O seu principal ponto turístico é a serra do feiticeiro. O município é regionalmente conhecido por sua gastronomia, sendo reconhecido como ''A Terra do Bode''. Lajes também é amplamente conhecida por ter sido o o município em que foi eleita a primeira prefeita da América do Sul, em 1928, Alzira Soriano.[6]
História
O povoamento do território onde hoje se localiza o município de Lajes se iniciou efetivamente no século XIX, mais especificamente em 1825, com a instalação de uma fazenda, de propriedade de Francisco Pedro de Gomes Melo. Consequentemente, o local começou a se desenvolver, tornando-se ponto de descanso e parada obrigatória de boiadeiros que passavam por ali. Em 1895, Lajes tornou-se distrito de Jardim de Angicos (emancipado de Angicos em 1880), criado por uma lei municipal datada de 26 de janeiro daquele ano.[7]
Conta a história de que, em 1903, próximo à serra do Feiticeiro, uma mãe pastoreava seu rebanho acompanhada de seu filho José Alexandrino, de apenas cinco anos e, ao entardecer, os dois se desencontraram. Três dias depois, o corpo da criança foi encontrado morto e em estado de decomposição sobre uma pedra. Próximo dessa pedra, batizada pelos moradores locais de Pedra do Anjo, foi construída uma capela dedicada à Divina Santa Cruz, tendo à frente um cruzeiro.[8]
O desenvolvimento do povoado se acentuou em 1914, com a chegada da estrada de ferro Sampaio Correia (que fazia a ligação entre Natal e São Rafael),[7] cuja estação ferroviária só foi inaugurada em 15 de setembro de 1918, hoje desativada.[9] Ainda em 1914, através da lei estadual 360, sancionada em 25 de novembro, a sede municipal foi transferida de Jardim de Angicos para Lajes e, em 3 de dezembro de 1923, através da lei estadual 572, a criação do município de Lajes foi efetivada.[7]
Posse de Alzira Soriano como prefeita de Lajes, em 1929. Foto: Arquivo Nacional
Nas eleições municipais de 1928, disputaram dois candidatos: Luísa Alzira Teixeira Soriano (Alzira Soriano) e Sérvulo Pires Neto Galvão. Com mais de 60% dos votos, Alzira venceu a eleição, tornando-se a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul, empossada em 1° de janeiro de 1929. No ano seguinte, com a eclosão de um movimento revolucionário, Alzira perdeu o cargo, sendo substituída por Adauto de Sá Leitão.[10]
Em 30 de dezembro de 1943, o decreto estadual 268 alterou o nome do município para Itaretama, devido à abundância de pedras no local, voltando à sua denominação original em 11 de dezembro de 1953, através da lei estadual 1 032. Na década de 1950, por sucessivas leis estaduais, o município de Lajes chegou a ser subdividido em seis distritos, todos desmembrados na década seguinte e elevados à categoria de município: Caiçara do Rio do Vento, Jardim de Angicos, Jandaíra e Pedra Preta. Na década de 1960, a lei estadual 2 971, de 29 de outubro de 1963, criou o distrito de Firmamento, o único não emancipado, que faz parte do município até os dias atuais.[7]
O relevo do município é constituído pela Depressão Sertaneja, bem como pelo Planalto da Borborema. A geologia é marcada pela área de abrangência das rochas do Grupo Caicó, no embasamento cristalino, com idade entre 1,1 bilhão e 2,5 bilhões de anos, durante o período Pré-Cambriano. A norte estão os sedimentos da Bacia Potiguar, que inclui as formações Açu e Jandaíra, datadas do período Cretáceo, há cerca de oitenta milhões de anos.[13]
Em Lajes está a nascente do rio Ceará-Mirim, na comunidade de Mulungu, cuja foz é o Oceano Atlântico, na localidade de Barra do Rio, que pertence ao município de Extremoz.[17][18] O açude Juazeiro é o maior reservatório de água do município, com capacidade para 1,266 milhão de metros cúbicos (m³), seguido pelos açudes Caraúbas (350 000 m³), Gavião e Ameixa (ambos com capacidade para 100 000 m³). Apesar disso, a água utilizada para consumo populacional vem da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, através do Sistema Adutor Sertão Central-Cabugi.[13]
Lajes possui um dos mais baixos índices pluviométricos do Rio Grande do Norte, de cerca de 400 mm (1930-2020), apresentando assim clima semiárido.[13] Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), referentes ao período de 1930 a 1985 e a partir de 1992, o maior acumulado de precipitação observado em Lajes foi de 171,4 mm em 3 de abril de 2008. Outros grandes acumulados foram 135 mm em 15 de abril de 1984, 129,2 mm em 22 de abril de 1940 e 108,2 mm em 31 de janeiro de 2008. Março de 1981, com 392 mm, é o mês mais chuvoso da série histórica, enquanto o recorde anual é de 1 021,6 mm em 2009.[19]
Conforme pesquisa de autodeclaração do mesmo censo, a população era composta por pardos (62,46%), brancos (33,81%), pretos (2,08%) e amarelos (1,64%).[24] Levando-se em consideração a nacionalidade, todos os habitantes eram brasileiros natos[25] (72,5% nascidos no próprio município),[26] dos quais 99,25% naturais do Nordeste, 0,48% do Sudeste, 0,09% do Centro-Oeste e 0,04% do Sul, além de 0,15% sem especificação. Dentre os naturais de outras unidades da federação, os estados com mais residentes eram Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo.[27]
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) do município é considerado médio, de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Segundo dados de 2010, divulgados em 2013, seu valor era 0,624, sendo o 47° maior do Rio Grande do Norte e o 3 607° do Brasil. Considerando-se apenas o índice de longevidade, seu valor é 0,756, o valor do índice de renda é 0,578 e o de educação 0,557.[21] No período de 2000 a 2010, o índice de Gini reduziu de 0,51 para 0,49[21] e a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até R$ 140 caiu 32,8%. Em 2010, 65,8% da população vivia acima da linha de pobreza, 19% entre as linhas de indigência e de pobreza e 15,1% abaixo da linha de indigência. No mesmo ano, os 20% mais ricos eram responsáveis por 53,2% do rendimento total municipal, valor dezesseis vezes superior à dos 20% mais pobres, de apenas 3,3%.[29]
Política e administração
A administração municipal se dá através de dois poderes: executivo e legislativo.[30] O primeiro é representado pelo prefeito, auxiliado pelo seu gabinete de secretários.[30] Lajes teve como primeiro prefeito Miguel Teixeira de Vasconcelos, de 1914 a 1917.[31] O atual é Felipe Ferreira de Menezes Araujo ,[32] do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), eleito nas eleições municipais de 2020 com 51,23% dos votos válidos,[33] tendo como vice José Carlos Felipe (Zé Mata) do Partido dos Trabalhadores (PT).[34]
O poder legislativo, por sua vez, é constituído pela câmara municipal, constituída por nove vereadores eleitos para mandato de quatro anos. Cabe à casa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao executivo, especialmente o orçamento municipal (conhecido como Lei de Diretrizes Orçamentárias).[30]
Lajes se rege por sua lei orgânica, promulgada em 3 de abril de 1990,[30] e abriga uma comarca do poder judiciário estadual, de segunda entrância, cujos termos são Caiçara do Rio do Vento e Pedra Preta.[35] O município pertence à 17ª zona eleitoral do Rio Grande do Norte e possuía, em dezembro de 2016, 9 167 eleitores, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), representando 0,382% do eleitorado potiguar.[36]
Feriados municipais
O seguintes dias são feriados no município de Lajes[37][38]:
03 de Maio – dia de visitação à Capela da Divina Santa Cruz
03 de Dezembro – aniversário de emancipação política, social e administrativa do município.
08 de Dezembro – padroeira no município.
Referências
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