Edifício de Ventura Terra, é um edifício localizado na Rua Alexandre Herculano, n.º 57-57C, na freguesia de Santo António, Lisboa.
Com projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra, igualmente seu proprietário, ganhou o Prémio Valmor de 1903[1].
Das muitas construções terminadas na cidade de Lisboa durante o ano de 1903, a mais sonante talvez seja o Edifício de Ventura Terra, o edifício construído no terreno localizado na rua Alexandre Herculano, lado sul entre a rua do Vale e o largo do Rato. O proprietário do terreno e do edifício, era o arquitecto Miguel Ventura Terra, e foi o mesmo que projectou o edifício, que por satisfazer de modo geral as cláusulas estabelecidas impostas durante o legado do Visconde de Valmor, e por ser um objecto considerado belo e artístico, digno de uma capital como era Lisboa. Admirado pela sua rigorosidade na composição de linhas e de um original efeito decorativo resultante da harmonia entre a mancha dos suas intenções e motivos de várias cores e em relevo, que formavam uma perfeita composição juntamente com os menores detalhes que se dispõem em toda a construção. A obra teve uma especial atenção do júri, porque estava evidente neste edifício técnicas novas de construção, assim como utilização de materiais ou produtos nacionais, promovendo assim o azulejo que é muito utilizado nesta casa, factores que valeram ao arquitecto e a sua obra o Prémio Valmor em 1903.
O prédio foi legado pelo seu proprietários às Escolas de Belas Artes de Lisboa e do Porto «destinando o seu rendimento líquido para pensões a estudantes pobres das escolas que mostrem decidida vocação para as Belas-Artes»[1].
O Edifício de Ventura Terra, foi uma das primeiras construções da recente Avenida Alexandre Herculano, eixo de grande importância do engenheiro Frederico Ressano Garcia, que na altura era o engenheiro da Câmara Municipal de Lisboa. É um prédio de habitação projectado em 1902, e foi inaugurado em 1903. Um projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra, onde o mesmo era o proprietário, ocupando o primeiro piso do edifício como sua própria residência, é uma obra única, apenas reproduzida pelo próprio arquitecto em posteriores trabalhos.
Em 2013, a casa passou a integrar conjuntamente o património privado da Universidade do Porto, da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, por despacho conjunto dos então ministros da Educação e Ciência e de Estado e das Finanças.
Em 11 de março de 2020, foi noticiado que a Universidade de Lisboa, com o intuito de vender o edifício, mandou retirar a placa que se encontrava na sua fachada em homenagem a Miguel Ventura Terra, tendo a mesma sido destruída durante a remoção.[2]
O edifício foi construído num terreno trapezoidal com um ligeiro declive, composto por quatro pisos e uma cave alta, tinha uma escala impositiva na época, a nível volumétrico, que de forma assumida tentava rentabilizar a exigência do solo, que serviria de aluguer económico elevado, a arquitectura atinge este objectivo, através da racionalidade funcional da planta dos fogos, um por cada piso, e particularidade da fachada que de imediato, espelha o seu destino social, forrada de blocos rectangulares, apresenta algum dinamismo dispondo-se de forma assimétrica, jogando subtilmente entre o ritmo horizontal, salientado pela sucessão linear das varandas de ferro forjado, e o impulso vertical dos grandes vãos, que desenham uma série de arcos que no seu ponto mais alto interrompem a linha recta da cimalha, a parte mais alta da cornija. Esta intenção formulada de forma teórica, é reforçada pela presença de diversos frisos decorativos azulejados. O que se evidencia em toda composição, é o controlo do desenho, que é pouco destacado na superfície dos vãos estreitos e alongados, protegidas por grades de madeira que modulam por diversas partes do edifício uma luz filtrada, e a expressão do plano de parede, liso e seco, animado pelas marcações de cor, pelos referidos grandes vãos que correspondem às salas principais, sem nunca comprometer a função e racionalidade do programa habitacional. A organização da planta revela um eixo da fachada posterior, fazendo uma ligação entre espaços colectivos do salão e da sala de jantar, dividido ortogonalmente em madeira, sendo que, os materiais que mais predominam neste edifício são: Alvenaria, pedra, ferro, madeira e azulejo. Este edifício foi vencedor do Prémio Valmor em 1903, no ano em que foi inaugurado. Sofreu algumas alterações mais tarde, em 1911, propôs-se umas trapeiras para dar mais luz ao sótão, no telhado. Em 1917, surge uma nova porta na cave; em 1936 houve pela escada de acesso e o corredor que isolam e fazem ligação entre as áreas de serviço e os quartos. E com este gesto cruciforme de elevada clareza, que lateralizava o lugar tradicionalmente utilizado para a escadaria, Miguel Ventura Terra incutia à cidade uma nova forma de habitar, onde a representação do interior leva vantagem como valor de intimidade. No piso 0 é enfatizado pela horizontalidade das guardas em ferro e pelos azulejos, os vãos são em grande parte estreitos e altos com venezianas. O piso 1 conta com um pé direito superior aos outros, e como já foi mencionado em cima, foi usado como residência própria do arquitecto. Remata a fachada uma cornija de pedra com dois grandes mísulas que disfarçam as descargas do arco. As fachadas, lateral direita, e posterior são revestidas com reboco e são pintadas. A fachada lateral esquerda foi construída um imóvel que tapa as suas frestas. A entrada do edifício é feita a meio piso, e apresenta as paredes feitas de gesso e cola, com melhor qualidade que os espaços da cave e da escada de serviço, a presença do elevador ocupam parte da bomba da escada. A cave dá acesso a um piso enterrado onde era armazenada a lenha para aquecimento. Cada piso tem um fogo com acesso vertical pela escada principal e pela escada de serviço, com excepção do piso 0. O interior dos fogos conta com um corredor paralelo à rua e ao longo do mesmo se distribuem os aposentos, deixando assim as zonas húmidas junto a fachada posterior. O tecto das salas de jantar e de estar, e do escritório em estuque, simulando vigamento de madeira, com friso vegetalista e para os azulejos da cozinha e da casa de banho, e por fim o sótão divide-se em dois fogos. As paredes do edifício são autoportantes em alvenaria, e com estrutura em ferro, e elementos estruturais e decorativos em pedra também, Pavimentação e cobertura ou telhados necessidade de reparar as paredes e pintura do edifício; em 1938 foram feitas obras com fim de conservar o exterior do edifício; em 1956 foi realizada uma pintura na fachada posterior; em 1957 nova pintura da empena da entrada; em 1994/1995, foi substituída as redes de água, gás e electricidade, instalação de contadores, limpeza da fachada principal e consolidação e restauro de inúmeras partes do edifício, neste mesmo ano foi instalado um elevador.[3]
Das muitas construções terminadas na cidade de Lisboa durante o ano de 1903, a mais sonante talvez seja o Edifício de Ventura Terra, construído no terreno localizado na rua Alexandre Herculano, lado sul entre a rua do Vale e o largo do Rato. O proprietário do terreno e da casa, era o arquitecto Miguel Ventura Terra, e foi o mesmo que projectou o edifício, que por satisfazer de modo geral as cláusulas estabelecidas impostas durante o legado do Visconde de Valmor, e por ser um objecto considerado belo e artístico, digno de uma capital como era Lisboa. Admirado pela sua rigorosidade na composição de linhas e de um original efeito decorativo resultante da harmonia entre a mancha dos suas intenções e motivos de várias cores e em relevo, que formavam uma perfeita composição juntamente com os menores detalhes que se dispõem em toda a construção. A obra teve uma especial atenção do júri, porque estava evidente neste edifício técnicas novas de construção, assim como utilização de materiais ou produtos nacionais, promovendo assim o azulejo que é muito utilizado nesta casa, factores que valeram ao arquitecto e a sua obra o Prémio Valmor em 1903.[4]
O edifício foi classificado como imóvel de valor concelhio pelo artigo 2.º do Decreto do Governo n.º 8/83, de 24 de janeiro de 1983.[5]
O edifício foi reclassificado como imóvel de interesse público pela Portaria n.º 303/2006 (2.ª série), de 27 de janeiro de 2006, que, no seu preâmbulo, refere:
óptimo exemplo da «arte nova» portuguesa, como ela foi entendida e praticada pelos arquitectos da geração de vocação europeia e urbana, nascidos pelos anos de 1860-1870;
1902 Palácio Lima Mayer · 1903 Edifício de Ventura Terra · 1904 · 1905 Casa Malhoa · 1906 Palacete Valmor · 1907 Casa Empis · 1908 Almirante Reis, 2-2K · 1909 Palacete Mendonça
1910 Fontes Pereira de Melo, 30 · 1911 Alexandre Herculano, 25-25A · 1912 Villa Sousa · 1913 República, 23 · 1914 Fontes Pereira de Melo, 28-28A · 1915 Liberdade, 206-218 · 1916 Tomás Ribeiro, 58-60 · 1917 Viriato, 5 · 1918 · 1919 Duque de Loulé, 47
1920 · 1921 Cova da Moura, 1 (restauro) · 1922 · 1923 República, 49 · 1924 · 1925 · 1926 · 1927 Pensão Tivoli · 1928 Palacete Vale Flor · 1929 Moradia António Bravo
1930 Castilho, 64-66 · 1931 Infantaria 16, 92-94 · 1932 · 1933 · 1934 · 1935 · 1936 · 1937 · 1938 Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima · 1939 Columbano Bordalo Pinheiro, 52
1940 Edifício do Diário de Notícias · 1941 · 1942 Imprensa, 25 · 1943 António Augusto de Aguiar, 9 · 1944 Pedro Álvares Cabral, 67 · 1945 Sidónio Pais, 14 · 1946 Casal Ribeiro, 12 · 1947 São Francisco Xavier, 8 · 1948 · 1949 Artilharia Um, 105
1950 Duarte Pacheco Pereira, 37 · 1951 · 1952 Restelo, 23–23A · 1953 · 1954 Bulhão Pato, 2-14 - Bairro das Estacas · 1955 · 1956 Infante Santo, 70 (Bloco 2) · 1957 Estados Unidos da América, 12-40A (Lote 367) · 1958 Edifício dos Laboratórios Pasteur · 1959
1960 · 1961 · 1962 Almirante António Saldanha, 44 · 1963 · 1964 · 1965 · 1966 · 1967 General Silva Freire, 55–55A · 1968 · 1969
1970 Edifício América · 1971 Braancamp, 9 - Edifício Franjinhas · 1972 · 1973 · 1974 · 1975 Sede, Jardins e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian · 1976 · 1977 · 1978 Maria Veleda, 2-4 · 1979
1980 Castilho, 223-233 / Dom Francisco Manuel de Melo, 2-8 · 1981 · 1982 Encosta das Olaias · 1983 · 1984 Edifício do Banco Fonsecas & Burnay · 1985 Edifício do Banco Credit Franco Portugais, Francisco Gentil 6-6E / 8-8E · 1986 · 1987 Instituto Jacob Rodrigues Pereira · 1988 Liberdade, 222 · 1989 Professor Queiroz Veloso, 2-38
1990 Século 107-109 / Academia das Ciências 2 / Horta 2-6 · 1991 Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa · 1992 · 1993 Complexo das Amoreiras · 1994 Professor Cavaleiro Ferreira, 4, / José Escada, 3 · 1995 · 1996 · 1997 Edifício Bagatela · 1998 Pavilhão de Portugal, Pavilhão do Conhecimento dos Mares · 1999
2000 Edifício C8 da FCUL · 2001 Atrium Saldanha · 2002 Edifício da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Edifício II do ISCTE - IUL · 2003 · 2004 Terraços de Bragança, Art''s Business & Hotel Centre, Entrada Norte de Lisboa (qualificação) · 2005 Edifício Sede da Vodafone, Quinta das Conchas e dos Lilases (qualificação) · 2006 · 2007 Estação Terreiro do Paço, Hospital da Luz · 2008 Escola Superior de Música de Lisboa, Estação Metropolitana e Ferroviária do Cais do Sodré · 2009 Edifício do Banco Mais