As eleições estaduais no Maranhão em 1947 ocorreram em 19 de janeiro como parte das eleições no Distrito Federal, em 20 estados e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima. Foram eleitos o governador Sebastião Archer (o vice-governador Saturnino Bello foi escolhido posteriormente por via indireta), os senadores Vitorino Freire e José Neiva, além de 36 deputados estaduais.[1][nota 1]
O processo sucessório foi deflagrado após uma cisão no PSD onde os delegados do partido escolheram Genésio Rego como candidato ao Palácio dos Leões à revelia de Vitorino Freire que, em virtude disso, criou o Partido Proletário do Brasil (PPB) onde reuniu seus correligionários.[nota 2] Uma vez apurados os votos o novo partido elegeu o governador Sebastião Archer e os senadores Vitorino Freire e José Neiva de Sousa,[1] além de conquistar quase a metade das cadeiras na Assembleia Legislativa do Maranhão. Com o passar dos anos o grupo vitorinista reingressou no PSD e manteve o controle do estado a exemplo do ocorrido em 1945 e assim permaneceu até que José Sarney tomou as rédeas do poder após o Regime Militar de 1964.
Nascido em São Luís, o governador Sebastião Archer fixou-se em Codó como empresário do setor têxtil e nessa cidade exerceu os mandatos de vereador e prefeito sendo eleito deputado estadual antes do Estado Novo.[2] Seu companheiro de chapa foi Saturnino Bello, eleito vice-governador pela Assembleia Legislativa num procedimento similar ao da escolha de Nereu Ramos como vice-presidente da República.[3][nota 3]
Resultado da eleição para governador
Os percentuais refletem o total dos votos válidos obtidos pelos candidatos segundo os votos apurados.[1]
Candidatos a governador do estado
|
Candidatos a vice-governador |
Número |
Coligação |
Votação |
Percentual
|
Sebastião Archer PPB |
Não havia - |
- |
PPB, PRP |
36.532 |
48,18%
|
Lino Machado PR |
Não havia - |
- |
PR, PCB |
23.181 |
30,57%
|
Genésio Rego PSD |
Não havia - |
- |
PSD (sem coligação) |
13.448 |
17,74%
|
Públio de Melo UDN |
Não havia - |
- |
UDN (sem coligação) |
2.659 |
3,51%
|
Eleito
Resultado da eleição para vice-governador
Eleição realizada pela Assembleia Legislativa do Maranhão em 22 de outubro de 1947.[4] Além dos vinte e quatro votos destinados ao eleito, houve oito votos em branco e quatro ausências.
Candidatos a governador do estado
|
Candidatos a vice-governador |
Número |
Coligação |
Votação |
Percentual
|
Não havia - |
Saturnino Bello PST |
- |
PST (sem coligação) |
24 |
100%
|
Eleito
Biografia dos senadores eleitos
Vitorino Freire
O senador mais votado foi o jornalista Vitorino Freire. Pernambucano nascido em Pedra, viveu no Recife onde assessorou o governo Estácio Coimbra, e no Rio de Janeiro, onde conheceu Eurico Gaspar Dutra e outros políticos que influiriam na vida do país após a Revolução de 1930. Durante a Era Vargas trabalhou nas equipes dos ministros José Américo de Almeida, Juarez Távora, Gustavo Capanema e João de Mendonça Lima,[5] além de assessorar o deputado Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente da Câmara dos Deputados. Secretário-geral do Maranhão na interventoria de Antônio Martins de Almeida, ingressou no PSD após o Estado Novo, foi eleito deputado federal em 1945 e senador pelo PPB em 1947 devido à morte de Antônio José Pereira Júnior.[6]
José Neiva de Sousa
A segunda vaga de senador foi preenchida pelo promotor de justiça e juiz de direito José Neiva de Sousa. Nascido em Nova Iorque e formado à Universidade Federal do Ceará, foi eleito deputado federal pelo PSD em 1945 e como senador chegou a licenciar-se do mandato em favor de Evandro Viana.[7][8]
Resultado da eleição para senador
Em virtude do falecimento de Pereira Júnior, o Maranhão elegeria seu substituto e também um outro senador para completar o número previsto na Constituição de 1946 cabendo ao menos votado um mandato de quatro anos.[1]
Candidatos a senador da República
|
Primeiro suplente de senador |
Número |
Coligação |
Votação |
Percentual
|
Vitorino Freire PPB |
Lima Campos PPB |
- |
PPB, PRP |
36.122 |
25,28%
|
José Neiva PPB |
Evandro Viana PPB |
- |
PPB, PRP |
35.909 |
25,14%
|
Franklin Ribeiro Viegas PR |
Não disponível - |
- |
PR (sem coligação) |
17.734 |
12,41%
|
Manoel Tavares Neves Filho PR |
Não disponível - |
- |
PR (sem coligação) |
17.372 |
12,16%
|
José Henrique Moreira Lima PSD |
Não disponível - |
- |
PSD (sem coligação) |
14.892 |
10,42%
|
Genésio Rego PSD |
Não disponível - |
- |
PSD (sem coligação) |
14.748 |
10,32%
|
João de Deus Pires Leal UDN |
Não disponível - |
- |
UDN (sem coligação) |
3.186 |
2,23%
|
Antônio Vieira da Silva UDN |
Não disponível - |
- |
UDN (sem coligação) |
2.912 |
2,04%
|
Eleitos
Deputados estaduais eleitos
Foram eleitos 36 deputados estaduais empossados em 7 de abril de 1947 e as bancadas foram assim distribuídas: PPB dezenove, PR oito, UDN quatro, PSD quatro, PTB um.[1]
Eleições municipais
Nas eleições municipais de 25 de dezembro de 1947 os aliados do governo se apresentaram sob a legenda do PST e conseguiram 61 das 66 prefeituras em disputa.
Notas
- ↑ No Distrito Federal não houve eleição para governador, apenas para o Senado Federal, ademais a Constituição de 1946 determinou a eleição de um terço dos senadores e de mais um no caso de existirem vagas em aberto além de suplentes de todos os senadores eleitos a partir de 1945 e também foram eleitos dezenove deputados em sete estados e três territórios federais para completar as bancadas das unidades federativas.
- ↑ O Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas assevera que o Partido Proletário do Brasil (PPB) surgiu em 29 de janeiro de 1946 a partir de uma dissidência no PTB e foi extinto no ano seguinte.
- ↑ Segundo o Art. 1º das Disposições Transitórias a eleição para vice-presidente seria realizada pela Assembleia Nacional Constituinte e dessa forma a Assembleia Legislativa do Maranhão adotou o mesmo ritual para eleger Saturnino Bello uma vez que o cargo de vice-governador não estava em jogo nas eleições estaduais.
- ↑ O número de deputados estaduais foi fixado pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1946.
Referências
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Em itálico as ocasiões em que não houve eleição direta para governador. |
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Eleição | | |
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Eleições estaduais | |
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Territórios federais | |
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Artigos relacionados | |
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