Em 1967, começou a trabalhar como eletricista no estaleiro naval de Gdansk,[2] onde assistiu à repressão de manifestações operárias pela força das armas. Estes acontecimentos trágicos levaram-no a lutar pela constituição de sindicatos livres no país.
Wałęsa torna-se fundador e líder do Solidariedade, a organização sindical independente do Partido Comunista que obteve importantes concessões políticas e económicas do Governo polonês em 1980-1981, sendo nessa altura ilegalizado e passando à clandestinidade.
Em 1980, Wałęsa liderou o movimento grevista dos trabalhadores do estaleiro de Gdansk, onde cerca de 17 000 trabalhadores protestavam contra a carestia de vida e as difíceis condições de trabalho. A greve alargou-se rapidamente a outras empresas.[3][4]
Com dificuldade, as reivindicações dos trabalhadores acabaram por ser concedidas.[5] As reivindicações sociais dos trabalhadores tomaram consequências claramente políticas quando foi assinado um acordo que lhes garantia o direito de se organizarem livremente, bem como a garantia da liberdade política, de expressão e de religião.
O fato de ter liderado as paralisações dos grevistas e de ser católico deu a Wałęsa uma grande base de apoio popular, mas os seus ganhos tiveram um carácter efémero ante a resistência do regime comunista. Em 13 de dezembro de 1981, o governo impôs a lei marcial,[1] e a maioria dos líderes foram presos, incluindo Wałęsa, até 14 de novembro de 1982.[6] Em 8 de outubro de 1982 o Solidariedade foi considerado ilegal.[7]
O país passou a ser governado pelo general Wojciech Jaruzelski. A agitação operária continuou, embora de forma mais contida. Wałęsa só seria libertado em 1982. Um ano depois era-lhe atribuído o Nobel da Paz.[1] Wałęsa foi incapaz de aceitá-lo pessoalmente, temendo que o governo polonês o impedisse de voltar ao país. Então, sua esposa Danuta aceitou o prêmio em seu lugar.[1]
O Solidariedade saiu da clandestinidade após negociações com o governo em 1988-1989, assim como outras organizações sindicais. Com o desmoronamento do Bloco de Leste e a liberalização democrática do regime, ficou consagrada a realização de eleições livres.
Em 9 de dezembro de 1990, Wałęsa foi eleito presidente, tendo tomado posse em 22 de dezembro de 1990.[8] Em 1995, realizaram-se novas eleições presidenciais, mas Wałęsa foi derrotado por uma diferença de 3 pontos percentuais no segundo turno. Nas eleições presidenciais de 2000, não conseguiu para além de 1% dos votos, devido a uma crescente insatisfação da opinião polaca em relação às suas posições.[9]
Em 1992, o nome Walesa apareceu em uma lista de colaboradores comunistas do Ministério de Assuntos Internos. Em 2016 o Instituto da Memória Nacional[11] em Varsóvia, com base em documentos tirados da casa do general Kiszczak, entendeu que Lech Walesa na década de 1970 ajudou a ditadura comunista como agente Bolek.[12]
Em 2006, Wałęsa saiu do Solidariedade, manifestando diferenças com o partido Lei e Justiça, e a ascensão ao poder de Lech e Jarosław Kaczyński.[13] Em 2015, o governo do país violou uma série de normas constitucionais, levando a manifestações, das quais foram apoiadas por Walesa.[14]
↑«Lech Walesa: o polonês que desafiou Moscou». Manchete, ano 29, edição 1482, páginas 14-15/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 13 de setembro de 1980. Consultado em 8 de outubro de 2023
↑«ON THE FOUNDER» (em inglês). Lech Walesa Institute. Consultado em 24 de maio de 2012
↑Perdue, William D. (1995). Paradox of Change: The Rise and Fall of Solidarity in the New Poland (em inglês). [S.l.]: Praeger/Greenwood. p. 9. ISBN1-55970-221-4