Na época da chegada dos primeiros europeus à região, no século XVI, esta era habitada por tribos indígenas puris, localizadas num aldeamento onde se localiza, atualmente, a sede do distrito de São Pedro de Rates.
Procedentes de Minas Gerais, os desbravadores de origem europeia da região, comandados pelo capitão-mor Manoel José Esteves de Lima, ultrapassaram os contrafortes da Serra do Caparaó de norte para sul e promoveram a instalação de uma povoação, às margens do Rio Veado, no início do século XIX.
O pequeno exército que o jovem Manoel José Esteves de Lima, de apenas 23 anos, organizou para desbravar as terras sul-capixabas era formado por apenas 72 homens. Em busca de riquezas e fugindo da decadência das Minas Gerais após os anos de riqueza provindos da extração de ouro, o pequeno exército de Manoel José Esteves de Lima chegou à ainda isolada região que hoje é Guaçuí, se instalando onde é, atualmente, a Rua Tenente Arnaldo Túlio "Rua da Palha", no início do século XIX. Entre outros que acompanhavam o jovem desbravador, estavam Domingos Manuel Vianna, João Damasceno Barbosa, Joaquim Gomes de Azevedo, Manuel Francisco de Carvalho, Luís Francisco de Carvalho, Domingos José Gonçalves de Ataíde, Antônio Ouriques de Aguiar, José de Aguiar Valim, Silvestre Joaquim da Rosa, Francisco Joaquim Lobato e Justino Maria das Dores.
Ainda no início da colonização, após a sobrepujação aos indígenas que viviam na região, uma disputa entre os próprios desbravadores se instalou sobre se a nova localidade pertenceria a Minas Gerais ou ao Espírito Santo. Após alguns anos de disputa no tribunal ouropretrano – de 1858 a 1860 –, foi decidido que a nova localidade ficaria como terras do Espírito Santo.
Desde a chegada dos primeiros desbravadores de origem europeia, a localidade teve várias denominações, até receber o nome de Guaçuí. Seu primeiro nome foi São Bom Jesus do Livramento. Em 1866, quando ela foi elevada ao nível de distrito, foi renomeada São Miguel do Veado. Em 1928, elevada a município, recebeu o nome de Veado. Em 1931, foi renomeada para Siqueira Campos. Em 1943, recebeu seu atual nome, Guaçuí.
O atual povoamento da região se deu no contexto da marcha do café sobre terras capixabas. Povoamento que se deu em meados do século XIX, por mineiros e fluminenses, com a formação de grandes fazendas cafeeiras na região sul do estado, sustentadas inicialmente por trabalho escravo e, posteriormente, com a incorporação de mão de obra imigrante – massivamente italiana – no contexto de substituição da mão de obra escrava na lavoura nos anos finais do século XIX.
Durante a primeira metade do século XX, a economia da cidade adquire importância no contexto estadual, através a produção de café e pecuária leiteira. Em 1913, a Estrada de Ferro Leopoldina, estende seus trilhos até a cidade de Guaçuí, muito contribuindo para o desenvolvimento do município. Nessa época, existiam grandes fazendas produtoras de café, como por exemplo, a Fazenda do Castelo, propriedade da família Aguiar. Nos anos 1940, um fazendeiro do município Cândido A. Mendonça funda uma indústria de laticínios, o Laticínio Candó Mendonça, que daria origem a atual Colagua (Coop. de Laticínios de Guaçuí), fundada no início dos anos 1960. Atualmente, na economia agrícola do município ainda se destaca a produção de café e a pecuária leiteira. O ator, produtor e diretorFernando Torres foi o filho mais ilustre do município.
"Guaçuí" origina-se da língua tupi. Significa "água de veado", pela junção de gwa'su ("veado")[6] e 'y ("água, rio")[7]. Conta-se que a origem do nome está no fato de que, quando os desbravadores de origem europeia chegaram à região, existiam vários veados margeando o rio local.
Com área de 467 quilômetros quadrados, ocupa um por cento do território capixaba e 8,4 por cento da microrregião na qual está inserido. O distrito-sede, com latitude de –20,7756 e longitude igual a –41,6794, está localizado a uma altitude de 590 metros. Emancipou-se de Alegre em 1928. De sua área territorial foram desmembrados em 1963 os municípios de Divino de São Lourenço e Dores do Rio Preto. A população, segundo dados do último censo, é de 25 492 habitantes, assim distribuída: 19 192 nas zonas urbanas e, na zona rural, 6 300. Possui três distritos: São Pedro de Rates São Miguel do Caparaó e São Tiago. A densidade demográfica chega a 55,90 habitantes por quilômetro quadrado.
Aspectos Físicos
Relevo
Modelado em rochas cristalinas o relevo é bastante acidentado, com destaque para a Serra das Cangalhas, ou Serra de Santa Catarina, no limite sudeste. A altitude oscila entre seiscentos e mil metros, cota alcançada na porção ocidental. O solo predominante é classificado como latosolo vermelho-amarelo, com fertilidade de média a baixa, em terrenos relativamente baixos e pH em torno de 4,5 e 5,0. Possui 53,09% de suas áreas com declividade entre trinta e cem graus. Devido às características observadas, o solo possui grandes de jazidas de manganês, além de bauxita e caulim. Some-se a isto a presença de feldspato, mica, alguns veios de ouro e de pedras semipreciosas, como ametistas e águas-marinhas. Lembramos que estamos a cinquenta quilômetros do Pico da Bandeira (no Caparaó).
Dentre as três macroformas do relevo capixaba – região serrana, tabuleiros e planícies costeiras –, que, de certa forma, se orientam pelo Espírito Santo de oeste para leste respectivamente, Guaçuí está situado dentro da região serrana, que, segundo a classificação morfoclimática de Aziz Ab'Saber, se localiza dentro do domínio de Mares de Morros.
Mares de Morros é a denominação dada a relevos acidentados, geralmente de solos profundos, de formação cristalina (rochas ígneas e metamórficas), em que o processo erosivo deixou os morros com forma de "meia-laranja". A denominação vem de, se olhada à distância, o relevo lembrar as ondas do mar.
O clima é tropical ameno, típico das regiões serranas do Espírito Santo. O inverno é seco, de certa forma rigoroso, influenciado pela altitude da região. A temperatura média anual é de vinte graus centígrados. As chuvas acontecem, com maior intensidade, entre os meses de outubro a abril, com média anual de 1446 milímetros. Nos dias mais quentes do ano raramente a temperatura passa da marca de 34 °C, o amanhecer mesmo no verão costumam ter temperaturas amenas, que giram em torno de 18º a 20, raramente a temperatura mínima ultrapassa a marca de 22º no verão.
O inverno é na maioria das vezes é frio e seco, porém nos meses de Junho e Julho é comum termos períodos maiores de 7 dias com o tempo totalmente fechado e com lubrina ou chuva fraca, nos dias mais frios as temperaturas máximas não passam dos 16º, podendo chegar a apenas 13º e as mínimas podem chegar a valores entre 6º e 2º.
Temperaturas:
Verão: Mínima média: 18º, Máxima média: 30º
Inverno: Mínima média: 10º, Máxima média: /24º
Média anual: 20º
Coordenadas:
20º 46' 38 latitude sul
41º 40' 44 latitude W. Gr.
A gente guaçuiense é resumo da formação étnica do povo brasileiro. Ou seja, resultado da miscigenação entre brancos, negros e índios, em especial Puris. A colonização, como se observa, foi levada a efeito por correntes migratórias, a partir de 1838. O processo se estendeu, com muita intensidade pelas décadas seguintes, até o início do século XX. O clima frio atraiu imigrantes italianos, que formaram uma grande colônia. A influência exercida, por este grupamento, é maior que a dos próprios colonizadores portugueses.
A forte presença de afro-descendentes, deve-se ao fato de que o sul do Espírito Santo — que chegou a ter 40,3% da população composta por escravos, no século XIX — haver sido a única região do país a ter crescimento da população de negros, após a edição de leis como a dos Sexagenários, e a do Ventre Livre, cujos objetivos eram inibir o sistema escravista. A necessidade de suprir de mão de obra das lavouras de café das grandes fazendas, como a do Castelo, provocou o fenômeno. Encontramos, também, em menor número, descendentes de libaneses, espanhóis, ingleses, suíços, além de brasileiros de todas as partes, completando o perfil do povo guaçuiense.
Aspectos Econômicos
Não se pode negar a importância da agropecuária para Guaçuí. Afinal, a cafeicultura e a pecuária, notadamente a de leite, são as duas maiores fontes de emprego que o município possui. No entanto, ao se analisar um dado simples, ou seja, o da distribuição da população, — dos 25 492 habitantes, 19 192 encontram-se nas zonas urbanas e 6 030 na zona rural.
Aspectos Demográficos
População estimada em 1 de julho de 2006: 28 100
Área da unidade territorial: 468 km²
Código do Município (CEP): 29560-000
População por Sexo
Feminino: 13 982
Masculino: 12 910
Grupos Étnicos
Brancos 63,05%
Negros 10,03%
Amarelos 0,04%
Pardos 26,88%
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censo Demográfico - 2000[carece de fontes?]
Faixa Etária
Idade (anos)
Nº de pessoas
0 a 4 anos
2 417
5 a 9 anos
2 441
10 a 14 anos
2 670
15 a 19 anos
2 547
20 a 24 anos
2 046
25 a 29 anos
1 698
30 a 34 anos
1 810
35 a 39 anos
1 642
40 a 44 anos
1 484
45 a 49 anos
1 091
50 a 54 anos
843
55 a 59 anos
744
60 a 64 anos
712
65 a 69 anos
661
70 a 74 anos
433
75 a 79 anos
265
+ de 80 anos
307
idade ignorada
9
Total de pessoas
25 492
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Contagem Populacional - 2000[carece de fontes?]
Taxa de Crescimento Geométrico
Na década de 1980: 1,33%
No 1º quinquênio da década de 1990: 1,62%
Referências
↑Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. «Busca Faixa CEP». Consultado em 1 de fevereiro de 2019
↑IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010
↑ abInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (27 de agosto de 2020). «Guaçuí». Consultado em 25 de abril de 2021