Embora fosse uma princesa italiana, do Reino das Duas Sicílias, ela nasceu e foi criada na França, onde seus pais viviam exilados desde a unificação italiana. Após a morte de seu tio, Francisco II, que havia sido o último rei das Duas Sicílias, em 1894, seu pai assume a chefia da Casa Real das Duas Sicílias, e assim, a pretender ao extinto trono real das Duas Sicílias.
Após ser formalmente apresentada na corte austríaca e bavára, Maria Pia se casa com o príncipe Luís, filho e herdeiro da Princesa Isabel, em 1908, com quem tem três filhos. Com agravamento de sua enfermidade contraída durante o primeiro ano da Grande Guerra, Maria Pia se dedicou a cuidar do marido, hospedando-se na Villa Maria Teresa, em Cannes, devido ao clima mais propício à saúde do enfermo que, entretanto, veio a falecer em 1920, com apenas 42 anos de idade.[4][5][6]
A princesa foi batizada com os nomes: "Maria da Graça Pia Clara Ana Teresa Isabela Adelaide Apolônia Ágata Cecília Filomena Antônia Lúcia Cristina Catarina", e teve como padrinhos: o duque soberano Roberto I de Parma, e sua primeira esposa, a princesa Maria Pia das Duas Sicílias.[8]
Maria Pia e suas irmãs foram educadas no Colégio do Sagrado Coração de Aix-Provence, instituição administrada por religiosas perto de Cannes. Ali, Maria Pia passou sua infância e, terminados os estudos, a juventude. Sendo a predileta do pai, ela quem resolvia as pequenas disputas de infância de seus irmãos.[1][2]
Em uma das visitas do imperador D. Pedro II do Brasil à Cannes, ele visitou a Villa Maria Teresa. O Conde de Caserta reuniu todos os filhos para apresentá-los ao imperador, e Maria Pia, aos seis anos de idade, teve que tocar "Marcha Turca" de Mozart, no piano.
Juventude
No final do século XIX, todas as famílias reais tomaram o hábito de passar o inverno em Cannes. Alexandrina, futura rainha da Dinamarca, e sua irmã Cecília, futura princesa imperial da Alemanha, filhas dos grãos-duques de Mecklemburg-Schwerin, juntas a princesa Maria Urussov e Maria Pia, formavam um quarteto de amigas jovens, belas e elegantes. Lá, que teve lugar o noivado, seguido do casamento de Alexandrina, em 10 de abril de 1898, com o futuro Cristiano X, Rei da Dinamarca.
Ao completar 18 anos, Maria Pia foi levada junto as irmãns para serem apresentadas a corte do imperador Francisco José. A recepção teve lugar em Hofburg, Palácio Imperial de Viena. No dia seguinte, houve um jantar em família no Palácio de Schönbrunn. Depois da Áustria, as princesas foram levadas a Munique, onde foi oferecido um almoço de gala pelo regente da Baviera, o príncipe Leopoldo.[9]
Casamento
Maria Pia conheceu seu futuro noivo ainda jovens, na eventual chegada de Luís à Europa em função do exílio. Acabariam se reencontrando aos 25 anos, em 1903, quando o príncipe estava a revisitar diversos parentes. Os príncipes se deram muito bem, e após a partida de Luís, Maria Pia disse aos pais: "Jamais me casarei com outro". No entanto, a confirmação do matrimônio foi apenas em 1908.[10]
Maria Pia casou-se com o príncipe Luís, em 4 de novembro de 1908, na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, em Cannes. Na lua de mel, Maria Pia e Luís visitaram a Itália e a Índia. O casal passou a viver em Cannes, na França. Eles tiveram três filhos: Pedro Henrique, Luís Gastão e Pia Maria.[11]
Luís era o segundo filho da princesa Isabel do Brasil, então Chefe da Casa Imperial do Brasil, e de seu marido, o príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu. Luís tornou-se o herdeiro de sua mãe após a renuncia de seu irmão mais velho, Pedro, no dia 30 de outubro de 1908, e passou assim a pretender o título de Príncipe Imperial do Brasil.
Viuvez
Luis Maria do Brasil lutou na Primeira Guerra Mundial ao lado da França. Ele foi gravemente ferido e morreu em 26 de março de 1920 em Cannes. Apesar de a residência da princesa viúva ser na França, ela mantinha laços estreitos com o Brasil. Em 1922, Maria Pia, junto com seus dois filhos, Pedro Henrique e Luis Gastão, e seu sogro, o Conde d'Eu, estava a bordo do Navio Marsilia rumo ao Brasil para as comemorações dos 100 anos da independência. Quando ela chegou ao Rio de Janeiro, o Presidente da República mandou sua esposa recebê-la a bordo do navio e dar-lhe um tratamento de protocolo, como uma princesa de casa reinante. Em São Paulo, a Princesa Maria Pia se hospedou com os filhos na casa da Condessa Penteado, uma das senhoras mais ricas da cidade naquele tempo, a qual possuía um verdadeiro palácio na Avenida Higienópolis e ofereceu a eles apartamentos suntuosos.[12] No Brasil, a princesa viúva causou uma impressão agradável em seus contemporâneos, especialmente nos membros do partido monarquista. Ela participou do lançamento das bases do sítio da futura estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, atendendo assim ao pedido da falecida sogra. Durante essa viagem, seu sogro, o Conde d'Eu, morreu repentinamente.[13][14]
Viúva, Maria Pia se dedicou inteiramente à criação e educação dos filhos, e depois dos netos, tendo grande influência na formação de sua visão de mundo. Em 1938, tornou-se madrinha de seu primeiro neto, Luís Gastão. A princesa viúva era católica e leal à instituição do papado. Maria Pia estava em correspondência e se encontrou pessoalmente com o Papa Pio X, que a presenteou com sua fotografia como uma lembrança de sua conversa.[15]
Morte
Maria Pia faleceu em sua casa de campo, em Mandelieu, em 20 de junho de 1973, sendo sepultada no ao lado de seu marido na Capela Real em Dreux. Em 2010, Dom José Palmeiro Mendes, reitor da abadia territorial de Nossa Senhora de Montserrat no Rio de Janeiro, propôs construir um túmulo no Brasil para membros da família imperial e, no centenário da morte de Luís Maria, para enterrar novamente os restos mortais do príncipe imperial, junto com os restos mortais de sua esposa Maria Pia.
Observação: Em 12 de fevereiro de 1861 o Reino das Duas Sicílias foi suprimido e anexado ao Reino de Itália durante o processo de Unificação Italiana. Portanto pessoas nascidas a partir de 1861 (4a. geração, nesta lista) não possuem formalmente títulos relacionados ao reino. A constituição da República Italiana promulgada em 22 de dezembro de 1947 aboliu definitivamente todos os títulos de nobreza.