Jerson Lima Silva, nascido Jerson Lima da Silva e também identificado como Jerson Lima, (Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 1960) é um biofísico brasileiro. É conhecido por suas pesquisas pioneiras no campo da biologia estrutural, especialmente os estudos sobre o enovelamento de proteínas e a relação de agregados proteicos com doenças como câncer, doenças de príons e doença de Parkinson.[1]
É professor titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biologia Estrutural e Bioimagem (INBEB), além de diretor emérito do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas (CNRMN), que integra o Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio). É também o presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) de janeiro de 2019 a 7 de novembro de 2024.[1][2]
Vida pessoal
Filho de um sargento da marinha e uma dona de casa que vendia doces caseiros, cresceu no subúrbio do Rio de Janeiro. O primeiro contato com o método científico veio durante o Ensino Médio, quando estudou na Escola Técnica Federal de Química do Rio de Janeiro (ETFQ-RJ) (atual Instituto Federal do Rio de Janeiro).[3]
É casado com a também pesquisadora e professora da UFRJ Débora Foguel. Juntos têm quatro filhos.
Formou-se em medicina na UFRJ em 1984. Começou a carreira científica ainda na graduação, tendo integrado a equipe do laboratório do professor Sergio Verjovski Almeida, no Departamento de Bioquímica Médica, coordenado na época pelo médico e pesquisador Leopoldo de Meis. Lá, conduziu estudos de estrutura e função da proteína transportadora de cálcio do retículo sarcoplasmático muscular.[3]
Ao sair da graduação, fez doutorado no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, também na UFRJ, concluído em 1987. Orientado novamente por Verjovski Almeida, centrou suas pesquisas em proteínas oligoméricas e vírus icosaédricos. Nos seus estudos, adotou diferentes métodos de espectroscopia de fluorescência.[3]
Por sua experiência na adoção de técnicas de fluorescência conseguiu, também logo após a graduação, entre 1985 e 1986, uma posição de pós doutorado na Universidade de Illinois, no laboratório de Gregorio Weber, cientista argentino radicado nos Estados Unidos. Entre 1991 e 1992, voltou ao laboratório de Weber, dessa vez como pesquisador visitante e fellow da Fundação Guggenheim. Com Weber, aprofundou seus conhecimentos sobre proteínas, incluindo a plasticidade proteica, estruturas supramoleculares e seus efeitos fisiológicos. Foi lá que aprimorou também o domínio no uso de técnicas avançadas de fluorescência.[3]
Pioneiro no estudo do comportamento priônico da proteína p53 e sua relação com diversos tipos de câncer,[4][5] tem feito contribuições científicas relevantes para as áreas da Bioquímica e da Biologia Estrutural. Seu trabalho tem levado a avanços na compreensão do enovelamento de proteínas, da montagem viral e dos mecanismos responsáveis pela formação de agregados proteicos e de dobramento errado de proteínas, mostrando como estes dois últimos são responsáveis pela fisiopatologia de diversas doenças, incluindo diferentes tipos de câncer, doenças priônicas (como o popularmente chamado Mal da Vaca Louca, em bois, e a doença de Creutzfeldt–Jakob, em humanos) e doença de Parkinson.[6]
Carreira
Ao longo de sua carreira científica, vem exercendo diversas funções de gestão acadêmica, além de integrar importantes associações e instituições científicas.
É professor titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM) da UFRJ desde 1988.[3] É membro efetivo da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 1999, da Academia Nacional de Medicina (ANM), na Seção de Ciências Aplicadas à Medicina, desde 2011, quando se tornou um dos membros titulares mais jovens da centenária Academia. É ainda membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS) para o Avanço da Ciência em Países em Desenvolvimento desde 2006.
Entre 2005 e 2008, coordenou o Instituto Milênio de Biologia Estrutural em Biomedicina e Biotecnologia (IMBEBB) e desde 2008 coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biologia Estrutural e Bioimagem (INBEB), tendo atuado na criação de ambos. Foi ainda presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBF), entre 2008 e 2012, e presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBQ), entre 2014 e 2016. Entre 2003 e 2018, atuou como diretor científico da FAPERJ, instituição da qual é presidente desde 2019.[7]
Em 2016, lançou-se no mundo literário, publicando seu primeiro livro de poesia, intitulado “Quase poesia”. O livro tem orelha assinada pelo linguista, pesquisador e também poeta Carlos Vogt, da Universidade de Campinas (Unicamp).[8]
Em 7 de novembro de 2024, Jerson Lima foi exonerado do cargo de presidente da FAPERJ após críticas e protestos da comunidade científica do Rio de Janeiro e substituído por Caroline Alves.[2]
Prêmios e honrarias
Por suas contribuições à ciência, recebeu inúmeros prêmios e homenagens, com destaque para:
Referências
Ligações externas