Nascida na periferia da cidade de São Paulo em uma área pobre da Zona Leste, foi criada no interior do estado, vivendo a infância e a adolescência nas cidades de Votuporanga e São José do Rio Preto. Criada pela tia dentro da religião Testemunhas de Jeová, inicialmente considerava errada sua identidade LGBT. Depois, reconhecendo-a como sua verdade, enfrentou intensos preconceitos por parte da família e da comunidade religiosa ao assumir sua homossexualidade. Posteriormente, passou a se identificar como travesti.
Com o tempo, abandonou a religião, deixou a casa da mãe e retornou à capital paulista. Nessa fase, começou a se dedicar a diferentes expressões artísticas, incluindo apresentações em boates e shows performáticos. Além disso, iniciou uma carreira musical, cantando em bares da região. Frequentemente, descreve-se como "bicha, trans, preta e periférica. Nem ator, nem atriz, atroz. Performer e terrorista de gênero."[3]
É adepta do candomblé na vertente ketu.[4] Em 2014, foi diagnosticada com câncer nos testículos, o que a levou a realizar a retirada de um deles e a enfrentar um tratamento de quimioterapia que durou três anos. Alcançou a cura em 2017.[5]
Carreira
2015-2018: Início e álbum de estreia
Linn iniciou sua carreira como performer. Sua primeira música autoral, intitulada "Enviadescer", foi lançada em março de 2016 através do YouTube.[6] Com o sucesso da canção, a artista lançou-se na carreira musical através do nome artístico Mc Linn da Quebrada (o prefixo "MC" foi removido algum tempo depois)[7] e, durante o ano de 2016, lançou as canções "Talento", "Bixa Preta" e "Mulher". As canções foram ovacionadas pela crítica e pelo público, levando a artista a embarcar na turnê nacional "Bixarya" durante 2016 e 2017.[8] Embora Linn contasse com apenas quatro músicas de estúdio lançadas, o repertório da turnê trazia cerca de 12 músicas completamente autorais. No mesmo ano, foi homenageada pela cantora Liniker através da faixa "Lina X". Liniker e Linn estudavam na mesma escola em Santo André e moraram juntas.[9]
No ano de 2017, a artista lançou um crowdfunding para seu álbum audiovisual de estreia, intitulado "Pajubá", e a campanha acabou superando a meta desejada.[10] Em março, foi convidada especial do programa Amor & Sexo. No mês de junho, participou da faixa "Close Certo", do DJ Boss in Drama.[11] Além disso, no mesmo mês, fora anunciado que Linn estaria no elenco do filme "Corpo Elétrico", que traz em pauta temáticas LGBT.[12] A cantora, além disso, foi uma das protagonistas da coleção "Melissa Meio-Fio", da marca Melissa.[13] O primeiro single do álbum de estreia de Linn, intitulado "Bomba pra Caralho", foi lançado em setembro de 2017.[14]
Em 30 de novembro de 2017, estreou nos cinemas o filme documentário Meu Corpo é Politico dirigido por Alice Riff, que acompanha a vida de quatro militantes LGBT, sendo que uma deles é Linn.[2]
No dia 8 de Dezembro de 2017 o artista Hugo Adescenco, aluno, na época, da ETEC de Artes, apresentou a montagem "Incômodo" baseado na obra de Linn da Quebrada como seu TCC para arte dramática. Esta apresentação abordava experiências de abuso e assédio sofridas pelo artista. Baseado na audição e interpretação do álbum Pajubá, "Incômodo" é um monólogo apresentado por uma pessoa colocada em situação de constrangimento e julgamento jogando com o público, e com si mesmo, pensamentos sobre abuso sexual, abuso moral, discussões de gênero, preconceito e família. Esta montagem mistura teatro, cinema, dança e performance improvisada em cima das faixas do disco.[15] A apresentação teve bastante repercussão nas redes sociais, chegando a ser divulgada pela Mídia Ninja em seu perfil oficial no Facebook.[16]
Em agosto de 2018, Quebrada foi destaque em um filme da revista Dazed, dirigido por Valter Carvalho. Mykki Blanco, então editora convidada da revista, a descreveu como “honesta e assertiva” e observou que ela abordou questões como “raça, sexualidade, trabalho sexual e a política de sua identidade transgênero”.[17]
2019-2021: Estreia como atriz e segundo álbum
Em 2019, Linn estreou como atriz na série da TV Globo, Segunda Chamada, interpretando a travesti Natasha, aluna do colégio Carolina Maria de Jesus. Nos cinemas, protagoniza o documentário premiado Bixa Travesty, que acompanha a trajetória de Linn, enfrentando o machismo e as diversas formas de transfobia. É dirigido por Claudia Priscilla e Kiko Goifman. Linn também assina o roteiro de produção.[18][19] O documentário estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim em 18 de fevereiro e venceu o Teddy Award de melhor documentário LGBT. Ainda em 2019 estreou como apresentadora no programa TransMissão do Canal Brasil, juntamente com sua companheira Jup do Bairro, sendo o primeiro talk show comandado por uma pessoa trans no Brasil. O programa tem o foco e objetivo de falar, de forma mais descontraída, sobre questões de gênero, sexo e raça.[20]
Em 2021, Linn lançou seu segundo álbum, "Trava Línguas".[21] Em junho de 2021, foi destaque ao estampar a capa digital da Vogue com Liniker numa edição que celebra o mês do orgulho LGBTQIA+.[22] No mesmo ano estreou a série Manhãs de Setembro, lançada no dia 25 de junho, no Prime Video, em mais de 240 países.[23][24]
2022-presente: Big Brother Brasil 22 e novos projetos
Lina foi líder uma vez e enfrentou 3 paredões, e foi eliminada do reality show no dia 10 de abril, com 77,6% dos votos, a cantora disputou um paredão triplo contra os participantes Gustavo Marsengo (6,74%) e Eliezer do Carmo (15,66%), terminando a competição em 9º lugar.[26] No total, o seu paredão recebeu 83 milhões de votos (83.569.638) do público.[27]
Em 2023 foi confirmada como participante da vigésima temporada do Dança dos Famosos, sendo a segunda eliminada da competição.[28][29]
Linn participou das gravações do filme "Vitória", estrelado por Fernanda Montenegro, onde irá interpretar a amiga e vizinha da protagonista. O filme não tem data de estreia confirmada até o momento.[31][32]
Vida Pessoal
Em 2021, aos 30 anos, Lina fez implante de próteses de silicone mamária. Ela os descreveu para o UOL como um símbolo de transformação, dizendo que queria que as pessoas a olhassem e a reconhecessem como travesti.[33] No mesmo ano, retificou seus documentos, passando a chamar-se oficialmente Lina Pereira dos Santos.[1]
Em abril de 2024, Linn anunciou uma pausa em sua carreira para tratar de uma depressão. "Para estar diante das câmeras e nos palcos de forma plena, é preciso estar com saúde física e mental em dia. Quando algo não vai bem, é necessário parar, respirar e cuidar", em comunicado publicado nas redes sociais da artista.[34] Em junho, foi notificado que ela estaria internada em uma clínica de reabilitação para cuidar da saúde mental.[35] No final de setembro, a cantora reapareceu nas redes sociais após deixar a reabilitação e posteriormente postou um vídeo em seu Instagram comentando sobre seu processo de tratamento: "Agora, estou em um momento de ressocialização. Por muito tempo, eu vivi abraçando o caos e hoje sei que não estou sozinha".[36]