A Igreja Católica no Togo é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé. A liberdade religiosa em geral é respeitada pelas autoridades do país. O norte do país tem maior presença islâmica e o sul é predominantemente cristão. Catolicismo, islamismo e protestantismo são religiões oficialmente reconhecidas pelo governo, enquanto outras denominações são obrigadas a registrar-se junto às autoridades.[5]
História
A primeira missão católica a chegar em Togo foram os padres da Sociedade das Missões Africanas (SMA), vindos do Daomé (atual Benim), em 1863. À época, eles visitaram as aldeias costeiras. Dois padres se estabeleceram a 167 km de Atakpamé, no interior, em 1886, mas sua missão foi abandonada após um ano, depois que os dois serem envenenados duas vezes, um deles fatalmente. Em 1892, o território foi separado do Vicariato Apostólico do Daomé, tornando-se uma prefeitura apostólica, confiada aos Missionários do Verbo Divino (MVD), que em 1914 enviou para lá 76 padres e 33 irmãos, quase todo naturais alemães. O Togo tinha 19.740 católicos quando foi elevado a vicariato apostólico, também em 1914. Após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial, os MVD foram deportados, juntamente com as Irmãs Missionárias do Espírito Santo, que enviaram gradualmente 51 freiras para o Togo a partir de 1897. Missionários da SMA novamente assumiram o comando. Em 1922, o primeiro sacerdote nativo foi ordenado sacerdote. Após a Segunda Guerra Mundial, quando a região se tornou uma possessão francesa, os franciscanos, beneditinos e muitas outas congregações religiosas de homens e mulheres se instalaram na missão. A hierarquia foi estabelecida em 1955, com Lomé como sé metropolitana.[6]
Durante a visita ad limina dos bispos togoleses ao Papa São João Paulo II, em 1999, o Pontífice comentou o aumento da taxa de divórcios no país e observou que tais "situações conjugais irregulares ... não permitem que as pessoas recebam os sacramentos".[6]
Atualmente
A religião tradicional africana é a mais popular no Togo, e é chamada vodu, visto que aproximadamente um terço dos habitantes do país adere à esta prática. Mesmo a maioria dos cristãos e muçulmanos misturam suas crenças ao vodu. Em partes remotas do país, ocorre violenta oposição de líderes tribais a cristãos que se opõem publicamente ao vodu, incluindo tentativas de impedir que as pessoas se convertam ao cristianismo. Ainda com a existência dessa oposição, houve um rápido aumento de convertidos das religiões tradicionais africanas para o cristianismo.[7] Muitos católicos togoleses participam da Missa, e mantêm sua fé tribal tradicional, uma situação que a Igreja considerava preocupante, devido à incompatibilidade entre as duas crenças.[6]
Togo é um dos poucos países da África Ocidental onde se veem esforços significativos no combate ao terrorismo.[5] O país é alvo de atuação do grupo Boko Haram. Apesar de não haver muitas conversões de muçulmanos para o cristianismo, os que o fazem acabam sendo alvos de pressão da família e da sociedade.[7]
Em 2000, havia 121 paróquias no Togo atendidas por 234 padres diocesanos e 109 padres religiosos. Outros religiosos incluíram aproximadamente 175 irmãos e 590 irmãs, que ajudavam a administrar as 454 escolas primárias e 38 secundárias do país.[6] Em 2005, o número de paróquias já havia aumentado para 154, e 300 padres diocesanos.[8] Em um esforço para estabelecer credibilidade com o povo togolês, o governo militar nomeou o arcebispo de Lomé, Philippe Kpodzro, como presidente da assembleia legislativa que redigiu a nova constituição do Togo, a qual garantiu a liberdade religiosa e não estabeleceu nenhuma religião estatal. Ele acabou por ser retirado de sua função. Mais recentemente, os líderes da Igreja se abstiveram de fazer sermões com declarações políticas e também recusaram o convite do presidente para participar do festival ecumênico do Dia da Libertação Nacional, comemorando a instalação do governo em 1967.[6]
Após as eleições presidenciais de 2005, quando foi dada a vitória a Faure Gnassingbé, filho do ex-presidente Gnassingbé Eyadema, a Igreja Católica denunciou estar sendo intimidada por representantes do governo, que a acusaram de "estar demasiado próxima dos pedidos e das posições das forças opositoras". O então núncio apostólico no país, Dom Pierre Nguyen Van Tot, referiu que “muitos sacerdotes, religiosos e religiosas tiveram de abandonar Lomé e outros centros urbanos".[9]
Em 2009 todas as escolas administradas pela Igreja Católica togolesa incluíram o ensino sobre o vírus HIV e a AIDS , num projeto apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Os professores das escolas católicas secundárias das sete dioceses do país receberam formação sobre o tema, em oficinas pedagógicas realizadas na capital Lomé. O projeto teve como objetivo a conscientização quanto às formas de disseminação do HIV e suas prevenções.[10]
Em 2019, a Igreja Católica do Togo foi acusada pelo governo de "financiamentos de origem duvidosa". Os bispos togoleses negaram a acusação nas atividades da Comissão local de Justiça e Paz. Segundo fontes, essa foi uma estratégia do governo para recusar o credenciamento da Ação Cristã pela Abolição da Tortura e Pena de Morte, para o envio de observadores para as eleições parlamentares de 2018.[11] Diversos setores da sociedade vinham pedindo o adiamento da votação, por acusações de irregularidades.[12] Isso foi discutido na 122ª sessão plenária da Conferência Episcopal Togolesa, realizada em Daluag. Além disso outras pautas importantes foram as discussões sobre as eleições presidenciais de 2020, o abuso sexual de menores por membros da igreja e o apoio financeiro a três seminários em crise, por meio de subsídios da Santa Sé e de ajuda das paróquias.[11]
O relatório de liberdade religiosa da Fundação ACN não detectou graves violações à liberdade religiosa ou hostilidades contra a Igreja Católica togolesa.[5]
Organização territorial
O catolicismo está presente no país com uma arquidiocese e seis dioceses de rito romano, todas estão listadas abaixo:[2][13]
Circunscrições eclesiásticas católicas do Togo[2][13]
A reunião dos bispos do país forma a Conferência Episcopal do Togo, que foi criada em 1970.[3] Os bispos togoleses eram membros da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental de Língua Francesa, até sua separação em uma conferência nacional.[6]
Para todos os habitantes deste país e seus líderes, meus melhores desejos são os melhores para a paz. Não ignoro os problemas difíceis que o Togo deve resolver, como muitos países nesta área africana, para o desenvolvimento autenticamente humano; esses problemas são ainda mais graves em provações como a seca. Mas sei que o Togo é capaz de lidar com isso, mesmo com poucos recursos, em harmonia e em uma solidariedade respeitosa da dignidade das pessoas e comunidades. Desenvolvimento espiritual, justiça, paz, prosperidade — obtidos graças à cooperação de todos com solidariedade internacional e compartilhados igualmente — são as condições para um futuro feliz para todo o país e são os melhores desejos que formulo de maneira especial para o Togo.
”
— Papa São João Paulo II na cerimônia de encerramento de sua visita ao Togo[24].