Nascida a 29 de Dezembro de 1867, na freguesia de São Gonçalo, concelho de Amarante, Maria dos Prazeres Martins Bessa Pais era filha de Vitorino Ferreira Bessa (1810-1894), um comerciante natural de Perozelo, Penafiel, que detinha o exclusivo do Depósito da Companhia dos Tabacos de Portugal, e de Bernardina Joaquina Pinto Martins Bessa (1826-1905), também referida como Bernardina Augusta,[3] natural de uma família abastada de Valença, com propriedades em Padronelo, Amarante. Era a mais nova de quatro filhos, e conhecida por ser uma exímia pianista.[4]
Com 26 anos, ainda a viver na sua terra natal, conheceu e começou a namorar o militar minhoto Sidónio Pais, cinco anos mais novo, que ali havia sido colocado no 2.º Grupo do Regimento de Artilharia nº 4. Dois anos depois, com o aval do seu tio materno, Dr. Miguel Pinto Martins, casaram-se a 2 de Fevereiro de 1895, na Igreja Paroquial de São Gonçalo, sob o regime de separação de bens. Após o casamento, mudaram-se para Coimbra, onde o seu marido estava a concluir os seus estudos em Matemática, chegando mais tarde ao cargo de professor catedrático e vice-reitor da Universidade de Coimbra. O casal fixou residência num edifício de 3 pisos, situado perto da Sé Velha e do “palacete” da Portela, onde vivia o tio materno da noiva, um dos promotores da carreira universitária de Sidónio. Com ele viria a ter cinco filhos: Sidónio (1896-?), que se casou com Isabel Maria da Costa de Sousa de Macedo de Freitas Branco, irmã de Luís de Freitas Branco e Pedro de Freitas Branco, António (1897-1987), Maria Sidónia (1899-1985), Afonso (1901-1995) e Pedro (1902-1930).[5]
Em 1904, devido às constantes infidelidades e ambições políticas de Sidónio, o casal separa-se. Maria dos Prazeres continua a viver em Coimbra, dedicando-se aos cinco filhos e ao cuidado da casa, tornando-se muito recatada e isolada, evitando os bailes ou eventos públicos, que o seu marido frequentava na companhia de diversas senhoras, nomeadamente de D. Ema Manso Preto, com a qual teve uma filha, Maria Olga, por ele perfilhada mas cuja paternidade não assumiu, sendo a sua amante casada à época com Álvaro Augusto Pinto Ribeiro.[6] Sem o direito ao divórcio, mas com ajuda financeira da sua família, permaneceu sempre afastada da vida pública do marido, que viria a se tornar Presidente da República, após o golpe militar de 1917. Por inerência, em 1918,[1] Maria dos Prazeres tornar-se-ia Primeira-dama, sem desempenhar qualquer cargo ou ter estado presente em qualquer cerimónia oficial de Estado.[7][8]
Após o assassinato de Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918, Maria dos Prazeres foi pela primeira e única vez ao Palácio Nacional de Belém para estar presente no funeral do marido.[9]
Dez anos após a morte do seu marido, em 1928, foi-lhe concedida uma “pensão de sangue” na razão de 50% do vencimento de um “general com mais de 5 anos” de graduação no posto.[10] Faleceu a 14 de Setembro de 1945, com 77 anos, na freguesia de São Sebastião da Pedreira em Lisboa.[11]
Bernardo Sassetti (de seu nome completo Bernardo da Costa Sassetti Pais), reconhecido pianista português falecido em 2012, era seu bisneto.[12]
↑Esteves, João; Castro, Zília Osório de (2013). Feminae, Dicionário Contemporâneo. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. ISBN978-972-597-372-1