica, mas a maior parte da sua programação era composta pelo então nascente rock progressivo e o hard rock, gêneros que, naquele tempo, não tinham muito espaço nas emissoras AM, mais voltadas à música popular e comercial. Entre os artistas que eram executados na Eldorado, estavam bandas como Yes, Genesis, Gentle Giant, Tangerine Dream, Kraftwerk, Grobschnitt, entre outras.[1]
No começo dos anos 70, o broadcasting em Frequência Modulada estava começando no Brasil em formato comercial - a primeira foi a rádio Imprensa, em 1955. Foi quando o Sistema Globo de Rádio teve carta branca para pôr uma emissora do gênero no ar. Capitaneada por Big Boy, o SGR idealizou a nascente Eldorado nos mesmos moldes das FM norte-americanas da época. No final dos anos 60, surgiam estações de rádio voltadas basicamente para música, que seria, desde o princípio, a essência da Frequência Modulada.[2]
A peculiaridade no começo da FM residia no fato de que, em quase sua totalidade, elas operavam em caráter experimental. Como o lucro das rádio provinha do AM, o FM do começo dos anos 70 funcionava como uma espécie de "tubo de ensaio". Nesse espírito, Big Boy concebeu a Eldo Pop nos mesmos moldes das FMs norte-americanas: uma programação totalmente musical, diferenciando-se assim das demais frequências.
No entanto, havia um detalhe importante: a Eldorado não poderia concorrer com a sua co-irmã, Mundial AM, também pertencente ao Sistema Globo de Rádio. Por conta disso, a Eldo Pop poderia tocar tudo, menos o que era executado na Mundial: pop e música ligeira em geral.
Foi a partir daí que a emissora pôde se moldar às rádios "jovens" americanas, com pouca locução e seleção musical baseada em rock sinfônico ou progressivo. Como disk-jockey de prestígio, tanto no Brasil quanto no exterior, Big Boy era uma espécie de pinta-de-lança em novidades no âmbito do rock. Com uma discoteca formada em long-plays de rock progressivo, que sequer entravam em circuito comercial no Brasil, a Eldo Pop notabilizou-se pela programação diferenciada.[3]
Como acontecia com as FM do segmento "jovem" nos Estados Unidos, a Eldo Pop tocava sequências que perfaziam álbuns inteiros, com inserção de vinhetas ou notícias relâmpago. O rock progressivo e o hard rock, estilos que gozavam de grande prestígio no começo dos anos 70, tocavam durante toda a programação normal, de 19 horas diárias (de 7h até 2h). A rigor, eram quase 19 horas de muito som, todo dia, pois não havia locução ao vivo e eram raros os comerciais e notícias. As músicas eram gravadas em fitas de rolo, em formato de "sequências", e havia fitas com álbuns inteiros, com mais de uma hora de audição ininterrupta.
Tão logo entrou no ar em caráter experimental, a Eldo Pop começou a chamar a atenção de um número considerável de ouvintes, que passaram a ter a emissora como referência para um tipo de música que ainda buscava espaço no mercado fonográfico brasileiro. Muitos passavam a conhecer bandas de krautrock como Tangerine Dream ou o progressivo italiano, como Banco del Mutuo Soccorso através da Eldo Pop. Contudo, a rádio tinha uma política peculiar: não anunciava os nomes das músicas. Como diz Mário Henrique Peixinho, ex-programador da Eldorado, no documentário The Big Boy Show:
Ela não dizia o nome das músicas. O povo ficava doido, querendo saber o nome das músicas, e a gente também não informava. Era o charme da rádio.[4]
A despeito da programação ligeiramente anti-comercial, a Eldo Pop gradativamente foi ganhando uma grande base de fãs e admiradores na cidade do Rio de Janeiro, justamente pelo seu caráter revolucionário e experimental, como uma espécie de trilha sonora dos tempos de "desbunde", em pleno começo dos anos 70.
Com o tempo, a rádio passou a ser referência por estar sintonizada com o que havia de vanguarda musical naquela época, fazendo jus ao bordão "underground" propagado pelas vinhetas da emissora. Junto com a programação rock, a Eldo Pop tinha por obrigação manter pelo menos uma hora de música brasileira (das 20h às 21h). Contudo, a seleção musical também seguia a concepção "alternativa", tocando Zé Rodrix, Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Ney Matogrosso e outros nomes, que na época não tinham relação com o rock. Raul Seixas, Os Mutantes e Rita Lee (na época com a banda Tutti Frutti) eram os mais conhecidos. Nesse período inicial, a rádio tocava muito as músicas "Ponta de Areia", do disco Minas de Milton Nascimento, "Tudo Foi Feito Pelo Sol" dos Mutantes, e o hino do rock progressivo brasileiro "1974", autoria de Flávio Venturini, no disco Criaturas da Noite de O Terço. Havia poucos nomes no rock brasileiro com discos gravados, e era comum as músicas se repetirem várias vezes durante a programação.
No dia 25 de setembro de 1978, um ano e meio após a morte de Big Boy, a Eldo Pop se transformou em 98 FM com uma programação mais popular e voltada para todas as faixas etárias. Como consequência de seu desaparecimento, a emissora ficou sem um profissional prestigiado que a defendesse. O DENTEL, órgão do Ministério das Comunicações, impôs uma programação mais popular, alegando que se tocava "pouca música brasileira".[5]
Para cumprir as determinações do decreto-lei 50.929, a emissora ajustou sua programação para transmitir música brasileira entre 20h e 22h. Até 1992, as rádios eram obrigadas, pelo decreto 417, a tocar 50% de música nacional durante o horário nobre, das 19h às 22h (o decreto-lei 50.929, de julho de 1961, fora revogado em 8 de janeiro de 1992 pelo decreto 417). Nos anos 80, a 98 FM Rio após as 20h, depois do programa A Voz do Brasil, passou a veicular duas horas de programação com músicas brasileiras como forma de compensação pela maior quantidade de músicas estrangeiras antes do horário da emissão do programa a Voz do Brasil.
Em março de 1981, entrava no ar o Good Times com o radialista Robson Castro (depois comandado por Fernando Borges) que no começo, tocava flashbacks das décadas de 1970, 1960 e algumas músicas da década de 1950. O programa saiu do ar em abril de 2008. Em 1984, a emissora alcançou o primeiro lugar em audiência. O fato foi amplamente divulgado numa edição de sábado do Jornal Hoje na Rede Globo, com vários locutores sendo entrevistados. Uma curiosidade é que durante a segunda metade década de 90, a programação da 98 FM chegou a ser retransmitida pela antiga Globo FM. Porém com as reclamações de alguns dos ouvintes, a Globo FM voltou a ter programação própria poucos dias depois.
A rádio foi perdendo audiência com a entrada de outras emissoras e em 14 de abril de 2008, às 10h, passou por uma grande reformulação, mudando seu nome para Beat98, que incorporou sucessos da música pop internacional, aos sucessos populares (como funk, axé e pagode).[6] As mudanças surtiram efeito, e a emissora cresceu em audiência, perdendo apenas para a líder FM O Dia.
Em outubro de 2014 surgiram boatos nas redes sociais e na internet sobre a extinção da Beat98 para a entrada da Rádio Globo na frequência 98,1 FM. Os boatos se tornaram mais fortes com a saída de Tino Júnior para a Rede Record e de DJ Tubarão e Alan Oliveira que voltaram para a rádio FM O Dia. O Sistema Globo de Rádio confirmou a extinção da Beat98 em FM, passando a ser uma web rádio com o nome de RadioBeat. A frequência da emissora passou, em 18 de novembro, para a Rádio Globo Rio de Janeiro que não renovou o contrato de arrendamento dos 89.5 MHz, pertencentes ao Grupo Solpanamby.[7]
Em 18 de novembro de 2014, passa a ser transmitida definitivamente pela internet, adotando o nome RadioBeat. Porém, no dia 30 de dezembro de 2015, o Sistema Globo de Rádio emitiu um comunicado na sua página oficial informando o fim das suas atividades a partir daquele dia, extinguindo inesperadamente a emissora.