Para estas igrejas, a missa é o cumprimento do mandamento de Cristo de fazer o que Ele mesmo fez na Última Ceia e é o sacramento em que se recebe o Corpo e o Sangue de Cristo sob a matéria do pão e do vinho, atualizando, de acordo com a Igreja Católica Romana o supremo sacrifício de Cristo na cruz (o Mistério Pascal) e tornando assim presente a salvação, renovando a Santa Ceia ou comemorando um banquete festivo em memória da salvação efetuada por Cristo.
Na Igreja Católica, a missa pode ser celebrada todos os dias, excepto na Sexta-feira Santa. Os fiéis católicos participam da missa aos Domingos e nas festas de guarda. Teologicamente, a missa mais importante é a dominical, pois, na liturgia da igreja, é nesse dia que Jesus Cristo ressuscita. No decorrer do Ano Litúrgico, a maior Missa e mais importante é a que se celebra na noite do Sábado de Aleluia, chamada Vigília pascal, que possui uma estrutura diferente de todas as outras.
Significado
Os primeiros cristãos se encontravam no sábado, ao cair da tarde, para a vigília pela qual se preparavam, por meio de preces e da recitação de salmos, para celebrar a ressurreição de Jesus. A Celebração Eucarística iniciava-se à meia-noite e encerrava-se ao início da manhã. A atual vigília pascal ainda é uma reminiscência dos rituais apostólicos.[1]
Para finalizar a cerimônia, o diácono proclamava: Ite, missa est. O termo "Missa", com o qual se denomina atualmente a Celebração Eucarística, tem aí sua origem. O ite missa est proferido pelo diácono era um verdadeiro mandato, cumprido zelosamente no dia a dia, muitas vezes com o sacrifício da própria vida, pautado na passagem de Romanos 12,1 : "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual." Assim, o termo "Missa" vem de missão, uma vez que, para os primeiros cristãos e para os cristãos católicos e ortodoxos, o culto prestado a Deus é a vida em ação de graças.
A Santa Missa, ou Celebração Eucarística, é um ato solene com que os católicos (romanos, coptas e ortodoxos) celebram o sacrifício de Jesus Cristo na cruz e Sua Ressurreição. O ritual da Missa revive dois momentos da Paixão de Cristo : A Última Ceia, quando Jesus celebra o Pessach, pronunciando a bênção sobre o pão e o vinho, antecipando o seu sacrifício da Cruz e concretizando o desejo de perpetuar a sua presença junto dos discípulos e se põe em lugar do cordeiro sacrificado em memória da libertação do povo hebreu da escravidão do Egito através das obras divinas (ver dez pragas do Egito); e a Crucificação quando Jesus se oferece como cordeiro puro e imaculado para o sacrifício expiatório dos pecados de toda a humanidade,[2] sela a Nova Criação. Por isso também se diz que a Santa Missa é sacrifício incruento, é ritual de sacrifício de uma vítima expiatória, que carrega para si as penas e os pecados daqueles que o oferecem, mas sem derramamento de sangue. Assim, pelo mistério da ordenação de Cristo que mandou os cristãos celebrarem este mistério e fundamentado no ensinamento da sinagoga (João 6, 54-58), o sacrifício da Missa é, para os cristãos, o mesmo sacrifício da Cruz.
Segundo a Igreja Católica, os Milagres Eucarísticos, como o de Lanciano e outros, fundamentam a tese do sacrifício eficaz e da transubstanciação.
Diversidade de ritos e base comum
Dentro da Igreja Católica, assim como entre os ortodoxos, existem diversos ritos litúrgicos, e cada um deles tem uma forma diferente de celebrar a Eucaristia. As diferenças entre ritos por vezes são pequenas (no caso de ritos da mesma família litúrgica), mas são maiores quando se comparam ritos de famílias litúrgicas diferentes, sobretudo entre oriente e ocidente.
No entanto, há algo que é comum a todos os ritos, uma base ritual que todos mantêm:
durante a celebração são consagrados pão e vinho, que para cristãos se tornam no Corpo e Sangue de Cristo, através da transubstanciação;
essa Consagração dá-se durante uma oração mais longa, conhecida por anáfora ou Oração Eucarística ou "Cânon", em que se invoca o Espírito Santo, se faz memória dos acontecimentos da salvação e se oferece o pão e o vinho;
o presidente da celebração, assim como os fiéis presentes, comungam o pão e o vinho consagrados.
A acção realizada é a mesma em todos os ritos, mudam apenas alguns gestos e as formas de os realizar, as palavras que os acompanham e a estrutura da celebração.
A celebração da eucaristia no rito romano
O rito romano é o rito mais difundido em todo o mundo católico, e o mais geralmente conhecido, embora, como vimos, existam vários outros ritos reconhecidos.
A celebração da missa no rito romano rege-se actualmente pelo Missal Romanoex decreto sacrosancti Oecumenici Concilii Vaticani II instauratum, quer dizer revisado em 1970 de acordo com os decretos do Concílio Vaticano II, e revisto em 1975 e em 2002, mas cada bispo diocesano tem autoridade de decidir se e quando pode ser oportuno conceder a título de exceção o uso da forma anterior às reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II.[3] São revogadas as normas, instruções, concessões e costumes anteriores que se verifique não estarem conformes a quanto disposto no Motu Proprio Traditionis custodes do 16 de julho de 2021.[4]
As regras actuais para a celebração da missa, bem como a explicação do significado de cada um dos seus momentos, podem encontrar-se na Instrução Geral do Missal Romano.[5]
Reunida a assembleia que vai participar na missa, o presidente da celebração (um presbítero ou um bispo) dirige-se para o presbitério com os outros ministros e acólitos. Saúda o altar com a vénia, inicia a missa com o Sinal da Cruz e saúda a todos os presentes.
Segue-se o acto penitencial, em que todos os participantes pedem a Deus o perdão por seus pecados, para melhor celebrarem a Eucaristia. Para isso, utiliza-se a Confissão ou outro texto. Segue-se o Kyrie, tríplice invocação a Cristo.
Oração dos fiéis, também chamada Oração universal ou Preces dos Irmãos.
Nos outros dias que não domingos e solenidades, fazem-se apenas duas leituras, uma do Antigo ou do Novo Testamento e uma do Evangelho. A Homilia é opcional, assim como a Oração dos fiéis, e geralmente não se faz a Profissão de Fé.
O lugar próprio de proclamação das Leituras, do Salmo responsorial e da Oração dos fiéis é o ambão. As leituras são proclamadas por um leitor, excepto o Evangelho, que o é pelo presbítero ou, preferencialmente, por um diácono. Na falta de ministros idóneos, o próprio presidente da celebração assume essas funções.
Liturgia eucarística
Liturgia Eucarística, ou Rito Sacramental, é a parte mais importante da Missa, do ponto de vista litúrgico, pois contém a sua parte central, a Consagração (oferta e Comunhão do Pão e do Vinho). Onde o pão e vinho, segundo a fé católica, se tornam o Corpo e Sangue de Jesus Cristo.
Após a Oração dos fiéis, são trazidos ao altar o pão e o vinho, podendo ser também trazidas ofertas para a Igreja ou para os necessitados.
Tomando o pão e depois o vinho, o presidente da celebração apresenta-os a Deus, dando graças por esses dons. Pede a Deus a purificação, pelo acto simbólico de lavar as mãos. Por fim, pede a oração de todos para a acção que se vai seguir e proclama a oração sobre as oblatas.
O sacerdote diz então o Prefácio, que começa com um diálogo entre o presidente e a assembleia. Segue-se o texto do prefácio, variável, que é uma oração de Ação de graças, terminando com a aclamação Sanctus, cantada ou proclamada por todos.
Segue-se a parte central da Missa, a Oração Eucarística, também chamada Cânon ou Anáfora. Em todos os ritos há diversos textos aprovados para este momento.
Após umas palavras de ligação mais ou menos longas (chamadas Post Sanctus ou Vere Sanctus), o sacerdote invoca o Espírito Santo sobre o Pão e o Vinho, pedindo que Ele o transforme no Corpo e Sangue de Cristo, momento conhecido por Epiclese ou Transubstanciação.
É então o momento da Consagração, em que o sacerdote reproduz as palavras e os gestos de Jesus na Última Ceia. Segundo a fé da Igreja, neste momento Cristo torna-se realmente presente no Pão e no Vinho. O sacerdote eleva cada um dos dons para adoração dos fiéis, adora ele mesmo e no fim todos aclamam.
Segue-se a anamnese, memória dos acontecimentos da Salvação (nomeadamente a Paixão, Morte, Ressurreição e Glorificação de Cristo) e a Oblação, oferta do Corpo e Sangue de Cristo como sacrifício de Salvação, à semelhança do sacrifício da Cruz.
Após diversas intercessões pela Igreja (pedindo também pelo Papa, pelo bispo local e por todos os que a servem), pelos defuntos e pelos vivos, fazendo ainda memória da Virgem Maria, dos Apóstolos e dos santos, a Oração Eucarística termina dando glória a Deus, através da chamada Doxologia final.
Estes elementos estão presentes em todos os textos da Oração Eucarística, podendo a sua organização e estrutura mudar apenas conforme o texto empregado.
O sacerdote introduz o Pai Nosso, que todos rezam em conjunto, mas sem o amém ao final da oração, pois o sacerdote continua com o chamado embolismo e, então, todos concluem com o amém.
Segue-se a oração pela Paz, o sacerdote deseja a paz a todos os presentes e, se as circunstâncias o aconselharem, os participantes trocam entre si o gesto da Paz.
O sacerdote parte o pão consagrado, enquanto todos cantam ou recitam o Cordeiro de Deus. Por fim, tomando o Pão e o Vinho, apresenta-os aos fiéis, e todos confessam a sua predisposição para o pecado, mas igualmente a confiança na Misericórdia de Deus.
O sacerdote toma então o pão consagrado e o cálice e os distribui em seguida aos presentes, podendo para isso ser ajudado por um presbítero ou diácono, ou por um leigo para isso habilitado.
Os fiéis comungam da hóstia ou, se o momento for propício, da hóstia e do cálice.
Quando todos tiverem comungado, os objectos utilizados são limpos e arrumados. Aconselha-se que se mantenha um tempo de silêncio em Acção de graças.
O Rito da Comunhão é concluído com a oração depois da Comunhão.
No Artigo XXIV ("Da Missa") da Confissão de Augsburgo, documento de 1530, que serve como base para as doutrinas luteranas, lê-se: "Injustamente nossas Igrejas são acusadas de terem abolido a missa; Contudo, entre nós, a Missa é mantida e celebrada com o máximo de reverência possível. Nós não abolimos a Missa, mas religiosamente a mantemos e defendemos... nós mantemos o modo litúrgico tradicional... Em nossas Igrejas a missa é celebrada todos os domingos e em outros dias santos, quando o sacramento é oferecido a todos que o desejarem após um autoexame e absolvição". (Livre tradução da Confissão de Augsburgo). Segundo consta documentado, Martinho Lutero rejeitou parte do Rito Católico Romano, especificamente nas partes que ele considerava não estarem de acordo com Hebreus 7:27.
Em alemão, nas línguas escandinavas, em finlandês, e alguns luteranos ingleses, usam exatamente a palavra missa, mas na maioria das igrejas que falam Inglês, a missa é chamada de "Serviço Divino", "Santa Comunhão" ou "Sagrada Eucaristia". No Brasil, convencionou-se utilizar a palavra culto, mencionando todo o momento de adoração e especificamente sobre o momento de celebração do sacramento (eucaristia) de Santa Ceia.
A celebração da missa em Igrejas Luteranas segue um padrão semelhante a outras tradições, a começar com a confissão pública (Confiteor) por todos e uma Declaração de absolvição dito pelo pastor ou reverendo. Seguido pelo Introito, Kyrie, Gloria, coleta, leituras com um "Aleluia" ("Aleluia" não é dito durante a Quaresma), recitação do Credo Apostólico ou Credo de Niceia, sermão (ou homilia). Em seguida, a celebração da Eucaristia, ou Santa Ceia, que inclui a oração universal, Prefácio, Sanctus e Oração Eucarística, Agnus Dei e convite para a Eucaristia. Orações de Pós-Comunhão e Bênção Final pelo pastor ou reverendo, terminam a missa. Um católico ou anglicano da ala anglo-católica certamente considera seus elementos familiares, em particular o uso do sinal da cruz, a Oração Eucarística, o curvar-se para receber a comunhão e o uso dos paramentos.
Em geral, as Igrejas Luteranas, celebram a eucaristia todos os domingos, sendo que esta é a preferência das igrejas confessionais. Além disso, os pastores, ou reverendos, costumam levam os elementos sacramentais aos doentes nos hospitais e lares de idosos. A prática de comunhão semanal é cada vez mais a norma novamente na maioria das paróquias luteranas em todo o mundo. Esta restauração da missa semanal foi fortemente encorajada pelos bispos e pastores dos maiores grupos luteranos.[carece de fontes?]
A celebração da eucaristia pode ser incluída em casamentos, funerais, retiros, dedicação de uma igreja e em convenções anuais sinodais. A missa é também um aspecto importante das ordenações e confirmações em igrejas luteranas.
A missa é presidida por uma só pessoa (presbítero ou bispo). Nos casos em que há outros presbíteros ou bispos presentes, a forma mais comum de estes participarem na missa é a concelebração. Consiste esta no seguinte:
todos se revestem dos paramentos próprios para a missa e, tomando parte no cortejo de entrada, tomam lugar no presbitério ou noutro lugar conveniente;
Para celebrar a missa, o presidente da celebração, bem como os concelebrantes, usa como vestes litúrgicas (também chamadas paramentos) a alva (geralmente apertada à cintura com o cíngulo), a estola caída sobre os ombros e a casula. A estola e a casula podem ser de 7 cores (verde, vermelho, roxo, rosa, preto, branco ou dourado) que variam conforme o tempo litúrgico e a festa do dia.
O bispo, além destas vestes comuns, usa solidéu, mitra, o báculo e a Cruz peitoral. O Arcebispo Metropolitano usa também o Pálio Pastoral, que representa sua autoridade perante a província eclesiástica.
Os acólitos, revestem-se da batina, tradicionalmente preta, sobreposta pela sobrepeliz ou pela cota e eventualmente os outros ministros, usam apenas a alva.
Objectos litúrgicos
Há alguns objectos litúrgicos utilizados na missa:
Introdução geral ao missal romano: instrução geral do missal romano: normas gerais sobre o ano litúrgico e o calendário / [ed. lit.] Secretariado Nacional de Liturgia, 3ª ed. típica, Fátima: S.N.L., 2003, ISBN 972-8286-32-5.
Catecismo da Igreja Católica, 2ª ed., Coimbra: Gráf. de Coimbra, D.L. 2002, ISBN 972-603-208-3.
Jounel, Pierre. A Missa ontem e hoje, trad. José de Leão Cordeiro, Coimbra: Gráf. de Coimbra, D.L. 1988. Explicação acessível a todos sobre cada um dos momentos da missa, o seu significado e a sua história.
Ligações externas
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