O transporte ferroviário do Ceará é composto por um sistema multimodal, atendendo tanto o transporte de cargas quanto de passageiros, tendo sido operado e construído por diversas empresas ao longo de sua história, e que atualmente encontra-se em fase de expansão.
A primeira ferrovia construída no Ceará foi a Estrada de ferro de Baturité inaugurada em 1873, mas que só alcançou a cidade de Baturité em 1882. Essa linha ferroviária ligou a Capital ao sul do estado, até o Cariri.[10] Na mesma época foi iniciada a construção da Estrada de ferro de Sobral que foi inaugurada em 1881.[11]
A Estrada de ferro de Baturité foi a primeira ferrovia do Ceará. Iniciou a operação ferroviária em 1873 com o primeiro trecho de pouco mais de 7 km entre a Estação Central, em Fortaleza e a localidade de Arronches (Parangaba). Funcionou com esse nome até 1909. Fruto da sociedade surgida no dia 5 de março de 1870, entre o Senador Tomás Pompeu de Sousa Brasil, Gonçalo Batista Vieira (Barão de Aquiraz), Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba), o negociante inglês Henrique Brocklehurst e o engenheiro civil José Pompeu de Albuquerque Cavalcante, com o objetivo de escoar a produção serrana de Pacatuba e Maranguape para o porto de Fortaleza. Após a assinatura do contrato de construção da ferrovia entre a Companhia e o Governo Provincial do Ceará o projeto passou a ter como ponto final à cidade de Baturité, produtora de café.[16]
A estação central, atualmente Estação Professor João Felipe, inaugurada em 30 de setembro de 1973, foi erguida ao lado do antigo Cemitério de São Casimiro, que foi transferido para o Cemitério São João Batista. Os trilhos do primeiro trecho, de 7,20 km, começaram a ser assentados em 1 de julho de 1873, sendo entregue ao tráfego em 14 de setembro de 1873. As estações de Mondubim e Maracanaú foram inauguradas em 14 de janeiro de 1875 e a de Pacatuba em 9 de janeiro de 1876. A situação financeira da companhia ficou ruim durante a seca entre 1877 e 1879 e as obras foram paralisadas. O Governo Imperial, através do Decreto no 6.918, de 1 de junho de 1878, assumindo a parte construída da ferrovia e os direitos da Companhia de prolongar os caminhos de ferro até o município de Baturité. Em 1910 a Estrada de Ferro de Baturité foi somada a Estrada de Ferro de Sobral criando a Rede de Viação Cearense. Em 1926, a linha chegava ao Crato.[17]
O trem de passageiros circulou na linha sul até 1988, mas continuou a levar transporte de cargas, como combustíveis, carecendo de investimentos em infraestrutura. O direito de concessão da Malha Nordeste da antiga RFFSA foi concedido, em 1997, para a empresa Companhia Ferroviária do Nordeste, que mudou de nome para Transnordestina Logística, e atualmente é operada pela mesma.
O tráfego ferroviário da linha Fortaleza-Crato (linha sul), com 600 km, encontra-se desativado desde julho de 2013. Segundo a Transnordestina Logística, a Ferrovia Nova Transnordestina substituiria o ramal Sul, e que seria necessário suspender o transporte de produtos no trecho para a construção da nova ferrovia. A obra, no entanto, ainda não foi concluída.
A Estrada de Ferro de Sobral (EFS) foi a segunda ferrovia do Ceará. Planejada para dar assistência à cidade de Sobral durante os anos de seca entre 1877 e 1879. Sua construção teve início em 1878 e alcançou o seu primeiro ponto final Ipu, em 1894.[18]
Os primeiros trilhos foram assentados em 26 de março de 1879, em Camocim e dois anos depois, em 15 de janeiro de 1881, foi inaugurado o primeiro trecho, com 24,50 quilômetros, ligando o Porto de Camocim à cidade de Granja. A estrada até Sobral iniciou suas operações em 31 de dezembro de 1882, sendo então inaugurada a estação de Sobral totalizando 128,92 quilômetros de ferrovia.[19] Em 1894, o trecho desta chega a Ipu.[20]
Em 1909 começaram as construções do prolongamento até a cidade de Crateús, onde chegaram em 25 de janeiro de 1925.[18] A EFS foi arrendada à South American Railway em 1910 e em 1915 passou para administração federal sob o nome de Rede de Viação Cearense. Em 1950 a ligação entre a EFS e a Estrada de Ferro de Baturité entrou em operação. Com isso, o trecho entre Camocim e Sobral foi considerado ramal, sendo desativado em 1977. Atualmente a linha férrea tem sido pouco utilizada, limitando-se à escoação de alguns produtos, e a maioria das antigas estações ferroviárias são consideradas patrimônios históricos dos municípios.[21]
O direito de concessão da Malha Nordeste da antiga RFFSA foi concedido, em 1997 para a empresa Companhia Ferroviária do Nordeste, que mudou de nome para Transnordestina Logística e atualmente é operada pela mesma.[2]
A Rede de Viação Cearense foi criada pelo presidente Nilo Peçanha, através do Decreto Nº 7.669 de 18 de novembro de 1909. A nova empresa passou a administrar as Estrada de Ferro de Baturité e Estrada de Ferro de Sobral, sendo que o mesmo decreto arrendou as referidas ferrovias para a empresa britânica South American Railway Construction Company Limited. Apesar de ter iniciado algumas obras de prolongamento da ferrovia, a South American descumpriu os prazos de seu contrato e perdeu sua concessão em 1915, através do Decreto n. 11.692 de 25 de agosto daquele ano.
Suas operações tiveram inicio no dia 15 de junho de 2012, com a inauguração de parte do trecho da Linha Sul, em operação assistida. Já a operação comercial se iniciou no dia 1 de outubro de 2014, com cobranças de passagens, ficando fixada no mesmo valor vigente no Sistema Integrado de Transportes de Fortaleza (SIT-FOR) naquela período.[26]
O sistema é composto atualmente por uma linha de metrô, a linha Sul (Central-Chico da Silva ↔ Carlito Benevides), e duas linhas de VLT a diesel, Oeste (Moura Brasil ↔ Caucaia) e Nordeste (Parangaba ↔ Iate). Sua concepção, permitiu integrar-se aos terminais de ônibus urbano da Parangaba e do Papicu, dois importantes polos de intensa movimentação de pessoas na capital, e com a possibilidade de futuramente conectar-se ao terminal de passageiros do Porto do Mucuripe, por extensão da linha nordeste, e ao Aeroporto Internacional de Fortaleza pelo futuro ramal aeroporto.[25]
Segundo dados divulgados em dezembro de 2016, o sistema é o sexto maior em extensão do Brasil dentre as 12 regiões metropolitanas brasileiras que contam com transporte de passageiros sobre trilhos, apresentando no período 43,6 quilômetros (Numero esse já superado devido a adição de 13,2 novos quilômetros com a entrega de todo o percurso da linha nordeste do VLT[27][28]) ficando atrás de São Paulo (369 km), Rio de Janeiro (342 km) e Recife (71 km). As linhas da RMF representam 4,3% da malha total de metrôs e trens do Brasil que, em 2015, era de 1.062 km de extensão.[29]
No ano de 2015 o metrô de Fortaleza foi catalogado como o quinto que menos transporta usuários no país, transportando aproximadamente 6,5 milhões de pessoas, uma media diária de 23,3 mil passageiros nas duas linhas (Sul e Oeste) em operação naquele ano.[30][31] Em 2016, a Linha Sul, terminou com quase 800 mil passageiros a mais, em relação ao ano anterior. De janeiro a dezembro de 2015, foram transportadas 4,6 milhões de pessoas. Em 2016, o número saltou para 5,4 milhões. O crescimento foi de 17%, ou 798,9 mil passageiros a mais. A Linha Oeste, também registrou aumento de passageiros, saltando de 1,7 milhão em 2015 para 1,8 milhão em 2016. Nesse caso, o aumento foi de 97,4 mil passageiros, ou 5,4% do total.[32] Mantendo o aumento constante, a Linha Sul registrou aumento de 19,8% no número de passageiros transportados em 2017, em relação ao ano de 2016. O índice considera o total de usuários do metrô de janeiro a dezembro. No total, foram 6,5 milhões de pessoas atendidas em 2017, em comparação ao valor apresentado em 2016.[33][34][35][36]
Durante o ano 2018 as três linhas em operação na capital registraram uma movimentação de pouco mais de 11,4 milhões de passageiros, chegando a mais de 14,6 milhões transportados em 2019. Em 2020, devido a pandemia da COVID-19, foram necessárias ações de controle do Estado para contenção da doença que exigiram o fechamento do Metrô entre março e junho de 2020, reduzindo o numero de passageiros registrados que até outubro daquele ano que se encontrava na marca de pouco mais de 6,7 milhões.[37]
Em 2020 foram transportados aproximadamente 42 mil passageiros em média por dia nas três linhas da capital.[37] O Metrofor possui uma projeção de expansão até 2023, chegando a 65,8 quilômetros de extensão com a inauguração da Linha Leste do Metrô de Fortaleza e do novo ramal (Ramal Aeroporto).[25]
Foi o primeiro do Ceará a entrar em operação por meio da CCTM, tendo sua inauguração no dia 1 de dezembro de 2009.[39] O sistema possui 9 estações e uma linha de 13,6 km de extensão. A expectativa era que se transportasse cerca de 5 mil usuários por dia, numero três vezes maior do que os 1,6 mil usuários transportados atualmente.[40]
Sua implantação remodelou 13,6 km de malha ferroviária existente, recuperando a via permanente e retificando seu traçado para que as composições possam atingir maior velocidade entre as estações. Em Juazeiro foram construídas cinco estações e no Crato mais quatro. O custo inicialmente previsto para a implantação deste projeto era de R$ 13.223.522,32, valor posteriormente atualizado para R$ 25.190.720,90[41]. Em uma futura fase esta linha será estendida até o município de Barbalha, ao sul de Juazeiro do Norte.[42]
O sistema foi o terceiro a ser inaugurado no Ceará, tendo suas operações iniciadas no dia 22 de outubro de 2014, em operação assistida, e com sua operação comercial iniciada no dia 28 de dezembro de 2016. Atualmente transporta 1,5 mil passageiros por dia.[44]
↑«Trem Cariri Ceará VLT Juazeiro Norte». O Caminhante: Observatório Urbano e do Transporte Coletivo. 5 de agosto de 2017. Consultado em 25 de setembro de 2022