(=+38.49812;−8.15773)
A Estação Ferroviária de Casa Branca é uma gare da Linha do Alentejo, que serve a localidade de Casa Branca, no concelho de Montemor-o-Novo, em Portugal, e funciona como ponto de entroncamento com a Linha de Évora.
Esta interface situa-se na localidade de Casa Branca, tendo acesso pelo Largo 1º de Maio ou da Estação Ferroviária.[3]
Esta interface apresenta seis vias de circulação, identificadas como I, II, III, IV, IIIA e III+IIIA, com comprimentos entre 309 e 945 m, sendo as três primeiras acessíveis por plataforma de 220 m de comprimento e 685 mm de altura; existem ainda duas vias secundárias, identificadas como V e VI, com comprimentos de 444 e 334 m; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[2] O edifício de passageiros situa-se do lado norte da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Funcheira).[4][5]
Enquanto ponto de entroncamento da Linha de Évora na Linha do Alentejo, o local desta interface é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo intercidades, com cinco circulações diárias em cada sentido.[6]
Esta interface encontra-se no lanço entre Vendas Novas e Évora, que abriu em 14 de Setembro de 1863,[7][8] enquanto que a linha férrea até Beja entrou ao serviço no dia 15 de Fevereiro de 1864.[9]
Segundo a Gazeta dos Caminhos de Ferro de 16 de Maio de 1897, um alvará autorizou o Barão de Matosinhos a instalar três linhas férreas sobre estradas na região do Alentejo, uma destas ligando Casa Branca a Sines, com passagem por Santiago do Cacém, Grândola, Alcácer do Sal e Montemor-o-Novo.[10]
Em princípios de 1902, ocorreu um incêndio de grandes proporções nesta estação, que se iniciou no armazém de cortiças mas que depressa se espalhou a outras dependências, tendo sido destruída uma grande quantidade de mercadorias e danificadas várias infra-estruturas, incluindo o edifício de passageiros.[11] Em 13 de Novembro desse ano, o Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Manuel Francisco de Vargas pediu a construção de uma escola junto à estação, para servir os filhos dos funcionários dos caminhos de ferro.[12] Este requerimento foi aceite por Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro no mesmo dia, devendo a escola ser construída pela Administração dos Caminhos de Ferro do Estado, e assumir a denominação de Escola Maria Amélia, em honra da rainha.[12]
Em 1 de Fevereiro de 1908, ocorreu um descarrilamento nesta estação, que atrasou em cerca de uma hora o comboio real com destino ao Barreiro.[13] Pouco depois da chegada a Lisboa, a família real foi alvo de um atentado, tendo morrido o Rei D. Carlos e o príncipe D. Luís.[13] Em 1926, o governo determinou que no plano da rede ferroviária ao Sul do Tejo fosse introduzida uma nova via férrea entre Casa Branca e Alcácer do Sal, situada na Linha do Sado.[14] Em 3 de Fevereiro de 1927, os empregados dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste aderiram à revolução no Porto, tendo entrado em greve e recolhido todo o material circulante nesta estação.[15] Em 11 de Maio desse ano, os Caminhos de Ferro do Estado passaram a ser explorados pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[16]
No ano de 1933, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a instalação de uma divisão de Via e Obras nesta estação.[17] No ano seguinte, foi alvo de grandes obras de reparação, por parte da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses,[18] e em 1935 foram construídas as instalações para a 12.ª secção da divisão do Sul e Sueste da CP.[19]
Em 20 de Março de 1948, teve lugar a viagem experimental de uma automotora sueca, entre Casa Branca e Vila Viçosa,[20] A experiência foi bem sucedida, tendo as automotoras sido colocadas nos serviços regulares ao longo deste lanço.[21]
Em 10 de Maio de 2010, foram suspensos os serviços na Linha do Alentejo, devido a um projecto da Rede Ferroviária Nacional para a remodelação da linha.[22] A circulação foi reatada no dia 23 de Julho de 2011.[23]
Em Janeiro de 2011, contava com três vias de circulação, que tinham 550, 420 e 380 m de comprimento; as plataformas tinham 170 e 129 m de extensão, e 55 e 40 cm de altura[24] — valores mais tarde[quando?] ampliados para os atuais.[2]
O escritor Fialho de Almeida descreveu a passagem pela estação, no seu livro A Cidade do Vício (1882):
Na Casa Branca, quando o trem parou, despertei ao ruído da portinhola que se abria, e entrou um homem com uma criança de luto. «Tenha o senhor boas noites!» Disse ele, erguendo o chapeirão desabado. E desembaraçando-se da capa espanhola, bandada de roxo, com alamares de corrente, pôs-se a empurrar para baixo do banco a mala de tapete que trouxera. [...] Depois de se sentar resfolegou do esforço que fizera a empurrar a mala, ergueu a gola do gabão ao pequenito. [...] A criança estava para um canto, e de dentro do gabão pardo, os seus grandes olhos tristes erravam curiosamente por mim, pensativos e húmidos.— Fialho de Almeida A Cidade do Vício, p. 129
A Cidade do Vício, p. 129