Playboy foi uma revistamasculinabrasileira. Versão brasileira da revista masculina homônimaamericana, foi originalmente publicada pela Editora Abril, onde teve sua edição inaugural em 1975 e foi encerrada após 40 anos com 487 edições publicadas. Um grupo que comprou os direitos de publicação em 2016, PBB Entertainment, lançou mais 10 edições de periodicidade irregular até o fim de 2017.
História
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É uma revista para ajudá-lo a tornar-se completo. Para atualizá-lo em todas as áreas de seu interesse inteligente: esporte, aventuras, arte, cinema, moda, literatura. E naturalmente, nas doses certas, um outro assunto de grande interesse: a mulher
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Kelly Key na capa da 329ª edição da revista, em dezembro de 2002 – o segundo maior cachê da história.
Em meados da década de 1970, Roberto Civita, que trabalhava na Editora Abril sob seu pai Victor Civita, acertou com a direção da revista Playboy nos Estados Unidos para acertar o começo de uma versão brasileira da publicação. Em seguida conversou com Victor, que sugeriu pedir permissão para a publicação com o ministro da Justiça, Armando Falcão, visto que o governo militar mantinha a imprensa sob censura prévia. Apesar das garantias que os ensaios seriam mais comportados e o conteúdo editorial seria "muito mais intelectual e sofisticado que qualquer revista que circulava no país", Falcão vetou o plano declarando que "não poderia fazer nenhuma revista com o nome PLAYBOY no Brasil, não importava o conteúdo." (a edição norte-americana teve sua venda proibida em 1970) Observando uma brecha, Civita reenviou os planos sob o título A Revista do Homem, conseguindo a aprovação.[1]
A primeira edição de Revista do Homem, comumente abreviada à época como Homem, foi lançada em agosto de 1975, com um casal na capa ( a modelo era a Rosicleide). Embora a estrela do ensaio interno fosse Lívia Mund, o editor Fernando de Barros vetou uma capa com Mund por ela também estampar a Nova daquele mês. Sua substituta foi uma modelo não creditada, conhecida apenas por Rosicleide. Contando também com fotos da americana Valerie Perrine e textos de Vladimir Nabokov, Francis Ford Coppola, Jorge Amado, Paulinho da Viola e Roberto Drummond, a edição inicial de Homem logo se tornou bem-sucedida, vendendo 135 mil exemplares.[2] As fotos eram cortadas ou retocadas para evitar nudez explícita. Para enganar o crivo da Divisão de Censura de Diversões Públicas, a equipe da revista utilizava-se de truques como submeter fotos escandalosas para conseguir que outras fossem aprovadas, ou ensaios de moças vestindo camisetas molhadas.[1] Ao mesmo tempo, nenhuma menção era feita à Playboy americana na primeira edição, não contando nem com a tradicional entrevista - que estrearia na segunda edição, com o ex-agente da CIA Philip Agee, e só veria versão nacional em 1976 com o ex-jogador Didi.
Em contraste ao veto das fotos, assim como outras revistas masculinas da época a publicação uma condição de vanguarda no jornalismo, contando com reportagens inovadoras, algo que o jornalista Gonçalo Júnior explicou com o fato que "na condição de revista de 'mulher pelada', preocupavam-se mais em censurar as fotos do que em censurar matérias e entrevista".[2] Em abril de 1977, com o afrouxamento do regime militar sob a presidência de Ernesto Geisel, Homem conseguiu pela primeira vez estampar na capa o coelhinho que é a logomarca da Playboy americana, e em julho de 1978, a revista pôde estampar seu verdadeiro título nas bancas, com a presença na capa da modelo importada dos americanos Debra Jo Fondren.[3] Durante o período, a Abril disputava o direito do nome A Revista do Homem com a Editora Três, que publicava a concorrente Status e lançou uma publicação também chamada Revista do Homem em 1975 apenas para se aproveitar do título e prejudicar a Abril.[2]
Na década de 1980, o diretor de redação Mário Escobar de Andrade conseguiu tornar a Playboy uma das revistas de maior vendagem no mercado brasileiro, com média de 400 mil exemplares. Além de ensaios com musas da época, conseguiu impor um forte conteúdo editorial, incluindo entrevistas com personalidades elusivas como Fidel Castro. Na década de 90, a revista teve suas edições mais vendidas sob o diretor Ricardo Setti (1994-1999). A sucessora de Setti, Cynthia de Almeida, priorizou um público mais jovem, se espelhando em revistas masculinas como a Maxim,[4] já que o público de 20 a 29 anos respondia a 41% dos consumidores.[5]
Almeida saiu em 2004 para assumir a Revista MTV e dois novos projetos editoriais voltados ao público jovem. O novo diretor foi Rodrigo Velloso, que ocupava a diretoria de marketing das marcas infantis e de educação.[6] Velloso manteve a linha de Almeida, enquanto realizava uma mudança na diagramação e layout.[5] Após a saída de Velloso em 2006, o então editor da concorrente SexyEdson Aran foi contratado como seu substituto. Aran deu grande importância ao conteúdo editorial, estabelecendo um calendário de edições temáticas (como Humor, Gastronomia, e Música etc) e revivendo os rankings, como um de cachaças.[7] Aran sai em 2013, e seu substituto Thales Guaracy fica só 9 meses no cargo. Em 2014 o diretor se torna Sérgio Xavier Filho, ex-diretor da Placar que comandava o núcleo de licenciadas da Rodale como Men's Health.[8]
Capa da edição nº 463 (dezembro de 2013) com Thaíz Schmitt, em celebração aos 60 anos de publicação da revista.
Em 2015, diante da queda de circulação e o custo dos royalties para a Playboy Enterprises, a Abril decidiu encerrar sua versão da Playboy no mesmo ano em que esta completava 40 anos. A matriz americana entrou em negociação com outras editoras para manter o título na ativa,[9] eventualmente fechando contrato de licenciamento com a paranaense PBB Entertainment para que esta relançasse a revista em 2016.[10] Originalmente marcada para março, a reestreia foi adiada em um mês. A capa da edição reinaugural em abril de 2016 foi Luana Piovani, após anos recusando convites da Abril.[11] O primeiro número da nova Playboy, sob direção de Kleyson Barbosa e Maíra Miranda, teve tiragem de 100 mil exemplares e preço de 20 reais (a última edição da Abril custava R$14 e teve 80 mil unidades impressas).[12]
A PBB Entertainment anunciou que a partir de junho de 2016 a revista passará a ser publicada bimestralmente, segundo a editora, a ação faz parte do processo de reestruturação da marca no Brasil, que trará novidades para os leitores.[13] Em 2017 a revista passou a sair a cada três meses. No mês de abril, o publisher André Sanseverino foi afastado da revista após ser denunciado, junto com seu sócio Marcos Aurélio de Abreu Rodrigues e Silva, de assédio sexual por nove modelos que participaram de um evento da revista, em Curitiba. Elas acusavam ambos de propor sexo em troca de dinheiro e fama.[14]
Em 2 de abril de 2018 foi anunciado que seria somente uma edição por ano, deixando assim de ser vendida nas bancas e passando a ser comercializada somente por encomenda em seu site, para colecionadores.[15][16] Em julho de 2018, é confirmado que a Playboy foi encerrada no Brasil após rescisão de contrato entre a PBB Entertainment e a matriz norte-americana no fim de 2017. Em matéria publicada pelo UOL, a diretoria da revista nos Estados Unidos confirmou que as operações virtuais da marca Playboy no Brasil eram irregulares e que estava sob processo de investigação. Por conta disso, perfis nas redes sociais foram desativados e o site Men Play foi fechado pelo FBI.[17] Paralelo ao encerramento das atividades da versão brasileira, a Playboy America fez um acordo e passou a distribuir a Playboy Portugal em São Paulo e Rio de Janeiro.[18]
Seções e conteúdo editorial
Seguindo as linhas mestras da edição americana, a versão brasileira disponibiliza muitas seções, algumas delas visam ao entretenimentoerótico, a exemplo de Gatas & Coelhinhas, que apresenta imagens de fotógrafos, não necessariamente da equipe da revista, e que focalizam e registram mulheres desconhecidas da mídia; Click, com flagras de celebridades, supostamente fotografadas em situações reveladoras ou constrangedoras; Mulheres que Amamos, que apresenta uma foto sensual de uma modelo nunca antes registrada em capa.
Como espécie de "carro-chefe" da publicação, a edição brasileira de Playboy procura fotografar mulheres famosas nuas, ou em visibilidade notável em um certo momento, como atrativo fundamental e característico, ao contrário da linha editorial original americana, que gosta da "garota da vizinhança". Em geral, a nudez feminina apresentada nas páginas brasileiras, especialmente o ensaio de grandes estrelas, transcende o aspecto da sensualidade, apresentando-se de forma artística, procurando caracterizar-se como registro fotográfico de uma personalidade, em um dado momento de sua vida. Em relação aos profissionais responsáveis pelos cliques das estrelas brasileiras, sobressaem-se grandes fotógrafos, a exemplo de Bob Wolfenson,[19][20]J.R. Duran, Marcio Scavone e Luis Crispino.[21]
Outras seções têm cunho informativo, literário ou cultural, a exemplo de Caro Playboy, um edital que expõe a opinião dos leitores sobre a revista, publicando ideias, elogios e críticas; Happy Hour, com curiosidades de diversos assuntos; a seção Neurônios, atualizando o leitor sobre os lançamentos em cinema, livros, games e DVDs; Sobre Isso e Aquilo, uma coluna fixa do jornalistaIvan Lessa; Playboy Responde, com perguntas sobre sexo e outros temas feitas pelos leitores para a redação da publicação, muitas vezes respondidas por especialistas. E ainda: contos eróticos escritos por grandes escritores brasileiros; reportagens especiais com os assuntos de interesse masculino da atualidade; dicas de moda e estilo; guia de bares, bebidas, motéis, viagens e culinária; e, por fim, as Piadas de Playboy, tradicional última página da revista.
A reestreia em 2016 viu uma repaginação do conteúdo da Playboy, embora incorporando velhos nomes de seções como "Happy Hour", "Insiders" e "Entre Nós". Mais colunistas e cartunistas foram agregados, e as piadas deram espaço a apenas uma coluna na Happy Hour.[25]
Pouco tempo antes de posar pela primeira vez havia interpretado Rita Baiana no filmeO Cortiço, baseado na obra realista de Aluísio de Azevedo;[27] foi a primeira atriz brasileira de TV a posar nua
No segundo ensaio foi fotografada por Luís Trípoli; estampou a capa com close no rosto; diz ter posado nua como afronta à ditadura militar vigente na época
março de 1984, setembro de 1985, janeiro de 1986 e janeiro de 1988
Na primeira Playboy foi creditada como dançarina Maria Cláudia; na segunda já estava na novelaRoque Santeiro; na última fez um ensaio interno, interpretando fantasias sexuais na edição que trazia Isadora Ribeiro na capa
A atriz foi capa da edição comemorativa de 35 anos da revista, sendo fotografada por dois fotógrafos: Bob Wolfenson e Jacques Dequeker, em dois ensaios diferentes[29]
Na primeira vez foi clicada em Los Angeles; foi a única atriz a ser capa duas vezes da edição de aniversário da publicação, a mais importante do ano, em agosto[31]
Na época ainda era apenas uma ex-BBB; foi capa de 30 anos da edição brasileira, sendo uma grande aposta da revista que deu certo; é a capa mais vendida dos últimos 5 anos[34]
Estampou a capa vestida de Mamãe Noel. Causou grande rebuliço na imprensa por ser a primeira celebridade brasileira a aparecer num ensaio totalmente depilada e com um piercing na genitália
Ganhou encarte especial na revista e foi às bancas com capa de close no rosto; já havia posado em julho de 1980 para a capa da revista, mas daquela vez sem a presença de ensaio nu na edição
Ganhou uma capa de close no rosto na primeira Playboy; seu segundo ensaio foi feito na Sicília, Itália, se tornando um dos maiores clássicos da história da Playboy
Não foi capa: apareceu nua em ensaio interno; já havia posado em agosto de 1976 para a revista junto às mulatas de Sargentelli, mas, daquela vez, sem nudez total
Seu ensaio foi feito na Grécia, ganhando capa de duas páginas, comemorando 20 anos da Playboy no Brasil; fez uma das fotos mais polêmicas da história da revista, onde mostrava-se depilando os pelos pubianos
Bandeirinha de futebol que chegou a trabalhar na série A do Campeonato Brasileiro;[41] protagonizou uma das maiores polêmicas causadas por Playboy, sendo rebaixada do quadro oficial de árbitros da FIFA por posar nua
Tetracampeã brasileira de surf;[42] foi uma das revistas mais criticadas da história por sua falta de beleza. O próprio Roberto Civita descreveu como sendo "a pior capa da história".[4]
Modelo, empresária e atriz ocasionalmente; se destacou por grandes exibições e polêmicas no Carnaval; é uma das mulheres que mais vezes posou nua na história da revista, empatada com Scheila Carvalho
Outro atrativo de capa, muito comum nas edições do Brasil, são as mulheres denominadas, popularmente, de celebridades instantâneas. Isto é, moças circunstancialmente famosas em um determinado momento, chegando a ter ápices absurdos de popularidade e explosão de vendas de seus respectivos exemplares. Dentre as mais famosas estão Joana Prado, a Feiticeira, e Suzana Alves, a Tiazinha, ambas vindas do Programa H da Band, tendo como apresentador da época Luciano Huck, sucesso no fim da década de 1990. Essas duas mulheres mascaradas, representando um fetiche para o brasileiro, foram sucessos estrondosos e inalcançáveis em relação às vendagens atuais, levando em conta que elas passaram a marca de um milhão de exemplares vendidos.
Atualmente, o maior sucesso desse tipo de celebridade é o caso das participantes vindas do Big Brother Brasil da Rede Globo, o reality show mais bem sucedido da TV brasileira. Já foram capas mais de 20 mulheres do programa e, geralmente, consegue-se boa vendagem com suas edições.[44][45] Muitas vezes a Playboy alavanca tanto a popularidade de uma musa de reality show que elas acabam se fixando na mídia, claro, se contarem com seu próprio talento, seguindo carreira de atrizes ou apresentadoras de TV. Exemplo disso são Grazi Massafera (capa de aniversário de 30 anos da publicação, representando uma grande aposta da Playboy que deu certo), Íris Stefanelli e Sabrina Sato.
Outras famosas ascendentes nesses últimos anos são as funkeiras, dançarinas ou cantoras de funk carioca que já expandiram seu sucesso não só para a periferia, mas para o Brasil todo. Sendo assim, também acabam na capa e atingem altas vendagens, a exemplo do fenômeno Andressa Soares, a Garota Melancia.[46]
Outro caso dessas "popularidades relâmpagos" que chegaram à capa da revista, porém, estas em todos as épocas, foram as musas de escândalos políticos (como Mônica Veloso),[47] atuais ou ex-mulheres de famosos (como Mirella Santos), modelos de comerciais (como Michelly Machri, da Sukita), musas do verão e coelhinhas.
Ou seja, em síntese, tudo o que o brasileiro deseja, a revista Playboy traz na capa; seja pelo fato da estrela de capa estar na mídia, se destacar ou mesmo só por sua beleza.
Top 10: revistas mais vendidas
Joana Prado, A Feiticeira, é dona da Playboy mais vendida da história da publicação no Brasil.