Nacionalista e legalista, no comando da 3ª Divisão de Exército, foi o primeiro oficial general a defender o cumprimento da Constituição, durante a crise que se seguiu à renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, contrariando a posição dos ministros militares, que se opunham à posse do vice-presidente João Goulart. A crise foi superada com a aprovação pelo Congresso, em 2 de setembro, de uma emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo, garantindo a posse de Goulart.[3][4]
Derrotado na eleição para a presidência do Clube Militar em 1962, foi nomeado comandante do II Exército, função que exerceu entre 11 de setembro de 1962 e 7 de dezembro de 1963.[5] Entretanto, já em dezembro de 1963, depois de criticar a atuação da Confederação Geral dos Trabalhadores e a politização dos quartéis, foi afastado do cargo e nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), perdendo o comando de tropas.[3]
No dia 31 de março de 1964, o general alertou o presidente João Goulart para a necessidade de que este assumisse imediatamente uma posição favorável às forças armadas ou a favor dos sindicatos. Nesse mesmo dia, o governo foi derrubado. Peri Bevilacqua manteve, entretanto, sua função de comando do Estado-Maior das Forças Armadas, durante o governo Castelo Branco. Chefiou o EMFA, de 10 de dezembro de 1963 até 15 de fevereiro de 1965.
Em 1965, foi designado ministro do Superior Tribunal Militar, permanecendo no cargo de 15 de fevereiro de 1965 a 10 de junho de 1969.[6] Durante este período sempre se manifestou contra os inquéritos policial-militares e contra o julgamento de civis por autoridades militares. Teve diversas discussões com seu colega de tribunal Ernesto Geisel que era generoso com militares e severo com a oposição. Bevilacqua foi cassado em janeiro de 1969 com base no Ato Institucional Número Cinco[7], pouco meses antes de quando se aposentaria com 70 anos de idade.[7][3]
Atividades políticas
A ditadura esperava ter se livrado do general, mas foi ele que se livrou dela.[7] Em maio de 1977 filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, partido de oposição ao governo militar, e, a partir de fevereiro de 1978, apoiou decididamente o Comitê Brasileiro pela Anistia, percorrendo várias cidades brasileiras para defender a anistia "ampla, geral e irrestrita" [8] e "recíproca", isto é, para "todos os crimes políticos, praticados por pessoas de ambos os lados", reconhecendo assim a prática de tortura no Brasil.[9] Graças a ele o Exército Brasileiro pode dizer que um de seus generais teve a coragem em falar de anistia quando a palavra parecia um estigma.[7]
A lei da anistia foi assinada em 28 de agosto de 1979, pelo presidente da república João Batista Figueiredo. Em novembro de 1980, o general Pery Bevilaqua passou a receber uma pensão, como ministro aposentado do STM.
↑Tido como “comunista” o novo presidente só assumiu duas semanas após a renúncia de Jânio Quadros quando foi adotada a solução parlamentarista. Nela João Goulart dividiu o poder com três primeiros-ministros, a começar por Tancredo Neves.